PARTE 28
1946 - 1947
"Cidade de Mocajuba, 2º Distrito Judiciário da Comarca de Cametá, Estado do Pará.
O Tabelião interino
João Procópio de Souza
(carimbo)
Registrado a 23 v. do Livro Nº 39, de notas deste cartório. Em 27 de maio de 1946.
O Tabelião interino
João Procópio de Souza."
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Sérgio foi levado para o Leprosário do Prata
Em Belém, Sérgio procurou tratamento para a lepra, mas foi preso e levado pelos agentes de saúde do governo, para permanecer no Leprosário do Prata, na Colônia do Prata, no município de Igarapé Açu. O intuito do isolamento era impedir que ele contagiasse outras pessoas com a lepra. Entretanto, Sérgio foi liberado, por dois motivos: a lepra era de pouca proporção, e ele convenceu os agentes de saúde de sua moradia isolada na Ilha do Rufino, onde não receberia ninguém. Ele moraria de maneira bem isolada de todo mundo, sendo assistido pelo seu filho Nereu, e não teria contato com ninguém. Assim ele foi liberado da “prisão perpétua” no Leprosário do Prata”, mas recebia agentes de saúde no Sítio Olaria para averiguar sua condição de saúde e o estágio da lepra.
Sérgio ficou com medo de ser outra vez preso por agentes de saúde, de ser denunciado como leproso ao Leprosário do Prata e de ser levado para sempre ao dito. Então ele viajava de Mocajuba para Belém de maneira escondida no barco, e geralmente ficava escondido dentro do barco no porto de Belém a fim de não ser descoberto.
O Venerável capuchinho Frei Daniel de Samarate, em processo de beatificação, entrou leproso para o Leprosário do Prata no dia 27 de abril de 1914, e morreu no dia 19 de maio de 1924. Logo ele e Sérgio não se conheceram e não se encontraram no leprosário.
Lazarópolis
do Prata, d. 1930/ Casa de Oswaldo Cruz.
“Com o
aumento do número de doentes no Estado e a proximidade do asilo de Tucunduba do
centro da capital, o governo buscou instalar um novo hospital colônia com maior
extensão territorial, transformando a Colônia do Prata [Igarapé-Açu] em
leprosário”.
“Empossado
em 1º de fevereiro daquele ano [Emiliano Sousa Castro] durante seu governo
fundou a Lazarópolis do Prata, (…), criado com o objetivo de isolar e oferecer
atendimento aos leprosos do estado. Inaugurado em 1924, o leprosário ficou
localizado a 150 quilômetros de Belém, na colônia agrícola de Santo Antônio do
Prata”.
"Aspectos
da Larazópolis do Prata, Pará, primeiro leprosário oficial, fundado em junho de
1924 pelo Dr. Souza Araujo ( sic ). Ampliado em 1937, tem hoje
900 leprosos. Esta-se construindo um novo leprosário para 1000 pacientes
em Marituba”.
Bilhetes de Francisco Seguin Dias a Sérgio Rascón Martínez
“28/11/1947
Sr. Rascon
Saúde
Falei com o Bendelak a seu respeito e pedi a ele que tivesse um pouco de paciência, até você liquidar os seus negócios.
Mandei também um recado para o delegado de polícia de Mocajuba, é provável que seja atendido.
Recado do seu amigo Seguin”.
“27/12/1947
Sr. Rascon
Saudações
Respondo o seu bilhete de hoje.
Só tenciono descer (viajar) depois das eleições, por isso ainda resta muito tempo para se resolver tudo o que você quer.
A procuração para receber o dinheiro no Moreira Gomes, vou passar no nome de seu filho, a mim nada interessa esse negócio. O meu interesse é muito particular, é simplesmente evitar que você seja reconduzido para o Leprosário do Prata, é o que tenho feito até hoje, embora você não saiba recompensar.
Seguin”.
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