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Neste blog, além de conter a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, há também o Brasão da Família Rascón Martinez e o Brasão das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, a Cronologia Familiar, a exposição das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez, fotografias dos patrimônios da família, lugares por onde a família construiu história e fontes documentais, como banco de dados para fim de pesquisa aos familiares. No Blog: Primeiro a apresentação da Cronologia Familiar, depois a apresentação da Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, Brasil, onde a Família Rascón Martinez se instalou. A seguir, a apresentação das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez. E por fim a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, dividida em partes facilitando a leitura. A História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso começa na Parte 1. Para quem verá o blog pelo telemóvel (celular) tudo aparecerá limitado. Então rolar para baixo e ver no rodapé do blog o botão “Ver versão para web”. Clicar no botão e então aparecer no lado todas as abas com as partes. Também no mesmo rodapé aparecerá o botão “Página inicial”, com uma seta à direita e outra à esquerda, clicar nas setas e as partes aparecerão cada vez que a sete é acionada.

segunda-feira, janeiro 01, 2024

Parte 4 Instalação da Família Rascón Martínez na Colônia Ferreira Pena.

  

PARTE 4

Instalação da Família Rascón Martínez na Colônia Ferreira Pena

A Família Rascón Martínez na Colônia Ferreira Pena

Sérgio Rascón repensou e decidiu voltar ao Brasil. Ele acreditou que podia vencer e prosperar no Brasil. Desta vez ele venceria. Seguiu para se cadastrar como colono vindo a trabalhar no Brasil, com toda a família. Novos documentos foram feitos. É possível que nesta segunda viagem, foram de Tábara para Madrid, de Madrid para Barcelona aonde estava a propaganda do governo paraense, e de Barcelona desceram de trem para Gibraltar, ou então seguiram de Madrid para Gibraltar como na primeira vez.
QUANDO A FAMÍLIA RASCÓN VEIO PELA SEGUNDA VEZ PARA O BRASIL, VIERAM TAMBÉM 3 OU 4 FAMÍLIAS DA MESMA FAMÍLIA, ENTRE IRMÃOS, PRIMOS, SOBRINHOS, TIOS, ETC., E TAMBÉM VEIO PARENTE COMO PRIMOS, INCLUSIVE O PRIMO DE CHAMADO SÉRGIO “MODESTO”. Há um relato, não confiável, que membros daquelas famílias trabalharam como colonos, não só na Colônia Ferreira Pena, mas também em Apeú, Benevides, Castanhal e na própria cidade Santa Isabel.
A chegada da Família Rascón no Brasil.
No Arquivo Público do Pará há um documento, datado no dia 9 de maio de 1899, sobre a chegada do navio Benedict em Belém, relatando a doença do espanhol Nicanor Perez, que chegou com varíola, sendo encaminhado direto ao hospital. É a possível data da chegada da Família Rascón Martínez ao Brasil, na segunda imigração, pois os que chegavam doentes e mortos eram logo removidos dos navios, evitando contagio e propagação de doenças.
A Família Rascón Martínez enviada pelo governo à Colônia Ferreira Pena.
Pelo governador provincial do Pará, José Paes de Carvalho, no dia 19 de maio de 1899, sob a ordem do Coronel Joaquim José Ferreira de Mendonça, Inspetor Geral de Terras e Colonização, do palácio do governador em Belém, a Família Rascón Martínez, foi enviada para a Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, onde foi instalada como colona. Pela nova pesquisa, o navio transatlântico a vapor, chamado “Benedict” saiu da cidade de Porto, Portugal, trazendo imigrantes espanhóis e portugueses para o Pará, no dia 19 de março de 1899. A viagem durava até 30 dias. Chegando no porto de Belém, a família, junto com outros imigrantes, foi de barco para a Ilha de Caratateua, Outeiro, onde permaneceu em quarentena de dez dias ou mais, evitando infectar a sociedade local com doenças, trazidas da Europa, como varíola, gripe espanhola, cólera, etc. depois da quarentena, foi trazida de volta para o porto de Belém.
O conselho da inspetoria de terras e colonização no Estado do Pará, funcionava numa sala no palácio do governo do Pará. O Coronel Joaquim José Ferreira de Mendonça era o inspetor da mesma repartição. A Família Rascón Martínez já estava em Belém, depois da quarentena, quando foi enviada de trem para a Colônia Ferreira Pena, descendo na antiga Colônia do Araripe, Estrada de Ferro de Bragança, de onde seguiu a seis quilômetros a dentro, em estrada rude de chão, até chegar à Colônia Ferreira Pena.
A família de 6 pessoas no despacho do governo é: (1) José Rascón Temprano (pai), 34 anos, (2) sua esposa Tomasa Martínez Ferrero, 39 anos, e seus filhos (3) Sérgio de 11 anos, (4) Josefa 9, (5) Gregório 6, (6) Maria 4 anos de idade.
Assim diz o despacho do Inspetor Geral de Terras e Colonização:

Administração da Hospedaria d'Immigrantes de Outeiro

Pará, 16 de maio de 1889
 
N. 58
 
Ilm. (Ilustríssimo) Inspetor Geral de Terras e Colonização

Passo as nossas mãos a relação de uma família espanhola compondo de 6 pessoas que seguirão hoje para o núcleo colonial - Ferreira Pena.
Saúde e Fraternidade
 O Administrador
Joaquim José Ferreira de Mendonça.”

(Há uma notação na lateral da lauda escrita:)
Remetido para o Tesouro em Ofício a 16-05-1899
Oficial
Rubrica do Joaquim José Ferreira de Mendonça.”

Original e a réplica (restauração do documento antigo) do documento, enviando a família espanhola “Rascón Martínez”, de Belém para a Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, Brasil.



A Colônia Ferreira Pena, onde a Família Rascón Martínez morou no Brasil

A prosperidade na Colônia Ferreira Pena, citada nos anexos abaixo, não ocorre quando a Família Rascón estava lá. Mas depois que saíram de lá, até o auge do funcionamento da Estrada de Ferro de Bragança. É uma informação mais nova misturada com a realidade inicial precária na colônia. Poucas são as informações sobre a dita colônia, logo, quero salvaguardar quatro anexos abaixo, que são as únicas fontes que eu tenho sobre a mesma colônia.



ACIMA: Estação e atual distrito de Americano, em mapa mostrando a situação dos núcleos de colonização em 1908. A estação de Americano atendia às colônias de Araripe, aberta em 1886, e de Ferreira Pena, aberta em 1898 (Revista Brasileira de Geografia, jul-set 1961).

Primeiro anexo. Dos anais: Colonização do Pará. Conselho Nacional de Pesquisas. Ernesto Cruz. Belém – 1958, páginas 96 a 98.
“8 - FERREIRA PENA
Núcleo criado a 9 de março de 1898, em virtude da proposta feita pelo Dr. Henrique Santa Rosa, então diretor da Repartição de Obras Públicas, Terras e Colonização. Estava sediado na confluência da colônia ARARIPE, à margem esquerda da Estrada de Ferro de Bragança.
Possuía 4 engenhos para fabricação de cachaça e fornos para farinha. Os imigrantes que predominavam na colônia eram os brasileiros, seguindo-se os espanhóis em número de 34 famílias. Até o ano de 1900, os colonos estavam assim classificados:

Brasileiros: 52 famílias com 330 pessoas.
Espanhóis: 34 famílias com 145 pessoas.
Dois anos decorridos, havia a seguinte modificação:
Brasileiros:
Pará:
1
Ceará:
264
Rio Grande do Norte:                              
61
Pernambuco:          20

 

346
 
Estrangeiros:
Espanha:
128
Itália:
7
Portugal:

1

136

 

 

136

O número de lotes demarcados era de 208, sendo de 26 os títulos concedidos até o ano de 1908.
Posteriormente, foi feita a descriminação dos terrenos nas estradas denominadas: Ferreira Pena, Floriano Peixoto, Deodoro da Fonseca, Lauro Sodré; travessas: 15 de Novembro, Paes de Carvalho e 13 de Maio, num total de 96 lotes.
No dia 8 de setembro de 1900, embarcava para o "Americano", com o propósito de emancipar a colônia FERREIRA PENA, que estava apta a viver dos seus próprios recursos, o Dr. Pais de Carvalho, Governador do Estado, em companhia dos Srs. Augusto Montenegro, Artur Lemos, Augusto Olímpio, Gomes do Carmo, Numa Pinto e João Luís de La Roque. Chegando à tardinha à vila do "Americano", dali foram a cavalo para a sede da colônia, distante cerca de 6 quilômetros, juntando-se à comitiva mais as seguintes pessoas: coronel João Moreira de Castro, capitão Manuel Honorato, Frei Carlos de San Martinho, Frei Paulo Trescorre, Antônio Lobo, Costa Rodrigues, Duque Estrada e Joaquim de Morais Novas, assim como numerosos habitantes do "Americano".
Na manhã seguinte, numa das salas da administração, presentes todos os colonos, foi celebrada missa por Frei Carlos, acolitado por Frei Paulo.
Seguiu-se a solenidade da entrega dos títulos dos lotes agrícolas a 85 famílias, das quais 43 brasileiras e 42 espanholas, num total de 512 pessoas.
A cultura da colônia era próspera. Havia grandes plantações de mandioca, milho, feijão, cana de açúcar, algodão e arroz. Desenvolvida era, também, a plantação de hortaliças e de árvores frutíferas. Menescal. Existia, na colônia, uma escola mista, dirigida por dona Rita Linhares Menescal.
Depois de emancipada, já no ano de 1902, a situação dos colonos existentes era esta:

Brasileiros:

 

Pará
1
Ceará
264
Rio Grande do Norte
61
Pernambuco
20
 
 
Estrangeiros:

 

Espanha
128
Itália
7
Portugal
1                             
136
Total:
482
                                         
Segundo anexo. É cópia de um original sem registro de fonte. Eu fiz a cópia na copiadora xérox em 1994, mas não lembro a fonte e o livro, porque não anotei.
“9. FERREIRA PENA
Núcleo criado a 9 de março de 1898, em virtude da proposta feita pelo Dr. Henrique A. Santa Rosa, então diretor da Repartição de Obras Públicas, Terras e Colonização. Estava sediado na confluência a colônia de Araripe, à margem esquerda da estrada de ferro de Bragança.
Possuía 4 engenhos de fabricação de cachaça e fornos para fabricação de farinha.
Os imigrantes que predominavam na colônia eram os brasileiros, seguindo-se os espanhóis em número de 34 famílias. Até o ano de 1900, o número de colonos, era: brasileiros 330; espanhóis 145. Foram demarcados 208 lotes e concedidos 26 títulos gratuitos, até o ano de 1908.
Posteriormente foi feita a discriminação dos terrenos nas estradas conhecidas pelas denominações de: Ferreira Pena, Floriano Peixoto, Deodoro da Fonseca, Lauro Sodré; travessas: 15 de Novembro, Pais de Carvalho e 13 de Maio, num total de 96 lotes.
No dia 8 de setembro de 1900, embarcava para o Americano, com o propósito de emancipar a colônia Ferreira Pena, que estava apta a viver dos seus próprios recursos, o Dr. Pais de Carvalho, governador do Estado, em companhia dos Srs. Augusto Montenegro, Artur Lemos, Augusto Olímpio. Gomes do Carmo, Numa Pinto e João Luís de La Roque. Chegando à tardinha à vila do Americano, dali foram a cavalo para a sede da colônia, distante cerca de 6 quilômetros, juntando-se à comitiva mais as seguintes ....”
.... “Carlos de San Martinho, Frei Paulo Trescorre, Antônio Lobo, Costa Rodrigues, Duque Estrada e Joaquim de Morais Novas, assim como numerosos habitantes do Americano.
Na manhã seguinte, numa das salas da administração, presentes todos os colonos, foi celebrada missa por Frei Carlos acolitado por Frei Paulo.
Seguiu-se a solenidade da entrega dos títulos dos lotes agrícolas a 85 famílias, das quais 43 brasileiras e 42 espanholas, num total de 512 pessoas. A cultura da colônia era próspera. Havia grandes plantações de mandioca, feijão, cana-de-açúcar, algodão e arroz. Desenvolvida era também a plantação de hortaliças e de árvores frutíferas.
Existia na colônia uma escola mista, dirigida por dona Rita Linhares Menescal”.

Terceiro anexo. Também é cópia de um original sem registro de fonte. Eu fiz a cópia na copiadora xérox em 1994, mas não lembro a fonte e o livro, porque não anotei.
 “FERREIRA PENA
Núcleo criado a 9 de março de 1898, em virtude da proposta feita pelo dr. Henrique A. Santa Rosa, então diretor da Repartição de Obras Públicas, Terras e Colonização (Palma Muniz, ob. cit., pág. 86). Estava sediado na confluência da colônia de "ARARIPE", à margem esquerda da estrada de ferro de Bragança.
Possuía 4 engenhos de fabricação de cachaça e fornos para fabricação de farinha.
Os imigrantes que predominavam na colônia eram os brasileiros, seguindo-se os espanhóis em número de 34 famílias.
Até o ano de 1900, o número de colonos era este:
O número de lotes demarcados era de 208, sendo de 26 os títulos gratuitos concedidos até o ano de 1908. Posteriormente foi feita a discriminação dos terrenos nas estradas denominadas: Ferreira Pena, Floriano Peixoto, Deodoro da Fonseca, Lauro Sodré; 15 de Novembro, Paes de Carvalho e 13 de Maio, num total de No dia 8 de setembro de 1900, embarcava para o Americano, com o propósito de emancipar a colônia FERREIRA PENA, que estava apta a viver dos seus próprios recursos, o Dr. Paes de Carvalho, governador do Estado, em companhia dos srs. Augusto Montenegro, Artur Lemos, Augusto Olímpio, Gomes do Carmo, Numa Pinto e João Luís de La Roque. Chegando à tardinha à vila do Americano, dali foram a cavalo para a sede da colônia, distante cerca de 6 quilômetros, juntando-se à comitiva mais as seguintes pessoas: coronel João Moreira de Castro, capitão Manuel Honorato, Frei Carlos de San Martinho, Frei Paulo Trescorre, Antônio Lobo, Costa Rodrigues, Duque Estrada e Joaquim de Morais Novas, assim como numerosos habitantes do Americano.
NA MANHÃ SEGUINTE, NUMA DAS SALAS DA ADMINISTRAÇÃO, PRESENTES TODOS OS COLONOS, FOI CELEBRADA MISSA POR FREI CARLOS, ACOLITADO POR FREI PAULO.
Seguiu-se a solenidade da entrega dos títulos dos lotes agrícolas a 85 famílias, das quais 43 brasileiras e 42 espanholas, num total de 512 pessoas. A cultura da colônia era próspera. Havia grandes plantações de mandioca, milho, feijão, cana de açúcar, algodão e arroz. Desenvolvida era também a plantação de hortaliças e de árvores frutíferas.
Existia na colônia uma escola mista, dirigida por dona Rita Linhares Menescal.”
Nota: Os cavalos vieram de Belém, e ficaram em Americano esperando o governador chegar. Os cavalos não podiam entrar em Ferreira Pena antes do governador Paes de Carvalho. Eram os cavalos próprios para o governador e sua comitiva oficial, o meio de transporte que podia entrar na Colônia Ferreira Pena. O governador com sua comitiva saiu de Americano adentando o Caminho Ferreira Pena, atual Travessa Ferreira Pena, indo para a Colônia Ferreira Pena, para a celebração da missa e entrega das terras aos colonos. Frei Carlos estava na comitiva do governador.

Quarto anexo. Nesta escritura, eu cito o trabalho cientifico de Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920) – (Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. Belém. 2012). Acontece que, o dito Francisco Pereira Smith Júnior cometeu dois erros graves de informação na sua defesa científica, talvez não percebido pela mesa diretora, por falta, também de informação da parte deles. Eu preciso citar os dois erros de informação porque, alguém, pesquisando na internet sobre a Colônia Ferreira Pena, pode encontrar a dita desinformação, e entrar em atrito com as verdadeiras informações contidas aqui.
            Ele diz assim:
6.2 NÚCLEO COLONIAL DE FERREIRA PENA (Na Estrada de Ferro de Bragança).
A colônia de Ferreira Pena localizava-se às margens da estrada de ferro de Bragança. Foi criada como núcleo colonial de destino a colonos brasileiros e estrangeiros. Os espanhóis constituíam um contingente significativo dos europeus no núcleo. Havia também imigrantes nacionais vindos de outras regiões do país, que eram sua a maioria na colônia.” Até aqui está certo a informação.
Eis o erro de informação:
“SEGUNDO MUNIZ (1916), O NÚCLEO PASSOU A EXISTIR A PARTIR DE 09 DE MARÇO DE 1889, estando localizado próximo à nascente do rio Carapuru, e à esquerda da estrada de ferro de Bragança, possuindo 208 lotes de 25 hectares cada, de acordo com o recenseamento feito em outubro de 1900 o núcleo registrou 145 espanhóis já instalados, vivendo em comunidade. Estavam distribuídos em 34 famílias, sendo 82 pessoas do sexo masculino e 63 do sexo feminino, com um número equilibrado de adultos e menores de 12 anos. Segundo Penteado (1967, p. 147), "o núcleo foi emancipado em 1900, quando possuía 475 habitantes, brasileiros e espanhóis, distribuídos por 86 famílias".
Os dois erros:
- 1. Segundo João de Palma Muniz (1916), o núcleo da Colônia Ferreira pena passou a existir a partir de 09 de março de 1898, jamais em 1889.
- 2. “estando localizado próximo à nascente do rio Carapuru”, outro erro. Até o nome do rio está errado, é Caraparu e não Carapuru. O único rio que atravessa as terras de Ferreira pena é o Rio Tauá, e naquele lugar é um estreito córrego assoreado, sujo, como um esgoto. A verdade: o Rio Caraparu, no município Santa Isabel, fica do outro lado do município, numa outra região contrária às terras de Ferreira Pena, muito distante. Para quem vai de Belém para a Comunidade Ferreira Pena, no sentido Belém – Santa Isabel- Castanhal, o Rio Caraparu fica numa região à direita, rumo ao Rio Guamá, muito a dentro do interior do município de Santa Isabel, e a Comunidade Ferreira Pena situa-se mais adiante, no lado direito, por traz do Presídio Americano.
As demais informações ditas por Francisco Pereira Smith Júnior estão corretas:
“Com uma população crescente, o administrador local passava a dar conta a seus superiores dos problemas decorrentes da colônia. Passaram a se tornar comuns os envios de oficio solicitando à Direção da Repartição de Obras Públicas e Colonização do Pará rações (alimentação), assistência médica e redes para os imigrantes. O crescimento da população pareceu ser em determinados momentos um transtorno para a administração do núcleo, já que, depois da chegada dos colonos era comum não se ter como alimentar tanta gente e nem onde agasalhar tantas famílias de imigrantes que, muitas vezes eram numerosas. Mas isso representou também o resultado esperado de uma política imigratória eficiente, pois havia interesse do governo paraense em povoar essa região. A política imigratória tinha interesse de assegurar que o colono ficasse na terra, e para isso, o papel do administrador seria fundamental para manter a ordem interna do núcleo e dar as condições necessárias para a manutenção desses indivíduos na colônia.
No ano de 1899 foram enviados dois ofícios com pedidos de redes à Repartição de Obras Públicas e Colonização, o primeiro datado de 30 de maio e o segundo de 28 de outubro. A primeira solicitação era de 33 redes e 8 cobertores para hospedar 41 pessoas e o segundo solicitava 221 redes para, agasalhar 221 pessoas, sendo ao todo 61 famílias.
A administração local de Ferreira Pena procurava atender às necessidades imediatas dos imigrantes. O cotidiano da colônia se ajustava à dinâmica populacional do núcleo, havia cada vez mais a chegada de imigrantes.
Houve situações agravantes devido à falta de alimentação, levando o administrador de Ferreira Pena a enviar em 17 de junho de 1900 um oficio no qual solicitava com urgência o envio de gêneros básicos como batata, açúcar e feijão, visto que até aquela data ainda não haviam chegado os mantimentos, em virtude de uma ausência de pagamento ao fornecedor. Havia atraso desde o mês de abril, comprometendo a compra de alimentos por falta de dinheiro para adquiri-los, sendo que os produtos eram de extrema necessidade para manter a colônia. Segundo Cruz (1955), até 1900 havia a seguinte população em Ferreira Pena:
Tabela 22 - População existente no núcleo de Ferreira Pena (1900).
Os imigrantes espanhóis se instalavam no núcleo de Ferreira Pena com o objetivo de encontrar trabalho, e ter terras para plantar. Segundo Cruz (1955), essa expectativa favoreceu uma rápida plantação de cana de açúcar, milho, feijão, algodão, arroz e mandioca, tornando-os donos de engenhos e proprietários de casas de farinhadas, também conhecidas como "barracas de forno". Devido à prática com a agricultura mista, os imigrantes espanhóis, obtiveram sucesso em suas plantações, e rapidamente passavam a fazer parte da produção do estado. Também se tornaram grandes fornecedores de cachaça e farinha de mandioca para a região. Para Cruz (1955), esse destaque aconteceu pela destreza e prática com uma técnica variada que facilitava cultivar vários produtos, alguns logo se tornaram produtores de hortaliças e de diferentes tipos de plantações, como de árvores frutíferas de grande porte”. Fonte: Francisco Pereira Smith Júnior - Imigração Espanhola na Amazônia: As Colônias Agrícolas e o Desenvolvimento Socioeconômico do Nordeste Paraense (1890-1920).


A Missa de instalação dos colonos espanhóis na Colônia Ferreira Pena

Embora com a proclamação da República e a instalação do Estado Laico no Brasil, a Igreja ainda estava muito presente e influente na sociedade. Missas eram celebradas na instalação dos imigrantes como colonos nas colônias agrícolas e na posse da terra. Os frades capuchinhos, na Colônia do Prata, eram solicitados a atender alguns fiéis ao longo da Estrada do Ferro. O frade citado nos anexos acima, como presidente da missa da instalação dos colonos nas terras da Colônia Ferreira Pena, é o capuchinho Frei Carlos de San Martino Olearo, o fundador da missão capuchinha no Norte do Brasil (Maranhão, Pará e Amapá).

Frei Carlos (Francisco Roveda)

“Frei Carlos (Francisco Roveda) é natural de San Martino Olearo/Itália. É o fundador da Missão Lombarda no “Norte do Brasil”. Chegou ao Brasil em 1892 e em São Luís no ano de 1894, pondo-se à disposição do bispo Dom Antônio Cândido Alvarenga. Os Superiores pouco depois constituíram com o Decreto a Missão do Maranhão e o nomearam Superior Regular. Foi reeleito Superior Regular em 1900. Mas, depois da tragédia de Alto Alegre (1901), atingido no corpo e na mente à vista horrenda dos cadáveres, retirou-se para Belém, levando uma vida de esquecimento de si e sofrimento cotidiano. Acolheu com fé os desenhos de Deus. Tornou-se confessor, homem dos pequenos gestos, da regular observância de sua santa morte. Está sepultado na igreja conventual de Belém. Faleceu aos 79 anos de idade.” Fonte: https://www.capuchinhos.org.br/pessoas/frei-carlos-de-san-martino-olearo-ofmcap
Segundo a artigo abaixo, Frei Carlos já estava em missão no Pará desde 1898, eis porque celebrou a missa na Colônia Ferreira Pena.
“Frei Carlos, superior da missão no ano de 1895 assume a Paróquia de Barra do Corda, com o intuito de evangelizar os índios Guajajaras e Canelas. No ano seguinte, 1896, animado e impelido por um grande impulso missionário de Alto Alegre, no interior da Paróquia de Barra do Corda, e, dois anos depois abre outra residência missionária no estado do Pará, a Colônia do Prata. Estas casas estão destinadas unicamente para a evangelização dos índios. Em ambas as casas são inaugurados Educandários, em regime interno, para poder oferecer uma mais aprimorada formação civil e religiosa aos filhos dos índios.” Fonte: https://www.capuchinhosrs.org.br/promapa/institucional/historia
Na missa da instalação dos colonos espanhóis, conforme a fonte, Frei Carlos ele foi acolitado por Frei Paulo de Trescorre, OFMCap, ou só “Frei Paulo”, que está em processo de canonização.


Frei Paulo (Fedele Mazzola)

“Frei Paulo (Fedele Mazzola) natural de Trescorre Balneario/Bérgamo/Itália, veio ao Brasil em 1892 com a primeira turma de frades missionários da Lombardia recebidos em Pernambuco. Por solicitação de Frei Carlos de São Martinho Olearo, do qual era fiel colaborador, deixou o Pernambuco e chegou no Maranhão em 1894.Foi sacristão zeloso na igreja do Coração de Jesus em Fortaleza e no santuário de Canindé (Ceará). Trabalhou muito com Frei João Pedro de Sexto na função de mestre-de-obras na construção da igreja e do convento de Belém. A ele se deve também a torre da igreja de Rosário no Maranhão. Faleceu aos 76 anos de idade. Seus despojos estão tumulados no jazigo da igreja de São Francisco em Belém.” Fonte: https://www.capuchinhos.org.br/pessoas/frei-paulo-de-trescorre-ofmcap
Onde foi a primeira missa celebrada em Ferreira Pena?
Para quem não conhece história da Estrada de Ferro e da Colônia Ferreira Pena, o exato lugar geográfico de dita estrada e colônia, e distância entre os dois lugares poderá fazer confusão por falta de informação. Não confundir o lugar da atual rodovia BR 316 que atravessa o município Santa Isabel com o lugar da antiga Estrada de Ferro no mesmo município, são dois lugares diferentes. Para quem vai de Belém para Castanhal, na rodovia BR 316, a antiga Estada de Ferro está no rumo de sua direita, no território a dentro. Pela informação oral, da antiga Estrada de Ferro à entrada da Travessa Ferreira Pena, ao lado do Presídio Americano, mede a cerca de três quilômetros. Da mesma entrada para a Comunidade Ferreira Pena, mede três e meio quilômetros, digo, até o lugar Quatro Bocas na Comunidade Ferreira Pena, que é a encruzilhada das duas ruas cruzadas na frente da Igreja Santa Luzia.
A rodovia BR 316 não existia quando a Colônia Ferreira Pena foi fundada e quando a Família Rascón Martínez morava ali. O capuchinho Frei Carlos andou seis quilômetros de cavalo, da Estrada de Ferro para a Colônia Ferreira Pena, a fim de presidir a missa da instalação dos colonos, com a destruição das terras e seus documentos aos posseiros das terras. Isto indica que, Frei Carlos atravessou a linha que hoje é a atual rodovia BR 316, seguindo rumo à dita colônia.
A contagem dos ditos seis quilômetros andados por ele, possivelmente foi contada pela mente dos homens daquele tempo, e pode ter sido calculado falsamente, somente por base de distância. Depois da linha da atual rodovia BR 316, ele pode ter andado a caminho adentro três quilômetros e meio, ou seja, meio quilômetros a mais, celebrando a missa no largo da atual Igreja Santa Luzia, no lugar Quatro Bocas, onde na atualidade há uma pequena praça, e no lado desta uma escola.
A linha da atual rodovia BR 316 existia como um caminho que foi se alargando, virando estrada de chão mais larga, e cada vez mais foi se alargando até nele se construída a rodovia BR 316.
A Travessa Ferreira Pena é na verdade uma longa estrada que devia levar o nome de Trans Ferreira Pena porque atravessa três municípios. Em alguns percursos no município Santa Isabel, a mesma travessa recebe nomes diferentes e logo adiante já recomeça como Travessa Ferreira Pena.
O Presídio de Americano foi construído na BR 316 KM 45, no município Santa Isabel. Ao lado esquerdo no completo do dito presídio, a Travessa Ferreira Pena continua seguindo rumo à Comunidade Ferreira Pena. Da entrada da dita travessa, ao lado do presídio, até à estrada que vai para o Cemitério São Pedro, em Ferreira Pena, mede seis quilômetros. Dobrando à esquerda, à trezentos metros está o dito cemitério. Então, da BR 316 ao cemitério mede seis quilômetro e trezentos metros. Não confundir: 1- a quilometragem da antiga Estrada de Ferro para a Comunidade Ferreira Pena; 2- a quilometragem da BR 316 para a Comunidade Ferreira Pena, que são três quilômetros e meio; 3- e a quilometragem da BR 316 para o Cemitério São Pedro, mais adiante da Comunidade Ferreira Pena, que são seis quilômetros e trezentos metros. A Comunidade Ferreira Pena está no meio entre a BR 316 e o Cemitério São Pedro.
Não confundir os lugares das colônias de Americano, Araripe e Ferreira Pena do antigamente com a realidade nos ditos lugares na atualidade, pois a civilização atual, o avanço de indústrias, do comércio e da população já modificaram o passado.
Na parte da Travessa Ferreira Pena, entre a rodovia 316 e à estrada que vai para o Cemitério São Pedro, existem agora três povoados, que mais tarde podem não ser a mesma realidade. O primeiro povoado chama-se São Luís, onde havia o engenho de açúcar. O segundo povoado se chama Ferreira Pena. O terceiro povoado se chama Manoel Sebastião.
Antes da colonização, naquelas terras moravam indígenas.
No princípio da Colônia Ferreira Pena, havia o “Caminho Ferreira Pena”, ladeado de mato. O caminho era estreito, e os cavalos passavam enfileirados, um atrás do outro, carregando cargas e pessoas. Não havia estrada de chão, tudo era caminho no meio do mato. Os colonos andavam os caminhos estreitos, para trabalhar, buscar água no Rio Tauá e no igarapé, tomar banho, lavar vasilhas e roupas nos ditos regos. Havia barris de madeira enchidos de água nos referidos córregos. Os barris eram rolados pelo caminho levando água para as casas. Pessoas carregavam águas em recipientes na cabeça. Cavalos eram usados para carregar água, cargas e pessoas. Não havia poço.  Os moradores foram abrindo caminho mais largo. Cada vez mais havia necessidade de alargar o caminho para o bem da a comunidade, até que se tornou uma estrada de chão.
No lado direito do terreno da família de Marciana Valderrabanos Garcia há um igarapé, que antes era mais fundo, largo e com água límpida, potável para beber. Os colonos usavam a água daquele igarapé para beber. Havia peixes e os homens pescavam. Na atualidade, canalizaram com tubos parte do igarapé, este ficou assoreado, sujo e impróprio para consumo e banho.
O Rio Tauá, atravessando a Colônia Ferreira Pena era de grande beleza natural, fundo e mais largo. Havia uma ponte de madeira, com sustentação em madeira grossa, atravessando sobre o rio. Da ponte via-se o caminho do rio à distância. A beleza era tanta que tempo depois o rio se tornou o “cartão postal” de Ferreira Pena. Em tempo de inverno chuvoso na Amazônia, as águas do rio ficavam avermelhadas e com algumas espumas sobre as aguas levadas pela correnteza.


Sérgio não estudou na Colônia Ferreira Pena, foi morar em Belém na casa do seu primo Modesto, para estudar.
Com quantos anos Sérgio Rascón Martínez saiu da Colônia Ferreira Pena para morar em Belém?
Considerando:
Todos os membros da Família Rascón Martínez, pais e filhos, eram alfabetizados. Na Espanha, os membros da família estudaram com professores da Igreja, em recintos paróquias, onde também estudaram a catequese para a Primeira Eucaristia e Crisma. José Rascón Temprano estudou com os sacerdotes paróquias que passaram pela paróquia de Torres del Carrizal.
Sérgio nasceu em 1887 e em 1889 estava com dois anos de idade, morando em Belém, na primeira imigração da Família Rascón Martínez. Ele ainda mamava quando veio para o Brasil, ou seja, foi desmamado de maneira tardia. A família logo voltou para a Espanha. Sérgio, na infância, estudou na Espanha.
Em 1898, ocorreu a guerra em Espanha e Estados Unidos da América, a chamada Guerra Hispano-Americana. Sérgio tinha 10 anos de idade quando a guerra explodiu, completando 11 anos em outubro daquele ano.
“Em 23 de abril, a Espanha declarou guerra aos Estados Unidos. A Marinha dos EUA tinha cerca de 28 mil homens e iniciou uma campanha para recrutar outros 50 mil, e cerca de 220 mil voluntários responderam ao chamado (incluindo civis e membros de unidades estaduais da Guarda Nacional). Em 25 de abril, o Congresso dos EUA declarou que o país estava em guerra contra a Espanha desde 21 de abril.”
O norte da Espanha faz divisa com a França. José Rascón Temprano, era pacífico, justo, humilde de coração, providente e protetor da família. Ele queria proteger sua família da guerra, e não queria ser convocado para a guerra. Com receio de ser convocado, e de abandonar a família para lutar na guerra, fugiu com a família para a França, em busca de trabalho e refúgio, voltando à Espanha somente depois da guerra, possivelmente em janeiro de 1899. Em março de 1899 imigrou pela segunda vez para o Brasil.
A guerra terminou com o Tratado de Paris. “O Tratado de Paris, assinado em 10 de dezembro de 1898, pôs fim à Guerra Hispano-Americana e através dele a Espanha abandonou as suas exigências a Cuba, Porto Rico, Filipinas e Guam. Cuba declarou a sua independência em 1902, mas permaneceu sob a influência americana dominante através da Emenda Platt e de outros tratados até à revolução comunista liderada por Fidel Castro em 1959. As Filipinas foram oficialmente entregues aos Estados Unidos por vinte milhões de dólares e permaneceram sob a autoridade direta dos EUA. Como território até o estabelecimento da Comunidade das Filipinas em 1935, que terminou com a independência das ilhas com o Tratado de Manila em 1946. Porto Rico tornou-se um território dos EUA, conseguindo o estabelecimento de um governo civil eleito e cidadania com o Jones – Lei Shafroth em 1917. Porto Rico manteve seu status político como um território não incorporado dos EUA com o estabelecimento da comunidade em 1950. Assim como Porto Rico, Guam tornou-se um território não incorporado dos EUA em 1950.
Embora durante as negociações a Espanha tenha tentado incluir numerosas alterações, finalmente não teve escolha senão aceitar todas e cada uma das imposições americanas, uma vez que tinha perdido a guerra e estava ciente de que o poder armamentista americano superior poderia pôr em perigo outras possessões espanholas na Europa e África.
O tratado foi assinado sem a presença dos representantes dos territórios invadidos pelos Estados Unidos, o que causou grande descontentamento entre a população dessas novas colônias, principalmente no caso das Filipinas, que acabaria enfrentando os Estados Unidos na disputa filipina. Guerra. - EUA .” Fonte: Wikipédia.
No Brasil, na segunda imigração, a Família Rascón Martínez foi morar na Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará Brasil. Sérgio estava com 11 anos de idade.
Um livreto escrito em espanhol, de 56 páginas, que todos os imigrantes recebiam do governo e tinham que ler antes de imigrar para o Brasil. O dito parece ser do ano de 1900. Nas páginas 32 e 33, na parte referente à Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, para onde a Família Rascón Martínez foi levada e instalada como colonos, diz assim:
“Colônia Ferreira Penna
A respeito deste núcleo, a Folha do Norte de 24 de abril, chegada pela última correspondência, diz:
Conforme informamos, ontem às nove da manhã o Sr. Dr. Paes de Carvalho retornou de sua visita à Colônia Ferreira Penna.
Acompanhado da delegação que vinha de Belém e do diretor da colônia, Capitão Alencastro, do engenheiro Lobo, do médico da colônia, Cintra, e do Sr. Juan Costa, que aguardavam a chegada do trem na estação Americano, Seu Excelência percorreu cuidadosamente todas as dependências da colônia, interessando-se pessoalmente pela vida dos colonos e examinando o progresso da agricultura. Com apenas um ano de vida, mas disponível
Vindo de uma terra fértil e forte como poucas neste Estado, o bairro Ferreira Penna, que conta com 95 famílias ocupando outros tantos lotes, apresenta um grau de desenvolvimento muito apreciável.
Quase tudo lá é rudimentar, mas realmente prometem as novidades que emergem do primeiro exame.
O milho, o arroz, a cana e a mandioca são as primeiras culturas aí exploradas, e o café, o cacau, as árvores de fruto, as leguminosas, etc. da Libéria também foram experimentados com grande benefício.
Na colônia vimos pés de milho de dois metros de altura, como só se vê nos melhores climas europeus, e arroz de primeira classe cultivado em terras secas.
Os canaviais têm um aspecto magnífico e as plantações de mandioca são muito extensas.
A colônia possui uma área de 42 quilômetros quadrados, todas ou quase todas de melhores terrenos, com leves eminências aqui e ali, contendo terrenos acidentados tão favoráveis ​​a certas culturas.
Nos fundos do bairro existe um engenho de açúcar de propriedade do Sr. Luís Moreira, onde a cana da região é facilmente aproveitada. Existem duas escolas primárias para meninos e meninas no bairro, com 50 alunos na primeira e 30 na segunda. Em ambos os casos, foi agradável a impressão recebida pelo Governador do Estado, que procedeu à vacinação de todos os alunos, com especial carinho.
A vacina também foi administrada aos filhos de todos os assentados por H. E., sendo cerca de 200 pessoas vacinadas.
Os colonos são em sua maioria espanhóis, e o restante são nacionais, quase todos cearenses. Entre os espanhóis predominam os castelhanos e os galegos.
A pedido do diretor da colônia, o Governador estendeu a meia ração por mais dois meses para 25 famílias que não tinham mais direito a ela. Foi concedido por equidade justa.
O senhor Dr. Paes de Carvalho retirou-se da colônia muito satisfeito com o rápido crescimento que ela teve, graças aos esforços de seu diretor, capitão Alencastro.”
Fonte:
ou
O documento em anexo acima revela o verdadeiro tamanho da Colônia Ferreira Pena, em toda a sua primitiva extensão territorial: "A colônia possui uma área de 42 quilômetros quadrados, todas ou quase todas de melhores terrenos, com leves eminências aqui e ali, contendo terrenos acidentados tão favoráveis a certas culturas."
Sérgio Rascón Martínez estudou em escola na Colônia Ferreira Pena?
Pelas poucas informações obtidas, na Colônia Ferreira Pena, havia somente escola primária até à terceira série, ou seja, os três anos iniciais escolares. Com 11 anos de idade, Sérgio já devia estar em classe escolar superior aos estudos demais primários. A resposta mais correta é: possivelmente ele não estudou em Ferreira Pena.
Observar que já existia a escola oficiosa inaugurada pelo governador do Grão-Pará, José Paes de Carvalho: "Existem duas escolas primárias para meninos e meninas no bairro, com 50 alunos na primeira e 30 na segunda. Em ambos os casos, foi agradável a impressão recebida pelo Governador do Estado, que procedeu à vacinação de todos os alunos, com especial carinho."
Em Ferreira Pena há um documento, que conta, em resumo, a história da escola no local, que diz no seu primeiro parágrafo:
“ESCOLA DE FERREIRA PENA
Em 1904, Dr. João Paes de Carvalho, então Governador do Estado, inaugurava a ESCOLA ELELENTAR DE FERREIRA PENA, designando para dirigi-la a Prof. Rita Linhares Menescal, auxiliada pela, sua filha tratada na intimidade como ANAZINHA. A ESCOLA ESTADUAL E MUNICIPAL de Ferreira Pena, estava localizada na Colônia do mesmo nome, em terreno doado pelos herdeiros do Sr. Antônio Fossidonio do Nascimento, à Tv:13 de maio com a Estrada (Largo da Padroeira). Apesar de ter sido implantada no início do século, sempre funcionou em casas particulares e na Capela de Santa Luzia.”
Obs.: A devoção e Capela de Santa Luzia em Ferreira Pena, só existem a partir de 1930, a escola funcionou dentro da capela. Em 2024 já era a terceira capela construída no mesmo lugar.
Quando eu li este texto, logo avisei que havia algumas informações erradas nele, de maneira grave:
- O nome do governador é José Paes de Carvalho, e não João Paes de Carvalho, é José e não João.
- José Paes de Carvalho governou o Pará até 1899 (1897 - 1899), último ano de seu governo. Em 1904, o governador era Augusto Montenegro (1 de fevereiro de 1901 a 1 de fevereiro de 1909). Quem fundou escola na Colônia Ferreira Pena, em 1899, foi José Paes de Carvalho, e não Augusto Montenegro.
Segundo as informações passadas pelo próprio Sérgio ao seu filho Nereu Rascon de Freitas, e para ele continuar os estudos, foi morar em Belém, na casa do seu primo Modesto, o alfaiate renomado, que tinha uma alfaiaria na Travessa João Alfredo com a Santo Antônio. Papai Nereu me pediu para eu ir a este endereço a saber que ainda havia por ali alguma pessoa por nome Martínez e Rascón. Sérgio morou na casa do ex-governador José Paes de Carvalho, onde também foi copeiro. Possivelmente o ofício como copeiro na casa do ex-governador foi o seu primeiro trabalho, e o primeiro passo para a sua independência financeira. Também morou na casa de uma senhora francesa rica que chamavam só de “Madame”. Trabalhou como empregado num hotel francês, possivelmente da família da “Madame”. Trabalhou em cassino, no Teatro da Paz e no armazém Solheiro & Companhia. Seu último trabalho em Belém foi na extinta loja armazém “Solheiro & Companhia” com o empresário do armazém. Foi neste armazém que ele se tornou um comerciante “regatão”. Era uma loja do grupo da “Casa Comercial Solheiro & Companhia”, da cidade de Melgaço, Pará, da família do Hermenegildo José Solheiro.
Seu pai morreu quando ele tinha cerca de 18 anos de idade, mas não se pode confirmar, pois não há prova. Há uma informação que ele fez faculdade de direito, mas abondou o estudo por motivo de trabalho.
Como regatão, viajou pelo o Rio Tocantins, onde chegou à cidade de Mocajuba.

A possível casa do Modesto, primo do Sérgio Rascón Martínez, no comércio de Belém. A residência ficava no segundo andar.

     

  


“As casas de barro” de Ferreira Pena

As casas eram construídas de taipa e cobertas com “cavacos”. A taipa é um material vernacular à base de argila (barro) e cascalho empregue com o objetivo de erguer uma parede.
A taipa é um material vernacular à base de argila (barro) e cascalho empregue com o objetivo de erguer uma parede. “Taipa é um método construtivo vernacular que consiste no uso do barro e da madeira para criar moradias. Existem dois tipos de taipa: a taipa de mão e a taipa de pilão. As casas de taipa fazem parte da história brasileira e ainda são construídas em diversas regiões do Brasil, principalmente no Norte e Nordeste. A técnica também é usada na bioconstrução e é um exemplo de moradia sustentável. Além do aspecto rústico, a taipa também pode ter uma estética moderna e sofisticada. Quer saber mais sobre o assunto? No post de hoje, vamos explicar com detalhes o que é taipa e dar 6 exemplos de obras incríveis.” Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/taipa/
“A Taipa é uma técnica antiga, empregada desde os tempos remotos do Oriente, tendo suas origens herdadas dos romanos. Sua utilização na África data de muito antes da colonização europeia. Pau a pique, também conhecido como taipa de mão, taipa de sopapo e taipa de sebe, é uma técnica construtiva antiga e vernacular (artesanal com uso de materiais locais) que consiste no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transforma-se em parede. A taipa é um material vernacular, usado na construção civil, à base de argila (barro) e cascalho empregado com o objetivo de erguer uma parede.” Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/taipa/
A maioria dos nordestinos que imigraram para a Colônia Ferreira Pena, fugindo da seca, fome e falta de trabalho, eram naturais dos estados dos Ceará e do Rio Grande do Norte, trazendo para a colônia a técnica da construção da “casa de barro”, que é a casa de taipa.
Os cavacos.
O cavaco era um tipo de telha feita de madeira de Acapu, ou jarana. Acapu é uma madeira de lei, dura e durável, e de difícil trabalho artesanal. A madeira Acapu era “lapidada” à mão, de maneira muito tradicional, rude e artesanal, levando tempo demorado para confeccionar muitos “cavacos”. Um pequeno prego era afixado no cavaco para alinhá-los enfileirados nas tiras de madeira onde eram assentados sobrepostos, com técnica própria evitando o vazamento de água da chuva para dentro da casa. Os estrangeiros que não sabiam construir casa de taipa´, foram ajudados por nordestinos, que lhes ensinaram a técnica da construção.
O solo de Ferreira Pena era tico em barro. O barro para a construção da casa de taipa era retirado do próprio terreno. Cavava-se o “barreiro”, fofava o barro, acrescentava água, pisava o barro deixando-o na consistência própria para o uso, e com a mão separava-se a pequena porção para encher a parede preparada para receber o barro. O “enchameio” eram as estacas ou hastes erguidos para receber o barro dando formação à parede de taipa. Este processo era chamado de “encher a parede”. A parte de dentro podia ser com barro mais rústico, mas o acabamento era feiro com barro mais refinado. Tudo o processo terminava com o “alisar a parede” com o uso das mãos e dos dedos, sem a desempenadeira usada por pedreiro.


     Embora a modernidade e a construção de casas de alvenaria, na Comunidade Ferreira Pena ainda existe casa de taipa, entretanto, coberta de brasilit. Foto: Evandro Oliveira, 2023.



Rabisco de Evandro Oliveira mostrando a mim como era feita a casa de taipá em Ferreira Pena.



Casa coberta com cavaco. Foto: internet.

Uma antiga casa de pedra em Tábara, Espanha.

     Na Província de Zamora, Espanha, as casas e igrejas da cidade e do interior eram construídas de pedras. Na Espanha, a Família Rascón Martínez dormia em cama. José Rascón com a família sempre moraram em casas de pedra na Espanha. Na Colônia Ferreira Pena moraram em casa de taipa coberta com cavaco e dormiam em redes doadas pelo governo. A adaptação de dormir em rede era difícil.

Ferreira Pena era uma terra de muitos sabiás e macacos. Os macaquinhos comiam os sabiás, os filhotes e os ovos dos sabiás nos ninhos. Os macacos guariba (Bugio, macaco-uivador, guariba, barbado ou aluata (Alouatta), um gênero de macaco do Novo Mundo da família Atelidae, subfamília Alouattinae) ainda permaneceram nas matas até meados do século XX. Com o desmatamento contínuo foram se afastando e outros caçados até desaparecerem por completo.



     A dracema vermelha, considerada um tipo de croto na região, era usada como sabão para lavar roupas. Na lavagem de roupas, as folhas de dracema era esfregadas junto com as roupas servindo de sabão.


Naquela região o antigo serrote “traçador” ou “Serra dois lados” era chamado de “roladeira. Um homem ficava numa ponte e outra na outra ponta. Os dois serravam o tronco de uma árvore e, depois, numa base, serravam o mesmo tronco extraindo pernamancas, flexais, ripas, tábuas, etc. Em muitos lugares do mundo, era preciso depositar o tronco da árvore derribada num tipo de cavalete para serrar o dito. Em Ferreira Pena era feira uma base elevada chamada “estaleiro” em vez do cavalete. A tronco derribado era rolado para cima, colocado uma base no dito a fim de não rolar de volta para baixo. O tronco era rolado mais para cima, outra vez colocava debaixo da tora, e assim o tronco chegava ao cume do “estaleiro” a fim de começar o processo de serração. Um trabalhador ficava embaixo e outro em cima, os dois movia o “traçador” puxando-a para cima e para baixo. O trabalho que ficava embaixo recebia toda as serragens miúdas sobre si.

“serrotão” era um grande serrote utilizado para o serviço em madeira em trabalho mais brando ao serrote “traçador” roladeira.

Ferramenta - Raro antigo serrote aqui "traçador" de ferro e madeira. Brasil. Séc. XIX. Marcas do tempo. Med. 230 x 25 x 40 cm. Nota: Este modelo de traçador foi utilizado pelos escravos para cortar, em dupla, toras. Imagem ilustrativa em fotos extras.


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