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Neste blog, além de conter a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, há também o Brasão da Família Rascón Martinez e o Brasão das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, a Cronologia Familiar, a exposição das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez, fotografias dos patrimônios da família, lugares por onde a família construiu história e fontes documentais, como banco de dados para fim de pesquisa aos familiares. No Blog: Primeiro a apresentação da Cronologia Familiar, depois a apresentação da Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, Brasil, onde a Família Rascón Martinez se instalou. A seguir, a apresentação das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez. E por fim a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, dividida em partes facilitando a leitura. A História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso começa na Parte 1. Para quem verá o blog pelo telemóvel (celular) tudo aparecerá limitado. Então rolar para baixo e ver no rodapé do blog o botão “Ver versão para web”. Clicar no botão e então aparecer no lado todas as abas com as partes. Também no mesmo rodapé aparecerá o botão “Página inicial”, com uma seta à direita e outra à esquerda, clicar nas setas e as partes aparecerão cada vez que a sete é acionada.

segunda-feira, janeiro 01, 2024

Parte 43 De 1971 a 1977 A família do Nereu do Tauaré a Mocajuba e a morte de Maria Marta.


PARTE 43

De 1971 a 1977

A família do Nereu do Tauaré a Mocajuba e a morte de Maria Marta

 

Nereu comprou um terreno na cidade Mocajuba, para construir uma casa.

         Em 23 de janeiro de 1971, Nereu comprou o terreno na cidade Mocajuba, na Travessa João Ribeiro, com a finalidade de construir uma casa, e instalar nela a família. Devido aos estudos dos filhos, Nereu queria transferir a moradia da esposa e dos filhos para a cidade.

Recibo
(Cr$ 300,00)
Recebi do senhor Nereu Rascon de Freitas, brasileiro, casado, lavrador, residente, e domiciliado neste Município, a quantia de trezentos cruzeiros (Cr$ 300,00), proveniente da venda que fiz ao mesmo senhor de uma benfeitoria situada a travessa da Pedreira, em terreno do patrimônio, onde está sendo requerido pelo Peticionário, cujo terreno mede-se oito metros de frente por trinta ditos de fundos.
Mocajuba, 23 de janeiro de 1971
João do Carmo.

Argemiro é primo de primeiro grau do Gregório de Brito. Argemiro, esposo de Maria Neres, são os pais de Rosária, Paula e Luísa. A Luísa era esposa do Paulo do Carmo.
O Sr. João do Carmo, conhecido como Vadico, foi o vendedor do terreno. Sua esposa era a Sra. Ericina, filha da Sra. Rosária, logo parente do Gregório de Brito. Não há confirmação se João do Carmo e Paulo do Carmo eram parentes da mesma família. João do Carmo e família se mudou para a cidade de Tucuruí depois da venda do terreno a Nereu.
Segundo a Sra. Domingas, esposa do Sr. Adamor (Luzinar), e a Nilva, filha do Nereu, no terreno comprado por Nereu havia uma casa com piso no chão. Nereu destruiu a casa para construir uma nova casa maior, de madeira, com assoalho elevado. Na sala havia duas janelas para a rua, uma janela na lateral esquerda e a porta de entrada na direita. O refeitório era a parte maior da casa. A cozinha ficava atrás do refeitório. No terreno, Nereu plantou árvores frutíferas.


A casa de madeira construída por Nereu já em estado crítico de ruína, em 1996, demolida pelo Nei para a construção de uma nova de alvenaria, que também foi destruída para a construção de uma quarta casa. Na fotografia, Nereu na frente da casa em ruína.
No passado, a atual Travessa João Ribeiro em Mocajuba, nascia o porto da Pedreira e terminava na atual Rua 15 de Novembro, na casa de festa do Sr. Pathebei. Depois da casa do Pathebei para traz havia mato com árvores em todos os tamanhos. Havia uma estrada de chão que continuava a via da atual Travessa João Ribeiro.
Segundo Livramento Lins, a família do Sr. Manoel Arigó e Maria Domingas morava no lugar Tauarezinho “naquele furo que ia do Porto do tio Cleto, a casa do Gigi Baia ... Era um furo que tinha lá, eles eram vizinhos do Giminiano”. A dita família mudou-se do Tauarezinho indo instalar moradia na cidade Mocajuba, sendo a primeira família a se instalar num terreno mais adiante e atrás da casa do Pathebei, entre os matos, começando a dar formação ao quarteirão na frente do terreno cajual, onde também estava o terreno comprado por Nereu. De início aquela rua foi surgindo sem nome oficial dado pela prefeitura.
Logo que a família do Sr. Manoel Arigó e Maria Domingas foi instalada ali, a via recebeu o primeiro nome informal de Travessa “Grelo Roxo”, que mudou de nome para “Travessa da Pedreira”, devido às muitas rochas de pedras na parte nascente da rua próximo ao rio. Depois o nome da rua foi mudado para “Travessa João Ribeiro”. Quando aquela rua tinha o nome de “Pedreira”, o porto onde nasce a mesma rua ganhou o nome de “Porto da Pedreira”, que quer dizer: ‘Porto da rua Pedreira’ ou ‘Porto na rua Pedreira’. Manoel Arigó e Maria Domingas geraram os filhos Tereza, Fausta, Domingos, Vergolino (o padeiro) e Ananias. A Sra. Maria Domingas também tinha uma irmã chamada Fausta, conhecida como “Tia Fausta”, e uma outra irmã chamada Rita (Dona Rita, Ritinha), que morava em sua casa. Quando Maria Domingas morreu, a Rita já idosa, permaneceu morando na mesma casa, sendo cuidada pela Sra. Agripina Martins Leite, até o dia de sua morte. Havia uma praia no início da atual Travessa João Ribeiro, onde os garotos do bairro brincavam jogando bola.



Recibo emitido pela prefeitura de Mocajuba a Nereu, em 22/11/1971.




A moradia na cidade Mocajuba

Em fevereiro de 1972, quando Maria Marta já sentia sintoma de uma nova gravidez, ela com os filhos Nilton, Nilson, Nilva, Nelton, Nei, Nilse Nazaré, Nereides, Norberto e Nélia, ou seja, somente os filhos já nascidos até aquela data, saíram do Tauaré e foram morar na casa construída por Nereu, na Travessa João Ribeiro, Nº 53. Os filhos foram estudar na cidade. Nereu ficou morando sozinho no sítio, porque ali era sua única fonte de trabalho. Entretanto, Nilton, Nilson e Nelton, durante os dias úteis da semana, saiam no final das tardes, a canoa e a remo, do porto da cidade indo para o Tauaré, ajudar o pai Nereu na pesca, e voltavam madrugada com peixes, e para estudar. Este sacrifício era todos os dias. E nos sábados e domingos também ficavam no Tauaré trabalhando.
Quando Nereu fez a mudança da família do Tauaré para Mocajuba, levou carne de porco para vender na cidade. Deixou os porcos esquartejados, ou os quatros de porcos ainda inteiros sobre o lugar preparado, para depois cortar as carnes em pedaços para vender. Um porco era dividido em quatro partes. A saber: todas as vezes, as carnes de porcos e os peixes trazidos por Nereu para vender na cidade ficavam expostos na área da cozinha da casa. A venda acontecia no quintal. Aos fundos do quintal havia um “beco” sem saída, que é uma rua. Daquela rua aos fundos, da rua da frente da casa e de toda a vizinhança vinham os fregueses comprar carne e o peixe do Nereu.
A família do Sr. Adamor (Luzinar) e Domingas já moravam naquela rua quando Nereu fez a mudança da família. Havia a casa do Nereu, a casa do Pompeu e a casa do Sr. Adamor e Domingas, ou seja, entre a casa do Sr. Pompeu estava entre a casa de Nereu de um lado, e Adamor do outro lado. Os quintais das ditas casas ainda não eram cercados. No dia da mudança, a Sra. Domingas viu do seu quintal os quartos de porcos expostos na casa do Nereu, desejou comer carne de porco assada na brasa, e comentou seu desejo, disse que compraria dois quilos de carne. Do seu quintal, atravessou o quintal aberto do falecido Pompeu, chegando à cozinha da casa de Nereu, dizendo que viera comprar dois quilos de carne de porco, e mencionou seu desejo de querer comer carne de porco assada. Nereu disse-lhe para não se preocupar, ele ainda dividiria a carne em pedaços, e depois mandaria deixar a carne sem sua casa. A Sra. Domingas partiu de volta para sua casa, e logo depois recebeu a carne enviada por Nereu com o seu recado dizendo que não custava nada, era uma doação para saciar seu desejo. Domingas, outra vez, atravessou o quintal do Pompeu e foi fazer o pagamento da carne, mas Nereu não aceitou o dinheiro, era caridade. Depois disso, Maria Marta, esposa de Nereu, enviou à Sra. Domingas uma vasilha cheia de carne de porco escolhida, no molho de vinagre, para ser assada. A Sra. Domingas se surpreendeu com tamanha caridade, e disso nasceu uma grande amizade entre Domingas e Maria Marta, a ponto de Domingas considerar Maria Marta como sua irmã. Domingas testemunhou que, tudo o que Maria Marta dividia com ela, até “um ovo” que comia. Domingas, de origem humilde, produzia carvão de madeira retirada da mata do terreno que hoje é o bairro Cidade Nova.
Na lateral direita da Travessa João Ribeiro, havia uma mata usufruída por muitos da cidade. Aquelas terras pertenciam à família Furtado, do esposo da Sra. Terezinha Furtado, os mesmos proprietários da “Casa São Geraldo”, porém nada faziam na terra. Pessoas humildes utilizavam aquelas terras para fazer carvão utilizando madeira do próprio terreno. Com inundação do Rio Tocantins no inverno chuvoso de 1980, houve um êxodo de pessoas do interior para a cidade. A mata foi destruída e queimada pela prefeitura, terrenos foram loteados, os posseiros construíram suas casas, e ali tornou-se a Cidade Nova.
Antes disso, a cidade terminava no terreno “Cajual” no lado direito da Travessa João Ribeiro, ou seja, na frente da casa do Nereu. Logo, na direita e atrás do terreno “Cajual” estava a dita mata. Na esquerda da dita travessa, a cidade terminava no quarteirão da casa do Gregório de Brito. Rente ao terreno “Cajual”, no lado esquerdo, onde hoje é a atual Rua Alírio Sabbá, havia um caminho estreito, divisando a mata e o terreno “Cajual”. O caminho ligava a Travessa João Ribeiro ao Porto Japão, atravessando a mata. O Porto Japão, teve este nome devido aquele terreno na beira do rio, ter pertencido a um homem japonês. É o porto situado ao lado do terreno da escola Abel Figueiredo. Na atualidade o porto é conhecido do Orla do Bacuri ou Porto Bacuri.
No terreno paroquial “Cajual”, situado na frente da casa do Nereu, tornou-se da Comunidade Cristã Boa Esperança, com patrono São José, onde está a atual Igreja São José.
Maria Marta precisou de carvão e passou acompanha a Sra. Domingas para fazer carvão na mata. Domingas estava sempre na mata fazendo carvão, mas Maria Marta só fazia carvão por necessidade familiar, não indo todas as vezes com Domingas para a mata quase na frente de sua casa. Quando Domingas ia para a mata, seus filhos ficavam sob os cuidados de Maria Marta, alimentando-os. O pai de Domingas, estava idoso e doente, vivia deitado numa rede na sala da casa de Domingas. Maria Marta também cuidava dele na medida de sua possibilidade, com chá, remédios e mingau. Quando Domingas estava na mata, Maria Marta dava assistência ao seu pai doente, ela muito visitava a casa de Domingas.
Maria Marta era uma pessoa considerada e respeitada na cidade, que acudia a necessidade do próximo, visitava os enfermos, e levava carne e peixes aos necessitados. Todo mundo gostava dela. Tudo o que Nereu produzia no campo e pescava no rio, ela repartia cum pouco com os familiares e vizinhos. Nereu chegava do Sítio Olaria trazendo mantimentos para a família e para vender na cidade, muitos vinham buscar um pouco pelas mãos de Maria Marta que repartia com eles gratuitamente, eram pessoas que precisam de ajuda.
Com semblante sereno, silencioso e materno, Maria Marta não discutia com ninguém, nem com seu esposo, não gritava, e resolvia as questões problemáticas no silêncio. Sua intenção era ajudar o marido na direção e negócios da família, tanto que Nereu confiava-lhe a guarda fiel do dinheiro adquirido com a venda dos produtos da terra, borracha, sementes de cacau, pesca, porco, etc. Um dia, seu filho Nilson, e o Domingos, filho da Domingas, brigaram na rua, as duas mães estavam conversando na hora da briga, e viram os dois garotos brigando. Maria Marta ficou envergonhada, baixou a cabeça, silenciou, como se entrasse em estado de oração silenciosa. Os garotos pararam de brigar e se separaram. Domingas vendo seu constrangimento, buscou tranquilizar a amiga, interrompeu o silêncio da amiga, dizendo com censo de humor para esquecer a abriga dos dois garotos, pois eles voltariam a se entender depois. Maria Marta nada respondeu, e as duas voltaram a conversar como se nada tivesse acontecido entre seus filhos, e não procuraram saber o motivo da briga.
Ela plantava ervas medicinais, ervas de tempero de comida e verduras em hortas, vasos e vasilhas velhas, assim como sua mãe Antonina.
Maria Marta era baixa, parda, esbelta, cabelos negros, recolhida, silenciosa, uma mulher ativa, trabalhadora, administrativa, determinante, providencial, cuidava de tudo e estava atenta a todas as coisas como pessoa providencial, doada ao próximo, cuidava das casas e dos filhos, e ainda trabalhava com costura. Administrava o dinheiro da família. Filha da pais católicos, sempre foi católica, usava sapatilha para ir à missa com vestidos confeccionados por ela. Usava a fita vermelha do Sagrado Coração de Jesus, membro do Apostolado da Oração. Ela ia à missa das 6h da manhã, rezando o Rosário Mariano. Possuía vários terços marianos feitos de Lagrimas de Nossa Senhora e de miçangas e medalhas devocionais.
Na parede da sala da casa havia os quadros religiosos da Sagrada Família, N.Sra. do Perpétuo Socorro, N.Sra. do Bom Parto, Santa Terezinha do Menino Jesus e o Crucifixo que pertenceu a Sérgio Rascon Martinez, o mesmo Crucifixo colocado sobre o corpo morto de Maria Marta. Havia também vários terços confeccionados com as “sementes Lagrima de Nossa Senhora” (Coix lacryma-jobi L.) e de miçangas pendurados nos quadros e parede. Maria Marta era membro do Apostolado da Oração (Rede Mundial de Oração do Papa) possuindo a fita do Sagrado Coração de Jesus.




Os quadros dos santos que estavam expostos na casa do Nereu em Mocajuba. Depois da morte de Maria Marta foram levados para o Sítio Olaria onde, depois de longos anos, arruinaram-se por si mesmos.


Embora cuidando da casa, filhos e da costura, ela deixava tudo para visitar os familiares e enfermos, me levando com ela. Era uma mulher de visita caridosa dentro e fora da família. Seu esposo Nereu a amava de verdade, e a respeitava como mulher e como esposa, nunca como doméstica. Quando ela morreu, Nereu muito se decepcionou, nunca quis esquecê-la, e resolveu nunca mais casar com outra mulher, vivendo viúvo para sempre, assim como aconteceu, ele viveu 34 anos viúvo e morreu. Segundo o que ele me disse, quando estava sozinho na casa, subia para segundo pavimento da casa no Sítio Olaria, para ver o quadro artístico em que ele e ela estão juntos, para não esquecer a feição da esposa que muito amou. Ele sentia sua falta. Comtemplava o rosto de Maria Marta no quadro e buscava vivenciar sua feição. Por muito tempo contemplava o rosto da esposa no quadro, e chorava no seu interior, e também lembrava de seu pai Sérgio. Era um passado que nunca mais voltaria. Nereu dizia que sua mente apagava a feição de sua esposa, então procurava o quadro para não esquecer a dita feição.
Depois da morte de Maria Marta, Nereu permaneceu morando e trabalhando no sítio. De antemão, Nilson e Nelton moraram com ele, mas depois foram embora para Mocajuba. Nilson voltou a morar com o pai Nereu no Sítio Olaria. Nelton seguiu seu destino na vida. Nilson casou morando com seu pai. Quando Nilson deixou a casa do pai no interior, para morar com a família na cidade Mocajuba, Nereu permaneceu morando só no Sítio Olaria. Quando Nereu se aposentou, abandonou a pesca e o serviço do campo devido a idade avançada e o declínio da saúde. Os familiares o visitavam no sítio. Ele recebia visita de muitos amigos e dos netos. Ele nunca quis se mudar do Sítio Olaria para a cidade.
Por fim fez amizade com a família da Sra. Maria Rosa, mãe da Maria Olinda, esposa do Nei, que deu muita assistência a ele, inclusive na área da saúde, sob os cuidados de Florir do Socorro, irmã da Olinda, que trabalha na área de enfermagem hospitalar em Mocajuba. A dita família promovia comemoração de aniversário do Nereu.
No sítio, foi surpreendido por dois rapazes malfeitores, um deles deu-lhe um golpe com faca, mas Nereu foi rápido e segurou a faca na palma da mão. O rapaz puxou a faca de volta e lâmina cortou ao meio a não de Nereu, deligando nervos. Sua mão nunca mais voltou a fechar devido a profundidade e prejuízo nos músculos e nervos da mão. Veio para Belém tratar da saúde, sob os cuidados do Nilton e de sua esposa Benedita do Socorro. Fez cirurgia na próstata. A saúde declinava mais intensamente. Ele precisou morar na cidade Mocajuba, preferindo morar na casa da Nilva, onde adoeceu de uma vez por toda e veio óbito ao amanhecer do dia 01/05/2011, quando a Comunidade Cristã Boa Esperança, celebrava seu padroeiro São José Operário, na igreja construída na frente da casa que ele construiu em Mocajuba, onde sua esposa morreu, que já pertencia à família do seu filho Nei, por doação passada em papel.

                               

Visita de Sofia em 1972

Em fevereiro ou março de 1972, Sofia, sua filha Nilze de Freitas Colares (Nilze Colares), e sua nora Ana Júlia, esposa do seu filho Nilton, fizeram uma viagem a Mocajuba, de antemão se hospedaram na casa de Nereu na cidade, onde Maria Marta morava com os filhos. Nereu estava para o Sítio Olaria quando elas chegaram de Belém. Foi a primeira vez que a Nilze Colares esteve em Mocajuba. Naqueles dias, Maria Marta comentava os sintomas na nova gravidez, o 10º filho. Segundo a Nilze Colares, conforme ela disse a mim, naquela viagem, Sofia fez a Nereu, a doação verbal da parte do seu direito no Terreno do Sítio Olaria, herança de seu pai Sérgio, em troca de algumas joias deixadas por Sérgio, outros objetos de herança e alguns documentos. Entre as joias haviam falsas joias e um suposto relógio de ouro, que não era de ouro. Os testes laboratoriais em Belém afirmaram que algumas joias eram falsas. Então Sérgio foi enganado por vendedores, comprando joias falsas como se fossem verdadeiras. Entre as joias falsas estavam supostos diamantes e brilhantes. Por fim, depois Sofia não reconheceu a doação verbal feita a Nereu, mantendo seu direito de herança sobre o Sítio Olaria, mas Nereu morreu sem saber disso.


Recibo de arrendamento das terras do falecido José Fernandes Oliveira, assinado pela sua filha Oceanira.




Maria Marta nomeada fiscal eleitoral

ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL
SECÇÃO DO PARÁ
 
NOMEAÇÃO DE FISCAL

A ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL, Secção dêste Estado, por seu Presidente ao fim assinado, no uso da prerrogativa que lhe confere a Legislação Vigente, nomeia o Sr.(a) Maria Marta Pereira de Freitas, portador(a) do Título Eleitoral nº 8 100, para funcionar como seu Fiscal, perante a 46ª secção podendo, nessa qualidade, fiscalizar a votação, formular protestos e fazer impugnações, inclusive sôbre a identidade de eleitor e praticar todos os atos explícitos ou implicitamente contidos na Legislação Vigente.
Belém, 03/10/1972
Mário Moreira
Presidente
(Três carimbadas e rubrica do cartório)
Belém, 16/10/1972.
 
Visto
Cametá
27/10/1972”.




O nascimento de Nautilho

Quando Maria Marta teve a confirmação da gravidez de seu décimo filho, sentiu uma reação diferente, e a vontade de consagra-lo ao Divino Espírito Santo. Então ela orou, consagrou e entregou a criança, ainda no início da gravidez, ao Espírito Santo, para que sua vida pertencesse somente a Ele, para que Ele tomasse conta de sua vida. Ela fez uma oferenda da criança ao Espírito Santo.
No dia 27 de outubro de 1972, às 23h, sexta-feira, na casa que pertenceu a Nereu em Mocajuba, nasceu seu décimo filho com Maria Marta, o Nautilho, pelas mãos da parteira Maria Bituba, a única parteira disponível naquela noite. Maria Bituba era uma senhora alta, magra, rosto oval, que usava véu na cabeça e vestido longo com muita modéstia. Mulher de grande caridade que servia como parteira em Mocajuba. Nautilho foi o primeiro filho do casal Nereu e Maria Marta a nascer na casa construída por Nereu na cidade Mocajuba, como o último filho homem do casal, o chamado “caçula dos homens”, e o décimo filho.
Aconteceu que surgiu uma alergia no bico dos seios de Maria Marta, não podendo esta continuar a alimentar o recém-nascido. Sua amiga Domingas, esposa do Sr. Adamor, antes disso havia dado luz uma menina de nome Roselene (Rosa), e podia alimentar o recém-nascido filho do Nereu. Na manhã cedo do dia seguinte depois do nascimento do menino, Nereu se dirigiu à casa do Sr. Adamor, e com senso de humor ao Adamor: “Me empresta a sua vaca para dar mama para o meu bezerro que nasceu”. A “vaca” a quem Nereu se referiu era a Sra. Domingas, amiga de sua esposa. O senso de humor de Nereu fez todos rir, e Domingas foi dar de mamar ao recém-nascido, e assim o alimentou por vários meses. Ela alimentava duas crianças ao mesmo tempo.
Francisca, irmã de Maria Marta, deu luz uma menina, a Marilza, nascida a 07/11/1972, e meses depois, também deu mama ao seu sobrinho, filho do Nereu. O menino que recebeu dopai o nome de Nautilho foi sempre livre de todo tipo de paganismo, benzeções, curandeirismo e superstições, seus pais nunca o levaram a receber tais coisas.
Naquele tempo, o vernáculo ainda era observado em cartório, inclusive nos tradicionais em fidelidade à língua portuguesa. Os nomes estrangeiros precisam ser aportuguesados, adaptados para o português, dificultando a invasão de nomes estrangeiros na língua portuguesa. Nilton e Nelton (pelo italiano) é o mesmo nome vindo do Isaac Newton, o renomado matemático, físico, astrônomo, teólogo e autor inglês. Por causa do vernáculo não era aconselhado usar a grafia Newton.
Sérgio Rascón Martínez era homem culto, e comprava livros para ler e ter propriedade de conhecimento para falar e repassar o conhecimento. Ele possuía o livro “Vinte Mil Léguas Submarinas” de francês Júlio Verne, lançado em 1887, sobre a ficção do submarino Náutilus. Nereu leu o livro. A denominação Náutilus provém da latinização do grego, nautilos (ναυτίλος), e significa ”marinheiro”, sendo derivado de naus, navio. Não sendo um nome português, foi adaptado para Nautilho. Todos aqueles que desejasse colocar o nome do filho Náutilus, teriam que colocar Nautilho. Na manhã no dia 28/10/1972, Nereu foi ao cartório, e aconselhado do nome, outorgou o nome do recém-nascido de Nautilho, já como nome em português.



Fotografia documental de Nereu em 1973

Um documento emitido em 01/06/1973, mostra o real rosto de Nereu Rascon de Freitas, em retrato documental naquele ano








Outros fatos familiares antes da morte de Maria Marta

Maria Marta engravidou outra vez, e sua filha Nádia Pereira de Freitas Almeida nasceu no dia 15/06/1975 (L.20; V.1892; Fls.237v.), sua penúltima filha.
Desde 1973 a 1977, Maria Marta visitava todos os seus parentes em suas casas, e estes também visitavam a nossa casa. Maria Marta também visitava a família de Bartolomeu e Cinea, quando estes já moravam em Mocajuba, algumas vezes Nereu também visitou a mesma família. Havia uma harmonia familiar. Quando Gregório de Brito ia à Cametá receber dinheiro no banco, alguns dos meninos filhos de Nereu e Marta, inclusive o Nei, ficavam em companhia de Antonina, à noite, dormindo em sua casa. Quando Gregório de Brito chegava de Cametá, dava algum dinheiro miúdo aos ditos meninos que fizeram companhia à sua esposa Antonina.
O reverendo holandês, Pe. Lino, missionário em Mocajuba, adquiriu dois terrenos paroquiais, para o plantio de caju, a fim de vender as sementes do caju, como renda paroquial. Um dos terrenos situava na rua do colégio Almirante Barroso, perto da atual rodoviária, onde funcionou a agência dos Correios. O outro terreno, no tamanho de um bom quarteirão, estava na frente do terreno comprado pelo papai na cidade, e onde ele construiu a casa onde nasci, na Travessa João Ribeiro, número 53, bairro Pedreira. Por causa dos cajueiros, o terreno passou a ser chamado de modo popular de “cajual”. O “cajual” estar situado no quarto quarteirão depois do rio. O terreno “cajual” trazia fileiras de cajueiros, cercado com arme farpado. As pessoas danificavam o cercado para colher os cajús e as mentes. A paróquia nunca conseguiu tirar lucro do plantio, e abandonou o projeto para fim comercial. Naquele tempo, a cidade terminava naquele terreno, na frente da casa, somente naquela região da cidade, o resto era mato de uma grande propriedade particular nunca usava para o cultivo e criação de animais. Havia uma mata com árvores frondosas. As pessoas usavam a mata para tirar madeiras e fazer carvão nos fornos que elas chamavam de “caieiras”, também colher mel de abelha e frutas exóticas da Amazônia, uma das frutas era o “jatobá”. Quem sobe do rio, na rua onde nasci, indo para os fundos da cidade, no lado esquerda da rua, depois do terreno “cajual”, era só mata a dentro, com árvores frondosas. As árvores elevadas cobriam parte da rua com seus galhos. A paisagem era bela. Do lado direito, as casas estavam de frente para a mata. Depois do quarteirão de casa, só havia mais dois quarteirões e finalizava a pequena cidade. Meus avós maternos moravam no último quarteirão.
No lado esquerdo do terreno paroquial “cajual” havia um caminho rude que levava para dentro da mata selvagem. Um braço daquele caminho levava ao porto “Japão”, que é o atual porto ao lado da escola “Abel Figueiredo”, na beira do Rio Tocantins. Um cesto era usado nas costas para carregar cargas, o cesto com alças fortes suportava bastante peso. O cesto era chamado de “paneiro”, como os cestos dos indígenas que carregam fardos na costa. Sendo feito para ser usado na costa, era chamado de “paneiro de costa”. Da janela de sala de casa, nós víamos o papai vindo do interior, andando, carregando pesados fardos nas mãos e no paneiro na costa, fardos de alimentos para a família na cidade. Ele abordava no porto “Japão” e seguia a pé por um pequeno trecho da mata surgindo ao lado do “cajual”. Quando papai era visto no caminho, acontecia a maior euforia em casa, gritaria, alegria e aclamação ao papai. Papai já vinha rindo. Chegando em casa, papai abaixava os fardos. Cada um tomava bênção respeitosa, com beijo na mão, nós beijávamos a costa da mão do pai e ele beijava a costa da nossa mão, era uma tradição de bênção local agora extinta. Papai abraçava e carregava cada filho, passava a barba em nós e nos apalpava para averiguar se estávamos bem de saúde ou com febre. Ele sempre usou barba cortada rente a pele. Ainda assim, a barba era muito áspera em nós, quando carregados em seus braços, ele esfregava em nossas barrigas, cheirando-nos.
A referida mata se transformou em civilização, e o referido caminho por onde papai passava se transformou na Rua Alírio Sabbá.
Houve uma féria escolar. Nereu foi buscar na cidade a família na grande canoa a remo de faia, levando-a para o Sítio Olaria. Havia remos nos dois lados da grande canoa. Nereu e os filhos homens remavam. O impulso de vários remos fazia a grande canoa seguir com pressa. Papai sentava atrás mexendo no leme. Na viagem, Nádia, como bebê de colo, ia sentada no colo da mãe. Caiu uma leve chuva. No sítio, Maria Marta andava no trapiche de madeira, seguindo de volta para a casa, carregando a Nádia no colo, uma tábua apodrecida quebrou quando ela pisou sobre a dita, e ela caiu sentada com a criança no colo. Sua perna ficou pendurada para baixo do trapiche, atravessada no buraco da tábua quebrada.
No sítio, os filhos de Nereu tomavam banho no Rio Tauaré, pulando e brincando nas águas. A trapiche na frente da casa servia de base para pular no rio. No turno da manhã, enquanto Nereu e alguns filhos de mais idades estavam no campo, outros filhos ficavam no Sítio Olaria, tomando conta da casa e dos irmãos menores. Maria Marta também ajudava no campo, mas não todas as vezes. Havia no terreno a criação de aves e porcos, e hortas suspensas, hortas de verduras e plantas medicinais. A família se alimentava de aves, peixes, ovos, verduras, frutas, raízes, camarão, açaí, chocolate natural de sementes de cacau produzido em casa, suco e doce de cacau. Havia alimento em abundância. Alguns dos rapazes jogavam milho ou arroz para as galinhas e patos no quintal, e enquanto as aves se alimentavam, um dos rapazes lançavam a fisga arpão zagaia na costa de uma ave, o alvo era certeiro, eles nunca erravam o alvo, a ave vítima produzia um som alto. A ave morta ajudava no alimento do dia. Em janeiro havia da festa do “Dia de Reis” (6 de janeiro, Epifania do Senhor). Uma grande canoa chegou no porto do Sítio Olaria, cheia de personagem fantasiadas, que se apresentavam com danças e proclamações nas residências, como tradição festiva dos Três Reis Magos. Isto devia ser em janeiro de 1977.
Em Mocajuba soava o nome “tia Sofia” que ecoava em toda a casa. Era Sofia, irmã de Nereu que estava visitando a família. Eu lembro do primo Valdenil, filho da Nilze Colares, neto de Sofia, como um menino que procurava brincar comigo. Lembro dele no quarto frente a frente comigo, com uma pipa na mão, me convidando para brincar. Naquela viagem, somente Sofia e Valdenil foram a Mocajuba.
Em Mocajuba, as meninas comentavam entre si os contos e estórias infantis aprendidas na escola, e faziam as lições escolares. No quintal da casa havia uma elevada árvore de Ingazeiro. Os filhos de Nereu amarravam uma corda num galho grosso do Ingazeiro, servindo de balanço. Um pau era amarrado na ponta da corda servindo de assento do balanço. Era uma das brincadeiras. Meses depois da morte de Maria Marta, houve uma tempestade, um raio caiu sobre aquela árvore derrubando-a por terra, queimando-lhe o caule. A árvore caiu na direção da casa, e por algum palmo não atingiu a casa. Quem ficava na porta da cozinha podia tocar com a mão os ramos do topo da árvore caída ao chão. Os filhos de Nereu também brincavam de “perna de pau” e salto em altura – o jogo olímpico de pular por cima da vara. As duas hastes laterais eram feitas de vara de miriti. Na vara de miriti eram talhadas as cavas com as bases inclinadas para baixo e para trás, para sustentar a vara que media a altura para pular. As cavas variavam de altura. Depois de cada pulo, podia suspender a vara que media a altura para as cavas superiores. Era um teste de pulo em altura. Nei era ginasta por arte natural, desenvolvia bem as ginásticas olímpicas e tinha o dom de desenhar. Nei, Norberto e Nilton desenhavam, mas o Nei tinha o carisma nato para desenhar. O cantor brasileiro Roberto Carlos era desenhado. Nelton fazia trabalhos artesanais de mirití como os brinquedos vendidos no Círio de Nazaré em Belém: os dois homens em balanço socando o mesmo pilão, cada um por sua vez, barcos, lanchas, carros, bonecos, aves, etc. o time de futebol paraense Paysandu era o preferido da maioria, e na casa havia quadros e artesanatos do escudo do time. Quadros artesanais feitos com palitos de fósforo e linha de costura teciam variedades de artes.
No quarto onde Maria Marta dormia havia malas sobrepostas, uma sobre a outra, no fundo da última mala Maria Marta guardava escondido um montante de dinheiro enrolados em ligas elásticas. Quando meus irmãos não estavam em casa ou estavam para a escola, ela entrava no seu quarto, abria a mala, e trazia dos fundos, o montante de dinheiro enrolado em ligas, conferia, volta a conferir outra vez, depois guardava tudo de novo. Ela fazia isso na presença da Nádia e de mim confiando na nossa inocência de criança, não fazendo isso na presença dos demais filhos. Nereu confiava o dinheiro a ela.
Maria Marta continuava a visitar seus familiares, e estes também visitavam sua casa. Quando ela visitava os parentes, levava consigo alguns dos filhos, como o Nei, Nélia, Nautilho e outros. Havia uma harmonia, paz e fraternidade familiar. Os primos se gostavam e brincavam juntos. Antonina gostava da natureza e plantava no seu terreno árvores e plantas medicinais. Gregório visitava a família, sempre procurando saber sobre os familiares. Nereu visitava a família na cidade uma ou duas vezes na semana, trazendo mantimentos para o sustento da família, como peixes, camarão, aves, arroz, farinha de mandioca, raízes, verduras, frutas, chocolate em torrão, sabão de cacau, etc. Trazia para vender na cidade grande quantidade de peixe, e também carne de porco quanto matava para vender. Vendia sementes de cacau e borracha de seringueiras, a borracha ainda dava bastante lucro naquele tempo. Maria Marta ofertava aos parentes e alguns vizinhos de peixes e outros alimentos, era a sua caridade. Maria Marta costurava para fora, e enquanto trabalhava na costura, Nautilho e Nádia brincavam diante de seus olhos na sala. Ela chamava o Nautilho de “Nauto”. Aos domingos ela mandava seus filhos menores para a missa, em especial suas filhas, levando o Nautilho sob muitas recomendações. Em tempo de festividade da Padroeira de Mocajuba, Nossa Senhora da Conceição, o pai Nereu levava os filhos menores ao “Largo da festa” e ao Bar São Geraldo onde comprava sorvete e picolé, sempre conversando com os senhores de seu conhecimento que o cumprimentavam. Uma das novenas da Padroeira era animada pelo Pe. Jaime Kierk que ensaiava os hinos religiosos com o povo na igreja, fazendo gestos exagerados motivando a assembleia. Maria Marta era amiga das irmãs religiosas vicentinas do colégio “Instituto Nossa Senhora das Graças”, onde seus filhos estudavam, e quando ela morreu, as irmãs foram para a sua casa.
Nilva conheceu um rapaz chamado Pedro Cabral de Souza, e se casou com ele no dia 06/05/1976, ela com 18 anos de idade e ele com 26. Antes, porém, Pedro era um comerciante a quatros ano atrás antes de sua união com a Nilva. Ele montou seu próprio comércio em casa alugada onde morava na cidade, com dinheiro de uma indenização trabalhista em Tomé Açú, e depois a casa foi comprada porque os proprietários quiseram vender devido a mudança para Belém. A família do Pedro é oriunda da localidade Jacarecaia, município de Mocajuba, remanescentes de judeus e portugueses, devota de São Pedro e participante da comunidade cristã de São Pedro do Viseu, onde montava uma barraca no período da festa do mesmo santo.
A casa de Nereu e Maria Marta está situada na Travessa João Ribeiro, número 53, a na casa da Nilva, situada na mesma rua, número 43, no quarteirão antes do quarteirão da cada do Nereu.
Nilva e Pedro geraram a primeira filha, Nilzete de Jesus Freitas de Souza, nascida a 17/06/1977. Quando Nilzete nasceu, Maria Marta estava grávida do 12º filho.


Informação escolar para o aluno Nilton Sérgio Brito Rascón em 1976

Título de Aforamento da propriedade que pertenceu a Nereu Rascón de Freitas, na Travessa João Ribeiro, em Mocajuba.

Jovens Unidos na Paz, em 18/06/1977


A viagem de Nereu a Belém antes da morte de sua esposa Maria Marta

Nereu fez uma viagem a Belém, onde fez uma grande compra de mercadorias para a própria família. O volume de mercadoria era tão grande que o chão do refeitório da casa ficou tomado pelos objetos comprados, parecia que ele tinha voltado a ser regatão. Ele estendeu no chão grande quantidade de roupas trazidas para os filhos. Maria Marta havia herdado todas as vasilhas e talheres de Sérgio Rascón Martínez, e com vasilhas compradas pelo seu esposo Nereu, ela possuía grande quantidade de vasilhas, panelas, bacias, fôrmas, terrinas, bandejas, talheres e xícaras para todas as coisas. Mas desta vez, Nereu exagerou na compra das vasilhas, comprando mais vasilhas, uma bateria-panelas em suporte de alumínio, um grande panelão de alumínio, um fogão butano, um botijão de gás, uma bicicleta para os filhos e muitas outras utilidades.

 


Morte e sepultamento de Maria Marta, esposa de Nereu

Maria Marta sentiu dores de parto durante três dias em silêncio. No dia 24 de agosto de 1977, quarta-feira, as dores de parto amanheceram intensas. A parteira e enfermeira Maria do Carmo foi chamada para assistir o parto. Antonina e sua filha Francisca davam apoio no parto. No parto aconteceu, no que dizem “ataque de albumina”, mas pode ter sido a eclampsia. A criança, uma menina, que também recebeu o nome Maria Marta em homenagem à mãe falecida, nasceu às 9h da manhã. Na Certidão de Nascimento da criança Maria Marta, L.20; V. 2049; Fls.257, consta que ela nasceu às 10h da manhã, mas sabemos que o nascimento foi às 9h. A criança nasceu saudável, mas a mãe precisou ser levada para o posto de saúde. A enfermeira aconselhou levá-la logo para o posto de saúde e foi embora.
Ao lado direito da casa, onde hoje é a casado Sr. Tomé e Maura, funcionava oficina de marcenaria do Sr. Ivo Martins Leite. Uma pernamanca da marcenaria foi usada para amarrar a rede que levou Maria Marta ao único posto de saúde na cidade.
Naquele tempo, Mocajuba era um lugar demasiadamente atrasado e sem recursos em várias áreas, inclusive clínico, não havendo médico e ambulância na cidade para atender a população. Os doentes graves eram levados ao posto de saúde carregados em rede de dormir. As redes eram amarradas em pau comprido. Os homens colocavam o pau no ombro, uma na frente e outro atrás, e as pressas carregavam o enfermo ao hospital. A rede ia amarrada e estendida no meio entre os dois homens. Assim Maria Marta foi carregada em rede para o hospital.
O quintal da casa ainda não estava todo cercado. O fundo do quintal sem cercado dava acesso para uma pequena rua. A pequena rua inicia-se na Praça da Caixa D’água, onde foi construído um hospital, e terminava nos fundos do quintal da casa de Nereu e do quintal do Sr. Pompeu, um “beco sem saída”. Os homens que carregaram Maria Marta, desceram com ela pela porta da cozinha, atravessaram o quintal, seguindo pela pequena rua, atravessando a Praça da Caixa D’água, o canto do cemitério, e a encruzilhada entre a Travessa Alexandre de Castro com a Rua 15 de Novembro na frente do cemitério, rumo ao posto de saúde, era o percurso mais curto e viável. No canto ou antiga esquina do cemitério por onde Maria Marta passou, na atualidade é o terreno com a casa do Nilton Sérgio Brito Rascon, primeiro filho de Maria Marta. Naquele tempo, o canto esquerdo ou esquina do cemitério era uma passagem aberta entre o cemitério e às três casas separadas formando um pequeno quarteirão diante do mesmo canto, na rua 15 de Novembro. O terreno foi demarcado como propriedade, e depois fechado, cessando a passagem. Na atualidade, os fundos dos quintais que eram propriedades de Nereu e Pompeu foram vendidos como propriedades e dos ditos terrenos ficaram sem acesso á pequena rua.
 Os Srs. Teodomiro (Dudí), Manoel Arigó, Adamor e Ivo foram os homens que carregaram Maria Marta para o posto de saúde. Ela chegou viva ao posto de saúde, que funcionava de maneira precária, sem médico. Nilton entrou no quarto hospitalar e viu a mãe ainda em estado de agonia final procurando respirar, mas pediram-lhe para sair da sala. Logo depois veio o comunicado de sua morte. Ela morreu no posto de saúde as 10:30h da manhã, uma hora e meia depois do parto.
 Neste ínterim, na casa já se chorava como se fosse choro de luto, Antonina, Francisca, Nilva e os filhos menores choravam enquanto notícias não chegavam. A notícia da morte chegou à casa. O corpo da falecida foi removido do posto de saúde para a sua casa, colocado sobre a mesa da sala, ainda sem preparo. De antemão, o corpo foi enrolado numa volumosa colcha azul e branca, pertencente à falecida, até a hora do corpo ser revestido com a veste costurada pela Sra. Agripina Martins Leite. A boca da falecida estava aberta precisando ser colocada uma fita de cetim na cabeça para fechá-la. O Padre Pedro Nota visitou a casa. As irmãs religiosas vicentinas foram para a casa e ajudaram um pouco na cozinha.
Maria Marta morreu deixando 12 filhos, seis homens e seis mulheres: Nilton, Nilva, Nilson, Nelton, Nilse Nazaré, Nei, Norberto, Nereides, Nélia, Nautilho, Nádia e Maria Marta. Quando Maria Marta foi levada para o posto de saúde, na casa ficaram chorando a Antonina, Francisca e os filhos de Maria Marta, exceto o Nei que dava forças aos irmãos para não chorar. No refeitório da casa havia uma grande mesa de acapu onde a família comia. A mesa foi removida para a sala onde o corpo da falecida foi exposto. O corpo ainda estava enrolado na colcha quando quatros velas sobre pires foram acessas nos quatro cantos da mesa, ao lado do corpo falecido. A vela que foi colocada próximo ao pé direito atingiu a colcha e a queimou. O fogo foi logo apagado. O rosto da falecida estava sereno, como dormindo, sem expressão de falecido. A casa foi se enchendo de visitantes, até o quintal estava com visitantes. Antonina chorava amargamente, e as vezes perguntava pelo Nereu. Ouvia-se choro por toda parte.
Naquele dia, Nilson havia ido buscar o pai Nereu no sítio, de maneira urgente, por motivo do parto. Segundo Nereu, quando ele chegou no porto da Pedreira em Mocajuba, os homens que estavam no porto o disseram que sua esposa havia morrido, ele não acreditou pensando ser brincadeira deles. Nereu acreditou na morte da esposa quando chegou na casa e a viu morta sobre a mesa. A chegada de Nereu na casa foi dada como um alarme de notícia, ele contemplou a esposa morta na sala sobre a mesa, falou com Antonina e com as pessoas na sala e entrou na casa carregando bagagens e galinhas com as duas mãos. Surpreendido pelo fato inesperado, sua expressão dava a entender que não sabia o que estava acontecendo, o mundo pareceu desmoronar na sua frente, mas ele sabia que tudo aquilo era uma realidade sem volta. Seus olhos estavam vermelhos, confusos e aflitos. Seu olhar era de dor e lamento interior, silencioso, mas que gritava dentro dele. Nereu falou com os filhos, com os familiares de Antonina e com as outras pessoas, e depois saiu para resolver as causas do velório e sepultamento.
A mesa foi revestida de branco. O Crucifixo que pertenceu a Sérgio Rascón Martínez foi tirado da parede da sala e colocado sobre seu peito. Um terço mariano feito de “Lagrimas de Nossa Senhora” foi colocado em suas mãos.
O caixão da falecida foi feito pelo Sr. Ivo Martins Leite, na marcenaria ao lado da casa. O caixão de madeira foi forrado com pano branco com detalhes em círculos azuis. Na base do caixão, rente à mesa, os círculos azuis eram mais agregados, quase unidos numa só cor, e na medida que subia para a beira do caixão, os círculos ficavam espessos, e afastados um do outro. Na base os círculos eram menores e perto da beira do caixão o círculo eram maiores. Os círculos não chegavam até a beira do caixão. Eram como bolinhas simples todas preenchidas em azul.
A Sra. Agripina Martins Leite, irmã do Sr. Ivo, sabendo da morte, foi ajudar na casa e pediu para costurar a veste da falecida com o pano comprado por Nereu. Ela usou a própria máquina de costura de Maria Marta, e no refeitório da casa confeccionou a veste da defunta como o vestido e véu de Nossa Senhora de Fátima. Ela usou o modelo da veste da Virgem de Fátima, conforme a pintura do quadro. Na beira do véu estava renda branca. A sapatilha rasteira que Maria Marta usava nas missas foi colocada nos pés da falecida. O corpo foi coberto com flores. Quando uma vela finalizava outra vela era acesa sobre os pires. Dona Raimundo, irmã do Pedro, cunhada da Nilva, chorava alto amargamente. Pessoas que não eram da família choravam a morte de Maria Marta. A comoção e o lamento tomaram conta da alma de todos.
O velório dobrou a noite com orações. Oração do terço, ladainhas, orações e os tristes cânticos fúnebres motivado pelos rezadores.
No dia seguinte, pela manhã, 25 de agosto de 1977, quinta-feira, houve o sepultamento. Uma grande multidão formada por pessoas da cidade e vindas do interior acompanhou o enterro. Houve orações finais e a despedida na casa. O Sr. Manoel Arigó tomou a tampa do caixão para fechá-lo, mas vendo o crucifixo sobre o peito da falecida, moveu-se para tirá-lo antes de fechar o caixão. Nilva vendo seu gesto, pediu para deixar o crucifixo sobre o peito a mãe, e tirá-lo somente no cemitério, antes de enterrar o corpo, e assim foi feito. Francisca, filha de Antonina, vendo-me na sala olhando tudo, olhou para mim e pediu para me tirarem da sala, levando-me para a cozinha, para eu não ver a saída do corpo, a fim de não chorar e não ter lembrança desse momento. Todos concordaram com ela. Então me levaram para a cozinha. Alguns minutos depois voltei à sala, encontrando-a vazia. Toda aquela multidão sumiu, a mesa estava vazia, as velas apagadas. Na sala estava sentada diante da mesa, a Josete, esposa do Domingos de Brito, conversando com umas três pessoas sobre o fato. Reinava uma grande tristeza e vazio na casa.
A multidão acompanhou o corpo para a Igreja matriz onde foi feita as Exéquias, sob o toque dos sinos. Da igreja foi levado para o cemitério onde foi sepultado. Durante sete dias, a dona Agripina conduziu as orações noturnas pela alma de Maria Marta, ela rezava ajoelhada diante da mesa da sala de casa.
A cerca de 4 anos antes da morte de Nereu, Nereides foi visita-lo no Sítio Olaria. Nereu presentou o crucifixo à Nereide que trouxe para Belém. Em 2022, eu vi o crucifixo todo danificado na cozinha da casa da Nereides, somente o braço da cruz com a imagem ainda pregada nele. Não havia a haste principal e a placa com o letreiro acima da cabeça. Eu pedi à Nereide o crucifixo danificado.
A Certidão de óbito de Maria Marta.
Todos os parentes de Nereu Rascon de Freitas e de sua esposa Maria Marta, falecidos em Mocajuba, não tiveram o laudo clínico, com comprovação científica da causa da morte assinado por médico, mas tiveram causa atribuída sem a dita comprovação. Pessoas morreram e houve a causa atribuída à morte. Assim a morte de Maria Marta foi atribuída na Certidão de óbito como Toxemia devido infecção puerperal, que era a recomendação a ser dada à todas as mulheres falecidas com complicação no parto. Toxemia é a intoxicação resultante do acúmulo excessivo de toxinas endógenas ou exógenas no sangue, em virtude de insuficiência relativa ou absoluta dos órgãos excretores (rins, fígado etc.); toxiquemia.
A certidão de óbito foi emitida no dia 02/12/1977. A certidão traz a idade dos filhos, mencionando que eu tinha 5 anos de idade. Na verdade, eu tinha 4 anos e 10 meses, completando 5 anos em outubro daquele ano.


Adoção de Marta.

A criança nascida era uma menina, e em homenagem a minha mãe recebeu o mesmo nome, como Maria Marta Pereira de Freitas Filha, o termo "filha" no final foi acrescentado para indicar a filha e não a mãe, e com este nome foi batizada. Durante três dias a menina nascida, Marta, estava no quarto. Domingos de Brito, irmão da falecida Maria Marta, também fez o pedido de adoção, caso não tivesse ninguém para cria-la. Ele queria criar a filha de sua irmã. A Sra. Maria de Nazaré dos Prazeres Guimarães, conhecida como Marizete, madrinha da Nilzete, filha da Nilva, foi casada com o Edilson Braga Coelho, filho do Juarez Coelho, foi a primeira a pedir a Marta em adoção, chegando a ir na casa do Nereu pedir a menina para criar. Nunca foi da intenção do Nereu doar a menina, e ele nunca quis fazer isso. O pedido foi recusado imediatamente. Quando Marizete foi pedir a Nereu a recém-nascida, este disse que, se fosse para doar a menina, só doaria para a família do Sr. Miguelzinho, padrinho da falecida Maria Marta. Miguel Ferreira Braga é o Miguelzinho, esposo da Sra. Generosa Barreto Braga, a “Dona Zezé”. O Sr. Miguelzinho que estava presente na casa ouviu as palavras de Nereu, e levou a informação à sua família, contando o desenrolar da situação crítica na casa de Nereu após a morte de sua afilhada Maria Marta. Elizabeth Guaraciaba Braga Marinho, chamada Bete, uma das filhas do Miguelzinho, desejou a recém-nascida para família criar, fez sua petição verbal e foi buscar a menina na casa do Nereu, com três dias de nascida. Numa manhã ensolarada, cerca das 8h da manhã, Bete chegou com a criança nos braços na casa de seus pais onde morava em Mocajuba, acompanhada da Sra. Maria Ferro, debaixo de uma sombrinha.
Durante os três dias que a recém-nascida Marta permaneceu na casa de Nereu, antes de ser adotada pela família do Miguelzinho, três bondosas mulheres se reversavam para dar de mamar a ela. Marlene Guimarães, esposa do Sr. Lúcio Guimarães, o “Lúcio Gato”, havia dado luz uma menina, Samanta, e dava de mamar à Marta desde o romper do dia à hora do almoço. Tomasa, esposa do Sr. Teodomiro, o “Dudí”, havia dado luz uma menina, Keila, e dava mama à Marta desde a hora do almoço às 21 h. Maria Corrêa Pimentel, chamada de “Maria Mingal”, esposa do Sr. Francisco Neves Pereira, o “Chico Teme”, dava mana à Marta durante o dia. De todas, Tomasa foi a que mais deve mama à Marta.
Quando Marta foi levada para a casa do Miguelzinho, Tomasa deixava sua casa para dar de mamar à Marta na dita casa. Antes da Marta nascer, a Sra. Cleonice Maciel, deu luz uma criança na casa do dito Miguelzinho. Ela foi do Tauaré parir na casa do Miguelzinho na cidade, e permaneceu ali durante os 40 dias do resguardo. A Cleonice Maciel também deu de mamar para a Marta nos dias em que permaneceu hospedada na casa do Miguelzinho.
O reverendo Padre Bernardo servia o Reino de Deus em Mocajuba. Naquele tempo havia um projeto de ajuda humanitária às pessoas carentes. Os padres vicentinos e as irmãs vicentinas, filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, coordenavam o projeto. O leite em pó enlatado era um dos itens distribuídos aos necessitados. Entre a Casa Paroquial e a casa do Miguelzinho estava a casa do ex-prefeito João Costa. Padre Bernardo acompanhava a situação da Marta recém-nascida que mamava em diferentes mulheres. A Sra. Generosa, a “Dona Zezé”, demonstrava preocupação no futuro da amamentação alimentar da Marta. Padre Bernardo disse-lhe para não se preocupar, pois daria o leite para alimentação da criança. Mensamente, Padre Bernardo levava uma lata de leite em pó, de cinco litros, para “Dona Zezé” alimentar a Marta. Quando o projeto saiu da região para atender somente o Nordeste brasileiro, por ser mais carente que o Norte, a Marta já estava crescida.
Marta foi registrada por seu pai Nereu como Maria Marta Pereira de Freitas Filha. O sobrenome filha foi acrescentado no cartório evitando ter dois nomes iguais na sociedade, pois o nome da filha era o mesmo nome da mãe. A adoção foi verbal, nada documental. Marta, estranho seu sobrenome no colégio, por não levar o sobrenome “Barreto Braga” como de seus irmãos adotivos, a professora Maria do Socorro Saraiva Gomes fez a comunicação à Rosa Maria Braga Igreja, irmã adotiva da Marta, que também comunicou o fato à sua mãe, a Sra. Generosa (Dona Zezé). Generosa conversou com o Nereu para trocar o sobrenome da Marta colocando o sobrenome da família adotiva. Nereu disse à Generosa que assim seria feito, mas, quando os filhos crescem já não são de ninguém, porque tomam a liberdade e vão para onde querem, logo Marta não seria nem dele nem dela. Nereu e Generosa foram para o cartório onde Nereu fez a troca do sobrenome da filha. Uma nova certidão foi emitida no dia 04/01/1985. Marta foi registrada pela segunda vez, agora com o sobrenome Barreto Braga, como Maria Marta Barreto Braga, como oficializada como filha adotiva de Miguelzinho e Generosa.
Antes de falecer, Generosa Barreto Braga, a “Dona Zezé”, pediu à sua filha Rosa Maria Braga Igreja para cuidar da Marta sem seu lugar. Ela faleceu no dia 05/04/1992. Miguelzinho faleceu no dia 09/11/2002. Marta foi morar com sua irmã Rosa Maria Braga Igreja. Em 1996, Marta foi morar com sua irmã adotiva Elizabeth Guaraciaba Braga Marinho, a Bete, devido estudo em Belém. Voltou para Mocajuba, morando outra vez com sua irmã Rosa. Morou com seu irmão adotivo Raimundo Barreto e voltou a morar com sua irmã Rosa. Gerou uma filha, a Emanuela Generosa Braga Lopes, nascida a 06/06/2000, filha paterna de Eider Sabá Lopes. Depois Marta e sua filha Emanuela foram morar com sua irmã adotiva Ângela, em Mocajuba. Depois disso, Marta e Emanuela mudaram-se para Belém onde moram até a presente data.


Recibo das Colônias dos Pescadores do Pará, em 17/10/1977

O barco motorizado do Nereu

No dia 8 de novembro de 1977, Nereu comprou um barco motorizado.
Recibo
Recebemos do senhor Nereu Rascon de Freitas, a importância de treze (Cr$ 13.000.00) mil cruzeiros, proveniente a venda que fizemos ao mesmo senhor, um Motor YAMAR 5.6 HP, Tipo B 8, Nº 804 E 7475, e um casco, de madeira Pracuúba.
E para melhor firmeza do que recebemos a importância acima mencionada, vai este devidamente datado e assinado com duas testemunhas abaixo.
Mocajuba, 08 de novembro de 1977
Raimundo dos Anjos Fernandes
Laura Bendelaque Anjos.
1º Testemunha: Antônio Gonsalves Valente.
                            2º Testemunha: Luzina Lucas Morais.
O processo da conversa, acerto, compra do motor e assinatura do recibo se deu no refeitório da casa de Nereu em Mocajuba. Quando Maria Marta morreu, e logo que Nereu chegou na casa depois de sua morte, como foi dito, Nereu logo tomou o montante do dinheiro guardado por Maria Marta no fundo da mala, salvaguardando de ser roubado. Ele sabia onde sua falecida esposa guardava o dinheiro em casa. O dinheiro não sumiu, foi tomado por Nereu. Com este dinheiro Nereu comprou o motor com o casco dito no recibo. Mas o dinheiro não era suficiente para cobrir todo o preço do motor. Então, Nereu, Raimundo dos Anjos Fernandes e Laura Bendelaque Anjos entraram em acordo para cobrir o restante do dinheiro faltante, entregando o fogão butano, o botijão de gás e outro objeto que não lembro. Assim o acordo foi selado entre eles. O casal Raimundo dos Anjos Fernandes e Laura Bendelaque Anjos, proprietários do motor, foram para a casa de Nereu ver a fogão, o botijão e o outro objeto avaliado em troca do restante do dinheiro. E assinaram o recibo. O fogão e o botijão faziam parte das mercadorias compradas por Nereu na viagem feita a Belém, antes da morte de sua esposa. O fogão ainda não havia sido usado. O dinheiro e os objetos foram levados embora, e Nereu ficou com o pequeno barco motorizado, e passou a transportar peixes, borracha, sementes de cacau e carne de porco para vender na cidade Mocajuba, a transportar passageiros entre o interior e a cidade e a fazer fretes de viagens, ganhando dinheiro. O barco se chamava “Gafanhito”, metade do barco era fechado com cobertura e outra metade era aberto. O motor do barco foi transferido a outros novos cascos com cobertura e sem cobertura, ganhando novos nomes como Maria Marta I, Emaús. Ora era um barco sem cobertura, ora era uma lancha com cobertura. O barco já teve três cascos com coberturas permanecendo o mesmo motor. Usava o barco para transportar passageiros e para frete. No tempo da morte de Nereu, a madeira do casco e da cobertura já estava em estado apodrecidos, e o motor foi vendido.




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