PARTE 9
A geração perdida da família Rascón Martínez
Sérgio se perdeu de sua família original e a geração perdida da Família Rascón Martínez
De São Paulo, sua mãe Tomasa Martínez Ferrero e sua irmã Josefa, escrevia cartas para Sérgio. Nas cartas, Tomasa insistia para o filho ir para junto da família em São Paulo, pois o Pará (naquele tempo) não era uma terra boa para se viver. Ela o queria perto dela. Como também, Tomasa Martínez Ferrero tinha planos de voltar para a Espanha com toda a família, e queria levar Sérgio com ela. De São Paulo ela planejava voltar para a Espanha. Sérgio não dava atenção ao apelo da mãe, pois não queria ser colono em fazenda de café, em plantio de agricultura e trabalhador em fábricas. Muitas cartas não foram respondidas por Sérgio. Há uma informação de Sofia, que diz ter lido numa das cartas: em São Paulo, Josefa casou com um grande industrialista. Da parte de Josefa, ela escreveu apenas cinco cartas ao seu irmão Sérgio. Há uma versão, não confiável que a família, de São Paulo, voltou para a Espanha, mas logo voltou outra vez para São Paulo. Então ocorreu a morte de Tomasa Martínez Ferrero, falecida e sepultada em São Paulo, depois de dois anos que saiu do Pará. De São Paulo, Josefa escreveu uma “Carta de Luto”, avisando sobre a morte da mãe Tomasa Martínez Ferrero, relatando sua morte e sepultamento. O papel da carta era todo bordado nas margens com a fita preta de luto.
Tempo depois, de São Paulo, Josefa escreveu a última
carta ao seu irmão Sérgio no Pará, avisando que a Família Rascón Martínez
estava partindo de mudança, como imigrantes, para a Argentina, ao sul do
Brasil. Desde aquela carta de despedida, Josefa nunca mais escreveu ao seu
irmão Sérgio. Desde então, não se sabe o paradeiro de todos os membros da
Família Rascón Martínez imigrados da Espanha para o Brasil. Nada sabemos sobre
o destino da mesma família na Argentina e sobre sua descendência. Não sabemos
se fato, de São Paulo, toda a família voltou para a Espanha, quantos ficaram na
Espanha e quantos voltaram para o Brasil, ou se todo mundo foi e todo mundo
voltou. Não sabemos se de fato, todos foram para a Argentina ou se alguns deles
permaneceu em São Paulo. Sérgio se
perdeu de sua família original e esta é a geração perdida da Família Rascón
Martínez. Na verdade, Sérgio foi o culpado desta perda, por falta de
interesse de comunicação com a família.
Quando a velhice chegou e a
enfermidade final abateu, Sérgio caiu na solidão, e quis saber do paradeiro de
sua família, e voltar a ter contato com seus familiares. Ele mandou sua filha
Sofia ao consulado espanhol em Belém, a procurar pela família desaparecida, a
saber alguma informação do paradeiro deles. Sofia foi várias vezes ao consulado
espanhol, mas era tratada com muita indelicadeza e arrogância. Na verdade, ela
não tinha documentação e tinha pouca informação a dar ao consulado. Sofia
desistiu de ir ao consulado.
Eu
também fui ao consulado espanhol em Belém, em 1994, levando comigo a certidão
original de Sérgio Rascón Martínez, mas o Cônsul José Fernandes, de modo
arrogante e impaciente, disse não ser trabalho do consulado pesquisar e entrar
em contato com familiares na Espanha, mas o trabalho do consulado é tratar de
documentos dos viajantes, imigrantes e emigrantes entre o Brasil e Espanha. O
cônsul disse ainda que, se eu quisesse realizar meu plano, teria que ir à
Espanha, tomar autorização, de um juiz para entrar nos antigos arquivos e
encontrar os familiares. A autorização do juiz seria
desnecessária.
Quando Sérgio
diz: “Hoje vivo de cacaueiros e
seringueiras”, parece estar nos seus últimos anos de vida. O manuscrito não
tem data. Naquele tempo a borracha das seringueiras, o látex, ainda tinha muito
valor e gerava muito dinheiro. O cacau também gerava muito dinheiro. Haviam
trabalhadores nas propriedades de Sérgio que extraiam o leite das seringueiras.
Sérgio nunca trabalhou na colheita de cacau, na produção de sementes de cacau e
na extração de borracha das seringueiras. Pessoas simples trabalhavam para ele.
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