PARTE 28
1946 - 1947
"Cidade de Mocajuba, 2º Distrito Judiciário da Comarca de Cametá, Estado do Pará.
O Tabelião interino
João Procópio de Souza
(carimbo)
Registrado a 23 v. do Livro Nº 39, de notas deste cartório. Em 27 de maio de 1946.
O Tabelião interino
João Procópio de Souza."
Bilhetes de Francisco Seguin Dias a Sérgio
Rascón Martínez
“28/11/1947
Sr. Rascon
Saúde
Falei com o Bendelak a seu respeito e pedi a ele que tivesse um pouco de paciência, até você liquidar os seus negócios.
Mandei também um recado para o delegado de polícia de Mocajuba, é provável que seja atendido.
Recado do seu amigo Seguin”.
Sérgio foi levado para o leprosário e a fuga do leprosário
Ver
a parte 3:
Como
foi dito na Parte 3, a União Espanhola de Socorros Mútuos foi a instituição de
apoio aos conterrâneos espanhóis recém-imigrados ao estado. Criada para reunir
fundos e para ajudar os irmãos espanhóis que se encontrassem enfermos e
inválidos, conhecida em Belém. Depois de sua extinção, o antigo prédio histórico
da União Espanhola de Socorros Mútuos, situado na Avenida Governador José
Malcher, ao lado direito do Palacete Bolonha, foi transformado em vários espaços
culturais, inclusive para realização de festas, e depois foi transformado na FUMBEL
- Fundação Cultural do Município de Belém e no memorial em homenagem aos povos
emigrados para o Pará. Até 2025, ainda funcionava ali o dito memorial dos povos.
Em
Belém, na União Espanhola de Socorros Mútuos, que atendia os espanhóis, Sérgio Rascón
Martínez, procurou tratamento para a lepra, mas foi preso e levado pelos
agentes de saúde do governo, para permanecer no Leprosário de
Marituba, onde seria a sua "prisão perpétua", no intuito de evitar que ele transmitisse a doença às outras pessoas. Sérgio fugiu do leprosário, indo se esconder no barco
no porto de Belém, que depois partiu para Mocajuba, voltando a morar isolado na
Ilha do Rufino, sendo assistido pelo seu filho Nereu. Ele recebia os agentes de
saúde no Sítio Olaria para averiguar sua condição de saúde e o estágio da
lepra.
A
partir de sua fuga do leprosário, Sérgio ficou com medo de ser outra vez preso
por agentes de saúde, de ser denunciado como leproso dito e de ser levado para
sempre ao dito. Então ele viajava de Mocajuba para Belém de maneira escondida
no barco, e geralmente ficava escondido dentro do barco no porto de Belém a fim
de não ser descoberto.
“Para a
construção do presente trabalho, utilizei duas narrativas, comentadas no
parágrafo anterior, “que se equiparariam aos outros suportes, sejam: escritos,
estatísticos ou iconográficos” (MEIHY; HOLANDA, 1997, p.67). “E aqui as
palavras tecem as histórias de vida, redesenham o passado para que os olhos de
hoje possam ver e conhecer, admirar e aprender” (EIRÓ, 2017, P. 93). Alheadas
as narrativas, buscamos dois jornais locais, a Folha do Norte, de 16 de janeiro
de 1942, página 2, com o título “O governo da República entregou ao Estado o
leprosário de Marituba – A inauguração do Nosocômio”, e o jornal O Estado do
Pará, também de 16 de janeiro de 1942, página 8, intitulado “A inauguração do
leprosário de Marituba – como decorreram as cerimônias levadas a efeito ontem”.
Ambos descrevem os processos de inauguração e imagens sobre o local.
Acrescentamos o uso de algumas imagens coletadas ao longo da pesquisa. Diante
do exposto, procuramos lançar mão dos mais variados tipos de evidências (BURKE,
2017).” Fonte:
CRISTO, Moisés Levy Pinto; SILVA, Gercina Ferreira; FRANÇA,
Maria do Perpétuo Socorro Gomes Avelino. Baú
de Memórias: O Leprosário de Marituba/Pa em meio a recordações de uma
ex-interna (1940-1970). Revista Margens, 2020.
Prédio
histórico da União Espanhola de Socorros Mútuos, em Belém:
Antigo Leprosário de Marituba:
Bilhetes de Francisco Seguin Dias a Sérgio Rascón Martínez falando do leprosário
“27/12/1947
Sr. Rascon
Saudações
Respondo o seu bilhete de hoje.
Só tenciono descer (viajar) depois das eleições, por isso ainda resta muito tempo para se resolver tudo o que você quer.
A procuração para receber o dinheiro no Moreira Gomes, vou passar no nome de seu filho, a mim nada interessa esse negócio. O meu interesse é muito particular, é simplesmente evitar que você seja reconduzido para o Leprosário do Prata, é o que tenho feito até hoje, embora você não saiba recompensar.
Seguin”.








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