PARTE 8
A instalação de Sérgio Rascón Martínez em Mocajuba, Pará, Brasil
A primeira casa de Sérgio Rascón Martínez em Mocajuba
A casa comercial e residência de Sérgio em Mocajuba. Em Mocajuba, Sérgio comprou uma casa comercial por nome “Casa Itamaraty”, seu primeiro patrimônio pessoal. Quando Sérgio diz: “Em 1915, me estabeleci com comércio em Mocajuba”, indica que ele já era comerciante, e já tinha um estabelecimento comercial fixo, um sofisticado Armazém, antes da fundação da empresa “Seguin & Rascon”, fundada somente em 05/02/1917, e extinta em 1921. Tanto o comércio armazém antes da fundação da dita empresa comercial, com a sede empresarial da firma “Seguin & Rascon” funcionaram na “Casa Itamaraty”, sua residência, tendo também, um sobradinho que era um completo comercial aos fundos da casa. A casa tinha uma enorme porta comercial sempre aberta.
A casa, de estilo artístico colonial, feita de “taipa” tinha dois andares. Sérgio comprou a “Casa Itamaraty”, uma casa comercial em Mocajuba, onde instalou sua residência pessoal no andar de cima, e o seu comércio no andar de baixo. No primeiro andar onde funcionava o armazém da empresa, foi instalada depois a outra empresa chamada “Seguin & Rascon”.
No quintal, aos fundos da casa, estava o depósito que era um sobradinho de dois andares, onde se armazenava as mercadorias da empresa. Era o depósito das mercadorias e combustíveis, onde também estava a fábrica de fazer sabão de cacau e de extração de óleo de andiroba e a fábrica de fazer vinagre. Havia muita mercadoria e muitos combustíveis inflamáveis no depósito. O fogo criminoso aconteceu neste sobradinho, o depósito.
Naquele tempo não havia o antigo Mercado Municipal na orla do rio, ao lado do antigo Trapiche Municipal na Travessa Alexandre de Castro. Quando o dito mercado foi construído, o lugar do sobradinho ou complexo comercial aos fundos da “Casa Itamaraty” ficou com a frente para este mercado, já na Rua Siqueira Mendes. O dito mercado foi destruído dando vez ao moderno mercado construído ao lado, cujo é o mercado municipal atual (2023). O antigo Mercado Municipal foi construído na orla do rio, na rua Siqueira Mendes, diante do quarteirão entre a “Casa Itamaraty” e a casa do prefeito Miguel Dias de Almeida. Numa esquina ficava a “Casa Itamaraty” e na outra esquina, aos fundos do quintal da “Casa Itamaraty”, ficava a casa daquele que foi prefeito em Mocajuba, Miguel Dias de Almeida. Era neste quintal, entre as duas citadas casas que ficava o sobradinho ou complexo comercial da empresa “Seguin & Rascon”, de dois andares, que também funcionava como depósito de mercadorias e combustíveis, para abastecer o armazém na casa de Sérgio, e onde, também funcionava as fabricas de sabão de cacau, e de vinagre. Na verdade, este complexo comercial era uma casa separada da casa de Sérgio, construída toda em madeira, com dois andares. Na parte de cima estava a fábrica de fazer sabão de cacau, e extração de óleo de andiroba. Na parte de baixo estavam os combustíveis inflamáveis, vendidos para acender lamparinas, lampiões, candeeiros, faróis, etc., e para acender fogo.
Em Mocajuba, Sérgio prosperou, chegando a ter armazém comercial, propriedades no lugar Tauaré, fábrica de fazer vinagre e fábrica de fazer sabão de cacau, barco que faziam linha entre Belém e Mocajuba, outros bens e muitas joias.
Sérgio e o Francisco Seguin Dias ficaram amigos, somaram trabalho e depois a sociedade comercial. Os ditos viram que o comércio era bom e lucrativo no Rio Tocantins, podendo ganhar muito dinheiro. Seguin convenceu Sérgio para a empresa “Seguin & Rascon”, no ano de 1917. Sérgio anexou seu comércio pessoal à dita empresa, tornando-se o sócio presidente, na condição de gerente.
Depois do incêndio criminoso que levou a falência da empresa, o lugar onde estava o depósito permaneceu vazio até a década de 90 do século XX, quando foi erguido no lugar loja comercial de baixa altura, com a frente voltada para o mercado municipal ou para o Rio Tocantins, já na Rua Siqueira Mendes. A casa de Sérgio situava-se na esquina entre a Travessa Alexandre de Castro e a Rua Siqueira Mendes (a rua na orla do rio). O comércio fazia frente para as duas ruas, mas o endereço estava na Travessa Alexandre de Casto. Quando eu faço uso do nome ‘Travessa Alexandre de Castro’ é para atualizar e indicar o lugar da casa na atualidade, mas aquela rua ainda não era definida com este nome. Nos documentos, o endereço de Sérgio estava na Praça 13 de Maio, que depois mudou de nome para Praça Nossa Senhora da Conceição, indicando que de fato, a frente principal da casa estava voltada para a praça da Igreja Matriz de Mocajuba, na Travessa Alexandre de Castro. A curta Travessa Alexandre de Castro começa na beira do rio terminado na porta do cemitério municipal. Naquele tempo, o antigo Trapiche Municipal estava erguido no início da Travessa Alexandre de Castro, diante da casa de Sérgio. Quem saía do trapiche já estava na Travessa Alexandre de Castro e diante da casa de Sérgio.
O antigo Trapiche Municipal de Mocajuba no início da Travessa Alexandre de Castro. Aos fundos a antiga Igreja Matriz, que existiu até o 1950, onde os filhos de Sérgio foram batizados.
De 1912 a 1914, o nome de Alexandre de Oliveira Castro aparece como Intendente e presidente do conselho municipal. No Brasil, depois da instalação da República, para diferenciar da monarquia, o título “Intendente” era atribuído ao executivo municipal, que correspondia ao cargo de prefeito municipal. Os documentos antigos deixados por Sérgio Rascón Martínez, não existe a Travessa Alexandre de Castro, indicando que aquela rua ainda não era definida como rua e com um nome, mas era a beira da praça, o endereço das casas era a Praça 13 de Maio. Da Praça 13 de Maio ao cemitério ainda não estava definido como rua, mas um pedaço de chão devoluto que antes já fora o início de cemitério, onde corpos foram enterrados. Depois o mesmo chão foi tomando forma de rua. O cemitério foi definindo mais para traz, até o terreno da necrópole ser murado.
O antigo Trapiche Municipal por onde Sérgio Rascón Martínez e seus filhos andaram na infância, iniciava-se próximo à sua casa residencial e comercial. O navio a vapor Prudente de Moraes no trapiche. Foto de 1900 quando Sérgio ainda morava na Colônia Ferreira Pena.
Em estilo colonial, casa de Sérgio era feita de ‘taipa”, pintada, idêntico à casa de alvenaria. O primeiro proprietário do terreno e da casa foi João Pedro Dias. Nereu insistia em dizer que João Pedro dias foi o primeiro interventor de Mocajuba. Como é sabido, a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Brasil e ali estava o “Palácio Itamaraty” do governo brasileiro. Não confundir o Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro com o Palácio Itamaraty em Brasília. João Pedro Dias colocou o nome de sua residência como “Casa Itamaraty” em homenagem ao Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro.
“O Palácio do Itamaraty é uma edificação oitocentista, de grande valor histórico e artístico, situada na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O palácio foi sucessivamente residência nobre, sede do Governo Republicano (1889-1898) e sede do Ministério das Relações Exteriores (1899-1970). Atualmente funciona como sede do Escritório de Representação do MRE no Rio de Janeiro, Arquivo Histórico, Mapoteca, Museu Histórico e Diplomático e sede do Centro de História e Documentação Diplomática da Fundação Alexandre de Gusmão.” Fonte: Wikipédia.
Sérgio Rascón Martínez comprou a ‘Casa Itamaraty” do Sr. João Pedro Dias. João Pedro Dias vendeu a casa para o prefeito Raimundo Dias Pimentel. Segundo Nereu Rascon de Freitas, foi Raimundo Dias Pimentel que demoliu a casa comercial de taipa que pertencia a Sérgio, construindo uma nova casa no lugar. Raimundo Dias Pimentel vendeu para o prefeito Cazuza Pimentel (o Cazuzinha). Segundo a Sra. Terezinha Furtado, a firma dos onde irmãos, entre os quais um era seu esposo Manoel Furtado, comprou a dita casa com o terreno de um homem chamado Bendelac. A firma dos Irmãos Furtados é a “Firma Indústria, Comércio, Navegação, Progresso Ltda” que comprou a casa. É a mesma firma que mencionada na Ata Paroquial de 26/09/1970. Foi esta firma que demoliu a casa comercial anterior, e construiu uma nova casa chamada “Casa São Geraldo”, que segundo a placa que estava na parede da sala, a construção do prédio é de 07/06/1958. Na “Casa São Geraldo” sempre foi comercial, e nela funcionou por muitos anos o “Bar e Sorveteria São Geraldo”. As derrubadas das casas anteriores eram por ser de taipa e para ampliação devido mais espaço no comércio. Por fim, a “Casa São Geraldo” foi construída de alvenaria.
O prefeito de Mocajuba, Manoel Furtado, esposo da Sra. Terezinha Furtado, um dos donos da “Firma Indústria, Comércio, Navegação, Progresso Ltda” veio a falecer. A firma terminou, e os outros irmãos quiseram tomar a “Casa São Geraldo” da Sra. Terezinha, pois a casa pertencia à firma. Terezinha não devolveu a casa, porque a família da dita empresa tinha vários bens em Cametá, e ela não quis nenhum bem de Cametá, mas quis somente a “Casa São Geraldo” em Mocajuba, pois tinha direito à casa por causa de seu falecido esposo, que era sócio da empresa. O caso foi parar na Justiça.
No dia 01/09/2002, domingo, à tarde, quando eu (Nautilho), procurei pela Sra. Terezinha em sua casa, ao lado da “Casa São Geraldo” agora toda remodelada, em busca das antigas escrituras da dita casa, para finalidade de pesquisa. Ela confessou não ter as escrituras e não as encontrou no cartório de Mocajuba, e não as encontrando, procurou a Justiça a fim de resolver tais problemas de herança, e para preservar com testamentos os seus patrimônios e bens. Então os primitivos documentos da casa deviam estar em poder da família do seu esposo em Cametá, que é a família da extinta empresa na mesma cidade. Terezinha tinha em mão apenas o antigo Título de Aforamento do terreno, que me mostrou, e pediu orientação de como transferir o título para seu nome. Eu orientei-lhe a procurei pelo meu irmão Nilton na Prefeitura Municipal de Mocajuba, levar o título para ele ver e lhe orientar no quer fazer nos termos legais da lei. Dias depois, ela disse a mim que foi à prefeitura.
Segundo Terezinha, disse a mim que quando era jovem, participou do casamento de Miguelzinho e Generosa (Dona Zezé). Naquele tempo, não pensava que um dia também se casaria, mas casou ainda jovem e foi morar com o seu esposo no lugar que um dia foi a casa de Sérgio em Mocajuba. A primeira pista de aviação de Mocajuba tornou-se uma rua, recebendo o nome de Rua Manoel de Souza Furtado, em homenagem ao falecido prefeito, esposo da Sra. Terezinha.
Quando Terezinha foi morar naquele lugar. Chegou a ver uma casa de taipa já em desgastes, com um enorme portão com umbral em arco, estilo colonial, como casa comercial antiga. A casa foi demolida e no lugar foi construída a “Casa São Geraldo”, que permaneceu intacta até 1980, quando foi remodelada. A “Casa São Geraldo” foi remodelada sendo quase toda reconstruída. Onde havia um comprido balcão foi construído uma parede que separou a área comercial e a casa particular de Terezinha, o telhado também foi reformado. o terreno foi dividido em dois, um terreno foi construído a casa moderna de Dona Terezinha, com dois andares, e o outro terreno na esquina, ficou para a Casa São Geraldo. A área comercial foi reduzida, ficando pequena, funcionando um bar, que foi perdendo seu movimento comercial, paulatinamente, vindo a ser desativado no ano 2000. O meu irmão Nilson trabalhou como vendedor no bar. Na remodelação, a antiga casa que ficava ao lado da “Casa São Geraldo”, entre a dita casa e a antiga Casa Paroquial ofertada por Ana Braga, foi demolida para a construção da nova e moderna casa de Terezinha, com dois andares. O terreno foi dividido, na maior parte do terreno foi construída a dita casa de Terezinha, e outra parte estava a “Casa São Geraldo”, agora reduzida ao meio.
A “Casa São Geraldo”, na década de 70 do século XX, antes de ser remodelada. A “Casa São Geraldo” perdeu sua característica e tamanho originais, pois foi remodelada em julho de 1980 e em 2002. |
Em 2002, a “Casa São Geraldo” foi outra vez remodelada. As portas laterais com a frente para o antigo mercado municipal foram fechadas com alvenaria, e abriu-se um portão para a Praça Nossa Senhora da Conceição. A parte onde funcionava o extinto bar foi alugado para fim comercial. O nome “Casa São Geraldo” foi apagado e substituído por “Confecções e Sapataria Nunes”, tornando-se uma loja de roupas e sapatos onde meu sobrinho Neilton trabalhou. A parte que restou da Casa São Geraldo, na esquina, foi vendida em 2022 para o Sr. Edmilson Antônio Braga Sampaio, o “Edmilsinho”, filho do “Missoca” e Maria Bernadete Moreira, mãe de sua esposa do Edmilsinho, os dois compraram a casa. A casa onde Terezinha Furtado está à venda até 2014, por R$ 900.00.
O terreno aos fundos da antiga Casa Itamaraty e depois da antiga Casa São Geraldo, onde estava o sobradinho que foi incendiado, foi divido em cartório na partilha de herança entre três irmãos: Judite Furtado, Emânuel Furtado e Fernando Conceição Carvalho Furtado. Judite Furtado e Emânuel Furtado venderam seus terrenos para o empresário Nei Barros. O outro terreno, pertencente ao Fernando, não foi vendido e pertence a ele, até a data de 2024.
Enfim, o terreno que pertencia a Sérgio Rascón Martínez foi divido em cinco partes: um ocupado pela então residência da falecida Terezinha Furtado, ainda não vendida até 2024; o terreno na esquina foi vendido e transformado em loja, e o terreno aos fundos que foi dividido em três, e dois já foram vendidos para o Nei Barros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário