PARTE 3
A imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil, e sua causa.
Assim era a situação da crise na Espanha no tempo em que a Família Rascón Martínez imigrou duas vezes para o Brasil
Vários fatores problemáticos levaram a imigração de espanhóis para o Brasil. De antemão, tais fatores levou a Família Rascón Martínez a imigrar, pela primeira vez, para o Brasil. Devido à má condição de vida precária no Brasil, a família voltou para a Espanha, conforme vamos relatar. Veio a guerra de 1898, entre Espanha e Estados Unidos da América. A Espanha perdeu a guerra, e teve que entregar para os EUA a suas colônias e pagar uma indenização milionária. A crise pós-guerra levou a Espanha à grande crise agrária, forçando mais ainda os espanhóis buscarem vida melhor no continente americano. Brasil e Argentina foram os dois países para onde mais receberam os colonos espanhóis. Mais tarde a crise agrária deu origem ao motim Tábara. A crise pós-guerra forçou a imigração dos espanhóis e a volta de muitos outros para o Brasil. Então a Família Rascón Martínez voltou ao Brasil. A crise continuou na Espanha enquanto a família já estava estabelecida no Brasil.
Os dois textos em anexo abaixo relatam os fatos da crise na Espanha, e a história da guerra que influenciou a volta da Família Rascón Martínez para o Brasil. Os textos não fazem parte da história particular da família, mas foram fatos que influenciaram diretamente na imigração da família da Espanha para o Brasil, logo é bom ler e conhecer tais fatos para melhor compreensão da história familiar.
Primeiro anexo:
Eis o resumo da situação de toda a crise na Espanha no Século XIX:
“Os emigrantes vindos de Andaluzia eram, em geral, de recursos escassos, pois qualquer crise na agricultura, desde epidemias nas plantações de oliveiras” e videiras”, até secas ou chuvas, provocavam a expulsão dessas famílias (MARTÍNEZ, 1999, p. 244)”. Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“2.1 MOTIVAÇÕES DA IMIGRAÇÃO ESPANHOLA PARA A AMÉRICA
“escassez de alimentos, associados por diversos fatores como: o crescimento populacional, conflitos sociais, que se denominou “a grande depressão”, que culminou com a decisão do europeu em especial o italiano, português e espanhol, que a solução dos seus problemas seria fora da Europa, tendo o Continente Americano como o alvo principal, onde diversos países como os EUA, Canadá, Brasil, Argentina, Uruguai, etc. os receberam.
Ao longo do tempo a Península Ibérica" é palco de diversos povos, influenciando com suas culturas, tornando uma nação com diferenças, onde até mesmo o relevo dificultava uma maior comunicação entre as regiões, tais como, a Catalunha, Galícia e Região Basca que tiveram idiomas e costumes próprios, a Andaluzia” e Valência podem ser consideradas com línguas diferentes, como também a Castellana” que se tornou língua oficial em 1978, todos esses fatores dificultavam a implantação de políticas públicas, como também o momento de dificuldade que assolava a Europa como um todo. Os motivos e as dificuldades podem ser confirmadas por Martinez, que relata”. Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“Segundo Hermida (1967), a Espanha do século XIX passou por grandes problemas sociais e econômicos, devido às guerras promovidas por Napoleão Bonaparte, a qual reduziu a Espanha em Reino Dependente, através de seu irmão José Bonaparte, o qual era mais imbuído ao governo da França do que da própria Espanha. Agrava-se ainda mais com as sucessivas emancipações das Colônias Espanholas na América, a qual perde seu rico fornecimento de ouro e prata proveniente das mesmas, ficando reduzida somente a Rio do Ouro (Marrocos), uma campanha cara aos cofres espanhóis terminando em 1976 com a divisão de Marrocos e Mauritânia independentes.
A decadente monarquia espanhola perdura até 1930 quando nesta década é instalada a República e a Ditadura de Francisco Franco**. Durante o período entre o final do século XIX e o início do século XX, o país caminha de acordo com seu governo monárquico em decadência, é justamente nesse período que a imigração se intensifica. Os problemas sociais espanhóis são seculares, ocasionados por diversos fatores como religiosos e políticos, a Espanha sendo um país extremamente Católico, onde a Igreja influencia e muito na estrutura estatal.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“No final do século XIX, a Espanha era um país pobre, que entrou de forma tardia no processo de industrialização. A imigração espanhola foi impulsionada por fatores demográficos e por questões decorrentes da manutenção de uma estrutura fundiária arcaica. Até 1900, cerca de 2/3 da população espanhola se ocupava direta ou indiretamente com as atividades agrárias. À medida que a população rural aumentava, os investimentos com a agricultura diminuíam. Na zona rural, ainda existiam práticas senhoriais como censos, foros, subforos, em minifúndios miseráveis, onde uma família não conseguia o seu sustento pelo cultivo da terra. No Sul da Espanha, onde predominavam os latifúndios, a terra apenas mudou de proprietários quando houve a desapropriação dos domínios da Igreja Católica.
Além da pobreza no campo, outros fatores incentivavam os espanhóis a abandonarem a Espanha. As pretensões coloniais espanholas e o recrutamento militar obrigatório também eram fatores que estimulavam os homens jovens a saírem do país, uma vez que era necessário pagar uma alta taxa para se desobrigar do serviço militar, a qual os camponeses pobres não conseguiam pagar. Sendo a maioria dos camponeses analfabetos e sem qualificação para o trabalho fabril nos centros urbanos espanhóis, restava a esses indivíduos procurar uma nova vida nas Américas.
Esses imigrantes espanhóis, paupérrimos, embarcavam para o Brasil enganados, muitas vezes acreditando que estavam indo para a Argentina, que era o principal país receptor de imigrantes da Espanha na época. Aliás, a Argentina sempre foi um problema para a política imigratória brasileira, pois era o destino preferencial de muitos estrangeiros. Assim, muitos imigrantes para lá se deslocavam após chegarem ao Brasil e perceberem que não havia boas perspectivas no País. "Na Argentina não ocorre como no Brasil, onde, além de oferecer graves inconvenientes para a saúde, os naturais têm ódio letal pelos estranhos" escreveu uma autoridade diplomática espanhola, em 191. Após a Proclamação da República, o governo brasileiro tinha como meta fazer o trabalho assalariado criar raízes no Brasil. O uso da mão de obra assalariada do imigrante europeu era um meio de se obter isso. Porém, após séculos de escravidão e com uma massa de homens livres pobres e agregados, até o governo brasileiro se demonstrava cético em relação à adoção de novos comportamentos e a uma mudança de mentalidade. Desta forma, o trabalhador no Brasil era submetido a condições péssimas de trabalho. Muitos imigrantes decepcionados com o Brasil também tinham vergonha de voltar para a Espanha, pois se sentiam humilhados de retornar mais pobres do que saíram. Assim, de 1887 a 1914, dos espanhóis que abandonaram oficialmente o estado de São Paulo, 65% voltaram para a Espanha, enquanto que 30% rumaram para a Argentina ou para o Uruguai, 4% para outras regiões brasileiras e 1% foi para os Estados Unidos. Porém, a maioria dos espanhóis não tinham condições financeiras de abandonar o estado, e buscavam ajuda no Consulado, candidatando-se a uma vaga de repatriação gratuita.
Regiões de origem dos imigrantes
“Essa imigração é composta quase que exclusivamente por famílias de camponeses, emigração de desterro e desenraizamento definitivo, por parte da gente que, seduzida por passagens gratuitas, se submete a uma vida dura e pobre, quase sempre nas fazendas” — trecho do texto dos Boletines de la Inspección de Emigración, 1927.
Cerca de metade dos imigrantes espanhóis em São Paulo era proveniente da região da Andaluzia, no Sul da Espanha. Também foram expressivos os fluxos oriundos da Galiza e de Castela e Leão.”
“A imigração espanhola para o Brasil foi tímida durante quase todo o século XIX. Os poucos que chegavam eram sobretudo galegos, homens sozinhos que emigravam por conta própria e se fixavam nos centros urbanos brasileiros. Um perfil imigratório até então bastante similar ao dos vizinhos portugueses. A vinda de imigrantes da Espanha para o Brasil foi, portanto, um movimento migratório tardio, que só se intensificou a partir da década de 1890, quando o governo brasileiro passou a despender grande quantia de dinheiro subsidiando a passagem de famílias espanholas com destino às zonas cafeeiras de São Paulo.
A imigração subvencionada funcionou sobretudo na Andaluzia, região com grande número de camponeses pobres. Segundo Elda Gonzalez Martinez:
“Tratava-se de famílias de recursos muito escassos, em geral da Andaluzia Oriental, onde qualquer crise na agricultura – desde epidemias nas plantações de oliveira e videira até secas ou chuvas de granizo – provocava a expulsão dos menos favorecidos [...] Isso explica os sucessos dos ganchos, já que era fácil encontrar lavradores pobres de míseras e desafortunadas regiões da Espanha ou em que a organização da propriedade ou do trabalho lhes era mais adversa: Almería, Jaén, Granada, Málaga”.
No porto de Gibraltar, funcionavam duas agências encarregadas de fazer propaganda e recrutar imigrantes. Muitos espanhóis emigravam utilizando portos alheios, no caso das pessoas do Norte e Centro, o porto de Leixões e o porto de Lisboa, e, no caso dos sulistas, o porto de Gibraltar. Na região da Andaluzia, formou-se um verdadeiro mecanismo de propaganda e recrutamento de imigrantes, onde muitos eram ludibriados, acontecendo "uma sucessão de explorações e amoralidades". Seduzidos pelos ganchos, emissários enviados às províncias com o intuito de persuadir as pessoas a emigrarem para o Brasil, "sempre com o chamariz da passagem gratuita e com base numa propaganda persistente, repetitiva e sugestiva", esses ganchos conseguiam convencer milhares de pessoas a emigrar, o que não era difícil, haja vista o grande número de pessoas que viviam na penúria naquela região espanhola. Essas famílias eram levadas até o município de San Roque, de barco ou de trem. De lá, tinham que caminhar por cerca de três horas até chegar à região de La Línea de la Concepción, e de lá cruzavam o estreito de Gibraltar para pegar um navio que os levaria para uma vida nova no Brasil.
A imprensa espanhola frequentemente fazia denúncias desse tráfico de pessoas para o Brasil, tanto que o Consejo Superior de Emigración tentou deter esse fluxo com várias medidas. Em 1910, proibiu a imigração subsidiada de espanhóis para o Brasil. Em 1912, por Ordem Real, as atividades dos ganchos foram proibidas e, em 1914, criou o departamento de inspeção de emigração em Gibraltar e tribunais em La Línea e em Algeciras. Por fim, em 1924, a lei de emigração estabeleceu pena de prisão para quem estivesse envolvido com agências de emigração, com recrutamento, propaganda e expedição de passagens ou reservas de viagem.
“Em 1910, a Espanha fez o mesmo, por meio de uma proibição da migração subsidiada para o Brasil. Porém, tal proibição não teve efeito, pois a migração clandestina via Gibraltar se intensificou, tanto que o ano de 1912 foi um auge da migração espanhola para o Brasil.
“A proibição da imigração subsidiada para o Brasil
Relatos de que imigrantes espanhóis viviam em condições desumanas no Brasil fizeram o governo espanhol, em 1909, enviar ao Brasil o inspetor Gamboa Navarro, a fim de avaliar a situação dos espanhóis no país. Navarro fez um relatório, no qual mostrou que os contratos de trabalho eram "ilusórios", porque eles não eram respeitados. Sobre as plantações de café, Navarro escreveu que os imigrantes dormiam no chão e em casas minúsculas e também relatava que os abusos nas relações de trabalho eram frequentes. Ele concluiu que 98% dos espanhóis no Brasil voltariam para a Espanha se pudessem. Três semanas após a publicação desse relatório, o jornal espanhol Gaceta de Madrid propôs a proibição da emigração espanhola para o Brasil. O jornal lembrava que a Itália e a Alemanha já haviam aprovado leis sobre o assunto e que Portugal estava tentando direcionar seus imigrantes para outros países que não fossem o Brasil. Finalmente, no dia 26 de agosto de 1910, a Espanha emitiu um decreto real, que proibia a imigração subsidiada para o Brasil, ou seja, aquela em que o governo brasileiro pagava a passagem de navio dos imigrantes. O decreto, contudo, não teve muito efeito e, curiosamente, a imigração espanhola para o Brasil atingiu seu ápice após a edição do decreto. O decreto não teve muito efeito porquanto muitos espanhóis não emigravam usando portos da Espanha. Os andaluzes, muitas vezes, usavam o porto de Gibraltar, no Norte da África, e os galegos o porto de Leixões, em Portugal.” Fonte: Wikipédia.
A crise agrária que assolou a Espanha, uma das causas da vinda da Família Rascón Martínez para o Brasil.
“A crise agrária que assolou a Espanha no final do século XX. XIX e início do século XX também repercutiu na cidade. Em fevereiro de 1911, uma multidão de vizinhos, na sua maioria crianças e mulheres, percorreu as ruas em homenagem a Don Agustín Alfageme, morador de Madrid, proprietário do Monte El Encinar e proprietário do antigo palácio do Marquês de Tábara. Às oito da tarde o motim repetiu-se, com o povo agora a participar em massa: apedrejaram as varandas e miradouros do palácio, arrombaram as portas dos cestos de pão e apreenderam 800 alqueires de trigo. Finalmente incendiaram os edifícios, incluindo parte do palácio e do antigo convento, destruíram os móveis da casa palaciana e derrubaram as árvores do jardim. O motim Tábara Deve ser inserida na crise agrária que atingiu toda a província.” Fonte: Wikipédia.
Gilbratar. Gibraltar, e em 1882 foi criada a Câmara de Comércio de Gibraltar. “Gibraltar (pronúncia em português europeu: [ʒibɾaɫˈtaɾ]; pronúncia em português brasileiro [ʒibɾawˈtaʁ][nota 1]; pronúncia em inglês: [dʒɨˈbrɔːltər]; pronúncia em castelhano: [xi.βɾal'taɾ]; pronúncia em llanito: [hi.βɾaɾ'ta(:), hi'βɾaɾ.ta(:)]) é um território ultramarino britânico localizado no extremo sul da Península Ibérica. Corresponde a uma pequena península, com uma estreita fronteira terrestre a norte, é limitado, dos outros lados, pelo mar Mediterrâneo, estreito de Gibraltar e baía de Gibraltar, já no Atlântico. A Espanha mantém a reivindicação sobre o Rochedo, o que é totalmente rejeitado pela população gibraltina.” Fonte: Wikipédia.
“Chegava-se a Gibraltar por dois caminhos, aqueles que vinham das províncias e de Murcia iam de barco até o porto Mayorga, já os do interior da Península viajavam de trem até San Roque (MARTÍNEZ. 1999, p. 243).
Com o final da escravidão em 1888, os cafeicultores sentem a necessidade de mão-de-obra para a agricultura, principal atividade econômica brasileira, recorrem as propagandas oferecidos pelo Brasil para quem decidisse "fazer a América” (Expressão usada pelos imigrantes expressava a ideia e a vontade de vir para a América onde ficariam ricos e voltariam depois para seus países de origem. Fundamentada também na obra que leva o mesmo nome escrita por Boris Fausto (1999)). *Os fazendeiros brasileiros necessitavam dessa mão-de-obra, faziam investimentos em prol da contratação de imigrantes através de empresas e pessoas físicas como os agentes de imigração chamados de “ganchos”, contratados pelas empresas de navegação que percorriam as cidades e aldeias, onde assim pudesse encontrar camponeses, para tentar persuadi-los a vir para a América, onde seria possível tornar-se proprietário de terras e com isso a possibilidade de enriquecer em um lugar de prosperidade e resolvendo assim seus problemas sociais.
Consta que estes agentes recebiam um percentual por cada pessoa recrutada. Com isso o Brasil passa a receber grandes contingentes de italianos e espanhóis, que nem sempre permanecem no campo, optando pela vida urbana. Pois apesar da Espanha ter sua maioria populacional no campo, como nos mostra Hermida, muito profissionais de outras áreas embarcaram para o Brasil.
Nesse período a Espanha possuía cerca de 18,5 milhões de habitantes uma sociedade agrária onde se estima que 65% da população vivessem o campo, sendo que esta sociedade convivia com um sério problema que era a falta de reforma agrária, distribuição de terras, onde grande parte da população de camponeses não possuía terra, submetendo-se a trabalhos com prestação de serviços obtendo baixa remuneração os chamados “jornaleros" (HERMIDA, 1967, p.292).” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“As terras se concentravam nas mãos de latifundiários (produtores de agronegócios), pequenos produtores (agricultura de subsistência) e a Igreja Católica que também possuía grande parte dessas terras, estas historicamente em posse de ordens e congregações religiosa. Porém essas terras eram utilizadas pelos camponeses com a autorização da Igreja, o que garantia produzir algum alimento para ajudar na subsistência de suas famílias.
Com as crises sociais e econômicas assolando o país o Governo decide tomar as terras da Igreja e passá-las para as mãos de grandes latifundiários, com intuito de aumentar a produção e arrecadar mais impostos, mas este fato fez com que os camponeses que trabalhavam nestas terras ficassem sem ter onde se ocupar e principalmente produzir algum tipo de alimento para subsistência, com isso aumenta-se o número desocupados agravando os problemas sociais da Espanha. O que realmente gerou-se pelo Governo, foi uma péssima distribuição de rendas e terras, fazendo com que o espanhol não tivesse mais nenhuma perspectiva de melhoria de vida fora dentro de seu país.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“A imigração espanhola para o Brasil começou por volta de 1888, tendo como foco a cafeicultura do estado de São Paulo, que recebe grande contingente de imigrantes vindos em sua maioria da região da Galícia, como também de Andaluzia, Sevilla e Salamanca e diversas outras regiões espanholas, tendo como porto principal o de Gibraltar””, que depois de algumas restrições do governo passou a usar portos clandestinos, na Espanha e Portugal. Martinez nos mostra qual eram os caminhos percorridos pelos espanhóis até os Porto.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
Documento que autoriza a construção da Estrada de Belém a Bragança:
‘RESOLUÇÃO Nº 218-DE 11 DE SETEMBRO DE 1854.
Autoriza o Governo da Província a dispender a quantia necessária com a abertura de uma estrada entre esta Capital e a Villa de Bragança, continuando-a a outros pontos, d'onde possa vir gado suficiente para o abaste- cimento regular da Capital.
SEBASTIÃO DO REGO BARROS, DO CONSELHO DE SUA MAGESTADE O IMPERADOR, VEADOR DE SUA MAGESTADE A IMPERATRIZ, BACHAREL EM MATHEMATICA, COMENDADOR DA ORDEM DE SAO BENTO DE AVIZ, TENENTE CORONEL REFORMADO, DEPUTADO A ASSEMBLEIA GERAL LEGISLATIVA PELA PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO, E PRESIDENTE DA DO GRÃO PARA'
FAÇO saber a todos os seus Habitantes, que a Assembleia Legislativa Provincial Decretou, e eu Sancionei a Resolução seguinte:
Art. 1º. O Presidente da Província despenderá desde já a quantia necessária com a abertura de uma estrada entre esta Capital, e a Villa de Bragança.
Art. 2º. É autorizado o mesmo Governo a fazer continuar a estrada, de que trata o artigo antecedente, a outros pontos, donde possa vir gado suficiente para o abastecimento regular desta Capital.
Art. 3º. Neste caso é também autorizado a contratar o transporte do gado sob condições de regular o fornecimento, as quais serão estipuladas em um regulamento, podendo para esse fim conceder pelo Tesouro Público Provincial um prêmio de três a dez contos de réis ao primeiro Empresário com quem realizar o contrato.
Art. 4º. Ficam revogadas todas as disposições em contrário.
Mando por tanto a todas as Autoridades, a quem o conhecimento e execução desta Resolução pertencer, que a cumpram e fação cumprir tão inteiramente como nela se contêm. O Secretario desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Governo da Província do Grão-Pará aos onze dias do mês de Setembro de mil oito centos cinquenta e quatro, trigésimo terceiro da Independência e do Império.
L. S.
Sebastiao do Rego Parros.’
Fonte: OLIVEIRA (2008, p. 59).
As Colônias foram criadas ao longo desta área de terra entre Belém e Bragança, sendo cortadas pela ferrovia, que tinha por finalidade escoar a produção e tornar possível a permanência dos assentados nas colônias, que receberam diversas denominações, começando por Nossa Senhora do Carmo de Benevides e terminando Benjamim Constant, em torno de 25 km a sudoeste do centro da cidade de Bragança.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“6.9 A EMANCIPAÇÃO DAS COLÔNIAS AGRÍCOLAS: PARA ONDE FORAM OS ESPANHÓIS?
A política paraense de imigração e colonização com imigrantes iniciada pelos governadores de província do período imperial e que teve prosseguimento no início do período republicano, nos governos de Lauro Sodré (1889-1906) e Paes de Carvalho (1897- 1901), vai sofrer significativa mudança de rumo a partir do governo de Augusto Montenegro (1901-1909).
Uma das primeiras medidas do novo governo foi a rescisão dos contratos com os agentes de imigrantes, alegando que eles não cumpriam todas as cláusulas do contrato, além do que o governador considerava que os gastos com a imigração eram vultuosos e os resultados esperados não apareciam. O ponto mais marcante de sua mensagem de setembro de 1901, é o que finaliza o texto quando trata do assunto da imigração como um “mal” que necessita de remédio. E a cura proposta seria a rescisão dos contratos de agentes, mesmo diante de números expressivos de imigrantes estrangeiros no Estado. Montenegro avaliava que a imigração estrangeira era um equívoco de seus antecessores. Considerava que os gastos eram grandes e os resultados não apareciam, isso justificaria a rescisão dos contratos.
E eis com que bases se pretendeu construir o nosso serviço de imigração estrangeira: os resultados só podiam ser os constatados, todos atribuíveis a quem fez tão vexatórios e extraordinários contratos. Para tão grandes males só há um remédio: a rescisão. (Trecho da mensagem de Augusto Montenegro em 10 setembro de 1901. http://www.crl.edu/brazil/provincial/par%C3%A1).
Em 7 de setembro de 1902, o governador Augusto Montenegro enviou mensagem ao poder Legislativo dando prenúncios de como seria seu novo projeto de colonização. Comunica sua decisão de interromper o serviço de imigração. Deixa clara sua discordância com a política migratória de seus antecessores:” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
Segundo anexo:
Sobre a guerra que fez a Família Rascón Martínez imigrar pela segunda vez para o Brasil.
“Guerra Hispano-Americana
Conflito entre a Espanha e os EUA em 1898
Revoltas contra o domínio espanhol haviam ocorrido há alguns anos em Cuba. Houve pequenos conflitos antes, como no caso de Virginius em 1873. No final de 1890, a opinião pública norte-americana foi agitada por propaganda anti-espanhola liderada por jornalistas como Joseph Pulitzer e William Hearst que usaram jornalismo amarelo para criticar a administração espanhola de Cuba. Após o naufrágio misterioso do couraçado americano Maine no porto de Havana, as pressões políticas do Partido Democrata e certos industriais empurrou a administração do presidente republicano William McKinley para uma guerra que ele tinha a intenção de evitar. O compromisso foi procurado pela Espanha, mas rejeitado pelos Estados Unidos, que enviou um ultimato à Espanha exigindo que entregasse o controle de Cuba. Primeiro Madrid recusou e então Washington declarou formalmente guerra. Embora a questão principal fosse a independência de Cuba, a guerra de dez semanas foi travada tanto nas Caraíbas quanto no Pacífico. O poder naval americano provou-se decisivo, permitindo que as forças expedicionárias americanas desembarcassem em Cuba contra uma guarnição espanhola já fragilizada por causa dos ataques de revoltosos cubanos por todo o país e pela febre amarela. Forças cubanas, das Filipinas, e norte-americanos numericamente superiores obtiveram a rendição de Santiago de Cuba e Manila, apesar do bom desempenho de algumas unidades de infantaria espanholas e do combate feroz por posições como a Colina de San Juan. Com duas esquadras espanholas obsoletas afundadas em Santiago de Cuba e da baía de Manila e uma terceira mais moderna chamada de volta para casa para proteger a costa espanhola, Madrid pediu a paz. O resultado foi o Tratado de Paris de 1898, negociado em condições favoráveis aos Estados Unidos, que permitiu o controlo temporário americano sobre Cuba, e cedeu por tempo indeterminado a autoridade colonial sobre Porto Rico, Guam e as ilhas das Filipinas, antigas colónias de Espanha. A derrota e o colapso do Império Espanhol era um profundo choque para a psique nacional da Espanha, e provocou uma reavaliação filosófica e artística profunda da sociedade espanhola conhecida como a Geração de 98. Os Estados Unidos ganharam várias possessões insulares nas Caraíbas e no Pacífico e um novo debate rancoroso sobre a sabedoria do expansionismo. Índice
Antecedentes históricos.
Contenção colonial da Espanha.
Como muitos historiadores têm argumentado no presente e no passado, Cánovas explicou que a Espanha era marcadamente diferente dos impérios rivais, como a Grã-Bretanha e a França, nos seus métodos e propósitos de colonização. Ao contrário dos outros impérios, espalhar a civilização e o cristianismo foi o grande objectivo da Espanha na sua contribuição para o Novo Mundo. O conceito de unidade cultural tinha um significado especial em Cuba, que tinha sido espanhola durante quase 400 anos, como parte integrante da nação espanhola. O foco na preservação do império teria consequências negativas para o orgulho nacional da Espanha, no rescaldo da guerra. Interesse americano nas Caraíba.
Em 1823, o presidente dos Estados Unidos, James Monroe, enunciou a Doutrina Monroe, que afirmava que os Estados Unidos não tolerariam mais esforços por parte dos governos europeus para colonizar a terra ou interferir com os estados das Américas; no entanto, a colónia da Espanha, Cuba, foi dispensada. A proposta falhou e a atenção nacional passou para a Guerra Civil. Os Estados Unidos ficaram interessados num canal ou na Nicarágua ou no Panamá, onde o canal do Panamá foi construído, e percebeu a necessidade de proteção naval. O capitão Alfred Thayer Mahan foi um teórico particularmente influente. As suas ideias foram muito admiradas por Theodore Roosevelt, o que fez com que os Estados Unidos rapidamente construíssem uma poderosa frota na década de 1890. Roosevelt actuou como Secretário Assistente da Marinha, em 1897-1898, e foi um defensor agressivo duma guerra com a Espanha sobre Cuba. Enquanto isso, o movimento “Cuba Livre”, liderado pelo intelectual cubano José Martí, estabeleceu escritórios na Flórida e Nova Iorque para comprar e contrabandear armas. Ele montou uma grande campanha de propaganda para gerar uma simpatia que levaria à pressão oficial sobre a Espanha. Igrejas protestantes e agricultores democratas eram favoráveis, mas os interesses comerciais e Washington foram ignorados. Apesar disso, Cuba atraiu a atenção americana, pequena nota foi feita acerca das Filipinas, Guam e Porto Rico.
Os historiadores vêem o pouco interesse popular dos americanos por um império, mas note-se que a Grã-Bretanha, França, Alemanha e Japão haviam expandido drasticamente os seus impérios ultramarinos, em África, na Ásia e no Pacífico.
O caminho para a guerra
A primeira tentativa séria para a independência de Cuba, a Guerra do Dez Anos, entrou em erupção em 1868 e foi subjugada pelas autoridades uma década mais tarde. Nem a derrota, nem as reformas no Pacto de Zanjón (fevereiro de 1878) arrefeceram o desejo de alguns revolucionários de maior autonomia e, finalmente, a independência. Um desses revolucionários, José Martí, continuou a promover a autonomia financeira e política cubana no exílio. No início de 1895, depois de anos de organização, Martí lançou uma invasão em três frentes da ilha. O plano previa um grupo ido de Santo Domingo, liderado por Máximo Gómez, um grupo ido da Costa Rica, conduzido por Antonio Maceo Grajales, e outro dos Estados Unidos (preventivamente frustrado pelas autoridades norte-americanas na Flórida) para desembarcar em diferentes lugares da ilha e provocar uma revolta. Enquanto que a sua chamada para a revolução, o grito de Baíre, foi bem sucedido, o resultado não foi a grande demonstração de força que Martí esperava. Esperando uma vitória rápida, na realidade foi uma completa derrota, pelo que os revolucionários se decidiram em lutar uma campanha de guerrilha prolongada. Antonio Cánovas del Castillo, o arquiteto da Restauração de Constituição de Espanha e o primeiro-ministro na época, ordenou ao general Arsenio Martínez-Campos Antón, um veterano ilustre da guerra contra a revolta anterior em Cuba, para sufocar a revolta. A relutância de Arsenio Martínez em aceitar a sua nova missão e o seu método de conter a revolta da província de Oriente rendeu-lhe críticas na imprensa espanhola. A crescente pressão obrigou Cánovas a substituir o general Arsenio Martínez pelo general Valeriano Weyler, um militar que tinha experiência em sufocar rebeliões nas províncias ultramarinas e na metrópole espanhola. Weyler privou os rebeldes de armas, mantimentos e assistência, ordenando aos moradores de alguns bairros cubanos para se deslocarem para áreas de concentração perto do quartel-general militar. Esta estratégia foi eficaz em retardar a propagação da rebelião. Nos Estados Unidos, foi alimentado o fogo da propaganda anti-espanhola. Num discurso político, o presidente William McKinley condenou as ações espanholas contra os rebeldes armados. Ele mesmo disse que isso "não era uma guerra civilizada", mas "extermínio". Atitude espanhola
O governo espanhol considerou Cuba como uma província da Espanha, em vez duma colónia, e dependia dela para o prestígio e do comércio e, como um campo de treinamento para o exército. O primeiro-ministro Cánovas del Castillo, anunciou que "a nação espanhola está disposta a sacrificar até à última peseta do seu tesouro e até à última gota de sangue do último espanhol antes de consentir que alguém arrebate um pedaço do seu território". Ele tinha há muito tempo dominado e estabilizado a política espanhola e acabou assassinado em 1897, deixando um sistema político espanhol instável.
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Desenho satírico publicado em La Campana de Gràcia (1896), critica o comportamento dos Estados Unidos em relação a Cuba. O texto abaixo lê: "Mantenha a ilha para que ele não vai se perder". |
Resposta dos Estados Unidos
A erupção da revolta cubana, as medidas de Weyler e a fúria popular provaram ser uma bênção para a indústria de jornais na cidade de Nova Iorque, onde Joseph Pulitzer do New York World e William Randolph Hearst do New York Journal American reconheceram o potencial para grandes manchetes e histórias que iriam vender muitas cópias. Ambos os jornais abrangiam as ações da Espanha e as táticas de Weyler de forma que confirmaram a atitude depreciativa popular em direção a Espanha na América. Nas mentes, livros escolares e bolsas de estudo do público, na sua maioria protestante, dos Estados Unidos, o Império Espanhol católico era atrasado, a utilização dos índios como escravos era imoral e era financiado com o ouro roubado aos colonos hispano-americanos. Os Estados Unidos tinham interesses económicos importantes que estavam a ser prejudicados pelo conflito prolongado e o crescimento das incertezas sobre o futuro de Cuba. Empresas de transporte que dependiam fortemente do comércio com Cuba sofreram grandes perdas, já que o conflito continuava sem solução. Estas empresas pressionaram o Congresso dos Estados Unidos e o presidente McKinley a procurar o fim da revolta. Outras preocupações das empresas norte-americanas, especialmente aquelas que tinham investido em açúcar cubano, apoiaram o Império Espanhol para restaurar a ordem. Estabilidade, e não a guerra, foi o objetivo de ambos os interesses. Como a estabilidade a ser alcançada iria depender em grande parte da capacidade da Espanha e os Estados Unidos para resolver suas questões diplomaticamente. O presidente McKinley, bem consciente da complexidade política entorno do conflito, desejava acabar com a revolta pacificamente. Ameaçando a considerar o reconhecimento do estatuto de beligerante de Cuba, e, assim, permitindo que o rearmamento legal de insurgentes cubanos por empresas norte-americanas, ele enviou Stewart L. Woodford a Madrid para negociar um fim para o conflito. Com Práxedes Sagasta, um defensor aberto da autonomia cubana, agora primeiro-ministro da Espanha (o mais linha-dura Cánovas del Castillo havia sido assassinado antes de Woodford chegasse), a negociação correu bem. Autonomia cubana foi marcada para começar em 1 de janeiro de 1898. USS Maine
Onze dias depois de o governo autônomo de Cuba tomar o poder, um pequeno motim eclodiu em Havana. Pensou-se que o motim tinha sido iniciado por oficiais espanhóis que se sentiram ofendidos com as críticas de jornais persistentes das políticas do general Valeriano Weyler. McKinley enviou então o USS Maine para Havana a fim de garantir a segurança dos cidadãos e dos interesses americanos. A necessidade de os Estados Unidos enviarem o Maine para Havana era esperada há meses, mas o governo espanhol foi notificado apenas 18 horas antes da sua chegada, o que era contrário à convenção diplomática. Os preparativos para o possível conflito começaram em outubro de 1897, quando McKinley organizou o Maine para ser implantado em Key West, Florida, como parte de uma implantação global do poder naval dos Estados Unidos para atacar simultaneamente em várias frentes, se a guerra não fosse evitada. Enquanto o Maine estava a esquerda de Flórida, uma grande parte do Esquadra do Atlântico Norte foi transferida para Key West e no golfo do México. Outros também foram transferidos ao largo da costa de Lisboa, e ainda outros foram transferidos para Hong Kong. Às 21:40 de 15 de fevereiro de 1898, o Maine afundou no porto de Havana, depois de sofrer uma enorme explosão. Enquanto McKinley pregou paciência, a notícia da explosão e pela morte de 266 marinheiros, a opinião pública americana exigiu uma resposta rápida beligerante. McKinley pediu ao congresso para reservar US$ 50 milhões para a defesa, que foi aprovado por unanimidade. A maioria dos líderes da América tomaram a posição de que a causa da explosão era desconhecida, mas a atenção do público era agora cravada sobre a situação da Espanha não conseguir encontrar uma solução diplomática para evitar a guerra. Ele apelou para as potências europeias, os quais aconselharam a Espanha a recuar e evitar a guerra. A investigação da Marinha dos Estados Unidos, divulgada em 28 de março, concluiu que os paióis do navio foram acesas quando uma explosão externa foi detonada sob o casco do navio. Este relatório derramou combustível sobre a indignação popular nos Estados Unidos, tornando a guerra inevitável. Offner 2004, p. 57. A investigação da Espanha chegou à conclusão oposta: a explosão foi originada dentro do navio. Outras investigações em anos mais tarde chegaram a várias conclusões contraditórias. Em 1974, o almirante Hyman George Rickover analisou pessoalmente os documentos e entendeu que houve uma explosão interna. Um estudo encomendado pela revista National Geographic em 1999, usando AME modelagem computacional, afirmou que a explosão pode ter sido causada por uma mina, mas não há evidência definitiva que comprove. Declarando guerra
Após o Maine ser destruído, editores de jornais Hearst e Pulitzer decidiram que os espanhóis eram os culpados, e divulgaram esta teoria como um fato em seus jornais de Nova Iorque usando histórias sensacionalistas e surpreendentes de "atrocidades" cometidas pelos espanhóis em Cuba. Exageraram sobre o que estava acontecendo e de como os espanhóis tratavam os prisioneiros cubanos. As histórias foram baseadas em verdade, mas escritas com linguagem incendiária provocando respostas emocionais e muitas vezes acaloradas entre os leitores. Um mito comum é a resposta de Hearst ao parecer do seu ilustrador Frederic Remington, de que as condições em Cuba não bastavam para levar a hostilidades entre a Espanha e os Estados Unidos: "Você fornece as imagens e eu vou fornecer a guerra".
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O navio de transporte americano Seneca, um navio fretado que transportava tropas para Porto Rico e Cuba. |
Este novo "jornalismo amarelo" (ou imprensa marrom) foi, no entanto, incomum fora de Nova Iorque, e os historiadores não consideram a principal força de formação da opinião pública nacional americana. Porém, em todo o país os americanos exigiam uma ação imediata, oprimindo os esforços do presidente McKinley, do presidente da Câmara Thomas Brackett Reed, e a comunidade empresarial para encontrar uma solução negociada. Um discurso proferido pelo senador republicano Redfield Proctor de Vermont em 17 de março de 1898, cuidadosamente analisou a situação, concluindo que a guerra era a única resposta. O discurso ajudou a proporcionar um impulso final para os Estados Unidos a declarar guerra. Muitos empresários e comunidades religiosas, que tinham até então se oposto à guerra, mudaram de lado deixando o presidente McKinley e Reed quase sozinhos em sua resistência a uma guerra. Em 11 de abril, McKinley terminou a sua resistência e pediu ao congresso a autorização para enviar tropas americanas para Cuba para acabar com a guerra civil, sabendo que o congresso iria forçar uma guerra. Em 19 de abril, enquanto o congresso estava pensando em resoluções conjuntas de apoio à independência cubana, o senador republicano Henry M. Teller de Colorado propôs a Emenda Teller para garantir que os Estados Unidos não estabelecessem controle permanente sobre Cuba após a guerra. A alteração, negando qualquer intenção de anexar Cuba, foi aprovada pelo senado por 42-35; sendo que a Câmara concordou no mesmo dia, por 311-6. A resolução alterada exigia a retirada espanhola e autorizando o o presidente a usar a força militar que ele considerasse necessária para ajudar Cuba no ganho da independência em relação à Espanha. O presidente McKinley assinou a resolução conjunta em 20 de abril de 1898, e o ultimato foi enviado para o velho continente. Em resposta, a Espanha rompeu relações diplomáticas com os Estados Unidos no dia 21 de abril. No mesmo dia, a Marinha os Estados Unidos iniciou um bloqueio à Cuba. Espanha declarou guerra em 23 de abril. Em 25 de abril, o congresso declarou que o estado de guerra entre os Estados Unidos e a Espanha já existia desde 21 de abril, o dia em que o bloqueio de Cuba tinha começado. A marinha estava pronta, mas o exército não estava bem preparado para a guerra e fez mudanças radicais nos planos e suprimentos rapidamente adquiridos. Na primavera de 1898, a força do exército regular dos Estados Unidos tinha apenas 28 000 homens. O Exército queria 50 000 novos homens, mas recebeu mais de 220 000, através de voluntários e a mobilização de unidades da Guarda Nacional do Estado. Teatro do Pacífico
Filipinas
Nos 300 anos de domínio espanhol, o país se desenvolveu de uma pequena colônia no extremo do Vice-Reino da Nova Espanha para uma terra com elementos modernos nas cidades. As classes médias de língua espanhola do século XIX eram em sua maioria educados nas ideias liberais vindas da Europa. Entre estes ilustrados foi o Filipino herói nacional José Rizal, que exigiu maiores reformas das autoridades espanholas. Este movimento levou à Revolução Filipina contra o domínio colonial espanhol. A revolução estava em um estado de trégua desde a assinatura do Pacto de Biak-na-Bato em 1897, com os líderes revolucionários que têm aceito o exílio fora do país. |
O teatro do Pacífico da Guerra Hispano-Americana. |
A primeira batalha entre as forças americanas e espanholas foi na Baía de Manila, onde, em 1 de maio, Comodoro George Dewey, comandando a Esquadra Asiática da Marinha os Estados Unidos a bordo do USS Olympia, em questão de horas derrotou uma esquadra espanhola sob o almirante Patricio Montojo. Dewey conseguiu isso com apenas nove feridos. Com a apreensão alemã de Tsingtao, em 1897, a esquadra de Dewey tornou-se a única força naval no Extremo Oriente, sem uma base local própria, e cheia de carvão e problemas de munições. Apesar desses problemas, a Esquadra Asiática não só destruiu a frota espanhola, mas também capturou o porto de Manila. Após a vitória de Dewey, Baía de Manila estava cheia de navios de guerra da Grã-Bretanha, Alemanha, França e Japão. A frota alemã de oito navios, aparentemente em águas filipinas para proteger os interesses alemães, agindo provocativamente, cortando na frente de navios americanos, recusando-se a saudar a bandeira dos Estados Unidos (de acordo com os costumes de cortesia naval).
Os alemães, com interesses próprios, estavam ansiosos para tirar proveito de todas as oportunidades que o conflito nas ilhas poderia permitir. Os americanos chamavam o blefe dos alemães, ameaçando com conflito se a agressão continuasse, e os alemães recuaram. Na época, os alemães esperavam que o confronto nas Filipinas para terminar em uma derrota norte-americana, com os revolucionários capturando Manila e deixando as Filipinas madura para a colheita alemã.
O comodoro Dewey transportou Emilio Aguinaldo, líder filipino que havia liderado uma rebelião contra o domínio espanhol nas Filipinas, em 1896, para as Filipinas do exílio em Hong Kong para reunir mais Filipinos contra o governo colonial espanhol. Em junho, as forças americanas e filipinas haviam tomado o controle da maior parte das ilhas, exceto para a cidade fortificada de Intramuros. Em 12 de junho, Aguinaldo proclamou a independência das Filipinas. No dia 13 de agosto, com os comandantes americanos desconhecem que um cessar-fogo foi assinado entre a Espanha e os Estados Unidos, no dia anterior, as forças americanas capturaram a cidade de Manila de controle Espanhol. Esta batalha marcou o fim da colaboração Filipino-americana, como a ação americana de impedir as forças filipinas de entrar na cidade capturada de Manila foi profundamente ressentida pelos filipinos. Isto mais tarde levou à Guerra Filipino-Americana, que viria a ser mais mortal e caro do que a Guerra Hispano-Americana. Os Estados Unidos tinham enviado uma força de cerca de 11 000 soldados terrestres para as Filipinas. O conflito armado eclodiu entre forças dos Estados Unidos e os Filipinos quando as tropas americanas começaram a tomar o lugar dos espanhóis no controle do país após o fim da guerra, resultando na Guerra Filipino-Americana. Em 14 de agosto de 1899, a Comissão Schurman recomendou que os Estados Unidos mantenham o controle das Filipinas, possivelmente, a concessão da independência no futuro. Guam
Em 20 de junho, a frota dos Estados Unidos comandada pelo capitão Henry Glass, que consiste no cruzador blindado USS Charleston e três transportes carregando tropas para as Filipinas, entrou no porto de Guam, Capitão Glass tendo aberto ordens seladas, instruindo-o a continuar em Guam e capturá-la. Charleston disparou algumas rodadas canhão no Forte de Santa Cruz sem receber fogo de retorno. Dois funcionários locais, sem saber que a guerra havia sido declarada e acreditando que o disparo tinha sido uma saudação, saíram para pedir desculpas por sua incapacidade de retornar a saudação. Glass informou que os Estados Unidos e a Espanha estavam em guerra. No dia seguinte, Glass enviou o tenente William Braunersruehter para atender o governador espanhol para organizar a rendição da ilha e da guarnição espanhola. Cerca de 54 espanhóis de infantaria foram capturados e transportados para as Filipinas como prisioneiros de guerra. Todas as forças dos Estados Unidos deixaram Guam, mas o único cidadão dos Estados Unidos na ilha, Frank Portusach, disse o capitão Glass que ele iria cuidar de coisas até que as forças dos Estados Unidos retornassem.
Teatro do Caribe
Cuba
Theodore Roosevelt defendia a intervenção em Cuba, tanto para o povo de Cuba e promover a Doutrina Monroe. Enquanto secretário adjunto da marinha, ele colocou a marinha em pé em tempos de guerra e preparou a Esquadra Asiática de Dewey para a batalha. Ele também trabalhou com Leonard Wood em convencer o exército para levantar um regimento de voluntários, a primeira cavalaria voluntária dos Estados Unidos. A Wood foi dado o comando do regimento, que rapidamente tornou-se conhecido como o "Rough Riders". Os americanos pretendiam capturar a cidade de Santiago de Cuba para destruir Linares do exército e da frota de Cervera. Para chegar a Santiago que teve que passar por defesas espanholas concentradas em San Juan Hills e uma pequena cidade no El Caney. As forças americanas foram auxiliadas em Cuba pelos rebeldes pró-independência lideradas pelo general Calixto García. Campanha terrestre
De 22 - 24 de junho, os U.S. V Corps do general William R. Shafter desembarcou em Daiquirí e Siboney, no leste de Santiago, e estabeleceu uma base americana das operações. Um contingente de tropas espanholas, tendo lutado uma batalha com os americanos perto Siboney em 24 de junho, retirou-se para as suas posições levemente entrincheirados em Las Guasimas. Uma guarda avançou das forças norte-americanas segundo o ex-general confederado Joseph Wheeler ignorado partes de prospecção preliminar cubanas e ordens para proceder com cautela. Eles estavam envolvidos na retaguarda espanhola de cerca de 2 000 soldados liderados pelo general Antonio Rubin que efetivamente lhes deu uma emboscada, na batalha de Las Guasimas em 24 de junho. A batalha terminou indecisa em favor da Espanha e os espanhóis de Las Guasimas a esquerda em seu recuo planejado para Santiago. O Exército dos Estados Unidos empregou atiradores da época da Guerra Civil à frente das colunas que avançavam. Três dos quatro soldados americanos que se ofereceram para atuar como batedores que andam na frente da coluna americana foram mortos, incluindo Hamilton Fish II (neto de Hamilton Fish, o Secretário de Estado de Ulysses S. Grant) e Capitão Alyn Capron, que Theodore Roosevelt descreveria como um dos melhores líderes naturais e soldados que já conheci. Só o Território de Oklahoma dos índios Pawnee, Tom Isbell, ferido sete vezes, sobreviveu. A Batalha de Las Guasimas mostrou que os Estados Unidos de raciocínio rápido dos soldados americanos não iria ficar com as antigas táticas de guerra civil lineares que não funcionaram de forma eficaz contra as tropas espanholas que haviam aprendido a arte da capa e ocultação de sua própria luta com os rebeldes cubanos, e nunca cometeu o erro de revelar suas posições, enquanto na defesa. Os americanos avançavam por juncos e ficaram no mato para que eles, também, foram em grande parte invisíveis aos espanhóis que usaram fogo volley un-alvo para tentar incendiar em massa contra os americanos que avançavam. Enquanto alguns soldados foram atingidos, esta técnica foi principalmente um desperdício de balas que os americanos aprenderam a abaixar assim que o ouvissem falar a palavra espanhola fuego ("fogo"), gritado pelos oficiais espanhóis. Tropas espanholas estavam equipadas com armas de pólvora sem fumaça, que também ajudaram a esconder as suas posições enquanto disparavam. Tropas espanholas regulares eram em sua maioria armados com modernos carregadores 1893 7 mm rifles Mauser espanhol e usavam pólvora sem fumaça. Tanto a cavalaria regular e da cavalaria voluntária, Rough Riders usavam munição sem fumaça. Outras tropas irregulares estavam armados com rifles Remington Rolling Block de calibre .43 Spanish usando pólvora sem fumaça e bala bronze jaquetada. A alta velocidade da 7×57mm Mauser o cartucho foi chamado de "Spanish Hornet" pelos americanos por causa da rachadura supersônica, uma vez que passasse sobre a cabeça deles. Em resposta, as tropas americanas que utilizavam .30-40 Krag-Jørgensen e pior como .45–70 Springfield rifles de pólvora negra de um único tiro se encontraram incapazes de responder com um volume equivalente de fogo. Soldados americanos poderiam avançar contra os espanhóis apenas no que agora são chamados de juncos "Fireteam", de quatro a cinco grupos de homens avançando enquanto outros previstos com apoio de fogo de armas ligeiras. Em 1 de julho, uma força combinada de cerca de 15 000 soldados americanos da infantaria regular e regimentos de cavalaria, incluindo todos os quatro regimentos "Colored" do exército e regimentos de voluntários, entre eles Roosevelt e seu "Rough Riders", o 71st New York, o 2nd Massachusetts de Infantaria e 1st North Carolina, e as forças cubanas rebeldes atacaram 1 270 espanhóis entrincheirados no estilo de guerra ataques frontais civis e perigosas na Batalha de El Caney e Batalha de San Juan Hill fora de Santiago. Mais de 200 soldados americanos foram mortos e cerca de 1 200 feridos nos combates, graças à elevada cadência de tiro dos espanhóis foram capazes de disparar. Apoio de fogo de metralhadoras Gatling foi fundamental para o sucesso do ataque. Cervera decidiu fugir de Santiago dois dias mais tarde. As forças espanholas em Guantánamo foram tão isoladas por fuzileiros navais e forças cubanas que eles não sabiam que Santiago estava sob cerco, e as suas forças na parte norte da província não poderiam romper as linhas cubanos. Isso não era verdade da coluna relevo Escario de Manzanillo, que lutou o seu caminho passado determinadas a resistência cubana, mas chegou tarde demais para participar do cerco. Depois das batalhas de San Juan Hill e El Caney, o avanço americano parou. Tropas espanholas defenderam com sucesso Fort Canosa, permitindo-lhes para estabilizar a sua linha e impedir a entrada de Santiago. Os americanos e cubanos forçadamente iniciaram um sangrento, cerco da cidade. Durante as noites, as tropas cubanas cavaram série sucessiva de "trincheiras" (parapeitos levantados), para as posições espanholas. Depois de concluído, esses parapeitos foram ocupados por soldados americanos e um novo conjunto de escavações foi em frente. As tropas americanas, enquanto que sofrem perdas diárias pelo fogo Espanhol, que sofreram muito mais baixas de exaustão pelo calor e doenças transmitidas por mosquitos. Nas abordagens a oeste da cidade, general cubano Calixto Garcia começou a invadir a cidade, causando muito pânico e medo de represálias entre as forças espanholas. Operações navais
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A Campanha de Santiago (1898) |
A Batalha de Santiago de Cuba em 3 de julho, foi a maior batalha naval da Guerra Hispano-Americana e resultou na destruição da Esquadra do Caribe espanhola (também conhecida como a Flota de Ultramar). Em maio, a frota do almirante espanhol Pascual Cervera y Topete fora avistado por forças americanas no porto de Santiago, onde tinham tomado abrigo para proteção contra ataques do mar. A dois meses de impasse entre as forças navais espanholas e americanas seguiram. Quando a esquadra espanhola finalmente tentou deixar o porto em 3 de julho, as forças americanas destruíram ou afundaram cinco dos seis navios. Apenas um navio espanhol, o novo cruzador blindado Cristóbal Colón, sobreviveu, mas seu capitão puxou a bandeira para baixo e afundou-la no mar quando os americanos finalmente capturaram o cruzador. Os 1 612 marinheiros espanhóis que foram capturados, incluindo o Almirante Cervera, foram enviados para a Ilha de Seavey no Estaleiro Naval de Portsmouth em Portsmouth, Nova Hampshire, onde foram confinados em Camp Long como prisioneiros de guerra, de 11 de julho até meados de setembro. Assistente Construtor da Marinha dos Estados Unidos Richmond P. Hobson tinha sido ordenado pelo contra-almirante William T. Sampson para afundar o USS Merrimac no porto para reprimir a frota espanhola. A missão foi um fracasso, e Hobson e sua tripulação foram capturados. Eles foram trocados em 6 de julho, e Hobson se tornou um herói nacional, ele recebeu a Medalha de Honra em 1933 e se tornou um congressista. Retirada dos Estados Unidos
A febre amarela havia se espalhado rapidamente entre a força de ocupação americana, aleijando-la. Um grupo de agentes envolvidos do exército americano Theodore Roosevelt escolheu para elaborar um pedido de Washington que retirar o Exército, um pedido para que em paralelo um similar da general Shafter, que descreveu a sua força como um "exército de convalescentes". Até o momento de sua carta, 75% da força em Cuba era imprópria para o serviço. Em 7 de agosto, a força de invasão americana começou a sair de Cuba. A evacuação não foi total. O Exército dos Estados Unidos manteve o nono regimento de infantaria negro em Cuba para apoiar a ocupação. A lógica era que sua raça e o fato de que muitos voluntários negros vieram de estados do sul iria protegê-los, essa lógica levou a esses soldados que está sendo apelidado de "imunes". Ainda assim, 73 de seus 984 soldados tinham contraído a doença. Porto Rico
Em maio de 1898, o tenente Henry H. Whitney dos Estados Unidos Quarta Artilharia foi enviado a Porto Rico em uma missão de reconhecimento, promovido pelo Departamento de Inteligência Militar do Exército. Ele forneceu mapas e informações sobre as forças militares espanholas ao governo dos Estados Unidos antes da invasão.
A ofensiva americana começou em 12 de maio de 1898, quando uma esquadra de 12 navios dos Estados Unidos comandada pelo contra-almirante William T. Sampson da Marinha dos Estados Unidos atacaram a capital do arquipélago, San Juan. Embora o dano infligido sobre a cidade era mínima, os americanos foram capazes de estabelecer um bloqueio no porto da cidade de San Juan. Em 22 de junho, o cruzador Isabel II e o contratorpedeiro Terror fizeram um contra-ataque, mas foram incapazes de romper o bloqueio e o Terror foi danificado. A ofensiva terrestre começou no dia 25 de julho, quando 1 300 soldados de infantaria liderada por Nelson A. Miles desembarcaram da costa de Guánica. A primeira resistência armada ocorreu em Yauco no que ficou conhecido como a Batalha de Yauco. Este encontro foi seguido pela Batalha de Fajardo. Os Estados Unidos conseguiram assumir o controle de Fajardo em 1 de agosto, mas foram obrigados a retirar-se em 5 de agosto depois que um grupo de 200 soldados porto-riquenhos-espanhóis liderados por Pedro del Pino ganharam o controle da cidade, enquanto a maioria dos habitantes civis fugiram para as proximidades do farol. Os americanos encontraram maior resistência durante a Batalha de Guayama e à medida que avançavam para o interior da ilha principal. Eles se engajaram em fogo cruzado em Ponte do Rio Guamani, Coamo, Silva Heights e, finalmente, a Batalha de Asomante. As batalhas foram inconclusivas quanto os soldados aliados recuaram. A batalha em San Germán concluiu de forma semelhante com os espanhóis recuando para Lares. Em 9 de agosto de 1898, tropas americanas que estavam perseguindo unidades em retirada de Coamo encontraram forte resistência em Aibonito em uma montanha conhecida como Cerro Gervasio del Asomante e recuaram depois de seis de seus soldados ficaram feridos. Eles voltaram três dias mais tarde, reforçada com unidades de artilharia e tentaram um ataque surpresa. No fogo cruzado posterior, soldados confusos relataram ter visto reforços espanhóis nas proximidades e cinco oficiais americanos foram gravemente feridos, o que levou a uma ordem de recuo. Todas as ações militares em Porto Rico foram suspensas em 13 de agosto, depois que o presidente dos Estados Unidos, William McKinley e embaixador francês Jules Cambon, agindo em nome do governo espanhol, assinaram um armistício pelo qual a Espanha renunciou a sua soberania sobre Porto Rico. Fazendo a paz
Com derrotas em Cuba e nas Filipinas, e ambas as suas frotas incapacitadas, Espanha pediu a paz e as negociações foram abertas entre as duas partes. Após a doença e morte do cônsul britânico Edward Henry Rawson-Walker, almirante americano George Dewey solicitou o cônsul belga para Manila, Édouard André, para tomar o lugar de Rawson-Walker como intermediário com o governo espanhol. |
Jules Cambon, o embaixador francês nos Estados Unidos, a assinatura do memorando de ratificação em nome da Espanha. |
As hostilidades foram interrompidas em 12 de agosto de 1898, com a assinatura em Washington de um Protocolo de Paz entre os Estados Unidos e Espanha. Depois de mais de dois meses de difíceis negociações, o tratado de paz formal, o Tratado de Paris, foi assinado em Paris em 10 de dezembro de 1898, e foi ratificado pelo Senado dos Estados Unidos em 6 de fevereiro de 1899. Os Estados Unidos ganharam todas as colônias da Espanha fora da África pelo tratado, incluindo as Filipinas, Guam e Porto Rico. O tratado entrou em vigor em Cuba 11 de abril de 1899, como os cubanos participam apenas como observadores. Tendo sido ocupada desde 17 de julho de 1898, e, portanto, sob a jurisdição do Governo Militar dos Estados Unidos (USMG), Cuba formou o seu próprio governo civil e ganhou a independência em 20 de maio de 1902, com o fim anunciado do USMG da jurisdição sobre a ilha. No entanto, os Estados Unidos impuseram várias restrições sobre o novo governo, incluindo a proibição de alianças com outros países, e se reservou o direito de intervir. Os Estados Unidos também estabeleceram um contrato de arrendamento perpétuo da Baía de Guantánamo. Consequências
A guerra durou dez semanas. John Hay (o Embaixador dos Estados Unidos no Reino Unido), escrevendo de Londres para seu amigo Theodore Roosevelt declarou que foi "uma esplêndida guerra pequena". A imprensa mostrou os nortistas e sulistas, negros e brancos que lutam contra um inimigo comum, ajudando a facilitar as cicatrizes deixadas pela guerra civil americana.
A guerra marcou a entrada americana em assuntos mundiais. Desde então, os Estados Unidos tiveram uma mão significativa em vários conflitos ao redor do mundo, e entraram com muitos tratados e acordos. O Pânico de 1893 foi por esta altura, e os Estados Unidos incorporou um longo e próspero período de crescimento econômico e populacional, e inovação tecnológica que durou até a década de 1920. A guerra redefiniu a identidade nacional, serviu como uma espécie de solução para as divisões sociais que assolam a mente americana, e forneceu um modelo para todo o futuro do jornalismo.
O soldado espanhol Julio Cervera Baviera, que atuou na campanha de Porto Rico, publicou um panfleto no qual ele culpou os nativos daquela colônia para a sua ocupação pelos americanos, dizendo: "Eu nunca vi um país ingrato como servil [i.e., Puerto Rico].... Em 24 horas, o povo de Porto Rico deixou de ser fervorosamente espanhol com entusiasmo americano.... Eles se humilharam, dando para o invasor como os arcos de escravos para o senhor poderoso". Ele foi desafiado para um duelo por um grupo de jovens porto-riquenhos para escrever este panfleto. Culturalmente, uma nova onda chamada Geração de 98 surgiu como uma resposta a esse trauma, marcando um renascimento da cultura espanhola. Economicamente, a guerra beneficiou a Espanha, porque depois da guerra de grandes somas de capital detido pelos espanhóis em Cuba e na América foram devolvidos para a península e investiu na Espanha. Este fluxo maciço de capitais (o equivalente a 25% do produto interno bruto de um ano) ajudou a desenvolver as grandes empresas modernas de aço da Espanha, as indústrias de energia elétrica química, financeira, mecânica, têxtil, naval. No entanto, as consequências políticas eram graves. A derrota na guerra começou com o enfraquecimento da estabilidade política frágil que havia sido estabelecido anteriormente pela regra de Alfonso XII. |
A capa da revista Puck a partir de 6 de abril de 1901. Caricaturas de uma capota de Easter feito de um navio de guerra que alude aos ganhos da Guerra Hispano-Americana. |
O Congresso dos Estados Unidos tinha passado a Emenda Teller antes da guerra, prometendo a independência cubana. No entanto, o senado aprovou a Emenda Platt como um piloto para um projeto de lei de diretrizes orçamentárias do exército, forçando um tratado de paz em Cuba, que proibiu de assinar tratados com outros países ou contrair uma dívida pública. A Emenda Platt foi empurrada pelos imperialistas que queriam projeto dos Estados Unidos no exterior (isso foi em contraste com a Emenda Teller, que foi empurrado por anti-imperialistas que pediram uma restrição na regra dos Estados Unidos). A alteração concedida nos Estados Unidos o direito de estabilizar Cuba militarmente, se necessário. A Emenda Platt também previa uma base naval permanente americana em Cuba. Guantánamo foi estabelecida após a assinatura de tratados entre Cuba e os Estados Unidos em 1903. Os Estados Unidos anexaram as ex-colônias espanholas de Porto Rico, Filipinas e Guam. A noção dos Estados Unidos como um poder imperial, com as colônias, foi muito debatida internamente com o presidente McKinley e pró-imperialistas vencendo o seu caminho sobre a oposição vocal liderada pelo democrata William Jennings Bryan, que havia apoiado a guerra. O público americano amplamente apoiado a posse de colônias, mas também havia sido muito crítica, como Mark Twain, que escreveu The War Prayer em protesto. Roosevelt voltou para os Estados Unidos, um herói de guerra, e ele logo foi eleito governador e, em seguida, vice-presidente.
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Cartaz da campanha de 1900. |
A guerra serviu para aprofundar as relações de reparação entre o Norte e o Sul-Americano. A guerra deu a ambos os lados de um inimigo comum, pela primeira vez desde o fim da Guerra Civil, em 1865, e muitas amizades foram formadas entre os soldados do norte e os estados do sul durante suas excursões de dever. Este foi um avanço importante, já que muitos soldados nesta guerra foram os filhos de veteranos da Guerra Civil de ambos os lados.
A comunidade afro-americana apoiou fortemente os rebeldes em Cuba, apoiou a entrada na guerra, e ganhou prestígio a partir de seu desempenho durante a guerra no exército. Porta-vozes observaram que 33 marinheiros afro-americanos morreram na explosão do Maine. O líder negro mais influente, Booker T. Washington, argumentou que sua raça estava pronta para lutar. Guerra ofereceu-lhes uma chance "para prestar serviço ao nosso país que nenhuma outra raça poderá", porque, ao contrário dos brancos, eles foram "acostumados" ao "clima peculiar e perigoso" de Cuba. Uma das unidades negras que serviam na guerra foi o 9th Cavalry Regiment. Em março de 1898, Washington prometeu ao secretário da Marinha de que a guerra seria respondida por "pelo menos 10 000 fiéis bravos homens fortes, negros no sul que anseiam por uma oportunidade de mostrar a sua lealdade para com a nossa terra, e de bom grado tomar este método de mostrar a sua gratidão pela vida prevista, e os sacrifícios feitos, que os negros possam ter a sua liberdade e direitos". |
Segregação nas forças armadas dos Estados Unidos em 1898. |
Em 1904, United Spanish War Veterans foi criada a partir de pequenos grupos de veteranos da guerra hispano-americana. Hoje, essa organização é extinta, mas deixou um herdeiro, Sons of Spanish–American War Veterans, criado em 1937 no 39th National Encampment of the United Spanish War Veterans. De acordo com dados do United States Department of Veterans Affairs, o último sobrevivente americano do conflito, Nathan E. Cook, morreu em 10 de setembro de 1992, aos 106 anos de idade. (Se os dados estiverem certos, Cook, nascido 10 de outubro de 1885, teria tido de apenas 12 anos de idade, quando ele serviu na guerra.) Os Veterans of Foreign Wars dos Estados Unidos (VFW) foi formado em 1914 a partir da fusão de duas organizações de veteranos anteriores que tanto surgiram em 1899: Os American Veterans of Foreign Service e a National Society of the Army of the Philippines. O primeiro foi formado por veteranos da Guerra Hispano-Americana, enquanto o segundo foi formado por veteranos da Guerra Filipino-Americana. Ambas as organizações foram formadas em resposta aos veteranos gerais negligenciados que retornaram da guerra vivida nas mãos do governo. Para pagar os custos da guerra, o congresso aprovou um imposto sobre serviço de telefonia de longa distância. Na época, isso afetou apenas os americanos ricos que possuíam telefones. No entanto, o congresso deixou de revogar o imposto após a guerra terminar quatro meses depois, e o imposto permaneceu em vigor por mais de 100 anos, até que, em 1 de agosto de 2006, foi anunciado que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e o IRS não iria mais cobrar o imposto. Investimento americano pós-guerra em Porto Rico
A mudança na soberania de Porto Rico, como a ocupação de Cuba, trouxe grandes mudanças, tanto no insular e as economias dos Estados Unidos. Antes de 1898, a indústria açucareira em Porto Rico estava em declínio por quase meio século. Na segunda metade do século XIX, os avanços tecnológicos aumentaram as exigências de capital para se manter competitiva na indústria de açúcar. Agricultura começou a mudar em direção a produção de café, o que exigia menos capital e acumulação de terras. No entanto, essas tendências foram revertidas com a hegemonia dos Estados Unidos. Políticas monetárias e legais iniciais americanas tornaram tanto mais difíceis para os agricultores locais para continuar as operações e mais fácil para as empresas americanas a acumular terras. Isto, junto com as grandes reservas de empresas americanas de capital, levou a um ressurgimento da indústria de açúcar a Porto Rico na forma de grandes estatais complexos agroindustriais americanos.
Ao mesmo tempo, a inclusão de Porto Rico no sistema tarifário dos Estados Unidos como uma área aduaneira, efetivamente o tratamento de Porto Rico como um estado no que diz respeito ao comércio interno ou externo, o aumento da co-dependência do insular e as economias do continente e as exportações de açúcar beneficiadas com tarifa proteção. Em 1897, os Estados Unidos compraram 19,6% das exportações de Porto Rico, enquanto o fornecimento de 18,5% das suas importações. Em 1905, estes valores saltaram para 84% a 85%, respectivamente. No entanto, o café não foi protegido, pois não era um produto do continente. Ao mesmo tempo, Cuba e Espanha, tradicionalmente os maiores importadores de café de Porto Rico, agora submetidos as tarifas de importação anteriormente inexistentes. Estes dois efeitos levaram a um declínio na indústria do café. De 1897 a 1901 café passou de 65,8% das exportações para 19,6%, enquanto o açúcar passou de 21,6% para 55%. O sistema tarifário também forneceu um mercado protegido para Porto Rico com exportações de tabaco. A indústria do tabaco passou de quase inexistente em Porto Rico para a maior parte do setor agrícola do país.” Fonte: wikipédia. https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Guerra_Hispano-Americana#
As duas imigrações da Família Rascón Martínez para o Brasil.
1889: A Primeira imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil
Em Tábara, José Rascón Temprano muito ouvia as notícias vindas das regiões, cidade, vilas, povoados e campos das regiões de “Galiza” e “Castela e Leão”, sobre as viagens dos espanhóis para as terras do Brasil e sobre as terras dadas aos colonos espanhóis no Brasil, a fim de produzirem nas terras. O governo brasileiro incentivava imigração de pessoas pobres ao Brasil e a doação de terras brasileiras para o plantio e criação de animais. No Brasil, os espanhóis recebiam gratuitamente as terras como suas legítimas propriedades para trabalhar. José Rascón Temprano ouvia as notícias das cartas vindas do Brasil, escritas pelos espanhóis às suas famílias na Espanha. Os espanhóis no Brasil, reportavam aos familiares na Espanha, sobre a realidade da doação das terras no Brasil.
José Rascón Temprano imaginou o Brasil como uma terra próspera, muito promissora, onde estava dando tudo certo para os espanhóis. Convenceu-se a ir em busca de uma vida melhor favorável à família. Conversou com a esposa Tomasa, e procurou os meios legais para ir com a família para o Brasil. Tomasa apoiava o esposo em todas as coisas, sempre o animando que ele venceria na vida. Deu a ele incentivo, força, coragem e conselho para tentar trabalho e prosperidade no Brasil. Foi a primeira vez que a Família Rascón Martínez imigrou para o Brasil. Sérgio Rascón Martínez tinha dois anos de idade, e ainda mamava quando imigrou pela primeira vez ao Brasil. Possivelmente, Sérgio ainda não tinha dois anos exatos de idade, mas completou no Brasil.
A Família Rascón Martínez imigrou duas vezes para o Brasil. A primeira imigração ocorreu em 1889, quando Sérgio Rascón Martínez tinha dois anos de idade. Ele nasceu em 7 de outubro de 1887. Possivelmente completou dois anos de idade no Brasil.
Na primeira imigração a Família Rascón Martínez podia ter vindo do porto de Vigo, ou atravessado o país de Portugal para embarcar na cidade de Porto, por ficar mais próximo à Província de Zamora, onde a dita família morava. Mas não há prova científica documental disso. No Arquivo Público do Estado do Pará não existem documentos de imigração de 1889, ou seja, da primeira imigração, tais documentos foram perdidos. Os irmãos Sofia de Freitas Nogueira e Nereu Rascón de Freitas, filhos de Sérgio Rascón Martínez, diziam ter ouvido do próprio pai, o Sérgio, que a família embarcou para o Brasil no porto de Gibraltar. De fato, houve o tempo na Espanha, que uma multidão de pessoas procurou o território de Gibraltar, no sul da Espanha, em busca de vida melhorada, fugindo das crises existenciais no país. De Gibraltar, durante muitas décadas, houve um fluxo muito grande de imigração de pessoas para os países das Américas, inclusive para o Brasil. A empresa internacional “Amazon Steam Navigation Company Limited” tinha seus navios a vapor transatlântico e navios de portes menores que navegaram os rios brasileiros, inclusive na Amazônia. A “Amazon Steam Navigation Company Limited” trazia muitos imigrantes do porto de Gibraltar. É possível que a Família Rascón Martínez, ou outros parentes, embarcasse no porto de Gibraltar com destino ao Brasil. Mas, não há prova documental disso. Sofia acreditava piamente que a Família Rascón Martínez imigrou da Espanha para o Brasil, passando pelo porto de Gibraltar.
O porto de Gibraltar, no sul da Espanha, já estava a muitos anos em atividade de imigração de pessoas para os países das Américas. Depois da abolição da escravatura no Brasil (1888), o dito porto parecer ser o primeiro a movimentar a nova onda de imigração para o Brasil, seguido depois dos outros portos mencionados na história da imigração. Eis porque milhares de imigrantes desciam para Gibraltar a fim de imigrar para as Américas. Os navios da empresa “Amazon Steam Navigation Company Limited” transportavam os imigrantes. Muitos navios a vapor mencionados na história da imigração, ainda não existiam em 1888. Muitos desses navios só existem a partir de 1896 e 1897.
O porto de Gibraltar era usado para o embarque e desembarque dos espanhóis para as Américas. Havia mais facilidade de os espanhóis conseguirem o visto para o Brasil por meio dos serviços portuários de Gibraltar. Os espanhóis desciam de toda a Espanha para o sul do país, passavam pela barreira alfandegária de Gibraltar, onde seus passaportes eram revisados e onde recebiam ordem para entrarem nos navios a vapor da empresa internacional “Amazon Steam Navigation Company Limited”. A “Amazon Steam Navigation Company Limited” era uma gigante empresa marítima, uma das potências mundiais de navegação. Possuíam grandes navios transatlânticos e navios regionais conforme a necessidade, tamanho e profundidade dos rios brasileiros. A empresa é mencionada em decretos do governo federal brasileiros e de governadores estaduais que contratavam a empresa para transportar pessoas e colonos europeus. Não existem fotografias dos navios da “Amazon Steam Navigation Company Limited”. Não existem no Arquivo Público do Estado do Pará documentos de imigração de 1889, data da primeira imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil, tais documentos foram perdidos.
Como não há como comprovar, de maneira documental registrada, a passagem e o passaporte da família em 1889, então permanece a única informação, transmitida oralmente, sem prova, de que a dita família foi para Gibraltar embarcar supostamente num dos navios da empresa “Amazon Steam Navigation Company Limited”.
No suposto itinerário da família saindo de Tábara para Gibraltar, fica assim: De Tábara foram para Madrid, onde tomaram o trem para Gibraltar, passando pela barreira na fronteira de Gibraltar, onde o passaporte foi vistoriado, e tiveram acesso ao porto de Gibraltar, onde entraram no navio transatlântico a vapor.
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Ver o mapa da suposta viagem, via Gibraltar, dos membros da Família Rascón Martínez saindo e Tábara, com destino ao Brasil. Há duas vias de viagem entre Tábara à Gibraltar. E, há uma versão dita que, por causa da documentação, eles desceram para Madrid, e de trem foi para o Gibraltar. Passou pela barreira na fronteira de Gibraltar, onde o passaporte foi vistoriado, e tiveram acesso ao porto de Gibraltar, onde entraram no navio transatlântico a vapor da empresa internacional de navegação “Amazon Steam Navigation Company Limited”.
No sul da Espanha existe a porção de terra chamada Gibraltar, que é uma pequenina península, existe a cidade Gibraltar na porção de terra e existe o Estreito de Gibraltar. O Estreito de Gibraltar é um canal natural que separa a Europa da África. Quem está na Europa ver a África no outro lado do canal e vice-versa. Do lado da África está o país Marrocos. O Estreito de Gibraltar liga o mar Mediterrâneo com o oceano Atlântico, situada entre o extremo sul da Espanha e o Marrocos, no noroeste da África. Tem 58 quilômetros de comprimento e estreita-se a 13 quilômetros de largura entre a ponta Marroquina (Espanha) e a ponta Cires (Marrocos). O extremo oeste do estreito tem 43 quilômetros de largura entre os cabos de Trafalgar (norte) e Espartel (sul), e o extremo leste tem 23 quilômetros de largura entre as Colunas de Hércules — que foram identificados como o rochedo de Gibraltar ao norte e um dos dois picos ao sul: monte Hacho (mantido pela Espanha), perto da cidade de Ceuta, um enclave espanhol em Marrocos; ou monte Muça, no Marrocos.
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Barreira em Gibraltar, por onde supostamente passou a Família Rascón Martínez, imigrando para o Brasil, antes de entrar no navio, onde os passaportes foram vistoriados e receberam ordem para embarcar. Na atualidade a barreira está modernizada.
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Porto de Gibraltar por onde supostamente a Família Rascón Martínez passou e embarcou no navio transatlântico a vapor imigrando para o Brasil:
Mapa da suposta viagem da Família Rascón Martínez no navio a vapor, saindo do Porto de Gibraltar para o Brasil:
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Assim era Gibraltar em 1899, quando pela segunda vez Sérgio Rascón Martínez saiu daquele porto vindo para o Brasil. |
Prova da Primeira Imigração.
Se perderam as informações sobre a permanência da Família Rascón Martínez no Brasil na primeira imigração. Existe um documento manuscrito original, selado e carimbado de maneira oficiosa, comprovando a primeira imigração da Família Rascón Martínez no ano de 1889, e mesmo documento diz que a dita família morou em Belém – na primeira imigração. O documento é atestado de naturalização de Sérgio Rascón Martínez datado de 25 de outubro de 1920. Este documento atenta a data da primeira imigração:
“Atestado
Eu abaixo residente nesta Capital, atesto que o Senhor Sérgio Rascon Martínez, filho de José Rascón e Tomasa Martínez, residia nesta capital em mil oitocentos e oitenta e nove (1889), junto com seus pais, os quais não fizeram declaração nenhuma, a 15 de novembro do mesmo ano da Proclamação da República, aceitando portanto a grande naturalização, passo o presente atestado, por que nessa época eu já era residente nesta capital e, tenho verdadeiro conhecimento do acima referido, e por ser verdade, passo o presente atestado e assino.
Pará, 25 de outubro de 1920.
Pantaleão Vaqueiro Gonçalves.”
A informação do atestado cima causa estranheza porque, se eles vieram como colonos para colonizar as terras no Pará, mas ficaram morando na capital Belém, então não foram colonos desta vez no sentido de trabalho no campo.
Na primeira imigração, a Família Rascón Martínez foi hospedada numa hospedaria em Belém. Possivelmente a família ficou hospedadas nos seguintes lugares:
- No Convento das Mercês, anexado à Igreja de Nossa Senhora das Mercês (Rua Gaspar Viana, esquina com a Travessa Frutuoso Guimarães), onde funcionava a hospedaria provisória.
- Numa outra hospedaria provisória que ficava na Rua do Açougue passou a ser Rua da Indústria, depois Gaspar Vianna, que é a mesma rua do dito Convento das Mercês. Mas possivelmente a hospedaria ocorreu no Convento das Mercês. Depois a família foi removida para a sua moradia.
- Na Hospedaria na Chácara São José, que se situava na atual Avenida Nazaré, Belém. Contemporâneo de Nautilho em Belém, Michel Pinho é um renomado historiador e professor, figura pública, um verdadeiro “guia turístico” da História, Patrimônio e Memória do Pará, procurado pela imprensa para falar de tais assuntos. É maior referência da cultura paraense. Via chat do Instagram, Nautilho entrou em contato com Michel Pinho, a saber onde se situava a dita hospedaria na Chácara São José, na atual Avenida Nazaré. Michel Pinho disse não saber da informação, mas faria sua pesquisa. Nunca houve retorno de sua parte.
- Em Belém: “O Espaço São José Liberto é um complexo criativo que desde 2002 abriga 11 espaços e movimenta por ano R$ 4 milhões na economia paraense. No entanto, a história da edificação é bem mais antiga e chega a 200 anos. Já foi hospedaria, convento, depósito de pólvora, olaria, hospital até finalmente se tornar uma cadeia pública e anos mais tarde o Presídio São José, que em 1989 foi palco de uma rebelião que durou 27 horas, deixou quatro mortos, três feridos e foi o estopim para o seu fechamento nos anos 2000.” Fonte:
A família morou em Belém, a capital do Pará, e depois voltou para a Espanha. Veio a guerra a Guerra Hispano-Americana, um conflito bélico entre a Espanha e os Estados Unidos da América, em 1898. A Espanha perdeu a guerra.
1899: A Segunda imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil
O que levou a Família Rascón Martínez a voltar para a Espanha, e depois a voltar para o Brasil?
A realidade no Brasil foi um terror aos espanhóis. Eles imaginavam uma terra descampada, com belos campos e belos pastos como na Europa, sem mata. Mas encontraram no Pará uma terra com mata virgem selvagem, fechada e impenetrável, cheia de lama, lixo orgânico, insetos e cobras. Árvores frondosas precisam ser derrubadas para o plantio. Encontraram as terras como ainda estavam no tempo do Descobrimento do Brasil, uma verdadeira “Idade da Pedra” no Brasil.
Estradas feias, em terra nua sem calçamento como na Europa. Não havia luz elétrica. A luz noturna era base de lamparina movida a querosene. O querosene vinha de Belém e custava preço alto nas colônias. Não havia comida. O governo dava ração alimentar para as famílias dos colonos comerem até o dia em que suas terras produzissem. Era uma ração do tipo do exército, os militares podem sobreviver comendo ração na mata por muitos meses.
Não havia vasilhas. Começaram a fabricar vasilhas de barro. Parece que a vida de pobreza na Europa era melhor que a vida na mata.
A vida era tão difícil que muitos espanhóis preferiram voltar para a Europa, e outros foram para São Paulo e Argentina. Em busca de vida melhor em São Paulo, viraram trabalhadores nas fazendas de café.
“Com dificuldades de estatísticas anteriormente mencionadas, são importantes os dados de Gonzalez Martinez que, a partir de informes de cônsules aos Ministério de Assuntos Exteriores de Madrid em 1931, mostra a origem regional dos imigrantes espanhóis, a saber: Pará: 1.500 espanhóis, 90% galegos, 7% de Castilla-Leon, 3% de outras regiões. Esta imigração foi feita sob contrato para o desenvolvimento da agricultura e para a criação de núcleos coloniais na região. A maioria destes imigrantes abandona a região em busca de cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo ou ainda Buenos Aires e outros voltam para a Espanha”.
“3.20 CHOQUE CULTURAL
O Imigrante ao chegar à Colônia sofre certo choque cultural, tendo em vista ser de grande parte camponesa, que poderiam desenvolver a técnica agrícola e o manejo de cultura já conhecido por eles na Europa. Mas são orientados através das políticas do Governo a cultivar produtos que viesse a satisfazer a necessidade de abastecimento da região, em especial Belém, como também o manejo com a terra, partindo da derrubada de florestas tropicais com o uso do fogo para a limpeza do terreno, técnicas não usadas em sua terra de origem, mas esses costumes são logo absolvidos, fazendo com que sua permanência na região torne-se uma realidade.
Penteado (1967, p.164), relata que a dieta também passa por uma grande mudança, o trigo era um produto ausente na colônia, e fazia parte da dieta básica do imigrante no seu país de origem, que passou a consumir a farinha de mandioca juntamente com outros cereais e legumes. Os costumes do imigrante influenciam na região em especial na culinária, onde a pecuária para consumo familiar torna-se bastante desenvolvida, em especial a suinocultura, até então pouco difundida na região, tornando o povo bragantino um grande consumidor da carne suína, tendo algumas iguarias com os nomes alterados, como por exemplo: a “Morsilha”, iguaria feita com o sangue do porco que após ser temperado com ervas e condimentos e colocado no interior da própria tripa do animal, em seguida é cozido e defumado, que é chamada de "Murussela" e o "Thicharro" de Torresmo”. Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
Todos os fatos negativos expostos acima, foi isto que de fato, motivou a Família Rascón Martínez a voltar para a Espanha? Pelo atestado de naturalização de Sérgio Rascón Martínez, dar a entender que a família não morava numa colônia agrícola no interior, mas na capital do Pará, Belém. O que aconteceu então com eles em Belém para mudarem de plano e voltarem para a Espanha? Ficaram sem emprego? Ficarem sem dinheiro? Não conseguiram casa própria? Moravam aluguel em cortiço, casebre, e não mais conseguiram pagar aluguel? Estavam passando fome virando mendigos? Não deu certo o plano de morar no Pará? .... Porque a presença deles em Belém, foi por tão curto tempo?
Se a causa deles voltarem para a Espanha não foi tudo isto de negativo que escrevi acima, e não porque motivo escrevi tudo aquilo?
É aí que exige sabedoria para entender uma coisa: Se moraram em Belém, não conheceram a realidade e a dificuldade rude nas colônias no Pará. Por algum motivo pediram ao governo a volta para a Espanha. E como não conheceram a realidade no campo na Amazônia, voltaram para conquistar a terra, ter um pedaço de chão no Pará, então foi quando conheceram a realidade rude nas colônias do Pará e a experimentaram na prática. Se eles conhecessem tal realidade antes, não voltariam ao Brasil pela segunda vez. Quando experimentaram a realidade rude, abandoaram o Pará indo buscar vida melhor em São Paulo, motivados também pela morte trágica de José Rascón Temprano. A vida em São Paulo também não foi tão boa, então foram buscar melhoras na Argentina. As cartas que Custódia escrevia de São Paulo ao seu filho Sérgio no Pará, nos remete a isso, ela dizia a precariedade no Pará pedindo ao filho para sair dessa terra, indo embora para junto deles. Numa das cartas chegou a mencionar o Pará como “terra maldita”.
Mas enfim, voltando a falar da volta da Família Rascón Martínez para a Espanha. Entre os muitos colonos que pediram a volta para a Espanha, José Rascón foi um dos que pediu ao governo a volta de toda a sua família para a Espanha, insistiu no visto de volta, conseguindo as passagens de volta para toda a família. Sem casa na Espanha, foi morar com a tia de sua esposa Tomasa, que aumentou mais seu fardo, pois além de sustentar a família, precisava sustentar a casa da tia.
Sérgio Rascón Martínez contava que, eles viajam por muitos lugares na Espanha, possivelmente em busca de trabalho em outras regiões, levados por promessas de melhoria de vida. Conheceram as províncias, cidades e a capital Madrid. Da Espanha viajaram para a França fugindo da guerra.
A Família Rascón Martínez na França.
O que é o imposto de guerra escrito a mão no rodapé do passaporte da Família Rascón Martínez?
Em 1898 o Reino da Espanha declarou guerra contra os Estados Unidos da América, mas perdeu a guerra, e teve que entregar aos EUA a soberania sobre Cuba, ceder as Ilhas Filipinas, Porto Rico e Guam, e pagar uma indenização no valor de US$20 milhões. José Rascón Temprano partiu para a França, levando a família fugindo da guerra. Depois da guerra voltou a Tábara.
A Espanha criou novos impostos e aumentou os impostos existentes. Os 20% de imposto de guerra no passaporte dos imigrantes era pago ao governo espanhol pelo governo do Grão-Pará, no caso dos imigrantes vindos para o Pará.
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Os 20% de imposto de guerra no passaporte da Família Rascón Martínez. |
O norte da Espanha faz divisa com a França. Entre a Espanha e França havia colonos e diaristas que trabalham nas terras dos dois países, trafegavam livremente entre as duas fronteiras como coisa normal e cotidiana.
José Rascón Temprano, era pacífico, justo, humilde de coração, providente e protetor da família. Ele queria proteger sua família da guerra, e não queria ser convocado para a guerra. Com receio de ser convocado, e de abandonar a família para lutar na guerra, fugiu com a família para a França, em busca de trabalho e refúgio, voltando à Espanha somente depois da guerra, possivelmente em janeiro de 1899. Em março de 1899 imigrou pela segunda vez para o Brasil.
Sérgio lembrava de sua passagem pela França, e inclusive conheceu Paris, e visitaram a Torre Eiffel. Entre as novidades de Paris que Sérgio contava ao seu filho Nereu, era o sistema de venda de caramelos, biscoitos, etc., em botequim na área da Torre Eiffel, onde os preços de todos os produtos estavam expostos neles, cada produto armazenado em seus devidos lugares, prontos para cair ao freguês comparador, quando este introduzia a moeda, segundo o preço, do produto, no orifício próprio para introduzir a moeda. Em Mocajuba, quando Sérgio contava duas coisas que viu na França, mas ninguém acreditava nele:
- Na França havia um sistema de comércio em que os fregueses entravam na loja, tocavam e escolhiam as mercadorias, levavam as mercadorias de dentro do comércio e só pagavam as mercadorias nas caixas de pagamento antes de saírem do comércio. Em Mocajuba ninguém conseguia compreender o sistema do “supermercado”, pois os comerciantes vendiam atrás dos balcões. Eles indagavam o Sérgio: “Mas como Seu Sérgio, eles não roubam as mercadorias do comércio? Que tipo de comércio é este? Se esse tipo de comercio vir para o Brasil os fregueses vão roubar toda a mercadoria ....”
- Sérgio contava que na França havia uma “máquina” em que as pessoas colocavam uma moeda pelo buraco. Num dado momento caia muitas moedas da máquina e a pessoa que colocou a moeda podia fica com todo o dinheiro saídos da máquina. Em Mocajuba nunca foi compreendido que maquina era essa, eles pensavam eu era uma máquina que fabricava dinheiro. Eles queriam saber como era essa máquina que fabricava dinheiro. Se em 1895, em São Francisco, nos Estados Unidos, Charles August Fey fabricou a primeira máquina caça-níqueis no formato em que conhecemos hoje, então este fato se deu antes de 1899 na França. Pois Nereu Rascón sempre dizia que, depois que família voltou da França para a Espanha, vieram para o Brasil, em 1899.
A fome, a pobreza, a miséria, a morte, e a crise agrária assolava a Espanha endividada e quebrada. A crise pós-guerra levou a Espanha à grande crise agrária, forçando mais ainda os espanhóis buscarem vida melhor no continente americano. Havia promessa ilusórias que levaram espanhóis a acreditarem que ficariam ricos no Brasil, levantariam fortuna, e até poderiam voltar ricos para a Espanha. Brasil e Argentina foram os dois países para onde mais receberam os colonos espanhóis. Mais tarde a crise agrária deu origem ao motim.
Desde 1895, estava no auge a propaganda do governo paraense na Espanha: “INMIGRACIÓN Y COLONIZACIÓN: A PROPAGANDA PARAENSE”, a “Información a los españoles que desean emigrar al estado del Pará”. A sede da propaganda estava em Barcelona, Catalunha. O governo paraense mandava buscar colonos na Espanha para colonizar as terras com matas fechadas no Pará, pagando o custo das viagens. Quando veio a guerra e com a crise pós-guerra, milhares de espanhóis procuraram o Brasil, inclusive muitos que já tinham voltados para a Espanha. O governador do Pará, José Paes de Carvalho (1850 — 17 de março de 1943), foi o que mais trouxe incentivou a vinda de espanhóis para o Brasil e o que mais trouxe espanhóis para o Pará, pois queria desenvolver o Estado paraense e trazer o progresso para a região. Inclusive em 1899 chegou uma grande quantidade de espanhóis no Pará.“
5.2 INMIGRACIÓN Y COLONIZACIÓN: A PROPAGANDA PARAENSE.
A Figura 2 faz parte da propaganda imigratória da Amazônia brasileira na Espanha, trazia um pequeno texto em espanhol com as seguintes palavras: Información a los españoles que desean emigrar al estado del Pará. O discurso da propaganda era um "convite" ao imigrante para tornar-se um grande agricultor em terras amazônicas. O texto apresenta uma espécie de mapa geográfico, econômico, social e etnográfico da região no qual traz informações relevantes dos diversos estados brasileiros tais como: raça, idioma, literatura, religião, costumes, sistema monetário, governamental e do comércio local. Logo no início do texto faz um apelo àqueles que desejavam migrar, "que antes solicitem e leiam com a devida atenção o livro El Pará, publicado em Barcelona, no ano de 1895". Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
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Imigration 01, resolução 1,12 MB. Imagem editada. |
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Imigration 02, resolução 800, 46.8 MB. Imagem original.
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Capa da propaganda da Amazônia brasileira |
“O texto de El Pará de 1895, produzido pelo contratante Francisco Cepeda foi encomendado pelo governo paraense com objetivo de descrever as belezas e as riquezas do estado do Pará, de conteúdo convincente e patriótico, fascina o leitor curioso, principalmente quando descreve as principais características da região Amazônica, e aos poucos faz um detalhamento da região e de sua população.
As principais informações dessa propaganda serão comentadas neste capitulo para que se possa ter a ideia de como os imigrantes espanhóis construíram seu universo de expectativas diante da terra que lhes prometia ser o lugar de grandes realizações pessoais e coletivas.
Na propaganda imigratória existe um discurso de grandes vantagens para aqueles que escolhessem a província do Pará como destino. A propaganda era tão convincente que trazia personalidades ilustres da sociedade paraense a seu favor. Havia um pequeno texto escrito em língua espanhola que trazia no final a assinatura do governador Lauro Sodré. O texto trazia palavras que incentivavam a imigração espanhola para o Norte do País e sugeria a emigração ser uma boa opção para os espanhóis. El extranjero que quiera vivir con nosotros encontrará una tierra hospitalaria y um clima benigno que le garantiza la salud y la robustez, principalmente si el recién lhegado no desdeña, las prescripciones higiénicas que es de su interes observar (AMAZONIA, 1895).
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Colonos espanhóis no navio a vapor |
A imigração de estrangeiros beneficiaria ambos os lados, tanto o imigrante como o Estado paraense. Para o governo os custos aos cofres públicos do Pará seriam pequenos perto da contribuição econômica e social que os imigrantes espanhóis dariam ao Estado e para o imigrante seria uma oportunidade de recomeçar sua vida, haveria um tipo de troca, em que existiam custos, mas também lucros.
essa verdade é a mesma que preside o balanço contábil que se faz dos "custos e vantagens comparados "da imigração; quais as "vantagens" de se recorrer à mão de obra imigrante e quais os "custos" sendo entendidos, é claro, em todos os sentidos desses termos (e não apenas no sentido econômico)? Mesmo ela não acaba de inventariar as "vantagens" e os "custos" que considera - sem dúvida porque não se está sempre de acordo sobre a definição ou, mais exatamente, sobre as definições que devem ser dadas a esses termos, essa técnica, que é em seu princípio, tão antiga quanto a própria imigração, trai a função atribuída ao imigrante e o significado que se deseja reservar a imigração: imigração e imigrantes só tem sentido e razão de ser se o quadro erigido com o fim de contabilizar "os custos" e os "lucros" apresentar um saldo positivo - idealmente, a imigração deveria comportar apenas "vantagens", e no limite nenhum "custo" (SAYAD, 1998, p. 50).
“O estrangeiro que queira viver conosco encontrará uma terra hospitaleira, um clima bom, que lhes garanta saúde e robustez principalmente se é recém-chegado e não menospreza os princípios higiênicos que são de seu interesse.” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
Belém era descrita no texto da propaganda como uma cidade tão próspera e moderna, com tantas vantagens e oportunidades ao imigrante, que parecia impossível não aceitar o convite a migrar para o Pará. Os elogios não foram poupados à cidade, elevou a capital a níveis de modernidade comparados a cidades europeias, fez uma descrição grandiosa das suas mais importantes obras públicas e exaltou o quanto pôde a suntuosidade de suas construções e a prosperidade de suas indústrias e do comércio, chegando a se comparar a cidades como Havana e Barcelona. A descrição de palácios, como o do Estado e o do governo, edifícios, institutos, hospitais, museus, mercados, quartéis, templos, cemitérios, teatros, indústria, igrejas, dentre elas a do Carmo e a catedral da Sé, praças, em especial a da República e a praça da Independência. A propaganda preocupou-se em criar uma imagem positiva da cidade, descrevendo-a próspera e organizada, aos moldes europeus. Assim Belém entrou na rota migratória de muitos imigrantes europeus, encantados pela cidade fabulosa, rica e moderna no "coração da floresta amazônica" (AMAZONIA, 1895).
No que diz respeito à raça do homem amazônico, o texto informa a predominância de latinos, brancos ou caucasianos, diz que a cada dia há um aumento desse número em função da crescente imigração estrangeira na região, grande parte advinda da Europa. Esse argumento era forte, um fato que talvez tenha influenciado bastante para que muitas famílias espanholas migrassem para a Amazônia. Mas, o texto não negava a existência de miscigenados na região Norte, muitos de origem africana e indígena, e afirma que essa mistura era algo positivo, visto que herdavam a "pacificidade do indígena" e "a força de trabalho do negro".
Ao tratar das religiões, a propaganda imigratória falava de uma liberdade absoluta para as religiões. Era direito de todos expressarem sua fé da maneira que quisessem, todos poderiam realizar seus cultos sem qualquer embargo. Mas não deixava de apresentar a religião católica como a religião mais procurada pela população local, isso seria um atrativo para os espanhóis, país de maioria católica, condição que influenciou bastante na escolha do Brasil para migrar.
A moeda da época no Brasil era o real, o documento mostra sua tímida equivalência monetária às moedas de países da Europa e da América como Inglaterra, Canadá, México, Uruguai e Argentina, alguns concorrentes na disputa por imigrantes. Mas não deixa de apresentar a moeda como uma oportunidade de investimento.
Descreve o estado do Pará com todos os seus costumes, desde a vestimenta de suas mulheres, a alimentação da população local, o clima, a grandiosidade do estado e suas riquezas naturais. Ao descrever a mulher da Amazônia apresenta ao leitor um tipo europeu, com vestimenta que segue padrões exigentes, por muitas vezes refinado, típico ao da Europa. A alimentação da população seria basicamente o trigo, pescado, carne de vaca, carneiro, veado, javali, frutas, doces, feijão, verduras, café, açúcar, conservas e vários tipos de batata. O clima é considerado moderado (chega a compará-lo ao clima de Porto Rico), informa que não há inverno pesado, não há gelo, com isso não há necessidade de se preocupar com roupas e muito menos com lenha. O verão é suave, se comparado ao verão da Galícia e Cataluña e jamais lembra o verão sufocante de Castilha, Andaluzia e outros lugares da Espanha. O Pará é apresentado ao estrangeiro como uma região agradável, com clima que varia entre 22° a 32° centígrados, um clima aprazível jamais comparado ao clima escaldante de Madri e Sevilha.
Os estados brasileiros são revelados de forma proposital, cada um com seu destaque na cultura de plantio. Apresenta São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo como os reis do café, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais fortes pela criação do gado e o estado da Bahia, Pernambuco e Maranhão pelo destaque com a cana de açúcar. E logo em seguida descreve um país chamado Amazônia, e diz ser esse o melhor lugar entre todos, por ter dentro dessa maravilhosa região um estado chamado Pará, com uma beleza natural incomparável, com rios, canais, lagos, ilhas, bacias, costas, cidades e vilas. Um estado fundado e colonizado por portugueses, mas que no passado havia sido um dia de domínio espanhol, sendo assim os novos imigrantes espanhóis provavelmente não enfrentariam tantas dificuldades haja vista já terem um dia vivido a realidade amazônica por meio de seus ascendentes. A região é apresentada como próspera e admirável, o crescimento econômico apresentava números crescentes entre os anos de 1894 a 1899, justamente o período de grande incentivo à migração no estado.
Belém é descrita como uma cidade referência, reconhecida pela modernidade e por possuir uma grande planície, entre a baía do Guajará e as ilhas das Onças, Arapiranga e Cotijuba. Uma metrópole "modesta" em meio à mata Amazônica, mas tão moderna que se comparava às cidades europeias, com seus edifícios suntuosos e de grande estilo, uma infraestrutura que não deixava a desejar a qualquer outra cidade do Sul ou Sudeste do país, uma organização urbana que mesmo com suas limitações operacionais se destacava pela sua funcionalidade, pois havia eletricidade e gás, hospitais, mercados, teatros e até uma grande feira livre, conhecida como Ver-o-Peso, reconhecida pela sua variedade de frutas, verduras, carne e peixe.
A apresentação da capital paraense foi tão bem-feita que dificultou que os imigrantes fossem para os núcleos coloniais do Pará, pois, ao lerem uma descrição tão grandiosa da cidade, sentiam-se motivados a ficar em Belém e já que eram livres, poderiam ficar onde desejassem. Uma cidade tão desenvolvida como qualquer outra da Europa, com certeza atrairia o imigrante a querer se instalar e nela progredir. Assim, Fontes (2002) comenta o texto do Dr. Américo Campos no livro O Pará em 1900, uma edição comemorativa e encomendada pelo governo do estado. Da mesma forma que Belém foi apresentada ao leitor estrangeiro na propaganda imigratória, neste texto é mostrada uma capital com ar de prosperidade e organização. A imagem da cidade é descrita com ruas largas e compridas, sem becos ou vielas, "uma cidade fulgente portadora de luz", de calor chegando a todos os lares. Belém recebe a brisa da baía do Guajará que acalmaria a fadiga e o suor. O calor, a luz e o vento junto com as boas condições de higiene da cidade garantem uma vida próspera nesta parte dos trópicos.
O texto da propaganda comenta que no estado do Pará havia um importante periódico da época, El Noticiero Español, criado no início de 1899, em virtude da numerosa colônia espanhola existente na região Norte do Brasil. Em 21 de maio de 1899, o seu número inaugural trazia notícias da cidade de Belém e dos núcleos de colonização espanhola. Nele eram noticiados acontecimentos do cotidiano da sociedade paraense. As notícias eram de toda natureza, desde o falecimento de um compatriota, como o caso relatado na colônia de Benjamin Constant, do Sr. Miguel Macías, até casos de doentes em estado terminal atendidos de forma atenciosa e honrosa pelo governo paraense. O noticiário apresentava explícitos agradecimentos ao governador Paes de Carvalho, reconhecimento à dedicação e à atenção dada aos imigrantes espanhóis residentes. Desta forma, os meios de comunicação se encarregavam em mostrar o comprometimento e a preocupação do governo com o bem-estar do estrangeiro. Assim, asseguravam ao futuro imigrante a certeza de que iria encontrar pela frente um Estado protetor.
É citado na propaganda um fato noticiado pelo jornal El Noticiero Español. Em 18 de junho de 1899, o jornal novamente evidencia suas declarações de admiração a inesgotável caridade do Dr. Paes de Carvalho, e relata outro fato admirável do governador ao ajudar o espanhol Cassiano Justo que se encontrava enfermo, ao lado de sua esposa, a senhora Consuelo Alvarez, que também estava tendo complicações com a saúde, visto estar prestes a dar à luz.
Enfim, os textos do jornal haviam sido publicados na propaganda imigratória com o objetivo de declarar os feitos do governo paraense em favor dos imigrantes, principalmente os espanhóis. Era necessário dar-lhes a segurança que necessitavam sentir do governo. Como uma "boa anfitriã", a propaganda não se esqueceu de apresentar seus principais núcleos de colonização espanhola ao leitor, dentre estes se destacaram as descrições de Marapanim, Benjamin Constant, Jambu-Açu, Monte Alegre, Santa Rosa, Ferreira Pena e Couto Magalhães.
No ramo da beneficência, o texto da propaganda traz informações da existência de hospitais de caridade, asilo, hospícios e orfanato, talvez fosse uma forma de garantir ao imigrante e dar-lhes certa segurança caso se mostrassem interessados a migrar para o estado.
A propaganda também fazia elogios à diretoria do asilo infantil (orfanato) e a uma artista musical espanhola, Esmeralda Cervantes" ("Harpista espanhola de grande destaque na Europa do século XIX). À diretora diz ser merecedora de aplausos pela forma amorosa que desempenha suas atividades na direção do asilo de crianças e à artista pela amorosa visita que fez ao orfanato e por ser a gloria e o orgulho da Catalunha' (Atualmente a Catalunha compreende as províncias de Gerona, Barcelona, Tarragona e Lérida. É considerada a região mais rica e industrializada da Espanha).
A Fotografia 1 mostra a fachada de um prédio histórico que representa uma das mais importantes contribuições dos espanhóis para a cidade de Belém, essa foi a instituição de apoio aos conterrâneos espanhóis recém-imigrados ao estado. Criada para reunir fundos e para ajudar os irmãos espanhóis que se encontrassem enfermos e inválidos, conhecida em Belém como União Espanhola de Socorros Mútuos. Nos dias de hoje o lugar utiliza seu espaço como um memorial em homenagem aos povos emigrados para o Pará.” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
FOI DIANTE DO EXPOSTO ACIMA, E DIANTE DA “BOA PROMESSA” DE VIDA MELHOR E PRÓSPERA NO BRASIL, QUE LEVOU SÉRGIO RASCÓN REPENSAR E A DECIDIR VOLTAR AO BRASIL. Ele não conhecia a realidade rude do trabalho nas colônias brasileiras, onde mata era selvagem precisando ser derrubada para cultivar a terra. Na primeira vez que imigrou para o Brasil, morou em Belém. Desta vez, José Rascón queria terra para morar e plantar, pois achava que poderia prosperar. Na intenção de conquista da terra, se inscreveu como colonos, junto com a família e outros parentes, a imigrar para o Brasil, em busca de terra para prosperar.
Também é bom ler e saber:
“5.1 A POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO DO PARÁ
A política de imigração no estado do Pará passou por um processo demorado para consolidar seus instrumentos legais. Os primeiros indícios do que se pode chamar de uma política imigratória podem ser percebidos na metade do século XIX.
No Pará, na instalação da Assembleia Legislativa Provincial do Grão-Pará de 1838, a Imigração e a colonização apareceram como problemas importantes a serem tratados, mas é só em 1853 que o governo provincial decide criar o primeiro instrumento legal para promover a introdução de imigrantes no Pará, através da resolução n. 266, de 15 de dezembro do referido ano (EMMI, 2008, p. 117).
Somente a partir de 1853 se vê no estado do Pará uma proposta inicial de imigração estrangeira. A mesma serviu de base para da Lei 223, de 30 de junho de 1894. Trouxe certos benefícios ao imigrante, como o direito a passagem, alimentação, hospedagem e auxílio necessário durante toda a viagem.
A primeira notícia que temos de organização de meios para a introdução de imigrantes no Pará, data do ano de 1853, quando o presidente da província Sebastião do Rego Barros, sancionou a Resolução Nº. 226, de 15 de dezembro, criando no tesouro público provincial, uma caixa especial com os fundos de VINTE contos de réis, anuais para o fim e promover e facilitar a introdução de colonos (48). No ano seguinte a assembleia legislativa aprova a teor de uma nova Resolução que tomou o n. 263 (49), aumentando para 48 contos de réis, anuais a verba destinada a promover imigração de europeus, devendo ser preferidos os oriundos de Portugal e Espanha.
As bases para a vinda de colonos eram estas:
1ª - Passagens e comedorias gratuitas, e sem retribuição alguma, para todos os imigrantes.
2ª – Na escolha dos colonos serão atendidos a idade, moralidade e o estado de saúde, sendo a preferência pelos moços, os morigerados e os sadios.
3ª – O governo dispensaria aos imigrantes toda a possível hospitalidade por espaço de 8 dias, findos os quais estaria desobrigado da continuação desse favor.
4ª – Seria pedida pelo governo aos agentes consulares brasileiros todo o auxílio à coadjuvação para os imigrantes, inclusive as providências necessárias a um bom tratamento durante viagens (CRUZ, 1955, p. 55).
Após a vigência do contrato, estabelecido pela Resolução 266, muitos foram aqueles que se apresentaram como contratantes para introduzir os primeiros imigrantes “legais” na Amazônia Paraense, dentre eles nomes como: Jose Silvestre Rodrigues de Sousa, João Augusto Corrêa, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha e José do Ó de Almeida, além de Silva & Picanço, de Belém, Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, João Pinto de Araújo e Antônio Fernando Sodré e Silva e até o cônsul de Portugal no estado.
Logo de início houve a contratação de João Augusto Corrêa, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha e José do Ó de Almeida para introduzir pelo menos duzentos imigrantes na região. Os vapores começaram a chegar a Belém, vindos de várias partes do mundo: Itália, França, Portugal e Espanha.
Já na administração do presidente Sá e Benevides, chegaram a Belém, pelo vapor “Pará”, (56), mais 23 colonos europeus, remetidos pelo ministério da Agricultura para se estabelecerem na província. Com os 21, que haviam vindo anteriormente, perfaziam o Nº, de 44, quase todos franceses. Estes colonos foram recebidos convenientemente, tendo sido recolhidos a bordo de um dos paquetes da “AMAZON STEAM NAVIGATION COMPANY”, por conta do Governo. Destinavam-se às colônias de Santarém. Porém, mais tarde, foram localizados na estrada de Bragança (57), onde lhes foram concedidos lotes de terras pra trabalhos agrícolas (CRUZ, 1955, p. 57).
O incentivo à imigração para Amazônia paraense foi tamanha, que o governo criou diferentes meios para que o trabalhador sentisse estimulado a se dedicar a terras e nela produzir. Uma das alternativas encontradas pelo governo para “agradar” o imigrante e fazê-lo ficar e produzir, foi a criação de prêmios aos lavradores que se dedicassem ao plantio do cacau, algodão e cana de açúcar. Havia até verba do estado, de cem mil réis, para pagar prêmios que chegavam ao valor de um conto de réis e quinhentos mil réis.
Cruz (1955) aponta benefícios como transporte gratuito, agasalho e alimentação até a colônia de instalação, preço mínimo de oito mil réis por hectare, de um lote de terras próprias para lavoura, em que sua área seria de vinte e cinco hectares correspondentes a duzentos e cinquenta metros de fundos, demarcada na sua frente e fundos. Bem como a queima e a limpeza de uma parte da terra para o primeiro plantio (já fornecendo gratuitamente as sementes e as rações pelo período do primeiro ano) e para a moradia, devendo esta apresentar condições habitáveis, com paredes embarreadas e teto de zinco ou madeira, além de utensílios para a casa e para o trabalho no campo.
Os direitos dos imigrantes iam da habitação à saúde, pois também lhes estava assegurado o direito a medicamentos em casos de enfermidade nos primeiros anos de instalação, também execução assalariada nos serviços gerais da colônia dentro dos três últimos trimestres do primeiro ano de instalação apenas aos imigrantes adultos do sexo masculino de cada uma das famílias, não excedendo ao número de dois por semana. Os imigrantes também poderiam gozar da concessão gratuita de um lote na sede do núcleo, depois de dois anos de instalação no lote agrícola já beneficiado e ainda a proteção às viúvas e órfãos dos que faleceram na colônia, nos dois primeiros anos de instalação, dando-lhes todo auxílio para mantê-los na agricultura.
Na província do Pará, não há como deixar de considerar o importante papel que os presidentes de província tiveram para consolidar a história das migrações. Trazer imigrantes estrangeiros parecia ser um ótimo negócio, por não serem tão custosos aos cofres públicos, resolverem o problema de falta de mão de obra e ainda terem um conhecimento agrícola diferenciado do que já existia no estado. Nos relatórios de província, por anos seguidos se vê que nos discursos de muitos presidentes de província era retomada a questão de ocupação dos territórios do Pará, através da migração internacional. Segundo Giron (1999, p. 118), a leitura da imigração como produto do estado foi a primeira a ser realizada no Brasil. Tal leitura está ligada aos pressupostos teóricos da história tradicional, cuja explicação se funda na política.
Os discursos dos primeiros presidentes de província sugeriram que a liberdade dada aos negros nada mais foi que um golpe dado à escravatura e consequentemente à agricultura local e o final de tudo seria a bancarrota da economia do Norte do país. Com o discurso de que algo deveria ser feito diante da momentânea crise de culpa da sociedade diante da escravidão que por anos perdurou no Brasil, o presidente de província Rego Barros propôs, em seu Relatório de Província de agosto de 1854, uma negociação para introduzir 100 colonos portugueses no Pará para realizar trabalhos agrícolas em núcleos coloniais.
Dois pretendentes me apresentaram suas propostas: o cidadão Silvestre Jose Rodrigues de Souza da villa de Óbidos e o cônsul português nesta capital. Não pude aceitar as condições oferecidas pelo primeiro que oneravam o thezouro e constituíam o governo um seo gerente directo. Com o segundo celebrei em 20 de maio do corrente auno, sob aquellas bases, um contrato pelo qual se obrigou a introduzir na província dentro de oito mezes, e a estabelecer em suas terras do Arapiranga, próxima esta cidade, 100 colonos portugueses escolhidos. Para esse fim foi-lhe adiantada, sob fiança, pelo thezouro público a quantia de 3.000$000 (Trecho do Relatório de Rego Barros, em 15 de agosto de 1854).
Os primeiros passos da política de imigração no Norte do país de forma organizada ocorreram de forma lenta ainda no século XIX. No início a migração portuguesa pareceu ser a mais adequada, visto que existiam características que aproximavam um país do outro, a mais importante delas era o idioma. Cada vez mais se tornava comum a prática do recrutamento, e os contratos para introduzir imigrantes estrangeiros na Amazônia eram cada vez mais frequentes.
Somente o serviço público absorveu boa parte da mão de obra imigrante para trabalhos em obras públicas na época, visto que havia uma necessidade de mão-de-obra para a construção civil. Assim o presidente de província Rego Barros, em 14 de maio de 1855, assume publicamente ter introduzido mais de mil portugueses e galegos por meio de contrato para serviços em obras públicas e outros em contratos com os negociantes Silva e Picanço e também a Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas.
Si a emigração da Europa espontânea continua a ser muito diminuta, e não dá esperanças de desenvolver-se em grande escala, a introdução de emigrados por meio de contratos tem tido algum incremento nestes últimos tempos. Durante a minha administração tem entrado na província por aquele meio mais de mil portugueses e galegos, e alguns alemães parte contratados com a presidência para o serviço das obras públicas e parte com os negociantes desta praça Silva e Picanço para o manejo de seus estabelecimentos, e com a companhia da Navegação e Commercio do Amazonas para os seus da Villa de Serpa e outros serviços (Trecho do Relatório de Rego Barros, em 14 de maio de 1855).
A colonização dava passos lentos para atingir sua regulamentação, mas havia planos dos presidentes em dar continuidade à proposta de colonização da região. Essa ideia parecia ser algo distante de se tornar realidade, visto que existia na época apenas o exemplo de poucas colônias militares, mas que poderiam ser referência para o que seriam as futuras colônias civis de imigração do Norte.
O receio do fracasso na lavoura fez com que fossem autorizados empréstimos com base na Lei 226, de 15 de dezembro de 1853, que criou no Tesouro Provincial um caixa para dar apoio à política de colonização. Estratégia para tentar assegurar que os imigrantes se dedicassem ao trabalho da lavoura e não se direcionassem para outras atividades, em virtude de muitos estarem trocando o trabalho da lavoura nos núcleos e indo parar no comércio das grandes cidades do Norte do país.
O cuidado em não perder os braços da lavoura parecia ser constante pelos presidentes de província. Estes entendiam que a colonização seria uma saída para salvar a lavoura e a economia local. Esta inquietação é percebida no relatório do dia 15 de outubro de 1855, do Presidente Pinto Guimarães que manifesta o desejo de seguir o exemplo de criar um movimento organizado de colonização aos moldes dos que foram formados no Sul do Império, mas que fosse dedicado aos imigrantes que quisessem trabalhar na agricultura.
[...] de modo algum pode convir que havia simplesmente a introdução de emigrados que em vez de se empregarem nos trabalhos da agricultura dedicam-se a outros gêneros de vida para os quais a província não precisava de fazer sacrifícios para obtê-los. (Trecho do Relatório do Presidente de província Pinto Guimarães, em 15 de outubro 1855).
No discurso de Pinto Guimarães havia o receio de ver o projeto da imigração na província se tornar algo falido. Não se desejava que existisse um simples movimento de entrada de imigrantes na região, mas sim que houvesse uma programação ou um planejamento do que esses indivíduos iriam fazer em terras brasileiras. Essa preocupação fez com que alguns presidentes de província expusessem suas inquietações e seu medo da imigração estrangeira no Pará não dar certo.
Sabendo que os imigrantes viriam para trabalhar na agricultura do Estado, havia a preocupação por parte dos presidentes de província que esses imigrantes não fossem simplesmente “jogados” nos núcleos coloniais e lá fossem esquecidos. Havia necessidade de criar uma nova infraestrutura que ligasse as cidades do interior da província à capital, já que havia certo receio de deixar os imigrantes completamente isolados. Havia a distância entre as cidades e a dificuldade de locomoção poderia gerar uma expectativa negativa nesses imigrantes recém-chegados.
Com receio de que a propaganda migratória não tivesse êxito no Norte do Brasil, o vice-presidente de província, Leitão da Cunha, em 15 de agosto de 1858, considerou necessário sugerir a possibilidade de criar uma estrada que ligasse a comarca de Bragança à capital paraense para que o interior do estado não se sentisse tão isolado do estado.
Que assim, cumprindo, no meu entender, principiaríamos por facilitar as comunicações d’aquelles territórios com esta capital, por coavir em todo o caso aproveitar-se desde já a despesa que a fazenda nacional tem feito com aquellas medições, e as excelentes qualidades d’aquella terras para qualquer gênero de cultura, deveríamos principiar por abrir uma estrada regular d’aqulle ponto para aqui: estrada não só projetada, como com planos já estudados, os quaes indicão que pouco trabalho e pequena despeza exigirá semelhante obra (Trecho do Relatório de Leitão Cunha, em 15 de agosto de 1858).
Leitão da Cunha que, além de vice-presidente, era também um idealizador da imigração estrangeira do Norte, estava apreensivo com o futuro da província, e acreditava que a imigração estrangeira somente funcionaria e daria certo se acontecesse de forma organizada e planejada. Desta forma, pensou em mudanças na política local, pois se lutasse por melhorias dos núcleos, asseguraria a permanência dos imigrantes na região e manteria o equilíbrio da economia local, impedindo a saída de colonos para cidades mais desenvolvidas.
Leitão da Cunha, em seu relatório de 15 de agosto de 1858, acreditava que deveria existir uma política de desenvolvimento local para que o imigrante percebesse os ares de progresso também nos arredores de sua colônia. Pois, apenas o atrativo da riqueza natural não asseguraria que o imigrante se estabelecesse no local, mas também a noção de que eles não estavam isolados e muito menos abandonados. Para isso, defendeu a existência de reformas na infraestrutura local, possibilitando ao imigrante o direito de ir e vir de seu núcleo. Uma das suas maiores defesas contemplava na melhoria da comunicação entre o núcleo e a capital.
Até então, o que se sabia de colônia no estado do Pará era apenas a existência de algumas colônias militares, como a de Óbidos e D. Pedro II, em São João do Araguaia. Mas Leitão da Cunha menciona a colônia Nossa Senhora do Ó, localizada na Ilha das Onças, já em processo de implantação, mas ainda com certos problemas estruturais. Em virtude de não ser uma terra adequada para o plantio, os alagamentos eram constantes, visto que havia uma proximidade muito grande do rio. A falta de saneamento adequado ocasionava sérios problemas de saúde à população da colônia. Os casos de malária pareciam se tornar constantes e muitos morriam por não conseguir o atendimento adequado a tempo, já que o deslocamento para a capital era de barco e além da dificuldade geográfica existia também a escassez de transporte adequado para os enfermos. Mesmo assim, diante de tantos entraves, o tenente-coronel Manoel Farias de Vasconcelos, presidente de província em 1 de outubro de 1859, sugeriu a colônia civil como uma alternativa viável também para a imigração. Comenta até a criação de uma sociedade agrícola na Colônia de Nossa Senhora do Ó.” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
OS COLONOS ERAM ATRAÍDOS COM COMPANHA E PROMESSA FALSAS DE QUE NO BRASIL FICARIAM RICOS. NA ESPANHA E EM PORTUGAL JOGAVAM PANFLETOS NAS RUAS, PARA CONVENCER PESSOAS A VIREM PARA O BRASIL. EM PORTUGAL DIZIAM NA CAMPANHA QUE NO BRASIL SE JUNTAVA DINHEIRO COM ANCINHO. UMA CAMPANHA FOI FEITA NA ITÁLIA. A VERDADEIRA INTENÇÃO DO GOVERNO ERA COLONIZAR AS TERRAS DEVOLUTAS DO BRASIL, EVITANDO INVASÃO ESTRANGEIRAS DOS PAÍSES EUROPEUS, ASSIM COMO ESTAVAM INVADINDO AS TERRAS DA ÁFRICA. O GOVERNO DAVA A PASSAGEM GRATUITA PARA QUEM QUISESSE VIR ENRIQUECER NO BRASIL, E ASSIM ATRAÍRAM MILHARES DE PESSOAS, E AINDA DAVA TERRAS. A MAIORIA DOS QUE VIERAM PARA BRASIL ERAM PESSOAS POBRES, COM PASSAGEM DE TERREIRA CLASSE, SUPERLOTADAS DE PESSOAS, ONDE MUITOS SOFRIAM DE FOME E MORRIAM DE DOENÇAS, FOME E ASFIXIA.
No texto abaixo comprova que as passagens eram gratuitas e como era a verdadeira viagem no Oceano Atlântico.
“Na Região Norte a entrada de imigrantes está associada ao sucesso da economia gomífera entre os anos de 1850-1912, sendo facilitada pelas pretensões de povoamento do governo e, segundo Emmi (2008), pela presença das cidades portuárias Belém e Manaus. Aliás, como informa Cruz (1958), em Belém foi criada a Associação Paraense de Imigração, que fornecia não só passagens como também terras, sementes, alimentos e instrumentos de trabalho aos que viessem ocupar a Amazônia paraense. Ainda no Pará, a primeira legislação a incentivar a imigração foi assinada por Sebastião do Rêgo Barros. Esse presidente da então província instituiu a Resolução nº 266, de 15 de dezembro de 1853, criando um fundo para financiar a criação de núcleos de colonização por particulares e/ou empresas privadas (LIMA, 1973; EMMI, 2008). Em que pese essa iniciativa do governo local, em 1890 o Decreto nº 163 reorganizou a imigração no Brasil, deixando de fora a Região Norte como destino de trabalhadores europeus, os quais foram direcionados para o Centro-Sul do país (EMMI, 2008). A justificativa para esse impedimento assentava-se nas dificuldades de adaptação ao clima impactante, o que fazia muitos desistirem das terras na Amazônia (LIMA, 2008), deslocando-se em razão disso para outras cidades, em especial São Paulo, onde prosperavam as fazendas de café com a força de trabalho imigrante.
Uma mudança favorável na política migratória para a Região Norte ocorreu na fase republicana, principalmente com a Constituição de 1891, quando os estados conquistaram maior autonomia em relação ao governo central do país. Assim, a Lei nº 223, de 30 de julho de 1894, assinada por Lauro Sodré, primeiro governador paraense, autorizou novamente a entrada de trabalhadores europeus no estado (EMMI, 2008; FAIDHERB, 2009). Conforme Emmi (2008), a eles eram concedidas passagens grátis nos navios, onde eram recebidos por funcionários do Estado que os encaminhavam para alojamento na Hospedaria dos Imigrantes 5. Em seguida os imigrantes eram transportados gratuitamente para as colônias agrícolas, onde recebiam lotes de 25 ha em terras devolutas, instrumentos de trabalho, sementes, assistência médica. A eles também eram fornecidos alimentos por um período de seis meses, até que pudessem colher os primeiros frutos da ocupação da terra.
Os imigrantes eram destinados às colônias agrícolas oficiais ou particulares. As oficiais eram áreas dedicadas à ocupação em terras devolutas, nas quais a produção rural familiar se impunha como condição de vida. As particulares, por sua vez, pertenciam a homens de posse que contratavam imigrantes para trabalhar na propriedade em regime de colonato6. No Pará, as colônias agrícolas ou os núcleos coloniais que serviram de destino para espanhóis foram Benevides, Benjamin Constant, Santa Rosa, Araripe, José de Alencar, Marapanim, Anita Garibaldi, Ianatema, Jambuaçu, Ferreira Pena, Monte Alegre, Núcleo Modelo de Outeiro e Couto Magalhães (GONZÁLEZ MARTINEZ, 2000; SOUZA, EMMI, 2009)7. Destarte, foi nesse panorama histórico, marcado por uma dinâmica econômica e política que produzia fatores de expulsão e de atração, que se processou a imigração espanhola no Brasil e, mais particularmente, no Pará. E tratada essa realidade, na parte que segue procura-se construir um perfil dos europeus que deixaram a Espanha para construir um projeto de vida baseado no acesso a terra na Amazônia paraense, o que é feito por meio das passagens grátis concedidas pela autoridade local a esses emigrantes.
3 CONSTRUINDO ENTENDIMENTOS SOBRE A IMIGRAÇÃO ESPANHOLA NA AMAZÔNIA PARAENSE. As passagens subvencionadas pelo governo paraense contempladas neste estudo consistem em 405 documentos, estruturados em uma lauda, tamanho ofício, com texto grafado em espanhol, expedidos pela autoridade consular dos Estados Unidos do Brasil na Espanha entre cinco de maio de 1896 e 19 de janeiro de 1899. Como o próprio nome indica, os que se beneficiavam delas eram dispensados de qualquer pagamento para a travessia do Atlântico, informação, aliás, que se encontra registrada na própria passagem. Os primeiros documentos desse tipo de que se tem registro no APEP são do ano de 1896. Conforme o recorte amostral é nesse ano em que se verifica o menor número de entrada imigrantes provenientes da Espanha, num total de 137 (17%) indivíduos. Essa baixa ocorrência pode estar associada à ainda recém-aprovação da Lei nº 223/1894, que autorizou no âmbito estadual a utilização de força de trabalho estrangeira.
Como contraponto, é no ano seguinte que se verifica um fluxo maior de espanhóis, contabilizados em 291 (37%) indivíduos. Possivelmente essas entradas resultaram da propaganda que se disseminava na Espanha por meio das autoridades consulares, enfatizando as oportunidades de trabalho na Amazônia paraense, bem como das informações enviadas por correspondência aos familiares e amigos, incentivando-os a imigrar no Brasil (GONZÁLEZ MARTINEZ, 2000; EMMI, 2008). Conforme observado nas passagens grátis, nos anos posteriores esse movimento migratório prossegue, mas oscilando. Dessa maneira, em 1898 tem-se um decréscimo nas entradas, sendo identificados apenas 146 (18%) espanhóis que chegaram ao Pará e, em 1899, esse número aumenta para 218 (28%) imigrantes, contudo, sem alcançar a margem registrada em 1897. Com base em Martins (1989), esse decréscimo pode ser entendido como o resultado das alterações que o regime de trabalho nas colônias agrícolas vinha sofrendo pela pressão dos imigrantes italianos. Assim, à medida que a imigração se aproximava do início dos anos de 1900 – no qual as relações de trabalho se consolidavam mais na forma assalariada – o colonato se desmantelava, tornando-se então pouco atrativo para imigrantes camponeses. Na intenção da imigração subvencionada (também chamada de imigração oficial ou dirigida) em busca de trabalho no campo, as passagens grátis podiam ser emitidas para um indivíduo ou para grupos familiares de tamanho variável. Quer sozinhos ou em grupos, os espanhóis estavam sujeitos à análise dos critérios exigidos para entrar no Brasil, bem como à comprovação das relações de parentesco por parte do chefe familiar. De acordo com Emmi (2008), os critérios que autorizavam a entrada dos imigrantes priorizavam aspectos morais e fisiológicos que os tornassem aptos ao trabalho e à vida na sociedade local. Então, aos espanhóis menores de 60 anos, que gozassem de boa saúde e não estivessem envolvidos em atividades ilícitas eram concedidas as passagens e as autorizações de embarque nos vapores com destino ao Pará. Tais embarcações, utilizadas para transporte em alto mar no século XIX, inclusive aparecem nominadas na documentação analisada, e sobre elas foi possível encontrar algumas informações, embora superficialmente. Entre 1896 e 1899 foram 12 os vapores que trouxeram emigrantes espanhóis para o Pará, a saber: (1) Horatio; (2) Hilary; (3) Augustine; (4) Benedict; (5) Dustan; (6) Cametense; (7) Paraense; (8) Grangense; (9) Sobralense; (10) Cearense; (11), Obidense e (12) Lisbonense. Os quatro primeiros navios a vapor Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 8 pertenciam à companhia britânica Booth Line, que funcionou entre 1866 e 1963 (MEY, 2003). Os demais eram da Red Cross Line, uma companhia da cidade de Liverpol, Inglaterra, que realizou viagens dos portos europeus para a América do Sul entre 1869 e 1901 (MEY, 2003), algumas das quais com rota para Belém e Manaus. Como indicado nas passagens, os imigrantes viajavam na 3ª classe e eram obrigados pela Lei nº 223/1894 a escrever aos familiares que permaneciam na Europa para informar sobre o tratamento dispensado a eles durante o deslocamento. Essas informações consistiam numa exigência também do governo Espanhol, precipuamente na proteção da dignidade dos compatriotas que buscavam trabalho em terras estrangeiras, a fim de que não recebessem o mesmo tratamento desumano dispensado aos africanos forçadamente embarcados nos navios negreiros. Com efeito, o descumprimento desse compromisso legal resultaria no pagamento de multa no valor de 25 pesetas, equivalentes a 10.000 réis, destinados à manutenção da Santa Casa de Misericórdia em Belém. Quanto ao destino dos espanhóis na chegada a Belém, as passagens grátis informavam que eles eram livres para escolher o lugar em que desejassem trabalhar. Martins (1989), entretanto, ao estudar o fluxo migratório de espanhóis para São Paulo, verificou que a escolha do local nem sempre era possível, de maneira que o próprio governo direcionava os imigrantes para os núcleos coloniais onde houvesse maior demanda por mão-de-obra, tão logo desembarcassem naquele estado. Assim, quer em Martins (1989) ou no conjunto dos documentos analisados, os espanhóis aparecem em sua maioria como trabalhadores rurais, para os quais as colônias agrícolas surgiam como áreas de destino certas. Essa absorção no trabalho rural configura-se, aliás, como uma evidência de que se tratava de homens e de mulheres pobres, com baixo nível de qualificação para ocupar postos de trabalhos urbanos (MARTINS, 1989; GONZÁLEZ MARTÍNEZ, 2000; EMMI, 2008). Mas no intuito de buscar melhores condições de vida em terras amazônicas, há que se perguntar de onde vieram esses imigrantes hispânicos? Quem foram esses homens e mulheres que deixaram seu país de origem para viver em áreas com condições climáticas, idioma e cultura tão diferente da Espanha?
Em relação à primeira questão, as passagens grátis mostram que eles vieram da cidade portuária de Vigo, na província de Pontevedra, na atual comunidade autônoma da Galícia, localizada ao noroeste da Península Ibérica. Declarada cidade em 1810 e em contato com o mar pela Ria de Vigo, que lhe atribui nome, esse município ficou conhecido pela intensa saída de espanhóis para a América. Uma hipótese que se coloca para explicar essa intensa saída de cidadãos espanhóis no período estudado se deve ao desenvolvimento industrial experimentado pela Galícia no século XIX, para o qual a população rural não estava qualificada. Ademais, a reestruturação capitalista que se processava transformava as bases da economia tradicional, afetando os trabalhadores camponeses. Dessa maneira, a passagem de uma economia tradicional à economia de mercado na Galícia foi lenta e gradativa, à medida que instituições científicas – como o Instituto Español de Oceanografía em Vigo –, tecnológicas – como as Escolas de Comercio de Acoruña e Vigo – e unidades de ensino médio preparavam a mão-de-obra necessária à indústria na segunda metade dos anos de 1800 (LABARTA FERNÁNDEZ, 2007). Na cidade de saída dos espanhóis desenvolvia-se então uma incipiente indústria do mar, que importava tecnologia francesa para a conservação de pescado, a qual era empregada, por exemplo, em fábricas de conserva como a Curbera e a Goday (LABARTA FERNÁNDEZ, 2007). Foi nesse período de transformações econômicas que mais de 1,5 milhões de emigrantes se deslocaram para a América em busca de trabalho no século XIX (GARCÍA DE CORTÁZAR; GONZÁLES VESGA, 2008). Mas retomando a discussão sobre as informações contidas nas passagens grátis, com relação à segunda questão elas permitem identificar também o sexo, o grupo etário, as relações de parentesco, o estado civil e a profissão dos espanhóis. Tais elementos são essenciais na construção de um perfil mínimo sobre os emigrantes de origem hispânica. Assim, sobre o sexo dos cidadãos espanhóis que compõe e amostra documental analisada tem-se a predominância da figura masculina. Com efeito, 539 (68%) eram homens e 246 (31%) eram mulheres, sendo que sete (1%) não puderam ser identificados em razão do estado de conservação de algumas passagens. Essa presença majoritária de indivíduos do sexo masculino ajuda a entender, por exemplo, a condição de trabalhadores rurais desses imigrantes e, por extensão, a predisposição dos mesmos para a labuta pesada que as terras amazônicas impusessem a eles. Como explica Lima (1973), o projeto de se estabelecer no Pará por vezes era interrompido diante da descoberta desanimadora dos locais onde iriam trabalhar. Muito embora o governo devesse por lei fornecer terras já preparadas para receber os imigrantes, a realidade com a qual se deparavam mostrava áreas isoladas, completamente cobertas por uma densa floresta, própria do domínio amazônico e pouco fértil, que ainda precisaria ser derrubada para a construção dos locais de habitação e início do cultivo dos gêneros agrícolas. Logo, não é de se estranhar que alguns se recusassem a permanecer nessas terras, preferindo retornar a Belém ou reemigrar para outros estados do Brasil – especialmente para São Paulo – e mesmo para a Argentina ou para o Uruguai (GONZÁLEZ MARTÍNEZ, 2000). Nesta perspectiva, importa lembrar que a dificuldade em fixar trabalhadores no Pará se mantinha desde as primeiras iniciativas de introdução de mão-de-obra europeia livre na segunda metade do século XIX. Como registra González Martínez (2000: 247), em visita ao Pará, em 1912, Leopoldo D’Ouzouville, inspetor espanhol de emigração, constatou que muitos compatriotas haviam abandonado as terras em que viviam. Ademais, para o inspetor, não foi difícil encontrar imigrantes vivendo em condições de miséria, a exemplo de homens velhos doentes, menores abandonados e prostituas. Por outro lado, as tentativas mal-sucedidas de fixação de trabalhadores espanhóis no Pará também alimentavam juízos de valor permeados por preconceitos contra os estrangeiros. É possível perceber, nessa direção, a atitude do político João Capistrano Bandeira de Melo Filho. Em relatório datado de 15 de fevereiro de 1877, o então Presidente da Província de Belém declarou que os imigrantes não são “[...] lavradores e nem [homens] que revelam amor ao trabalho e à propriedade territorial” (MELO, 1877 apud LIMA, 1973: 16). Esse entendimento expressava a visão oficial de que a condição de imigrante não permitia aos trabalhadores espanhóis questionar o estado das terras para as quais eram enviados para viver, posto que uma suposta vocação camponesa seria o suficiente para transformá-las em áreas cultiváveis. Além do sexo, a distribuição dos espanhóis em grupos etários ajuda a conhecer melhor os imigrantes espanhóis. Sobre este aspecto, poucos foram os indivíduos com mais de 50 anos de idade a entrar no Pará. Do total de 792 imigrantes levantados na pesquisa, têm-se apenas três (1%) acima dessa idade, sendo dois (67%) homens e uma (33%) mulher, o que corrobora a predileção do governo brasileiro por trabalhadores jovens e fortes para as colônias agrícolas. Por outro lado, espanhóis entre 21 e 50 anos de idade constituem um grupo etário expressivo, com 507 (52%) indivíduos que deixaram a Espanha em direção a Belém. Desses, 385 (76%) são homens e 122 (24%) são mulheres, o que evidencia o pensamento típico de sociedades patriarcais como a espanhola e a brasileira na associação do trabalho pesado agrícola ao gênero masculino (SOUZA, 2007; DETONI et al, 2009)8. Ainda que a presença de homens entre os imigrantes seja maior, é certo que muitos desses trabalhadores se fizeram acompanhar pelas famílias, posto que nas passagens grátis as mulheres figuram no status de sogra, esposa, filha/enteada, irmã ou tia. Na documentação analisada, também são identificadas crianças e adolescentes, que migraram com os pais ou apenas com um ente masculino, qual fosse o pai/padrasto, o tio, o irmão ou o cunhado. Como se pôde verificar, as idades variam, indo desde aquelas com menos de um ano de vida, a indivíduos entre dois e 10 anos, bem como os situados na faixa entre 11 e 20 anos de idade. Com relação aos espanhóis com menos de um ano de idade têm-se 35 (5%) indivíduos, dos quais 22 (63%) são meninas e 13 (37%) são meninos. Na faixa entre dois e 10 anos, os dados mostram 129 (15%) crianças, com a ocorrência de 71 (55%) meninos e 58 (45%) meninas. Já entre o grupo situado entre 11 e 20 anos de idade foram contabilizados 90 (11%) indivíduos, sendo 59 (66%) do sexo masculino e 31 (34%) do sexo feminino. Nas fontes consultadas há que se registrar, ainda, 28 (4%) passagens grátis pertencentes a 16 (57%) homens e a 12 (43%) mulheres de idades que não puderam ser identificadas diante do estado da documentação. O registro de crianças e de adolescentes assim como o estado civil dos titulares das passagens são elementos que atestam tratar-se de uma imigração do tipo familiar. Dos 792 imigrantes levantados por meio das passagens grátis, 137 (17%) vieram trazendo famílias completas ou ao menos parte dela. Entre esses, têm-se grupos familiares formados no mínimo por dois indivíduos, quais sejam marido e mulher, pai e filho (a), tio e sobrinho (a), genro e cunhada, padrasto e enteado (a) ou, ainda, irmãos. Por outro lado, também são identificadas famílias nucleares numerosas, constituídas de até oito indivíduos, como a do Sr. Rafael Pascual (idade ilegível, Passaporte nº 302), que trouxe consigo a esposa Perla Raposo (44 anos), as filhas Ransosia (24 anos), Vicenta (12 anos), Petra (6 anos), Isabel (2 anos) e Juserim (2 meses) e o filho Ramon (1 ano). Ou, ainda, a família do Sr. Antonio Rodrigues (45 anos, Passaporte nº 1009), que na companhia da esposa Dolores Mendes (40) trouxe as filhas Maria (14 anos), Josefa (9 anos), Maria Rodrigues (4 anos) e os filhos Baltasar (11 anos), Francisco (7 anos) e Melchor (2 anos). Sobre o estado civil dos espanhóis, o estudo levantou que dos 655 (83%) imigrantes que viajaram sozinhos, 63 (10%) eram homens casados, dois eram (1%) viúvos e 590 (89%) solteiros. No entanto, entre aqueles que viajaram desacompanhados deixando as famílias na Espanha era alimentado o projeto de trazê-las para Belém, tão logo conseguissem trabalho. Essa estratégia usada pelos mais cautelosos era recorrida como forma de primeiro conhecer a realidade local e as condições que lhes eram oferecidas. Dessa maneira, quando empregados e estabelecidos eles enviavam “cartas de chamada” (EMMI, 2008: 84) para atrair os familiares. Nesta perspectiva, de acordo com Martins (1989), quando instalados em grupos familiares os imigrantes tendiam a se fixar no Brasil melhor que os indivíduos desacompanhados, os quais entravam e saíam do país com maior frequência. Como se vê, a presença e o apoio familiar eram essenciais para o êxito dos que pretendiam permanecer em terras brasileiras, sobretudo na superação das dificuldades de adaptação e de assimilação pelas quais passaram os espanhóis na Amazônia. Por fim, no desenho do perfil dos imigrantes espanhóis no Pará, importa falar ainda sobre as profissões registradas nas passagens grátis. Ao se considerar a crença na disponibilidade e na facilidade acesso a terra no Brasil, e mais particularmente na Amazônia paraense, esses homens e mulheres aparecem em sua maioria na condição de lavradores, os quais procuravam fugir da crise da agricultura tradicional na Galícia (MARTINS, 1989). Com efeito, dos 792 imigrantes levantados no período em estudo, 625 (79%) estavam em idade ativa e 167 (21%) em idade não-ativa9. Dessa maneira, distribuindo os indivíduos em idade ativa pelas profissões informadas nas passagens, tem-se 583 (93%) imigrantes lavradores, dos quais 446 (77%) eram homens e 137 (23%) eram mulheres. Outros 42 (7%) espanhóis informaram profissões variadas, de modo que 16 (38%) mulheres aparecem como donas de casa e 26 (62%) homens como carpinteiros, sapateiros, professores, barbeiros, mecânicos, ferreiros, cantores ou carteiros.
A respeito das ocupações informadas pelos homens espanhóis ligados ao setor de serviços, Emmi (2008) mostra que os trabalhadores que as desempenhavam costumavam ficar nas cidades, espaços onde eram mais bem aproveitados pela economia local, tal como ocorreu com os italianos que vieram para Belém no mesmo período. E como se pôde verificar na documentação analisada, de um modo geral essas ocupações estão associadas a homens solteiros ou a chefes de pequenos grupos familiares. Formados por dois ou três indivíduos, esses grupos familiares possuem uma estrutura familiar do tipo marido e mulher, pai e filho(a), tio e sobrinho(a), padrasto e enteado(a) ou simplesmente irmãos, que viajaram para Belém do Pará em busca de oportunidades de trabalho. De todo modo, saber se esses indivíduos conseguiram inserção econômica no setor primário ou de serviços, se ficaram na capital ou se deslocaram para o interior é algo que está para além das possibilidades informativas das passagens grátis, o que implica a busca de outras fontes de informação capazes de explicar e contextualizar a absorção dessa força de trabalho imigrante”.
Fonte:
Imigrantes espanhóis na Amazônia Paraense: em direção à construção de entendimentos a partir das passagens subvencionadas pelo Governo Paraense (1896-1899). RUBENS DA SILVA FERREIRA1 ÉRICA ELAINE COSTA2
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.... “Esses três fatores de atração (colonização agrícola, substituição da mão de obra escrava na atividade cafeeira e aumento do dinamismo urbano) explicam a concentração da imigração nas regiões Sul e Sudeste. Obviamente que também houve imigração para outras regiões brasileiras, como por exemplo durante o efêmero ciclo da borracha na região amazônica, que atraiu para Belém e Manaus um número significativo de imigrantes, predominantemente portugueses. Porém, tratou-se em geral de uma imigração pouco significativa em termos numéricos e percentuais.
.... Os imigrantes cuja passagem de navio fora subsidiada pelo governo brasileiro ou que foram atraídos pelas companhias de colonização não tinham muita liberdade de escolher o seu destino, visto que já vinham recrutados para o trabalho rural, seja nas plantações de café, seja nas colônias agrícolas. Por sua vez, os imigrantes espontâneos tinham maior liberdade de escolher para onde queriam ir, e muitos deles acabavam se instalando nos centros urbanos. Assim, cada nacionalidade ou grupo regional acabou se concentrando em regiões diferentes, pesando aqui a forma como chegaram ao Brasil (se dirigidos ou espontâneos), bem como as predileções de cada grupo.
- Iam principalmente para os centros urbanos: portugueses, italianos do Sul, espanhóis da Galiza, sírios, libaneses e judeus.
- Iam principalmente para o meio rural: alemães, italianos do Norte, espanhóis da Andaluzia, japoneses e poloneses”.
.... Por sua vez, os imigrantes subsidiados já vinham recrutados para trabalhar com o café. A seleção era rigorosa: apenas famílias tinham direito ao subsídio, somente adultos recebiam a passagem integral e dava-se preferência a pessoas em idade de trabalhar. Ao chegarem pelo porto de Santos, quase todos os imigrantes subsidiados eram levados até a Hospedaria de Imigrantes, construída em 1886, onde ficavam alojados e recebiam a visita de fazendeiros à procura de trabalhadores. A Hospedaria funcionava como uma espécie de "prisão", de onde os imigrantes só tinham autorização para sair após terem assinado um contrato de trabalho com algum fazendeiro. A Hospedaria tinha capacidade para abrigar até quatro mil pessoas, mas chegou a receber dez mil de uma só vez, e os imigrantes eram muitas vezes "tratados como gado", e alguns até passavam fome, devido à ausência de fornecimento de alimentação. Após assinarem um contrato de trabalho com um fazendeiro, os imigrantes eram liberados da Hospedaria e eram conduzidos até uma linha de trem, que os levava para as regiões de cafezais do Oeste Paulista. Esse mecanismo garantiu um fluxo quase que incessante de mão de obra para as fazendas de café”.
A data da Segunda Imigração da família Rascón Martínez.
A segunda imigração ocorreu em março de 1889, dez anos depois da primeira imigração. José Rascón Temprano já tinha quatro filhos: Sérgio de onze anos, Josefa 9, Gregório 6 e Maria 4 anos de idade. Segundo Sérgio Rascón Martínez, o mesmo tinha onze anos de idade quando imigrou pela segunda, vez; ele era o filho caçula de cinco irmãos: dois homens e três mulheres. Na verdade, ele tinha 11 anos de idade, em março de 1899, completando 12 anos em outubro do mesmo ano. Segundo a informação no passaporte e na passagem da segunda imigração, Sérgio não era o filho caçula, mas o mais velho dos irmãos. Não havia cinco irmãos na imigração na segunda imigração, apenas quatros irmãos. Se José Rascón Temprano e Tomasa Martínez Ferrero tiveram um suposto quinto filho, este já nasceu no Brasil, mas nunca se ouviu falar disso, não há informação e prova. Pode ser que seja verdade a existência de um quinto filho, mas Tomasa já teria dado luz com quarenta anos de idade ou mais, este teria nascido na Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, lugar onde a família morou, e depois seguiu com a mãe Tomasa para São Paulo. Era comum mulheres com quarenta anos de idade ou mais terem filhos saudáveis.
Três ou quatros famílias da mesma família, entre irmãos, tios, primos e cunhados imigraram para o Brasil. No ano de 2024, no Arquivo Público do Estado do Pará, Belém, Nautilho fez a maior busca dos nomes dos imigrantes espanhóis que adentraram no estado do Pará, entre os anos 1889 a 1900, embora não encontrando registros primitivos, não existindo documentos da primeira imigração de sua família. Tais documentos se perderam. No dia 19 de fevereiro de 2024, Nautilho visitou o Consulado Espanhol em Belém. Quando o cônsul espanhol em Belém morreu, seu filho José Luís Fernandez, assumiu o posto de cônsul. Antes de seu pai morrer, o novo Cônsul, José Luís Fernandez, já trabalha no dito consulado que mudou de endereço várias vezes. Desde quando trabalhava com seu pai, e depois de se tornar cônsul titular, até o ano de 2024, ele já fazia trinta anos de trabalho no consulado. Segundo o José Luís Fernandez, durantes os trinta anos de consulado, nunca ninguém com o sobrenome “Rascón” procurou o consulado para tratar de documentações e imigração. Ele conhecia as famílias espanholas no Pará, mas desconhecia o sobrenome “Rascón”. Nautilho foi a primeira pessoa a apresentar no consulado espanhol no Pará a família espanhola “Rascón”. Como também, segundo a pesquisa feita por Nautilho, no Arquivo Público do Estado do Pará, a família espanhola “Seguin” instalada em Mocajuba e depois em Belém, foi a única família espanhola vinda da Espanha para o Pará.
Segundo o Nereu Rascón de Freitas, três ou quatros famílias da mesma família, entre irmãos, tios, primos e cunhados imigraram para o Brasil. Foi o que ele ouviu da boca de seu pai Sérgio Rascón Martínez. Nautilho encontrou apenas uma família espanhola “Rascón” vinda da Espanha para o Brasil a sua família. Logo, as outras três ou quatros famílias da mesma família, podiam ser da família “Martínez”, pois no Arquivo Público do Estado do Pará, Nautilho encontrou registros de muitas pessoas e famílias com o sobrenome “Martínez”. Como também, poderiam tais ditas famílias ter imigrado entre os anos de 1889 a 1898, ou seja, no período entre a primeira e segunda imigrações? Quando a família fez a primeira imigração, vieram também outros parentes que ficaram no Brasil, enquanto José Rascón Temprano voltou com a família para a Espanha? Em que ano, o Napoleón Rascón Temprano, irmão do José Rascón Temprano, veio para o Brasil? O Modesto era primo do Sérgio Rascón Martínez, o Sérgio morou em sua casa em Belém, logo ele devia ser um homem muito mais velho que Sérgio. Nereu Rascón de Freitas, filho de Sérgio, conheceu o Modesto. Será que o “filho caçula” dito por Sérgio seria um dos filhos de Augustín Rascón Vecino, o pai de José Rascón Temprano, informal mal compreendida por Nereu? Cinco homens da mesma Família Rascón Martínez estavam derrubando madeira na Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, quando José Rascón Temprano morreu. Não há de fato, informação se as três ou quatro famílias eram parentes de Tomasa Martínez Ferrero.
No dia 20 de fevereiro de 1899, sob a petição de José Rascón Temprano, o juiz municipal de Távara, Dom Manuel Morais, exarou uma nova certidão de nascimento de Sérgio Rascón Martínez, para fim de passaporte e viagem para o Brasil.
Na segunda imigração da Espanha para o Brasil, a Família Rascón Martínez saiu de Tábara, província de Zamora, Espanha, território vizinho a Portugal, atravessou a faixa estreita do território de Portugal, seguindo para a cidade portuguesa de Porto, onde embarcou no navio a vapor transatlântico chamado “BENEDICT”. O nome “Benedict” é latim, e significa abençoado, bento.
É preciso entender que Portugal é uma faixa estreita de terra, diante do seu comprimento, situada entre a Espanha e o Oceano Atlântico. A Família Rascón Martínez é natural da Província espanhola Zamora, na fronteira com Portugal. O governo do Grão-Pará, José Paes de Carvalho, facilitou aos imigrantes espanhóis das províncias Zamora, Salamanca e demais províncias próximas à fronteira de Portugal a viajarem para a cidade de Porto, atravessando o país português, por ser região mais próxima ao Oceano Atlântico, facilitando aos imigrantes embarcar em porto mais perto, encurtando suas viagens, em vez de mandá-los ao sul do país, com viagem longa, a embarcar no porto de Gibraltar. Os imigrantes das províncias acima de Zamora, eram enviados ao porto de Vigo, no leste da Espanha, acima de Portugal. No governo de José Paes de Carvalho, parece que a maioria dos imigrantes espanhóis embarcaram no porto de Vigo.
Porque Porto?
“A imigração era estimulada pelas relações comerciais estreitas do Porto com os diversos estados brasileiros, entre eles o Pará. O negócio era alimentado pela rede de comerciantes e famílias que transitaram e se estabeleceram nos dois lados do Atlântico, a partir da venda de produtos regionais como o vinho e o azeite. A isso, somava-se a importância, para a economia portuense, das remessas enviadas pelos imigrantes aos familiares que permaneciam em Portugal” (ALVES, 1994, p. 59-63).
Em números, o levantamento dos registros de passaporte do distrito do Porto ao Pará, entre 1834 e 1930, alcançou o total de 18.308 imigrantes.
A verdadeira data da segunda imigração. O passaporte foi emitido em Porto, Portugal, no dia 06 de março de 1899. José Rascón Temprano recebeu e assinou a passagem no dia 7 de março de 1899. A passagem foi assinada e liberada pelo cônsul geral, já aceita e assinada por José Rascón Temprano, no dia 8 de março de 1899. Segundo o que consta nas caixas documentais de imigração espanhola no Arquivo Público do Estado do Pará, muitas passagens e passaportes foram emitidos entre os dias 4 a 14 de março daquele ano, para o navio a vapor Beneditc, podendo ser possível que viagem teve início entre os dias 9 a 14 ou depois deste. A viagem demorava em média 15 a 20 dias, logo, no fim de março ou início de abril de 1899, a Família Rascón Martínez já estava no Brasil na segunda imigração. Se a fundação da Colônia Ferreira Pena foi no dia 9 de março de 1898, logo a dita família não estava na dita fundação, mas chegou ali depois disso. Era comum os imigrantes chegarem ao porto de imigração, e esperarem na hospedaria e no navio a chegada de outros imigrantes vindos de variados lugares distantes e pertos. Havia imigrantes que esperavam por vários dias no porto, até a chegada dos outros, então a viagem dava curso.
Sobre o segundo passaporte e segunda passagem gratuita, da segunda imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil.
O modelo do antigo passaporte era uma só folha de papel uma só lauda escrita, como um formulário impresso a ser preenchido, de maneira manuscrita, os dados do imigrante. O papel do passaporte era no tamanho de um papel ofício ou um pouco menor. Os dados manuscritos preenchidos eram escritos com tinta nanquim e com caneta de pena. A ponta de metal no bico da caneta feria levemente o papel, causando uma leve “cicatriz” ou “lanho”, uma marca de risco. Foi esta marca que permitiu pintar as letras apagadas na passagem, restaurando as informações textuais.
O antigo passaporte podia ser pessoal ou familiar, ou seja, assim como podia ser só de uma pessoa, podia também ser de várias pessoas da mesma família. Várias pessoas de uma só família podiam ter um só passaporte, logo todos tinham os nomes registrados num só passaporte. O passaporte da Família Rascón Martínez é único para seis pessoas: José Rascón Temprano, sua esposa e quatro filhos.
O passaporte está muito encardido, escuro, envelhecido e em estado crítico de deterioração, já se desfazendo, podendo deixar de existir em pouco tempo.
Eis o conteúdo do passaporte:
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Imagem do passaporte original, sem edição. Ampliar a imagem no computador com dois cliques antes de baixar. |
Verso do passaporte:
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parte inteira do verso |
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recorte do verso mostrando as letras |
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Fac-símile do dito passaporte. Fac-símile (latinismo aportuguesado do latim fac simile = faz igual) é toda cópia ou reprodução de letra, gravura, desenho, composição tipográfica, livro, códice, documento, esculturas, pinturas, etc. Eu reproduzi, em restauração de documento antigo, uma réplica do passaporte original. O antigo passaporte era uma folha de papel no tamanho de um papel ofício, diferente do livreto atual. |
A transliteração do Passaporte:
“Ano 1898/99 Número (do passaporte) 884 21 (Número da família)
O Cônsul de Espanha no Porto
No uso dos poderes que me são conferidos pelo R. O. de 14 de janeiro de 1897,
Certifico que José Rascón Temprano, que natural da prefeitura de Torres del Carrizal, Província de Zamora, profissão agrícola, não tem impedimento algum legal para sua saída deste reino, devendo embarcar neste porto com caminho ao Brasil, com sua esposa Tomasa Martínez Ferrero, 39 anos, seus filhos Sérgio de 11 anos, Josefa 9, Gregório 6, Maria 4 anos de idade.
Dado este documento em vista da permissão do governador que se arquiva licença absoluta que carrega.
Por isso, encarrego as autoridades civis e militares de Espanha e peço às autoridades, aos seus amigos, aliados e neutros, que não coloquem nenhum impedimento à sua viagem, mas para fornecer a ele a ajuda necessário.
Dado no Porto em seis de março de mil oitocentos e noventa e nove.
Cônsul
(rubrica do cônsul:)
M. B. Telles (Mariano Brusola y Telles)
Porto 6-3-99
(Carimbo do consulado):
Consulado da Espanha em Porto
(Carimbo de anotação):
PORTO 6-3 (19)99
NÚMERO 884
ARTº 60 TARIFA
DOHOS, REIS 893
PESETAS 9 CTS 9
(Anotação avulsa manuscrita no rodapé):
20% imposto transitório 179 réis
20% ¨ (imposto) guerra 179 réis.
(No lado direito do passaporte há uma aba ou janela trazendo as referências pessoais de José Rascón Temprano:)
Detalhes pessoais
Idade: 34 anos.
Estado: casado.
Altura: regular (mediana, não muito alto, não muito baixo)
Pelo: (em branco, não foi preenchido)
Sobrancelhas: Castanho.
Olhos: (em branco, não foi preenchido)
Nariz: regular
Boca: regular
Barba: pouca.
Cara: ovalada.
Cor: branco.
Peculiaridades especiais.
(na mesma aba:)
Peculiaridades especiais
(nada escrito)
(na mesma aba:)
Assinatura do interessado.
(ele se assina apenas como José Rascón, ocultando o sobrenome Temprano). Fim do conteúdo do passaporte.
Transliteração do dito passaporte por Carla Lopes, estagiária no Arquivo Público do Estado do Pará:
"21
Ano de 1898/99 Número 884
O Cônsul de Espanha no Porto
No uso dos poderes que me foram conferidos pelo R. O. de 14 de janeiro de 1897,
Certifico: que José Rascón Temprano
_________ que_________natural da prefeitura
de Torres Carrizal Província de Zamora
_____profissão agrícola
não tem impedimento legal para sua saída do reino devendo
embarcar neste porto com rumo ao Brasil com sua esposa Tomasa Martinez
Ferrero 39 anos, seu filho Sergio de
11 anos, Josefa 9, Gregorio 6, Maria 4 anos
de idade.
Dado este documento em vista de permissão do
governador que se arquiva licença
absoluta que carrega
Por isso, confio às autoridades civis e militares de Espanha
e peço às autoridades, aos seus amigos, aliados ou neutros,
que não coloquem qualquer impedimento algum à sua viagem, mas antes que lhe facilitem
os auxílios necessários.
Dado em O Porto á seis de março
de mil oitocentos e noventa e nove.
O Cônsul
[M B..Telles]
O Porto 6-3-99
Número 884
[série] 60
Ilegível 89.3
Indecifrável
20% imposto transitório 179 réis
20% imposto guerra 179 réis.
___________________________________________
*Documento à esquerda
Detalhes pessoais
Idade 34 anos
Estado casado
Altura regular
Pelo ________
Sobrancelhas densas
Olhos________
Nariz_________
Boca irregular
Barba pouca
Cara ovalada
Color indecifrável
Peculiaridades especiais
Assinatura do interessado
Joze Rascon."
Considerações sobre o passaporte:
- 1. José Rascón, Sérgio Rascón Martínez e Nereu Rascón de Freitas não usavam barba. A referida barba fraca mencionada no passaporte devia ser a barba crescida na viagem entre a província de Zamora à cidade de Porto, e os vários dias que esteve em Porto a espera do início da viagem. A barba deve não ter sido cortada naqueles dias.
- 2. Assinatura do José Rascón Temprano no passaporte:
- 3. A rubrica do cônsul no Passaporte.
De quem é esta rublica? No Arquivo Público do Estado do Pará, foi decifrado que o nome do cônsul grafado na rubrica seria “M. B. Telles” no passaporte da Família Rascón Martínez, na segunda imigração da Espanha para o Brasil. Foi este dito cônsul que assinou e liberou o passaporte de José Rascón Temprano (34 anos de idade), de sua esposa Tomasa Martínez Ferrero (39 anos), e de seus filhos Sérgio (11 anos), Josefa (9 anos), Gregório (6 anos) e Maria (4 anos). A muito tempo eu queria saber quem este cônsul “M.B. Telles”, e qual seu verdadeiro nome. Eu fiz uma pesquisa minuciosa em todas as leis, decretos, portarias e provisões do Reino da Espanha (tudo em espanhol), entre os anos 1889 a 1899, a fim de descobrir a nomeação deste homem como cônsul para o Consulado espanhol na cidade de Porto (Oporto em inglês e espanhol), Portugal. E, enfim, encontrei a sua nomeação. Seu verdadeiro nome é Mariano Brusola y Telles. O Cônsul tinha atribuição pela Real Orden de 14 de enero de 1897 (14 de Janeiro), a dita ordem aparece com a sigla R O no passaporte. A sigla R O significa Ordem Real.
Tudo de documentações antigas e de arqueologia que existem na face da terra, em qualquer língua, eu consigo achar, basta o material existir na face da terra, se não foi encontrado, é porque não existe. O texto legislativo é muito grande e nomeias muitas pessoas para variados cargos no Reino da Espanha. Aqui é recorte:
A passagem gratuita dos imigrantes
A passagem era gratuita, dada pelo governo do Grão-Pará. No ano da segunda imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil, o governador do Grão-Pará era o Dr. José Paes de Carvalho, foi este governador que deu a passagem gratuita para a Família Rascón Martínez voltar ao Brasil. Assim como o passaporte, a passagem podia ser personificada ou para várias pessoas. Uma só passagem foi dada para toda a Família Rascón Martínez, ou seja, para seis pessoas. Os nomes das seis pessoas estavam grafados numa só passagem.
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Boleto da passagem editado no Photoshop |
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Restauração de documento antigo. Fac-símile do boleto da passagem da Família Rascón Martínez na segunda imigração para o Brasil, em março de 1889. Fac-símile é a réplica do original. O documento antigo está encardido, amarelado e com o preenchimento manuscrito nas lacunas se apagando cada vez mais. A restauração do documento antigo fez a réplica da passagem como um boleto novo, como se emitido na atualidade. A réplica mostra como se seria a passagem nova quando foi emitida em março de 1899. |
As lacunas do boleto original foram preenchidas com tinta nanquim, e caneta de pena. A tinta nanquim está demasiadamente apagada, precisando de lupa para ler no boleto original. A ponta de aço de caneta de pena deixou um lanho ou risco visível no papel, facilitando ver, com lupa, o que está escrito nas lacunas no boleto. Um boleto foi editado no Photoshop, a fim de realçar as letras apagadas, cujas foram pintadas em preto. A marca deixada pela ponta da caneta na hora em que houve e escrita, possibilitou a pintura das letras no Adobe Photoshop. Percebe-se que, quem preencheu as lacunas, escreveu de maneira rápida, corriqueira, apressada, de qualquer jeito e sem cuidado com estética das letras, possivelmente para atender outros imigrantes. Isto levou as letras saírem tortas, rudes e desiguais. O resultado final ficou 90% segundo o original, pois havia muitos detalhes perdidos.
O carimbo e a assinatura do Cônsul também foram apagados. Na restauração do documento, foram anexados o dito carimbo e a dita assinatura de uma outra passagem que estava mais legível. Foi feito o recorte, tirados os fundos da imagem e anexado o recorte no documento restaurado.
O boleto da passagem original sem edição:
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Boleto da passagem original, sem edição, contendo apagados as letras manuscritas, o carimbo e a assinatura do cônsul abaixo.
Assinatura apagada de José Rascón Temprano na passagem. Ele assinou somente José Rascón. Embora apagado, ainda se percebe a assinatura e o detalhe da letra “e” em tamanho bem maior que as outras letras.
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Na passagem, a assinatura de José Rascón Temprano estar bastante apagada, e com lupa, percebe-se que ele também grafa seu símbolo pessoal abaixo do nome, símbolo que lembra um peixe usado pelos primeiros cristãos. Como o símbolo está demasiadamente apagado, e, possivelmente, seria como está no passaporte. O que ainda pode ser percebido, foi pintado, podendo ter mais informação se estivesse mais legível. Tanto no passaporte como na passagem, José Rascón Temprano assina seu nome “José, com a letra “E” maior que todas as outras letras, é uma característica de rubrica própria, para diferenciar dos muitos “Josés” espanhóis. Havia muitos homens espanhóis com o nome de “José”. Era próprio de sua assinatura, como proposta, gravar o “E” de maneira sobressaída entre as outras letras.
Ainda que não fosse agricultor, tanto no passaporte como na passagem de todos os imigrantes espanhóis, teria que vir a profissão de agricultor ou agrícola, para todo mundo, porque esta seria a profissão eles receberiam no Brasil, quando recebesse a terra gratuita pelo governo. Então, na Espanha, já se definia a profissão deles no Brasil, mas nem todos se tornaram agricultores no Brasil, como no caso da família Seguim Dias.
A transliteração da passagem:
"PASSAGENS GRATUITAS
PARA O ESTADO DO PARÁ (BRASIL)
Navio a vapor “Benedict” a sair de Leixões (data do dia não preenchido no original) de março em 1899.
DECLARAÇÃO DO EMIGRANTE
Número do Passaporte: 884 Número de família: 21
Os abaixo assinados, declaro perante o Cônsul dos Estados Unidos do Brasil no Porto, que desejo estabelecer residência no ESTADO DO PARÁ e usufruir dos favores assegurados na Lei nº 223, de 30 de junho de 1894, e no contrato assinado pelo cidadão Emilio A. de Castro Martins pela introdução de imigrantes naquele Estado, não paguei a minha passagem (nem a das pessoas da minha família descritas abaixo) na terceira classe, no vapor que ali faz escala, como tampouco ter feito despesas sob qualquer pretexto para ter direito a elas.
Declaro que comparecerei com minha família ao Hospital de Imigração daquele Estado, imediatamente após a chegada do vapor.
Porto, 7 de março de 1899.
O Interessado
José Rascón
DESCRIÇÃO DA FAMÍLIA |
Nºs | NOMES E SOBRENOMES | PARENTESCO | Lugar de Nascimento | Estado | Idade | Profissão |
1 | José Rascón Temprano | Marido | Torres de Carrizal | Casado | 34 | agrícola |
2 | Tomasa Martínez Ferrero | Mulher | ¨ | Solteira | 39 | ¨ |
3 | Sérgio Rascón Martínez | Filho | ¨ | ¨ | 11 | ¨ |
4 | Josefa ¨ | ¨ | ¨ | ¨ | 9 | ¨ |
5 | Gregório ¨ | ¨ | ¨ | ¨ | 6 | ¨ |
6 | Maria ¨ | ¨ | ¨ | ¨ | 4 | ¨ |
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Fez a declaração perante este Consulado dos Estados Unidos do Brasil em 8 de março de 1899
O Cônsul do Brasil no Porto,
(assinatura do cônsul José Calmon Nogueira Valle da Gama)
Cônsul geral
(carimbo do consulado na frente da assinatura do Cônsul).”
Fim do conteúdo da passagem.
Explicação sobre os dados no passaporte e na passagem.
- 1. A parte “ Fez a declaraçao perante este “ aparece riscada no original impresso, como não válida.
- 2. A cidade natal da Família Rascón Martínez citada na passagem. Somente José Rascón Temprano era natural da cidade de Torres del Carrizal. Tomasa Martínez Ferrero é natural de “El Cubo de Tierra del Vino”. Sérgio Rascón Martínez nasceu em Tábara. Mas todos são identificados como de Torres del Carrizal, por causa de José Rascón Temprano, o chefe da família, e para facilitar as informações na lista.
- 3. Sobre a descrição pessoal de José Rascón Temprano. Embora a fotografia exista desde 1826, milhares e milhares de imigrantes vindos para o Brasil não tinham fotografia e quadro pintado representando a pessoa deles. Augustín Rascón e seu filho José Rascón Temprano não tinham fotografias. Suas fotografias produzidas por mim, no uso da inteligência artificial são baseadas em gravuras pintadas, e manipuladas no intuito de se parecer como fotografias novas e atuais. Como também, os imigrantes não tinham documentos pessoais como Registro Geral (RG, Carteira de Identidade), Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), Carteira de Trabalho, e outros documentos, logo as pessoas não tinham um registro oficial documental pessoal, e citavam seus nomes incompletos, geralmente usando somente o sobrenome do pai. A descrição no passaporte era a sua identidade pessoal, um tipo de ‘retrato’ escrito. Embora seu nome completo seja José Rascón Temprano, ele se identificava e se assinava apenas como José Rascón. O espanhol Francisco Seguin Dias, amigo de Sérgio Rascón Martínez, se identificou apenas como Francisco Seguin no seu passaporte e na passagem como imigrante para o Brasil. Na lei espanhola, o sobrenome do pai vinha primeiro, depois do nome do filho, o sobrenome da mãe vinha por último, no final do nome do filho.
“Espanha mudará regra para registro de filhos.
Por Folhapress, em São Paulo. 04/11/2010.
Madri - O primeiro sobrenome que os filhos espanhóis levam dos pais pode não ser mais obrigatoriamente paterno. Um projeto de lei em debate no Parlamento espanhol traz como proposta deixar a cargo dos pais a escolha da posição dos sobrenomes. Se não houver consenso, valerá a ordem alfabética.
A intenção é clara: acabar com o predomínio do sobrenome masculino sobre o feminino, uma maneira de simbolizar a importância da igualdade dos sexos.
Hoje, os pais espanhóis já podem escolher qual será a posição dos sobrenomes no nome completo da criança. Mas, em caso de discordância, a lei determina que o do pai venha primeiro.
A grande novidade, portanto, está na definição do lugar baseada na ordem das letras do alfabeto.
No embate pela liderança do sobrenome do filho, sairá melhor o pai ou a mãe que tenha o seu iniciado por letras que estejam no começo do alfabeto, melhor ainda se for a invencível "a.
"Sobrenomes como Abad ou Alvarez possuem um futuro promissor na Espanha, enquanto outros históricos, como Zurbano ou Zamora, têm seu futuro comprometido, destacou um jornal local.
A regra na Espanha é contrária à brasileira. Por aqui, o sobrenome da mãe ocupa a primeira colocação.
A preferência do filho, seu direito de escolher, não ficou de fora da proposta. Caso não esteja satisfeito com o posicionamento, quando atingir a maioridade, poderá, em procedimento definido como simples, inverter os sobrenomes.
O projeto foi aceito pelo Conselho de Ministros em julho e encaminhado para avaliação dos deputados. A expectativa é de aprovação... .
- 4. O registro profissional de José Rascón Temprano na passagem e no passaporte. O território do Brasil foi definido como grande proporção de terras. Nos séculos passados, havia perigo de invasões estrangeiras ao território. Era preciso ocupar as grandes terras devolutas brasileiras. Depois do fim da escravidão humana no Brasil (1888), o governo brasileiro insistiu no plano de trazer imigrantes europeus e de outros países a fim de ocupar as ditas terras em todo o país, e assim foi feito. Pobres, operários, diaristas, agricultores, trabalhadores liberais, pessoas sem instrução de estudo, a até prostitutas foram levados como imigrantes para o Brasil. O governo fazia campanha na Europa para atrair e convencer pessoas a vir para o Brasil, a fim de ocuparem as terras vazias, prometendo-lhe terras, riquezas e muito dinheiro. Eles ficariam ricos no Brasil. Em Portugal era jogado o panfleto e o folheto nas ruas para as pessoas verem, lerem e se convencerem de vir para o Brasil. Em Portugal, os servidores do governo diziam que o Brasil era terra de dinheiro, e que os imigrantes teriam muito dinheiro e juntariam dinheiro com “ancinho”. O governo dava as passagens gratuitas e passaporte gratuito aos imigrantes. Os imigrantes viajavam na terceira classe, perto do porão, onde muitos morriam de fome, asfixia e doenças. Seus corpos eram jogados no oceano.
Os imigrantes eram destinados às terras devolutas para a agricultura e criação de animais, a fim de trazer o desenvolvimento e progresso. Quem assistiu o filme “A Lista de Schindler” conheceu a realidade dos judeus, quando na seleção, recebiam profissão nunca exercidas antes, e muitos não tinham capacidade e habilidade para exercer o novo trabalho imposto. De repente um professor era transformado num operário em fábrica ou faxineiro, assim sua vida era salva.
A profissão dos imigrantes no passaporte e na passagem, eram inventadas e definidas na Espanha, quando o passaporte e da passagem, ou seja, aquilo que eles vinham ser no Brasil, agricultores, lembrando a “A Lista de Schidler”. Quase 100% dos imigrantes, homens e mulheres, recebiam o nome da profissão que exerceriam nas terras brasileiras, registrados como “lavradores” de terra. A lista dos imigrantes vindo para o Estado do Pará receberam o nome “lavradores”. A saber: centenas e centenas de imigrantes eram de fato lavradores na Europa, Turquia e outros países, mas, milhares e milhares e milhares de colonos não podiam ser todos agricultores.
José Rascón Temprano não tinha uma profissão definida, era um trabalhador liberal, que trabalhava na lavoura em tempo de colheitas, empreitadas, limpeza de forno e chaminé, limpeza de mato, construção de casa e cuidado de rebanhos, também plantava e colhia dos frutos do seu suor.
- 5. Sobre o Cônsul que assinou a passagem da Família Rascón para o Brasil:
José Calmon Nogueira Valle da Gama foi Cônsul do Brasil em vários países.
“Por Decreto de 31 de maio de 1892, foi nomeado Cônsul geral do Brasil no Porto. Por Decreto de 14.11.1893 foi nomeado Cônsul de 2ª Classe para servir em Iquitos. Por Decreto de 6 de abril de 1897 passou a serviço cargo de Cônsul Geral do Brasil, no Porto, Portugal; depois em Genebra, suíça e, finalmente, em Montevidéu, Uruguai, onde faleceu.” Fonte:
A segunda vez em que foi Cônsul em Porto, no tempo da Segunda Imigração da Família Rascón Martínez para o Brasil, ocupou o cargo em Porto entre os anos de 1897 a 1899.
Ele foi “Conselheiro Municipal de 1864 a 1868.
Nascido em 22 julho de 1839 no Rio de Janeiro, Filho de Nicolau Antônio Nogueira Valle da Gama, visconde Nogueira da Gama e Maria Francisca Calmon, viscondessa de São Mateus, Marido de Rosa Mônica Carneiro Nogueira da Gama.” Fonte:
Há muitas coisas sobre ele na internet.
Quem é o Sr. Emílio Adolfo de Castro Martins que aparece no texto da passagem, como contratante dos imigrantes?
Os contratos de imigração: A introdução dos espanhóis no Pará. Os contratos de introdução de imigrantes estrangeiros em terras paraenses iniciam em 1894, com previsão de execução para 1895. O papel de Francisco Cepeda e Heleodoro Jaramillo era o de introduzir quinze mil imigrantes europeus no cenário das migrações internacionais no estado do Pará. O Sr. Emílio Martins estaria responsável por mais dez mil imigrantes europeus, e William Brica e Dr. Wencéslao Alves Leite também iriam introduzir dez mil na mesma condição, totalizando trinta e cinco mil imigrantes. Além de um contrato específico, firmado com Júlio Benavides, representante da companhia Oriental de Imigração e Comércio, no qual teria responsabilidade de introduzir três mil japoneses na região. 4 (4 Mensagem do governador Lauro Sodré ao Congresso do Estado do Pará em 01 de fevereiro de 1897. Relatório de presidente de província.).
Aos 15 de agosto e aos 15 de novembro de 1895 firmaram-se, na repartição de obras publicas, os primeiros contractos, com cidadãos Francisco Cepeda, Emilio A.C. Martins e William Brice, para a introdução de 35.000 immigrantes de várias nacionalidades europeias e das Antilhas, e a 21 de Agosto de 1895 foi contractado com o cidadão Julio Benavides representante da companhia oriental de immigração e commercio, a introducçao de 3.000 japonezes (Trecho do relatório do governador Lauro Sodré, em 01 de fevereiro de 1897).
Em 21 de fevereiro de 1896, o governador do estado do Pará, Lauro Sodré, sancionou a lei de número 330, na qual estava autorizando e também estabelecia a entrada de cem mil imigrantes na região ao longo de dez anos, somente para aqueles que desejassem se fixar como agricultores, ou em qualquer outra ramificação da indústria no estado. A esses imigrantes seria garantido tratamento médico nos núcleos coloniais, hospedagens, refeições, transporte e passagens nos vapores que geralmente saíam de Vigo. Dentre os vapores destacaram-se o Paraense, Brasil, Hilary, Cametense, Lisbonense, Justine, Grangense, Mananense, Dunstan, Cearense, Polycarp e Fluminense.5 (5 CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES. Disponível em: http://www.crl.edu/brazil/ provincial/par%C3%A1.).
Em 1º de fevereiro de 1900, o governador Paes de Carvalho confessa ter existido uma paralisação na entrada de imigrantes espanhóis no Pará no final do século XIX, isso em função do aparecimento de doenças. Entretanto o governador Paes de Carvalho não desistia de promover a migração estrangeira no estado. Prometeu até doação de 25 hectares de terras férteis para aqueles que se dedicassem à agricultura nos núcleos coloniais, bem como proporcionar o que fosse necessário, desde as ferramentas para desenvolver o trabalho agrícola até a garantia de alimentação, e continuou sua campanha migratória.
Muitos imigrantes estrangeiros foram atraídos pelas promessas políticas do estado do Pará. De início eram alojados na hospedaria de imigrantes do Outeiro, para dias depois, seguirem a viagem, de trem, que os levariam às colônias agrícolas de destino. A hospedaria era uma referência para aqueles que chegavam e necessitavam de apoio e acolhida local, representava o local de aproximação do imigrante ao estado paraense, era a responsável também por enviar os imigrantes às respectivas colônias agrícolas de destino. Foi muito citada nos relatórios de presidente de província, como no relatório de Paes de Carvalho de 01 de fevereiro de 1901, em que comenta a reforma predial do lugar ser necessária para manter a ordem e o funcionamento do estabelecimento.
Hospedaria do Immigrantes - Diversas foram as obras e reparos feitos para o augmento deste estabelecimento, situado na ilha Caratateua, próximo da capital, no sentido de dar-lhe maiores proporções para alojamento dos imigrantes e distribuição dos serviços de sua administração, economia e hygiene (Trecho do relatório de Paes de Carvalho, em 01 de fevereiro de 1901).
Seriam vinte e cinco mil imigrantes estrangeiros a serem introduzidos no estado sob a responsabilidade de dois agentes contratantes. Francisco Cepeda obteve um contrato para introduzir quinze mil espanhóis, na maioria galega, mas também das províncias de Salamanca e Zamora e Emilio Adolfo de Castro Martins com o contrato de introduzir os dez mil restantes.6 (6 CENTER FORRESEARCH LIBRARIES. Disponível em: http://www.crl.edu/brazil/ provincial/par%C3%A1.).
Os contratantes da introdução dos colonos estrangeiros no Pará foram os senhores Francisco Cepeda e Emílio Adolfo de Castro Martins. Nos termos dos respectivos contratos, ambos deveriam introduzir 25.000 colonos, ficando 15.000 sob a responsabilidade do Sr. Francisco Cepeda e 10.000 sob a do Sr. Emílio Martins. Todavia, só chegaram a 12.024 imigrantes, o que deu motivo a rescisão do contrato de ambos, mediante a indenização de 220 contos de reis ao primeiro e de 100 contos de reis ao segundo, em papel e em títulos do empréstimo externo (CRUZ, 1955, p. 54).
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Fonte: A imigração subsidiada: os contratos para introdução de espanhóis no Pará. Francisco Pereira Smith Júnior, Rodrigo Fraga Garvão.
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Mapa da segunda imigração da Espanha para o Brasil, a Família Rascón Martínez saiu de Tábara, província de Zamora, Espanha, território vizinho a Portugal, atravessou a faixa estreita do território de Portugal, seguindo para a cidade portuguesa de Porto, onde embarcou no navio a vapor transatlântico chamado “BENEDICT”.
Porto ou Oporto?
Em Português é “Porto”. Em inglês e espanhol é chamada de Oporto, assim como em português a cidade americana é Nova York e em inglês é New York.
“Porto é a palavra portuguesa para o Porto, mas a cidade também é conhecida como Oporto. Quando os ingleses vieram para cuidar do seu vinho, um deles (ou todos) pronunciou mal o nome da cidade adicionando um ‘O’ criando o anglicismo ‘Oporto’. Ambos os nomes estão ainda em circulação.” Fonte:https://www.visitar-porto.com/pt/descobrir/factos/porto-ou-oporto.html
“O Porto é uma cidade portuguesa e capital da sub-região da Área Metropolitana do Porto e da região do Norte, pertencendo ao distrito do Porto. É sede do Município do Porto que tem uma área total de 41,42 km2, 237.559 habitantes em 2024 e uma densidade populacional de 5.165 hab./km2, subdividido em 7 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Matosinhos e Maia, a leste por Gondomar, a sul por Vila Nova de Gaia e a oeste pelo Oceano Atlântico.” Wikipédia.
“Originalmente Porto, chamada pelos ingleses de Oporto (e assim universalizada), esta cidade situada na região Norte de Portugal é famosa por várias características, especialmente pelas vinícolas, certo? Não… na verdade não. A história do Vinho do Porto é outra. Vinho do Porto é a denominação de todo vinho cultivado e produzido exclusivamente na Região Demarcada do Douro, a 100km do Porto e somente após a pisa da uva (que atualmente é feita não por pés humanos, mas por máquinas) é que o vinho é embarricado e levado para “descansar” na cidade do Porto, dentro das chamadas Caves, onde o ambiente tem iluminação e temperatura controlados.”
"Porto: um dos grandes centros de imigração da Europa.
As ondas migratórias na Europa são quase tão variadas quanto as pessoas que as compõem. Existem alguns pólos que concentram estes movimentos e o Porto é uma dessas cidades. Beneficiada ao longo da história como a maioria das cidades costeiras do país, a considerada “Capital do Norte” é, sem dúvida, um farol para muitos negócios devido à sua localização estratégica e à sua próspera população.
Os atrativos programas de atração de imigrantes que Portugal lançou nos últimos anos tiveram muito sucesso em parte do país, mas especialmente na região costeira. Para quem não conhece a dinâmica de Portugal, as regiões ocidentais da costa do Oceano Atlântico são consideradas as mais rentáveis. Por outro lado, as zonas centro e leste do país ostentam o rótulo de “baixa densidade”.
São muitas as razões pelas quais estas regiões apresentam uma menor densidade populacional, principalmente por serem regiões de difícil acesso, localizadas em zonas montanhosas. Além disso, o clima também desempenha um papel fundamental, a zona norte do país costuma ser muito fria nas montanhas, enquanto o Porto tem uma temperatura média muito agradável para uma cidade costeira.
O pólo industrial do Porto
Sem dúvida que a principal indústria do país é o turismo, mas a região Norte do país, encabeçada pelo Porto, encontrou outros meios para se desenvolver, atraindo a indústria transformadora de todo o tipo de produtos, para além da indústria vitivinícola, que também tem um grande peso na região. A cidade abriga algumas das vinícolas mais importantes do mundo do famoso vinho que leva o nome da cidade, o que faz do setor um grande aliado para atrair o turismo.
Por outro lado, uma das grandes apostas que deu frutos no planeamento do Porto foi transformar a cidade num grande atrativo para empresas conhecidas como “Startups”, que veem em Portugal e nesta grande cidade um excelente local para se instalarem. Em primeiro lugar, porque o país tem grandes incentivos para os empresários que queiram obter o passaporte europeu através do investimento, mas também pelos benefícios fiscais.
Dentre o pacote de benefícios que o Governo oferece às Startups que desejam se estabelecer no país, destaca-se um alívio nos impostos corporativos, algo que ajuda a reduzir custos. Por outro lado, os empresários que acedam ao programa poderão também solicitar um dos pacotes de ajudas que o Governo tem disponíveis, como créditos e acesso às suas redes de contactos.
Obtenção de residência e cidadania
Ter uma Startup numa cidade como o Porto é também um bilhete rápido para obter a residência portuguesa, mas sobretudo o cobiçado passaporte europeu. Muitos investidores e empresários em todo o mundo, especialmente muitos latino-americanos, olham com muito bons olhos para a possibilidade de se instalarem num país com a estabilidade económica e jurídica de Portugal.
Mas além disso, o visto D2 para imigrantes empreendedores proporcionará residência em um período de meses, enquanto após cinco anos você também poderá solicitar a cidadania portuguesa com todos os benefícios que isso acarreta. Claro que ter um passaporte europeu permite viajar sem visto pelos 26 países (além de Portugal) que compõem o famoso espaço Schengen, incluindo França, Alemanha, Espanha e Itália, entre muitos outros.
Para agregar ainda mais benefícios, esse tipo de visto permite ao empresário não imigrar para o país, mas também fazê-lo junto com sua família. São considerados neste visto crianças até aos 18 anos, bem como aqueles com mais de 18 anos que estejam a pensar matricular-se numa das universidades de cidades como o Porto.
As mil vantagens do Porto
Outra grande vantagem que esta cidade oferece em relação às outras grandes cidades de Portugal é a proximidade com a língua espanhola. As raízes da cidade são marcadas pela nossa língua, o que faz do Porto uma ótima opção para os latino-americanos, pois poderão se comunicar com lojistas, outros empresários e grande parte da cidade enquanto aprendem português.
A organização da cidade é um ponto a seu favor, existem rodovias que contornam a cidade onde existe um grande número de cidades pequenas, onde muitas pessoas estão optando por se estabelecer. Ouro, Costa e Ramalde, a poucos minutos de carro do centro da cidade. Além de serem zonas um pouco mais tranquilas, têm também a vantagem de terem arrendamentos mais acessíveis e disponíveis.
Por último, entre as infra-estruturas do Porto, há que destacar a rede de metro que se estende por grande parte do centro, e à qual se acrescentam mais uma linha. Além disso, existem eléctricos para desfrutar de percursos mais turísticos, bem como uma rede de autocarros que permitem chegar a todos os recantos da cidade, mas também a zonas balneares como Matosinhos, sendo um excelente local para relaxar depois de um árduo dia de trabalho.” Fonte:
Na atualidade, a viagem de Zamora, Espanha, a Porto, Portugal:
Copiado da internet no dia 09/02/2024.
“Pegando o trem de Zamora para Porto em 9 horas 56 minutos
Pensando em pegar o trem de Zamora para Porto? Nós temos a solução.
Leva em média 12 horas 56 minutos para fazer a distância de 243 km de Zamora para Porto de trem, embora você possa chegar lá em menos tempo (9 horas 56 minutos) com os serviços mais rápidos. Normalmente você encontra 3 trens por dia nessa rota. Como não existem trens diretos entre Zamora e Porto
Reserve passagens de trem de Zamora para Porto com antecedência em vez de comprá-las no dia e você conseguirá as tarifas mais baratas. Você pode verificar o custo da viagem de Zamora para Porto em nosso Planejador de viagens.
Se você estiver com tudo certo para reservar, comece hoje a procurar passagens de trem pelo menor custo. Continue lendo para obter mais informações sobre a viagem de trem para Porto, incluindo nossa tabela de horários, onde você pode ver os horários do primeiro e do último trem......
Zamora para Porto de trem
Em média, levam 12h 56m para viajar de Zamora para Porto de trem, a uma distância de aproximadamente 243 km. Normalmente são 3 trens viajando diariamente de Zamora para Porto. Bilhetes para este trajeto a partir de € 59,80 quando reservados com antecedência.” Fonte:
https://www.thetrainline.com/pt-br/horarios-de-trem/zamora-para-porto
"Perguntas frequentes para a sua viagem Zamora - Porto
Quanto custa um bilhete de autocarro de Zamora para Porto?
O preço médio mais barato de autocarro de Zamora para Porto é de 103 R$. A melhor forma de encontrar bilhetes de autocarro baratos de Zamora para Porto é ao reservar os seus bilhetes o mais cedo possível. Os preços tendem a aumentar à medida que a data da sua viagem se aproxima, por isso reserve com antecedência para assegurar os melhores preços!
Qual a duração da viagem de autocarro de Zamora para Porto?
O tempo médio da viagem entre Zamora e Porto é cerca de 5h 35m, embora o autocarro mais rápido demore cerca de 5h 14m. Este é o tempo necessário para percorrer os 243 km que separam as duas cidades.
Quantas ligações diárias de autocarro existem entre Zamora e Porto?
O número de autocarros de Zamora para Porto pode variar dependendo do dia da semana. Em média, existem 1 nesta rota. Alguns autocarros fazem rotas diretas, enquanto outros têm paragens. Simplifique a sua viagem de autocarro de Zamora para Porto ao comparar e selecionar o autocarro que se adequa ao seu estilo e orçamento de viagem na Busbud.
Quais são as empresas de autocarros que viajam de Zamora para Porto?
Ao apanhar o autocarro de Zamora para Porto, pode viajar de forma confortável e segura com FlixBus, ALSA, Cooperativa Interurbana Andorrana SA.” Fonte:
https://www.busbud.com/pt-pt/autocarro-zamora-porto/r/ez7uj4-ez3fh5#:~:text=O%20tempo%20m%C3%A9dio%20da%20viagem,que%20separam%20as%20duas%20cidades.
A realidade da viagem no navio a vapor nas duas imigrações feitas pela Família Rascón Martínez.
A Família Rascón Martínez vivenciou a mesma realidade nas duas emigrações feita da Espanha para o Brasil, no Oceano Atlântico.
Os navios eram divididos por classe social. Os pobres e imigrantes viajavam na terceira classe próximo ao porão do navio. O navio, além de transportar passageiros, transportava também mercadorias e correios, funcionando também como navios cargueiros em seus porões. Urinas, fezes, restos de comidas e lavagem de vasilhas eram despejados no oceano, mares e nos rios. Os que morriam nas viagens tinham seus corpos jogados no oceano. Quando ouvirem dizer que havia linha de navio que fazia viagem direto de Manaus para a Europa, isto é verdade, assim como de Belém.
Dentro de um navio italiano, imigrantes terceira classe - Uma base de como era a viagem na terceira classe nos navios vindos da Itália, Espanha e Portugal para o Brasil.
Durante a viagem da Espanha para o Brasil, a comida era fracionada, e havia comida para pobre e para rico.
Na terceira classe, muitos morriam de fome, asfixia e doenças.
Quando Sérgio Rascón Martínez dizia que visitou Marrocos, era porque os navios abordavam nos portos de Marrocos para reabastecer água doce e alimentos, antes de adentrar o Oceano Atlântico aberto. Os viajantes europeus não tinham o hábito de tomar banho. Se a família passou por Marrocos, então embarcaram no Porto de Gibraltar. Tal informação de Gibraltar foi uma invenção de Sérgio, foi uma desinformação recebida por ele, ou de fato ocorreu o evento, já que ele citava o Marrocos no Estreito de Gibraltar?
Quando Sérgio Rascón Martínez falava que visitou as ilhas oceânicas, em especial as Ilhas Canarias e Cabo Verde, isto é verdade. Isto é, quando ele tinha onze anos de idade, na segunda viagem da Família Rascón Martínez para o Brasil. Os navios em todas as ilhas oceânicas a caminho do Brasil, pelos seguintes motivos:
- Reabastecer a água doce nos reservatórios, barris, tanques, ânforas e potes.
- Reabastecer os alimentos.
- Fazer correios entres as ilhas e entre as ilhas e os continentes Europeu e Americano.
- Transportar mercadorias e encomendas entre as mesmas ilhas e mesmos continentes.
- Transportar passageiros entre as mesmas ilhas e mesmos continentes.
Nos portos já haviam homens trabalhadores locais que carregavam água, mercadorias, bagagens e correios.
Quem mora no norte do Brasil, não devem entender as referidas ilhas como as ilhas baixas de várzeas existentes na Amazônia, mas as ilhas dos oceanos são pontas de montanhas rochosas vindas das profundezas dos oceanos. As pontas das montanhas formam as ilhas rochosas oceânicas, habitadas por civilizações milenares antes de Cristo, com cidade, vilas e povoados e sítios nas ilhas. Fontes e rios de águas doce existem nas ilhas.
A passagem, comida e a hospedaria na chegada dos colonos ao Brasil era por conta do governo, que incentivava a colonização das terras brasileiras.
O navio transatlântico a vapor “Benedict”.
O navio transatlântico a vapor “Benedict”, pertencia à companhia de navegação inglesa Booth Line foi fundada em 1866 como Alfred Booth & Co para prestar serviços para as regiões norte e nordeste do Brasil, incluindo a Amazônia. A companhia teve vários navios, entre eles o “Augustine” (navegou de 1866 a 1906); Benedict (1), Benedict (2), Benedict (3), Benedict (4), Hilary (o original), Hilary II, Hilary III e o Hildebrand. O mais famoso entre eles foi o “Augustine” que trouxe centenas de imigrantes europeus para o Brasil. A Família Rascón Martínez imigrou da Espanha para o Brasil no Benedict (1). Não foi encontrado na internet gravura retratando tal navio. Parece que o navio Benedict passou a fazer linha entre Portugal e Belém a partir de 1897.
A companhia Booth Line fazia linha de navios entre Portugal e Belém, Pará, Brasil, devido a transição comercial e fluxo de imigrantes. Por causa do comercio entre Portugal e Belém, isto contribuiu para a Família Rascón Martínez ser levada da Espanha para Porto, Portugal, a fim de embarcar no navio Benedict rumo a Belém.
Benedito (1) | 1894 | Ex-Leyden, 1897 comprado da Leyden SS Co, renomeado Benedict, 1924 vendido para a Grécia, renomeado Vassilos. | 3.378 |
Benedict (1) 1894 – Ex- Leyden. Em 1897, comprado de Leyden Steamship Co, renomeado Benedict. Em 1924, vendido para a Grécia, e renomeado Vassilos. 3.378 tons.
Benedict (2) 1930 – Em 1948, transferido para a Lamport & Holt e renomeado Bronte (2) 4.949 tons.
“A companhia de navegação inglesa Booth Line foi fundada em 1866 como Alfred Booth & Co para prestar serviços para as regiões norte e nordeste do Brasil, incluindo a Amazônia. Em 1881, a Booth Steamship Co. foi formada. Em 1901, a Booth e a Singlehurst's Red Cross Line foram fundidas numa única empresa com o nome de Booth Steamship Co.(1901), Ltd. Ao mesmo tempo, para organizar as operações de reboque e de barcaças no rio Amazonas, a Booth & Co. foi formada e estas pequenas unidades transferidas para essa empresa. Em 1911 a Iquitos SS Co. e sua frota foi absorvida pela Booth SS Co. Em 1946, a Booth Line foi vendida para o grupo de empresas Vestey Group e, em 1975, todos os navios do grupo foram reunidos na Blue Star Ship Management Ltd, deixando de existir a Booth Line como uma entidade separada.
A Booth Line fazia transporte de passageiros e cargas entre as cidades de Liverpool e Iquitos, e sua rota incluía ainda Londres, Havre, Porto, Lisboa, Madeira, Belém e Manaus. A Red Cross Line também incluía em sua rota São Luís, escala mantida pela Booth Steamship por alguns anos e depois excluída da rota devido à distância do Rio Amazonas.
Entre os navios da Booth Line que fizeram a linha entre a Inglaterra e o norte do Brasil, vale registrar o de nome Gregory (2), que naufragou na barra de Tutóia, no estado do Maranhão (Brasil), em 1920. O Gregory (2), de 2.030 toneladas, foi construído em 1891 e adquirido com o nome de Creswell, em 1899, da JE Bowser (Newcastle), ocasião em que foi rebatizado. Em 1907, foi transferido para a Iquitos SS Co. e, em 1911, retornou para a Booth Line.” Fonte: Wikipédia.
Imagem real do Benedict 2, dando uma base de como era o Benedict 1:
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Booth Line postcard of Benedict 2 - Fraser Darrah Collection |
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Booth Line Postcard - Series 1 "Sunny South" - Funchal Bay, Madeira - Fraser Darrah Collection
| Bandeira da Booth Steamship Company, trazida em seus navios. |
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Imagens de antigos navios a vapor que transportavam imigrantes:
Não existem fotografias, gravuras e pinturas dos antigos navios transatlânticos a vapor da empresa “Amazon Steam Navigation Company Limited”, e do navio a vapor “Benedict”, este último trouxe a Família Rascón Martínez na segunda imigração para o Brasil. As gravuras e fotografias são para despertar a imaginação de como seriam os navios transatlânticos daquela época. As imagens abaixo são navios de outras empresas que existiram.
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Esta gravura está entre os documentos de imigração espanhola no Arquivo Público do Estado do Pará, em 1898. |
As gravuras e as fotografias abaixo são de 1899, ano em que a Família Rascón Martínez imigrou pela segundo vez para o Brasil.
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Cruzeiro do Laos. Antiga ilustração gravada do século XIX de La Nature 1899.
| Navio de passageiros "Koenigin Luise", 1899, foto de W. Sander & Sohn, Geestemuende, após pintura contemporânea.
| Navio Orotava da Pacific Steam Navigation Company. Ilustração para The Illustrated London News, 7 de junho de 1890. Escola de Inglês (século XIX)
| RMS Oceanic (1899), OCEANIC_-_Sjöhistoriska_museet_-_Fo57172. |
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“As dificuldades de deslocamento da Espanha para o Brasil eram grandes, isso porque geralmente as viagens eram muito demoradas e cansativas. Segundo Sousa (2006), já no início do século XX, existiu um trajeto de navio entre a Europa e o Brasil que demorava em média 15 a 20 dias. A maioria dos espanhóis que aportou no Brasil viajou em navios de grande porte, que comportavam mais de 300 pessoas.
No Brasil, fala-se de imigrantes que vieram no final do século XIX e início do século XX sem o mínimo de condições econômicas. Eram pessoas com quase nenhuma preparação profissional, trabalhadores braçais e com baixa escolaridade, quando não eram analfabetos. Possivelmente o fato de terem pouco estudo contribuiu bastante para a perda da memória escrita desse povo, pois poucos registravam suas histórias pessoais e de família.
Em comparação com os outros imigrantes europeus, os espanhóis foram mais classificados como agricultores, e nisso também estavam mais próximos dos japoneses. Mas o que é mais surpreendente é que, mesmo em comparação com os portugueses, eles eram indiscutivelmente os menos instruídos dentre os principais grupos de imigrantes que vieram para o Brasil (KLEIN, 1994, p. 51).” Fonte: Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
As viagens nos navios a vapor demoravam cerca de 15 a 20 dias, conforme os movimentos das águas e dos ventos.
A chegada no Brasil.
Da Costa da África, os navios direcionam o rumo para o Brasil, conforme bússola.
A Hospedaria na Ilha de Caratateua, Outeiro, distrito de Belém, foi criada em 1894, pelo Governador Lauro Sodré. No ano 1898, o administrador era o Sr. Joaquim José Ferreira de Mendonça, o mesmo em 1899, quando a Família Rascón Martínez se hospedou na dita ilha.
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Hospedaria dos Imigrantes do Outeiro (1898), num momento de refeição, um ano antes da Família Rascón Martínez voltar ao Brasil. A realidade era a mesma nos dois anos. Fonte: Caccavoni (1898).
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“A hospedaria provisória foi mais uma das experiências de espaços de recepção que definiram a natureza das hospedarias de imigrantes no Brasil. Assim como as capitais de São Paulo e da República, a capital do estado do Pará, seus governos, imprensa e população também debateram e questionaram a necessidade, as dificuldades e os limites de um espaço para a recepção de imigrantes. Como apontam diversos autores, e em especial Chrysostomo e Vidal, a conformação de seu caráter insular foi se mostrando imperativo ao longo deste processo.
Se a hospedaria provisória fez parte de um avanço nas condições dessa recepção e na tentativa de uma ação mais contundente para o aumento da entrada de imigrantes no estado, a sua existência em pleno território urbano não era admitida por diversos aspectos, e em especial pelo critério médico-sanitário. Uma vez extinta a parceria entre estado e governo federal, a pressão sobre o governo de Lauro Sodré seria ainda maior. Foi nesse contexto que uma nova legislação estadual para o estímulo à imigração foi promulgada em 1894, e uma nova hospedaria seria criada. Vejamos sob quais orientações e argumentos uma propriedade na Ilha de Caratateua foi escolhida para a instalação da Hospedaria de Imigrantes.”
“A lei de imigração de 1894 e a escolha pela ilha de Caratateua
A lei nº 223, de 30 de junho de 1894, autorizava o governador do estado a “promover a introdução de estrangeiros que pretendam estabelecer-se no estado como agricultores ou industriais”.366 Como observou Francisco Smith Júnior, a legislação de 1853 parece ter servido de base para a lei de 1894, pois ambas previam direitos e vantagens semelhantes aos imigrantes que desejassem se fixar no Pará: indenização de passagens; hospedagem, transporte, alimentação e agasalho até o local de destino. 367
No que diz respeito à hospedagem, nosso objeto de interesse, cabe destacar os pontos da lei que versavam sobre o assunto. O item b do artigo 2º determinava que ela seria “em lugar conveniente por até dez dias, tempo necessário para tomarem destino”.368 Constava ainda na lei que
Art. 9º - O Governo é autorizado a fazer aquisição de um edifício fora do centro da cidade, para a recepção e hospedagem dos imigrantes
Art.10º - Sem que sejam discriminados os lotes de um ou mais núcleos coloniais e preparado o edifício da hospedaria, não terá começo a introdução dos imigrantes.369”
“Apesar de todas as providências que deveriam ser tomadas, a primeira ação do governo foi assinar vários contratos de introdução de imigrantes. Lauro Sodré, ao se referir à lei nº 223 em mensagem proferida na Assembleia Legislativa do estado, informava que
Pouco tempo depois que a votastes, teve essa lei sua primeira aplicação nos contratos celebrados aos 15 de Agosto e 15 de Setembro do mesmo ano, na Repartição de Obras Públicas, Terras e Colonização com Francisco Cepeda, Emilio A C Martins e o dr Wenceslau Alves Leite de Oliveira Bello e William Brice para a introdução de 35.000 imigrantes de várias nacionalidades europeias e das Antilhas.370
Era necessário, todavia, cumprir com o artigo 10º da lei, e a Repartição de Obras Públicas foi obrigada a dar providências a fim de que a estrutura da hospedaria e dos núcleos coloniais estivesse pronta antes da chegada dos imigrantes. A cláusula nona do contrato com Francisco Cepeda, presente no relatório de 1895 do diretor da repartição Henrique Santa Rosa, previa que a primeira turma de imigrantes deveria chegar seis meses depois da assinatura do contrato. Era um tempo muito escasso para atender a lei a contento.
Compreender o processo de escolha da ilha e da construção da hospedaria foi bastante difícil. As publicações oficiais do governo não esclarecem os critérios nem demonstram as etapas, mesmo para fins propagandísticos. Tampouco localizamos em almanaques, guias ou corografias essas informações. A fala de Lauro Sodré para comunicar a abertura da hospedaria e o início das suas atividades foi extremamente sucinta para um projeto que, incluindo a hospedaria, a abertura dos núcleos coloniais, os contratos e demais custos, teve uma dotação orçamentária de quinhentos contos de réis.
Em boas condições higiênicas ficou no ano passado preparada a hospedaria de imigrantes do Outeiro, a poucas milhas desta capital, em ponto saudável e aprazível, onde foram já recebidos e agasalhados os imigrantes da 1ª turma trazida, ex-vi do contrato feito com Emilio A C Martins. Ainda estão em andamento novas obras necessárias, feitas as quais ficará aquele estabelecimento no melhor pé desejável para corresponder aos intuitos de sua criação.372
A fala do governador se restringiu a afirmar que o lugar escolhido era “saudável e aprazível”, sem mencionar quaisquer características do prédio. Pelo contrário, a fala indica que as obras não estavam encerradas e que, mesmo assim, já tinha tido início a recepção de imigrantes no espaço.”.
“Os números de espanhóis entrados no Estado do Pará e registrados na Hospedaria do Outeiro foram todos através de contratos com as empresas dos Senhores Cepeda e Martins, não havendo, portanto, registro de imigração espontânea. Quanto”. A HOSPEDARIA DE IMIGRANTES DO OUTEIRO EM BELÉM DO PARÁ: UM MOSAICO EM CONSTRUÇÃO. MARCOS ANTÓNIO DE CARVALHO.
Na primeira imigração, a Família Rascón Martínez foi hospedada numa hospedaria em Belém. A família permanceu morando na capital Belém, não indo para o interior. Na segunda imigração, a dita família foi hospedada na Hospedaria da Ilha de Caratateua, projetada em 1894 e fundada em 1895, não existindo em 1889. A família foi levada de volta a Belém, onde José Rascón Temprano pediu pessoalmente ao governo para ter uma terra afim de instalar a família e trabalhar. A família foi enviada para a Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, onde faleceu José Rascón Temprano.
As doenças nas viagens e na hospedaria.
“Em abril de 1893, representações diplomáticas brasileiras no exterior começaram a enviar avisos oficiais sobre a propagação da cólera por portos europeus. Os navios de imigrantes procedentes de tais localidades deveriam ser recebidos nos portos da República somente após passarem por “tratamento” sanitário: a desinfecção, com o uso de produtos químicos ou do vapor d’água, da embarcação, das bagagens, das roupas e dos objetos pessoais dos passageiros”. REBELO, 2011: 71.
Nos navios que traziam os imigrantes europeus para o Brasil, também vinham a varíola, cólera, febre amarela, gripe, peste bubônica e outras doenças no navio. Belém já tinha sido flagelada pela cólera, e o Cemitério Santa Isabel fora construído a um quilômetro longe da cidade de Belém. Na viagem, os que morriam de doenças, fome e asfixia tinham seus corpos jogados no oceano. O governo precisou construir hospedarias afastadas da civilização urbana para receber os imigrantes. Hospedarias para receber imigrantes e conter as doenças vindas nos navios, foram construídas por todas as partes no Brasil onde recebiam os imigrantes.
“As hospedarias localizavam-se próximas a regiões portuárias ou mesmo em ilhas; isto facilitava os trabalhos de conferência de documentação, controle médico-sanitário e de alfândega”. (PAIVA, Odair da Cruz & MOURA, Soraya. \hospedaria de Imigrantes de São Paulo. São Paulo: Paz e terra, 2008, p. 14).
Os navios foram obrigados a atracar nos portos que conduziam às hospedarias. Os imigrantes eram inspecionados pelos médicos da hospedaria, onde recebiam ração e alimentos fracionados do governo para sobreviverem, até serem removidos pelo governo para as colônias. A desnutrição era extrema. Havia uma lista dos alimentos que os colonos podiam comer, com a comida dada pelo governo. A mista foi reformulada várias vezes durante anos. Foi feita uma nova lista em 1899, quando a Família Rascón Martínez pela segunda vez para o Brasil.
Certificados de não apresentarem riscos de infecção à sociedade, eram levados pelos agentes do governo para as colônias. O governo do Grão-Pará construiu uma hospedaria na Ilha de Caratateua, Outeiro, a fim de conter as enfermidades trazidas pelos imigrantes, não infectando pessoas em Belém. Os barcos chegavam ao porto de Belém trazendo os imigrantes europeus. Os imigrantes eram removidos dos navios e levados em barcos menores (lanchas), do porto de Belém para a Hospedaria da Ilha de Caratateua. Na chegada dos colonos no porto da Ilha de Caratateua, eram recebidos por agentes do governo e por agentes de saúde. Os agentes de saúde providenciam o sepultamento dos corpos que chegavam mortos, e o sepultamento daqueles que morriam no alojamento da hospedaria. Os médicos examinavam os doentes e estes ficavam em quarentena.
De início, na Ilha de Caratateua os colonos ficavam alojados até oito dias, depois aumentou para dez dias. “Somente durante o ano de 1899 foram realizadas três notificações do gestor da hospedaria às autoridades paraenses. Pelo ofício n.º 49, datado de 8 de abril, o serviço sanitário daquela casa estabeleceu quarentena de dez dias aos imigrantes que chegaram da Europa transportados a bordo do vapor Ourense.”. A HOSPEDARIA DE IMIGRANTES DO OUTEIRO EM BELÉM DO PARÁ: UM MOSAICO EM CONSTRUÇÃO. MARCOS ANTÓNIO DE CARVALHO.
Depois da quarentena, os imigrantes eram trazidos de volta, nas mesmas embarcações, ao porto de Belém, colocados em hospedarias provisórias, e depois enviados às terras coloniais destinadas a eles. Os imigrantes não escolhiam para onde ir, era o governo que listava, determinava e distribuía as famílias nas terras já demarcada para cada família. Por meio dos funcionários, o governo tomava as famílias e as levava para as terras onde deviam morar e produzir.
Na primeira e segunda imigrações que a Família Rascón Martínez fez para o Brasil, teve que desembarcar no porto de Belém, e levada em quarentena para uma hospedaria. Na chegada da primeira imigração foi hospedada em Belém, e permaneceu morando em Belém, sem ser removida para alguma colônia. Na segunda imigração, foi levada para a Ilha de Caratateua, Outeiro, Distrito de Belém, para uma quarentena, e depois trazida de volta ao porto de Belém. De Belém foi enviada para a Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, Brasil. A hospedaria em Outeiro ocorreu para todos os colonos que ocuparam as colônias ao longo da Estrada de Ferro de Bragança, em todos os anos da colonização. A informação abaixo, sobre a Colônia Benjamim Constant prova isto:
“As medidas tomadas pelo Governo para atrair os imigrantes estrangeiros dão resultados. Segundo o Relatório do Governo do Estado (1901, p. 73), “no ano de 1896 o Núcleo Colonial Benjamim Constant já contava com a presença de 527 imigrantes vindo da Espanha e em 1901 sua população tinha aumentado para 5.655 colonos entre espanhóis e nordestinos e era um dos mais prósperos dentre os Núcleos Coloniais criados". Os imigrantes ao chegarem ao Pará eram desembarcados na Ilha Caratateua, onde passavam por uma espécie de triagem para depois serem enviados para a Colônia determinada. Segundo Ferreira,
Existiu no século passado, na Ilha de Caratateua, uma olaria com a denominação de Outeiro que foi incorporada ao patrimônio do Estado pela Lei n223 de 30 de junho de 1894, sancionada pelo Governador Lauro Sodré. Com a aquisição da aludida propriedade visava o governador instalar uma hospedaria para imigrantes nacionais e estrangeiros dando cumprimento ao que estabelecia o seu grande programa de povoamento da Região Bragantina que oferecia melhores condições aos seus novos colonos...” (FERREIRA, 1984, p. 238).
Ao longo de seis anos o Estado recebeu um grande número de imigrantes estrangeiros. No Governo de Lauro Sodré entraram 2.906 imigrantes estrangeiros, sendo que 1664 foram para os núcleos coloniais e 1.242 tiveram destinos diversos como demonstrado no relatório do governo da época apresentado abaixo.
Em 1895 ........ 187 |
Em 1896 ........ 2.365 |
Em 1897 ........ 404 |
Total: ............. 2.906 |
Fonte: Relatório do Governo do Estado do Pará de 1901, p.79. |
Já no Governo de Paes de Carvalho o fluxo de entrada foi ainda maior, sendo registrada a imigração de 27.652 imigrantes, destes 18.406 instalados nos diversos núcleos coloniais e 9.246 para destinos diversos.
Em 1897 ........ 2.364 |
Em 1898 ........ 5.280 |
Em 1899 ........ 6.612 |
Em 1900 ........ 12.713 |
Em 1901 ........ 683 |
Total: ............. 27.652 |
Fonte: Relatório do Governo do Estado do Pará de 1901, p.80” |
Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“Ao embarcarem nos portos espanhóis os imigrantes eram relacionados, contendo dados informativos por família, tendo um controle sobre não só a quantidade de imigrantes que estavam embarcando como também seus nomes e suas idades. Como podemos ver no documento abaixo os passaportes também eram numerados por família, tendo um controle de quantas pessoas deixava a Espanha em cada viagem.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
Até em 1990, na Colônia Benjamin Constant, se registra: “Ao serem enviados para a Colônia os imigrantes recebiam suprimentos para se manterem até começarem a produzir, isto era chamado na época de “ração”.” Fonte: Manoel de Lima Luz, Waldir Ortiz. Colônia Agrícola Benjamin Constant: uma história sobre a Imigração Espanhola no Pará (1892-1964).
“Imagem 3: Mapa indicando a localização da Hospedaria de Outeiro e a povoação de Benfica:
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Fonte: MUNIZ: João de Palma. Carta da Zona da Estrada de Ferro de Bragança e da colonização do estado. 1908. (detalhe) |
O documento relata ainda a visita da comissão às benfeitorias existentes na propriedade: uma olaria e uma serraria instaladas sob um grande telheiro onde estavam a máquina de corte de madeira e três fornos para a queima de tijolos, além de uma casa de moradia de "construção antiga”. O sítio tinha ainda ranchos e diversas embarcações de transporte.
Bem que para o funcionamento da hospedaria seja ainda indispensável a construção de novos alojamentos e reparos na casa para a administração e de outras obras secundárias como as da ponte de desembarque, caminhos de comunicação etc., parece-nos comparativamente com os outros locais que nos tem atraído a atenção para estabelecimento da hospedaria que nenhum satisfará melhor que o local examinado.
O último item do ofício fala do valor de compra da propriedade. A comissão informa ter consultado o proprietário durante a visita e que seria de cinquenta contos de réis, incluindo as benfeitorias e bens disponíveis na propriedade, o que foi considerável razoável pela comissão.
Daquilo que foi estipulado sobre a hospedaria na lei no 223, considerando que ela falava na compra de um edifício e pensando especificamente nos objetivos de uso e condições materiais da construção ali disponível, a casa da propriedade de Innocêncio Baena não atenderia ao que a lei previa. Inclusive essa foi a diferença de narrativa mais...” Fonte: Isabel Teresa Creão Augusto - Zonas de penumbra: a ilha de Caratateua e a hospedaria de imigrantes do Outeiro (Pará, século XIX). Doutorado em História, São Paulo, 2022.
“Capítulo 4 - O Breve Funcionamento da Hospedaria de Imigrantes
O regulamento da Hospedaria de Imigrantes do Outeiro foi aprovado através do Decreto no 131 de 10 de outubro de 1895, dois meses depois de entregue o prédio para o começo de suas atividades (Diário Official do Estado do Pará, número 1273, de 18 de outubro de 1895, pp.1-3). Seu primeiro capítulo, sobre a organização da hospedaria, informava que o tempo de permanência dos imigrantes naquele local era de até dez dias, ao fim do qual ele deveria aceitar uma proposta de trabalho particular ou aderir a um dos núcleos coloniais do estado. Dez dias era o prazo máximo, e encontrando oportunidade antes disso, o imigrante deveria retirar-se. Caso o imigrante tivesse vindo a pedido de particular, este arcaria com as despesas do mesmo se não o fosse receber dentro do prazo. A extensão dessa permanência só seria possível em caso de doença, e uma vez saído da hospedaria, o imigrante não podia mais ser readmitido.
O segundo capítulo, previa que além do administrador, os empregados da hospedaria se comporiam de um ajudante de administrador, um amanuense, um médico, um almoxarife, um auxiliar de intérprete e guardas (no plural, e sem atribuição de quantidade). As vagas seriam preenchidas conforme a necessidade, e outros funcionários poderiam ser contratados, caso o número de imigrantes e o acúmulo de trabalho assim exigisse. As nomeações seriam feitas por decreto do governador, segundo a indicação do diretor da Repartição de Obras Públicas. A distribuição de atribuições e competências dos funcionários era a seguinte:
Administrador: superintender todas as atividades da hospedaria; assistir a chegada, chamada e verificação da documentação dos imigrantes, fazendo lançar em livro informações de destino assinando guias e listas que acompanhavam os imigrantes; providenciar o transporte dos mesmos, bem como das bagagens e demais utensílios; satisfazer os pedidos de imigrantes, recebendo os contratantes; remeter semanalmente boletins com a movimentação diária da hospedaria, os requerimento de compra à repartição e o balanço mensal das despesas; fiscalizar a alimentação dos imigrantes, manter a "ordem e a paz da hospedaria", providenciar a limpeza diária e o sepultamento de imigrantes falecidos; assinar as folhas de pagamento dos empregados, admoestá-los ou suspendê-los por até oito....” Fonte: Isabel Teresa Creão Augusto - Zonas de penumbra: a ilha de Caratateua e a hospedaria de imigrantes do Outeiro (Pará, século XIX). Doutorado em História, São Paulo, 2022.
A comida na hospedaria variava conforme as regras estabelecidas pelo governo, recebendo várias mudanças no cardápio ao longo dos anos. Em 1898, um ano antes da Família Rascón Martínez chegar, pela segunda vez, na hospedaria, este era o seguinte cardápio, além da ração dada pelo governo para as famílias comerem, que também, ainda era o mesmo cardápio em 1899, quando a dita família chegou ao Brasil:
“Para demonstrar a variação de consumo de alimentos na hospedaria ao longo de um mês, montamos uma tabela a partir do balanço enviado referente ao mês de março de 1898, evidenciando as diferenças no consumo antes, durante e após a saída de uma turma de imigrantes da hospedaria:
Os itens relacionados tiveram alguma variação, sendo a mais notável a suspensão do consumo de carne fresca. Aqui apresentamos apenas as quantidades de itens consumidos, mas as tabelas originais demonstram os itens que existiam no almoxarifado, os pedidos, os consumidos, e o restante para o próximo ciclo. Outra consideração que deve ser feita é que os pedidos eram realizados no ciclo anterior a chegada dos imigrantes.” Fonte: Isabel Teresa Creão Augusto - Zonas de penumbra: a ilha de Caratateua e a hospedaria de imigrantes do Outeiro (Pará, século XIX). Doutorado em História, São Paulo, 2022.
Vejamos agora as informações do engenheiro civil e escritor brasileiro, João de Palma Munis:
Existem uma vasta informação de João Palma Munis sobre a dita hospedaria em Outeiro, que nos remete a conhecer outras realidades que a Família Rascón Martínez viveu na hospedaria na Ilha Caratateua, durante os oito dias em que ali ficaram, antes de ser removida pelo governo, para a nova Colônia Ferreira Pena, que já estava com os terrenos loteados somente para receber os novos colonos espanhóis que chegaram ao Brasil, para serem instalados naquela colônia agrícola.
“Segundo Muniz (1916, p. 72), “a Hospedaria de Imigrantes do Outeiro constituiu, desde o princípio, uma dependência do serviço de imigração que reunia todas as vantagens e acomodações necessárias ao fim a que era destinada". A Fotografia 2 traz um dos momentos das refeições desses imigrantes, a mesma está sendo realizada na área externa da hospedaria do imigrante, um espaço ao ar livre, onde se percebe um número bem representativo de pessoas (possivelmente imigrantes) em um momento de grande socialização, em que algumas parecem posar para a fotografia de Caccavoni.
Na propaganda, a hospedaria do Outeiro era um lugar de conforto e aconchego, era o porto seguro do imigrante, o lugar de retorno em que o mesmo poderia se sentir seguro e acolhido, onde ele possuía a liberdade de ir e vir o tempo em que estivesse hospedado.
Segundo Muniz (1916), o governo do Pará adquiriu em 1895 a antiga Olaria do Outeiro, situada no furo do Maguari, onde com adaptações foi criada a hospedaria do imigrante do Outeiro. O custo que o governo paraense teve com despesas na construção da hospedaria dos imigrantes pode ser visualizado na Tabela 13.
Tabela 13 - Custos com a construção da hospedaria dos imigrantes:
Mas na propaganda imigratória também estava estabelecido o tipo de imigrante desejado pelo estado do Pará. Estabelecia um perfil de imigrante, com critérios, dentre os quais se pontuava que os imigrantes deveriam ser marido e mulher sem filhos e os chefes de família não poderiam ter mais de 45 anos de idade, ou marido e mulher sem filhos ou enteados que deveriam casar antes dos 45 anos, e ter pelo menos um homem útil para o trabalho. Caso fosse viúvo ou viúva com filhos ou enteados deveriam ter sempre um homem com capacidade de trabalho. Os agregados também poderiam vir desde que cumprissem também requisitos contidos na propaganda (Anexo C).
No que diz respeito às despesas com viagem, os emigrantes estavam isentos de custos com passagens e despesas adquiridas no vapor durante a viagem. Era exigido do imigrante a assinatura de uma declaração de não ter efetuado nenhum pagamento com passagens.
O transporte gratuito iniciava desde o momento em que o emigrante se apresentava ao ponto de embarque, sua hospedagem, seus dias de espera, seus documentos selados para solicitar permissão do Governo civil, o selo ou a apólice para estender essa permissão, o imposto de embarque para o Tesouro, condução de sua bagagem a bordo, os selos de correios.
A Hospedaria em Outeiro tornou-se o Centro de Treinamento da Polícia Militar (CTPM), em Outeiro, distrito de Belém, área militar Lugar da antiga hospedaria dos imigrantes no Outeiro, em 2024. A ponte do Outeiro aos fundos. |
A localização das instalações da hospedaria era descrita com excelente acesso para navegação com o terreno seco e bastante elevado, assim não teriam problemas com alagamentos em tempos de chuva. Mas a construção do imóvel não só deveria representar um abrigo para os estrangeiros, mas um lugar de apoio ao imigrante. Por mais que se soubesse que a hospedaria do Outeiro jamais pudesse substituir o lugar de origem desse imigrante, se desejava criar um ambiente, um lugar que acolhesse essa importante força de trabalhos para as colônias agrícolas do Pará.” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
A propaganda citava ainda as empresas instaladas no Pará. O texto destacava a Companhia das Águas do Grão Pará, Companhia de Seguros do Grão Pará, Companhia de Seguros comercial, Companhia de Navegação Pará e Amazonas, Amazon Steam Navigation Company Limited, Lanfrane, Anselm, Augustine, Ambrose, Basil, Clemend, Siril, Gregory, Justine &origen, Red Cros Line (Vapores com navegação Nova York - Pará) Companhia Viação Férrea e Fluvial do Tocantins e Araguaia, Empresa de Navegação do Rio Guamá e Tocantins, Cerâmica aperfeiçoada, Companhia de Gás Paraense, Fábrica de Papel Paraense (já com máquinas a vapor), Companhia Costeira do Maranhão, Lloyd Brasileiro, Empresa Industrial do Gram Pará (Serviço telefônico), Companhia Auxiliar do Comércio (Armazéns e Doca, Cais), Companhia de Seguros Garantia do Porto, Companhia Construtora Paraense, Companhia Urbana da estrada de Ferro Paraense (Linhas férreas que cruzavam toda a capital paraense), Companhia protetora da Industria Pastoril e um destaque para "Booth's Line of Steamers", uma companhia de navegação que estabeleceu vários serviços mensais no transporte fluvial realizando trajetos como: Liverpool - Pará, Maranhão - Ceará (ambos com escala em Lisboa), Pará, Lisboa, Harvre - Liverpool, Hamburgo (Alemanha), Antuerpia (Bélgica), Harvre (França), Porto (Portugal) e Pará, Nova Iorque --Pará, Maranhão e Ceará, Nova Iorque, Pará e Maranhão.
Os empreendimentos bancários também estavam citados no texto, com destaque para o Banco Comercial do Pará, Banco do Pará, Banco de Belém do Pará, Banco Emissor do Norte, Banco de Crédito Popular e o London Brazilian Bank Limited.” Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).
Os nomes citados das empresas acima estão escritos como no original, inclusive o nome “Justine &origen”.
1899. Naquele ano, a Família Rascón Martínez chegou ao Brasil, desembarcada no Porto da Ilha de Caratateua, Outeiro, Belém, onde ficou hospedada até ser removida para a Colônia Ferreira Pena, no município de Santa Isabel, Pará, Brasil.
Tabela 4: Entrada de imigrantes na Hospedaria do Outeiro, no 1º semestre de 1899.
Esta tabela é apenas uma referência para que possamos pensar no volume de entradas por mês e nas possibilidades de recepção, a partir de um certo período em que encontramos dados sequenciais que pudessem demonstrar a nossa argumentação. Considerando que o número máximo de imigrantes que a hospedaria acomodava eram 500 por vez, e que as turmas dos dois contratantes geralmente chegavam no mesmo período do mês, quando não no mesmo vapor, esse seria um padrão adequado de recepção e controle epidemiológico para a segurança daquele espaço, à exceção do mês de abril, quando o total de entradas superou a marca dos 500 migrantes.
Afinal, a vinda de imigrantes doentes, por desnutrição ou doença contagiosa, foi motivo de reclamação constante.
Como sabeis entraram em 21 do correte nesta Hospedaria 171 imigrantes do contrato do senhor Emilio A C Martins.
Sinto ter de dizer-vos que o estado sanitário da turma não era satisfatório, pois o senhor farmacêutico Bernardo Paes verificou acharem-se quase todos os imigrantes sofrendo de gastro-hepatite os adultos e gastro-interite as crianças, informando ele que tais moléstias eram devidas ao mal tratamento recebido durante a viagem, quer na alimentação, quer na higiene (APEP, Area: Obras públicas, Fundo: Repartição de Obras Públicas, Caixa 36, Pasta 03, Doc. Sem número, de 30.08.1897).
Nutrir especialmente as crianças era objeto de preocupação com medidas e alimentação especifica. Em 1897, assim como houve uma atribuição de quantidade de alimento por imigrante, a administração estipulava: "às crianças de peito dá-se leite condensado duas vezes por dia. Em cada semana, fornece-se sopa de feijão em 4 dias, nos 3 restantes é esta de outros artigos" (APEP, Area: Obras públicas, Fundo: Repartição de Obras Públicas, Caixa 36, Pasta 03, Doc. Sem número, de 13.07.1897). Essa política foi, contudo, vítima dos cortes de gastos e limites orçamentários da hospedaria. Em 18 de dezembro de 1900, o...”. Fonte: Isabel Teresa Creão Augusto - Zonas de penumbra: a ilha de Caratateua e a hospedaria de imigrantes do Outeiro (Pará, século XIX). Doutorado em História, São Paulo, 2022.
Outros gráficos:
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Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920). |
"Em abril de 1893, representações diplomáticas brasileiras no exterior começaram a enviar avisos oficiais sobre a propagação da cólera por portos europeus. Os navios de imigrantes procedentes de tais localidades deveriam ser recebidos nos portos da República somente após passarem por "tratamento" sanitário: a desinfecção, com o uso de produtos químicos ou do vapor d'água, da embarcação, das bagagens, das roupas e dos objetos pessoais dos passageiros".
As autoridades de saúde pública no Brasil precisavam agir, em todos os portos, na organização e recebimento desses imigrantes, criando e estabelecendo ações para o controle sanitário desses estrangeiros.
A contaminação não se dava exclusivamente pelo contato cm os focos epidêmicos. As próprias condições de viagem do imigrante o vulnerabilizava ao contágio. Informa Maria Luíza Paskes que:
"Segundo o depoimento de um médico da Junta de Emigração de Portugal, os emigrantes portugueses deixavam-se iludir sobre seu futuro imediato no Brasil devido às condições de vida, de alimentação e de assistência sanitária por que passavam durante três, semanas a bordo de muitos navios que os trazia".
Somente durante o ano de 1899 foram realizadas três notificações do gestor da hospedaria às autoridades paraenses. Pelo ofício Nº 49, datado de 8 de abril, o serviço sanitário daquela casa estabeleceu quarentena de dez dias aos imigrantes que chegaram da Europa transportados a bordo do vapor Ourense.
Em missiva oficial do dia 14 daquele mês e ano, Joaquim de Mendonça, administrador, fez registrar pelo amanauense da hospedaria, Estevão de Souza Azevedo, que "José Leite, empregado de uma padaria da ilha do Pinheiro, invadiu e quebrou a incomunicabilidade da hospedaria, ordem do inspetor do serviço sanitário". A situação se complicou com a fuga do "invasor" e com as possibilidades de contágio de pessoas com quem ele tivesse contato a partir de então. José Leite, depois de entrado na Hospedaria, deveria sair apenas após ter sido quebrada a situação de incomunicabilidade da mesma".
Os casos mais graves que requeressem atenção e cuidados que não poderiam ser ofertados pelos atores de saúde na hospedaria, eram encaminhados à cidade de Belém. No mesmo fundo documental foi registrado o caso de um imigrante espanhol de sobrenome Perez que retornava à hospedaria depois de ter acompanhado seus dois filhos menores, acometidos de varíola e que estavam internados no Hospital, em regime de isolamento.
Em 1911, o governo federal faria publicar uma nova regulamentação para o serviço de povoamento, o Decreto Nº 9 081, de 3 de novembro de 1911. Essa carta jurídica apresentava bem definida as condições de saúde do imigrante. Sobre a questão esclareceu:” Fonte: Marcos Antônio de Carvalho - A hospedaria de imigrantes do Outeiro em Belém do Pará: Um mosaico em construção.
Informação necessária para compreender a razão da Família Rascón Martínez ser instalada na Colônia Ferreira Pena.
São três histórias entrelaçadas que devem ser entendidas para não confundir a história da família:
1 - A povoação das terras entre Belém e Bragança, no Estado do Pará, começou bem antes da construção da “Estrada de Ferro” do trem que ligava ambas cidades. Durante a construção da “Estrada de Ferro”, a mesma região continuava a ser povoada por colonos vindos da Europa e do Nordeste brasileiro, nordestinos fundindo da seca e fome. No percurso das regiões da colonização, as colônias, os povoados e os nomes dos lugares vão surgindo. Esta é uma história. A Colônia Ferreira Pena é uma das colônias surgidas na história.
“1848 – Gov. Imperial cedeu ao Gov. Provincial seis léguas de terras distantes de Belém, para ser demarcado e povoado.
1875 – Foi empossado o Pres. Provincial Dr. Francisco Maria Correa de Sá e Benevides. Entre as prioridades de governo era a colonização e a imigração na área destinada a EFB, trabalho desenvolvido inclusive em propagandas no exterior através dos consulados.
1875 – Chegaram os primeiros 68 imigrantes no dia 25 de Abril.
....
1898 – Fundação do núcleo colônia de Santa Rosa.
1898 - Estabelecido o núcleo colonial José de Alencar, território desmembrado do núcleo de Marapanim.
1898 – Foi construído o núcleo colonial Anita Garibaldi (margem da estrada Castanhal/Curuçá).
1898 – Nascia o núcleo colonial de Inhangapy (3 Km de Castanhal).
No mesmo ano o Governo do Estado objetivando o desenvolvimento de pequenas propriedades rurais passa a estabelecer concessões para a criação dos Burgos Agrícolas, como o Burgo de Santa Rita do Caranã, Burgo Granja America (localizado nos fundos do núcleo de Americano).
1899 – Foi implantado o núcleo de Ianetama (19 Km de Castanhal).
1899 – Santa Izabel foi elevada a categoria de Vila.”
Fonte: SIQUEIRA, J. L. F. Trilhos: o caminho dos sonhos (Memorial da Estrada de Ferro de Bragança). Bragança, 2008.
2 - A Construção da “Estrada de Ferro”, sua inauguração, sua atividade e extinção é outra história. A dita estrada era para levar o progresso às regiões dos colonos o povoamento assentados no percurso entre Belém e Bragança. Esta é outra história.
“Quando foi iniciada a construção da ferrovia, em 1883, a primeira colônia agrícola da estrada de Bragança já havia completado oito anos de existência, Benevides, colônia localizada a 29 quilômetros de Belém, foi instalada no ano de 1875, recebendo imigrantes de diversas nacionalidades, em maior número os franceses. Contudo, as condições precárias de comunicação com centros urbanos e para o escoamento da produção zeram com que os colonos migrassem para a capital. Apenas os cearenses, que oram chegando nos anos posteriores à instalação da colônia, anda resistiam c desenvolviam atividades agrícolas. Tanto que no ano de 1878, segundo os relatos do então presidente provincial José da Gama Malcher, na colônia de Benevides estavam localizados cerca de 800 imigrantes cearenses, que em função das secas no Nordeste, seguiram o caminho da Amazônia (PARA, 1878)...
Só no ano de 1889 é que são retomadas iniciativas no sentido de concluir a obra projetada para conectar Belém e Bragança.”
.....
“A Estrada de Ferro de Bragança foi a décima terceira ferrovia inaugurada no Brasil, precisamente no dia 10 de junho de 1884, com 33 quilômetros, tendo como pontos extremos Belém e Benevides (INSTITUTO, 1954). Passados vinte e cinco anos, em maio de 1908, era inaugurada a ferrovia conforme o plano inicial, pondo em contato as cidades de Bragança e Belém (CRUZ, 1955, PENTEADO, 1967). Uma trágica semelhança se observou nessas duas solenes ocasiões: um descarrilamento. Do mesmo modo que ao final da cerimônia de inauguração da ferrovia no ano de 1884 o trem, no retorno para Belém, descarrilou, no dia da inauguração de toda sua extensão, em 1908, também ocorreu um acidente, dessa vez durante a viagem de ida, quando o trem ainda se aproximava de Bragança (CRUZ, 1955).” Fonte: O PAPEL DA ESTRADA DE FERRO DE BRAGANÇA NA COLONIZAÇÃO E ECONOMIA DA AMAZÔNIA ORIENTAL (1870-1960). / Leonardo M. de Lima Leandro, Doutorando NAEA/UFPA; E-mail: leo.milanez@gmail.com / Fábio Carlos da Silva Professor Associado do NAEA/UFPA; E-mail: fcsilva@ufpa.br / Jovenildo Cardoso Rodrigues Professor PARFOR/UFPA; e-mail: jovengeo@yahoo.com.br. “No dia 10 de junho de 1884, a inauguração da Estrada de Ferro de Bragança, com uma extensão de pouco mais de 33 quilômetros, ligando Belém à colônia de Benevides, colocou o Pará no rol das províncias brasileiras percorridas por ferrovias, sendo ela a décima terceira. Concluídos os 229 quilômetros do eixo principal, com bitola de 1,00 m, ligavam-se os municípios de Belém e Bragança, feito celebrado com novo ato inaugural aos 4 de maio de 1908.” Fonte: “Leonardo Milanez de Lima Leandro, Doutorando do NAEA/UFPA. Contato: leo.milanez@gmail.com / Fábio Carlos da Silva Professor Associado do NAEA/UFPA. Contato: fcsilva@ufpa.br Sistemas de transportes e formações econômicas regionais [recurso eletrônico]: Brasil & Argentina / Rogerio Naques Faleiros, Ivanil Nunes (orgs.). - Dados eletrônicos. - Vitória: EDUFES, 2016. 2 v. : il
“Em 1897, durante a gestão do Governador Paes de Carvalho, a Estrada de Ferro de Bragança possuía somente 61 km de extensão executados, interligando Belém às colônias de Benevides, Santa Isabel e Apeú, chegando, até o final daquele governo, a 109 km de Estrada construída, com término na colônia de Jambuaçu. Foram criadas, ao longo daqueles novos 48 km de trilhos, as colônias de Santa Rosa, Ferreira Pena, José de Alencar, lanetama, Inhangapi e ainda os chamados Burgos Agricolas"* definidos pela Lei Ordinária n° 583. de 21 de junho de 1898 como: Concessões de áreas a pessoas ou empresas para Criarem núcleos agrícolas com a ajuda do Estado a razão de 400 mil réis por família instalada e a seu chefe 200 mil réis, facultado ao concessionário a propriedade de um terço da área para os seus labores agro- industriais.” Fonte: Fabiano Homobono Paes de Andrade, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
“Assim, em 1899, o governador Paes de Carvalho seguia a linha de pensamento de seus antecessores monarquistas, afirmando, exatamente como no passado, que o agora Estado do Pará tinha “inesgotáveis tesouros nativos, que em grande continuam inexplorados e improdutivos” (CARVALHO, 1899, p. 23). Ora, essa fala do governador fazia sentido, nesse momento uma vez que, dentre as prioridades e obras para o orçamento estadual do ano de 1900, estava a da construção da Estrada de Ferro de Bragança, que àquela altura caminhava de forma lenta faltando ainda cerca de oito anos para a sua conclusão. Ao mesmo tempo, no governo de Paes de Carvalho, não serão incomuns os conflitos com moradores das margens da estrada de ferro, decorrentes do extrativismo de madeira realizado pelos imigrantes que viviam em núcleos coloniais. Isso decorria do fato de que Paes de Carvalho, grande incentivador da agricultura, reclamava constantemente do desvio dos colonos dos trabalhos na lavoura para dedicarem-se ao extrativismo de madeira na zona da ferrovia.”
“À medida que cresceu o povoamento nas margens da Estrada de Ferro de Bragança, cresceu também a extração de madeira como uma lucrativa fonte de renda. Em 1898, no governo de Paes de Carvalho, o jornal Folha do Norte, acusava os imigrantes espanhóis de derrubarem matas para retirada de madeiras, transformando-se de “agricultores em exploradores e negociantes de madeira” (Folha do Norte. 03/09/1898, p.1). O problema da extração da madeira, apresentou-se de modo contínuo nas matas que circundavam a ferrovia e os núcleos coloniais. Já em 1887, o Presidente da Província do Pará, João Antonio d’Áraujo Freitas Henriques, afirmava que “Noventa por cento do tráfego de mercadorias” da Estrada de Ferro de Bragança era “devido ao transporte de madeiras”, que “quase na totalidade são tiradas entre Benevides e S. Braz” (BARRADAS, 1887, p. 135). Esse percurso citado dizia respeito aos primeiros quilômetros de estrada construídos.” Fonte: Revista Brasileira de História & Ciências Sociais – RBHCS Vol. 10 Nº 19, Janeiro - Junho de 2018 226 Uma “artéria necessária” para o progresso: a Estrada de Ferro de Bragança (Pará, 1883-1908). A “necessary artery” for progress: the Bragança Railroad (Pará, 1883-1908). Franciane Gama Lacerda.
3 - A fundação da Colônia Ferreira Pena, em 1989, no atual município de Santa Isabel, acontece no processo da contínua dita colonização entre Belém e Bragança, e no processo da construção da Estrada de Ferro. A história da cidade de Santa Isabel e da Colônia Ferreira Pena se misturam. A Família Rascón Martínez é uma das primeiras famílias espanholas no início da fundação da Colônia Ferreira Pena, na Estrada de Ferro de Bragança. Isto para deixar esclarecido que a Família Rascón Martínez morou na Colônia Ferreira Pena, no município de Santa Isabel nunca em Bragança. José Rascón Temprano, pai de Sérgio Rascón Martínez, morreu na Colônia Ferreira Pena. Esta é outra história.
Nas terras de Ferreira Pena, parte das terras que antes já foram das famílias dos colonos espanhóis que ali habitaram, hoje pertencem às Fazendas Reunidas Sococo:
Fazendas Reunidas Sococo
Sobre a empresa Fazendas Reunidas Sococo que tem como razão social Sococo S/A - Agroindustrias Da Amazonia foi fundada em 22/12/2010 e está cadastrada na Solutudo no segmento de Cultivo com o CNPJ 05.832.555/0006-28. No mercado, a empresa está localizada na Estrada Colônia Ferreira Pena Km 04, Nº S/N no bairro Distrito Americano em Santa Isabel do Pará - PA, CEP 68790-000. A empresa Fazendas Reunidas Sococo está cadastrada na Receita Federal sob o CNAE 0133-4/05 com atividade fim de Cultivo De Coco Da Baía.
Mapa da antiga Estrada de Ferro de Bragança e da antiga Colônia Ferreira Pena
Ver abaixo o antigo Mapa da Estrada de Ferro de Bragança e da situação da Colônia Ferreira Pena, por traz da Colônia Americano. A ferrovia ligava Belém à cidade de Bragança no Estado do Pará, Brasil, no intuito de levar o progresso à região. Na atualidade, à margem da rodovia federal 316, no lugar onde estava a Colônia Americano, está erguido o Presídio de Americano (BR 316 KM 45- Americano, Santa Izabel do Pará - PA, 68790-000). Na atualidade, por traz de Americano está a Comunidade Ferreira Pena, seguido das terras que pertenceram aos antigos colonos espanhóis e nordestinos que ocuparam a região.
Ao lado direito do presidio, está uma travessa reta, com seis quilômetros de extensão, é a Travessa Ferreira Pena, que nasceu na BR 316, atravessa em linha reta as terras de Americano, da Comunidade Ferreira Pena e das antigas terras dos colonos que na atualidade são as terras da a empresa Fazendas Reunidas Sococo.
A Travessa Ferreira Pena, depois de seus seis quilômetros de extensão, termina numa estrada. A estrada não tem saída para a direita, porque ali está parte das terras de plantação de coco da empresa Sococo. Dobra-se então, na esquerda, e a 300 metros está o antigo Cemitério de Ferreira Pena, por nome “Cemitério São Padro”, surgido provavelmente em 1905, onde foram sepultados os primeiros colonos falecidos naquelas terras. O cemitério ainda está em atividade até a presente data (2023), com muitas sepulturas abandonadas, quebradas, arruinadas, esquecidas, perdidas e outras desaparecidas.
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