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Neste blog, além de conter a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, há também o Brasão da Família Rascón Martinez e o Brasão das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, a Cronologia Familiar, a exposição das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez, fotografias dos patrimônios da família, lugares por onde a família construiu história e fontes documentais, como banco de dados para fim de pesquisa aos familiares. No Blog: Primeiro a apresentação da Cronologia Familiar, depois a apresentação da Colônia Ferreira Pena, município de Santa Isabel, Pará, Brasil, onde a Família Rascón Martinez se instalou. A seguir, a apresentação das cidades espanholas de onde vieram os ancestrais da Família Rascón Martinez. E por fim a História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso, dividida em partes facilitando a leitura. A História e Genealogia das Famílias Rascón, Martinez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso começa na Parte 1. Para quem verá o blog pelo telemóvel (celular) tudo aparecerá limitado. Então rolar para baixo e ver no rodapé do blog o botão “Ver versão para web”. Clicar no botão e então aparecer no lado todas as abas com as partes. Também no mesmo rodapé aparecerá o botão “Página inicial”, com uma seta à direita e outra à esquerda, clicar nas setas e as partes aparecerão cada vez que a sete é acionada.

segunda-feira, janeiro 01, 2024

Parte 38, 1960 A morte de Sérgio Rascón Martínez.

  

PARTE 38

1960

Documentos de impostos

Estado do Pará
Prefeitura Municipal de Baião
Exercício de 1960
1ª Via        Nº 261
Imposto ........ Indústria e profissão ..........

            Imposto ................................. Cr$ ......... 10,00 ..........
            .... Expediente ....................... Cr$ ............ 300 ..........
            .... Taxa .... (?) ..... 20% .......... Cr$ ............. 200 ..........
            .... Taxa .... (?) ..... 20% .......... Cr$ ............. 200 ..........
                        Multa ....................... CR$ ..............................
                                       Total ................ CR$ ......... 17,00 ...........
Recebi do Sr. Nereu Rascon a quantia de dezessete cruzeiros de imposto de ........... que ............. deste município no presente exercício consoante lançamento Nº ..... a fls. N. ...... do livro do imposto respectivo.
Prefeitura municipal de Baião, 7 de fevereiro de 1960.
Frutuoso Moreira
Fiscal."



Estado do Pará
Departamento de Agricultura Nº 50
Imposto Territorial
Exercício de 1960

Município de Mocajuba
CR$ 10,00
O abaixo assinado fica debitado pela quantia de dez cruzeiros, recebido de Sérgio Rascon Martinez, proveniente do
Imposto de 1919 a ............... CR$ .......x........
.................. 1960 ................. CR$ .......x........
......................x..................... CR$ .......x........
......................x..................... CR$ .......x........
......................x..................... CR$ .......x........
......................x..................... CR$ .......x........
Multa de .............................. CR$ .......x........
Somando em Cr$ ...... 10,00 ..... que incide sobre o terreno ..................... denominado Olaria e Castanheiro situado em Ilha do Rufino, Rio Tauaré, aplicado .................. na Indústria Agr. Extr. (Agricultura extrativa) contendo uma área de ....................
            Observações: ........ (5 linhas em branco) .........
Departamento de Agricultura, em 3 de abril de 1960.
O Coletor
Pedro Otoni.


Impostos de 14 de março de 1960:

Imposto territorial de 03.04.1960:


Abaixo, um documento de imposto territorial todo destruído por cupim, impedindo o conhecimento da data de sua emissão. Tudo indica que sua emissão ocorreu nos últimos anos de vida de Sérgio Rascón Martínez.

Estado do Pará
Diretoria Geral da Agricultura e Pecuária do Pará
SECÇÃO DE POVOAMENTO E COOPERATIVISMO
Nº 16
IMPOSTO TERRITORIAL
Município de Mocajuba
Coletoria de Renda do Estado em Mocajuba
Rs. 6,000
O Coletor abaixo assinado fica debitado pela quantia de seis mil reis, recebido de Sérgio Rascon Martinez, proveniente ...... (parte do documento destruído e perdido) ............... ”

 


A Morte de Sérgio

Assim foram os últimos dias e a morte de Sérgio Rascón Martínez

Sérgio Rascón Martínez, o menino que veio da Espanha para o Brasil, aos dois anos de idade, ainda mamando, voltando ainda criança para a Espanha, onde não criou raízes em nenhum lugar, pois seu pai, em busca de trabalho num país em crise, morou em vários lugares, e inclusive passou pela França. Contudo, a infância de Sérgio é conhecendo a Espanha por onde passava, andando de trem e a cavalo.
Veio para o Brasil, pela segunda vez, aos onze anos de idade. Conhecendo a viagem pelo Oceano Atlântico, lembrando de tudo, foi morar num lugar aonde a realidade do tempo e do dito lugar era ainda como o Brasil foi descoberto em 1500. Uma terra devoluta, mata devoluta, fechada e de difícil acesso, com muitas cobras, escorpiões, variedades de aves e insetos e animais selvagens; tudo muito longe, em caminho fechado, com perigo, lama e poças d’água no inverno, sem pedras; sem escola, hospital e sem nada. Uma vida na idade da pedra. Muitos colonos foram embora do lugar.
Saindo da adolescência, ele foi morar para Belém, agora na “civilização”, não querendo jamais voltar à vida de colonos. Morando em várias casas alheias, e trabalhando, encontrou trabalho melhorado como regatão. Afastou-se da família em busca de um futuro promissor, pois a família insistia em ser colonos. Não criou raízes na capital Belém.
Namorou muitas mulheres, mas sem compromisso matrimonial, pois ainda não tinha uma segurança profissional firme e duradoura. Ele foi prudente em não casar cedo. Foi morar em Mocajuba onde fez seu marketing e construiu o seu futuro sólido. Tomou por esposa uma mulher que não o amava, não era sua companheira, amiga e verdadeira esposa, mas que tinha aversão a ele, não o queria como esposo, nunca quis casar com ele, não falava bem dele e ainda procurava colocar os filhos contra ele. De maneira oculta, ela conspirava contra ele, e era rebelde de coração. Ela nunca disse ser sua esposa, mas empregada em sua casa. Ela nunca se considerou sua esposa, mas empregada na sua casa. E assim dizia: “Não sou tua mulher, sou tua empregada, tu foste me buscar para trabalhar aqui como empregada da casa, e não para ser tua esposa”.
Ele a amava, a procurava, e a tratava bem, tanto que ela nunca teve queixa contra ele por destrato. Por ele amá-la e procurar por ela, esta cedia a ele, logo geraram quatro filhos.
Atearam fogo criminoso nos eu comércio, e veio à falência, voltando a ser regatão para sobreviver. Sua esposa, que se considerava empregada de sua casa, o abandonou quando mais precisava de apoio, lavando com ela os filhos que ele muito amava e os queria perto de si.
Seu principal amigo não era seu amigo, mas um astuto paranoico, mal caráter de duas caras, que quebrou com ele nos negócios da empresa, que nunca confiou nele. Falava bem dele pela frente e por traz dava-lhe apunhalada. As escondidas, e de maneira maçônica, denunciou o próprio amigo ao Leprosário do Prata, chegando a ser conduzido ao leprosário, mas convenceu a todos que moraria num sítio, isolado numa ilha, onde não recebia ninguém, e assim foi liberado, mas recebia agentes da saúde até o fim de sua vida que cuidavam de sua saúde e averiguavam se ele não era perigo para a sociedade em geral. Seu próprio amigo Seguin, que o denunciou ao leprosário, ajudou na sua volta para Mocajuba, quando saiu do leprosário, a fim de Sérgio não desconfiar de sua denúncia. E Seguin passou a vida fingindo que sempre queria proteger seu amigo Sérgio do leprosário. Sérgio sabia de sua astúcia, e o Seguin o chamava de ingrato por não reconhecer sua suposta “proteção” oferecida a ele.
Precisou sair da cidade sendo condenado a morar numa ilha isolada para sempre até a morte. Na ilha buscou resgatar sua vida de regatão, e conseguiu, mas depois o seu barco apodreceu e veio à ruína.
Com o incêndio, falência comercial do armazém e das fábricas, a doença hanseníase, o preconceito e rejeição das pessoas contra o leproso, ruína do barco que fazia linha de regatão entre Belém e Mocajuba, passou seus últimos anos vivendo da produção de sementes de cacau, borracha e outros produtos da terra, que ainda gerava muito dinheiro naquela época.
O garoto sonhador que saiu da colônia em buscar de um futuro promissor, afastou-se da família por causa disso, cresceu financeiramente e depois caiu, mas não tanto, perdeu a esposa e os filhos, com um amigo astuto, condenado a morar numa ilha, diferente da realidade de Belém e da Espanha, agora leproso, caiu em si, e agora queria reencontrar de volta a sua família original espanhola, que antes fez de tudo para tirá-lo do Pará, e leva-lo embora com eles para São Paulo.
O Sr. Ribeiro Neto, que muito conheceu o Sérgio Rascón Martínez dizia que ele nunca errava um tiro de rifle. Apontava a mira e acerta o tiro no alvo, nunca errava.
Nos últimos anos de sua vida, Sérgio estava sentindo extrema falta de sua família original espanhola. Ele queria reencontrar a família e unir a todos. Queria reencontrar a família que foi para a Argentina, mas não sabia como reencontrá-la. Sérgio se queijava da ausência da família. Pediu à sua filha Sofia para ir ao consulado espanhol em Belém, no intuito de saber o paradeiro dos familiares perdidos. Sofia foi várias vezes ao consulado espanhol, mas era tratada com muita indelicadeza e arrogância. Na verdade, ela não tinha documentação e tinha pouca informação a dar ao consulado. Sofia desistiu de ir ao consulado.
Em 1959, Sérgio recebeu a visita de sua filha Sofia. Sofia levou joias para Belém, e voltou a acusar o seu irmão Nereu.
No fim da vida, o corpo de Sérgio se retraiu como que se encolheu um pouco, devido a gravidade da enfermidade misturado à velhice, ele estava magro. Nereu estava sempre indo na “Casinha”, a cuidar de seu pai que estava cada vez pior da saúde, tendo todo cuidado para não se contaminar com a lepra. Ele levava comida feita pela sua esposa Maria Marta, chá e remédios ao seu pai Sérgio, e o banhava. Nereu percebeu os últimos momentos de vida de seus pai Sérgio. Familiares de Maria Marta e os amigos da família passaram a frequentara diariamente o Sítio Olaria acompanhando os últimos dias de vida de Sérgio. Houve o dia em que Nereu percebeu a agonia final de Sérgio, e mandou avisar todo mundo. Pessoas de toda parte foram às pressas para o Sítio Olaria. Sérgio Rascón Martínez faleceu no dia 04 de outubro de 1960, às 19h (Certidão de Óbito L.5; F.56; Nº 106), em estado de hanseníase. Sérgio morreu sendo assistido pelo seu filho Nereu e alguns amigos que adentraram a casa. As outras pessoas estavam aglomeradas fora da casa. Seu corpo foi deitado ao chão para receber um banho, e depois ser preparado com veste digna para ser colocado no caixão. Os irmãos Joaquim Osmar de Souza Barros (Su Barros, Seu Barros), que foi vereador em Mocajuba, e José Maria de Souza Barros, ambos falecidos, estavam presentes na hora da morte de Sérgio. Eles moravam no Tauarezinho, próximo à casa de José Fernandes Oliveira. Era costume lavar o corpo falecido, dar banho no corpo, depois secá-lo e vesti-lo muito arrumado, e assim ia para o caixão. Ninguém queria lavar e preparar o corpo de Sérgio, por motivo da lepra. José Maria de Souza Barros se prontificou, e disse que lavaria e prepararia o corpo de Sérgio para ser colocado limpo e bem vestido no caixão, e assim ele fez. Sérgio foi revestido de camisa social mangas compridas, calça social comprida, colete, terno, gravata, meias e sapato social. Muitos homens da época guardavam este tipo de vestimenta para serem revestidos quando morressem. Tal costume foi seguido por Nereu que por muitos anos guardou sua veste e sapato para ser revestido no dia de sua morte. Aníbal preparou o caixão de Sérgio. Os dois irmãos Joaquim Osmar de Souza Barros e José Maria de Souza Barros fizeram o enterro de Sérgio.
Como de costume, durante a noite no velório, antes do enterro e durante os sete dias pós falecimento, houveram as orações dos “rezadores” que rezavam em latim e em português a ladainha, as outras orações e os cânticos.

1960. O Sr. Nereu Rascon.
Deve haver para o funeral do Sr. Sérgio Rascon
Em 5 de outubro de 1960
6 kg de pirarucu .................................................. 915,00
2 latas de nescau (chocolate em pó) ................. 240,00
25 gramas de cominho .....................................    25,00
½ kg de roscas ..................................................    35,00
5 kg de arroz ....................................................     40,00
1 quarta de tabaco ..........................................     50,00
                        Soma .......................................  1.365.00
Pago por Nereu Rascon: ...............................  1.365.00

                                                  Tauarezinho, 5-10-(19)60
José Maurino de Souza”.

O referido tabaco na nota era para dar aos fumantes no velório. Os mais antigos erram mais gentis, que até providenciavam cigarro a quem fumava, a fim de não saírem do velório para comprar em ligares distantes.
No dia 05 de outubro de 1960, pela manhã, o cortejo do enterro saiu da “Casinha” no Sítio Olaria, rumo a cidade Mocajuba. O caixão com o corpo foi no meio da grande canoa que Nereu possuía, puxada a remo. Outras canoas seguiram o cortejo. Na cidade, o corpo foi levado para as exéquias na Igreja Matriz de Mocajuba, e depois ao cemitério onde foi sepultado. Naquele tempo o cemitério não tinha todo o seu tamanho atual. O dito terminava exatamente onde o corpo de Sérgio foi enterrado. A cruz afincada na mediação da cabeça do corpo de Sérgio nas entranhas da terra, estava rente ao muro aos fundos do cemitério. Até a década de 80 do século XX, ainda se vi a muitas cruzes como enfileiradas numa só linha, atravessando a largura da necrópole. Todas essas cruzes estavam afincadas rente ao muro dos fundos do cemitério.
Nilson, filho de Nereu, em vida, legalizou na prefeitura municipal de Mocajuba um terreno próprio no cemitério de Mocajuba, onde mandou construir um mausoléu com gavetões, preparado para o eventual sepultamento de toda a sua família.


Entre o túmulo do Sérgio Rascón Martínez e o túmulo vazio construído pelo Nilson está um túmulo aparentemente abandonado, sem nenhum letreiro. É o túmulo de Josefina Pereira Mendes, irmã do Jacinto Mendes, tia da “professora Deusa” que mora na Praça da Caixa D'água em Mocajuba. Falecida entre os anos de 1950 a 1960, antes da morte de Sérgio Rascón Martínez. Ela chegou a ser casada, mas devido a lepra, seu esposo não mais podia conviver ela, e dela se separou. Quem era infectado de lepra, precisava mora numa casa isolada, assim aconteceu com ela. Jacinto Mendes ía a Mocajuba fazer compra na cidade Mocajuba e a leva para a leprosa na casa isolada. Jacinto Mendes e sua esposa Úrsula iam à casa da leprosa Josefina levar alimentos como peixe, carne, verduras, frutas, remédios, etc. Quando ela morreu, ainda não era idosa. Em tempos mais antigo em Mocajuba, as pessoas tinham medo, nojo e preconceito de lepra, então a parte dos fundos do cemitério de Mocajuba foi reservado aos leprosos. Todos os leprosos eram sepultados na parte dos fundos do cemitério. No dito cemitério, na parte dos fundos, na lateral direita de quem entra na necrópole, há uma porta que dá acesso à Praça da Caixa D'água, aquela porta foi feita reservada para os leprosos passarem para o sepultamento.
No lado do túmulo de Josefina Pereira Mendes havia um espaço de terra. Quando Sérgio Rascón Martínez morreu em estado avançado de lepra, em 1960, seu corpo foi sepultado ao lado do túmulo da dita defunta, por causa da amizade de Jacinto Mendes com Sérgio Rascón Martínez. Este é o verdadeiro motivo do jazigo da Família Rascón ser situado aos fundos do cemitério. Todos os anos, no dia de finados, Nereu Rascon de Freitas acendia vela sobre o túmulo de Josefina Pereira Mendes.
A “professora Deusa”, nascida em Belém, foi recém-nascida para Mocajuba sem registro civil, e assim foi adotada, de maneira informal, pelo seu tio Jacinto Mendes, que a registrou como filha em Mocajuba, com um determinado nome civil. Aconteceu que a seguir, seus verdadeiros pais a registraram em Belém com um outro nome, e foi este dito nome que prevaleceu. Deusa é seu apelido.

A Porta dos leprosos aos fundos do Cemitério Municipal de Mocajuba ainda existe até a presente data.



Nereu tirou os bens e os documentos da casa de Sérgio, a “Casinha”, e ateou fogo na casa, por causa da lepra, e demoliu a sobra da casa após o fogo. Na verdade, a casa de taipa já estava entrando em ruína. No meio do terreno onde estava a casa, Nereu plantou uma mangueira que vingou, cresceu e deu muitos frutos. A mangueira ainda existe.
O senhor Joaquim Osmar de Souza Barros era conhecido em Mocajuba como “Su Barros”, que é o diminuitivo de “Seu Barros”, quando saiu do Tauarezinho indo morar na cidade Mocajuba, residia na Travessa João Ribeiro, Nº 53, quase na frente da casa da Nilva, filha do Nereu. Ele tinha uma oficina metalúrgica. Seu filho Edmar Lopes Barros também foi vereador em Mocajuba. Os irmãos Joaquim Osmar de Souza Barros e José Maria de Souza Barros morreram no mesmo dia, em cidades diferentes, em novembro de 1998, fazendo com que os dois ramos familiares não se visitassem no velório e enterro. Os dois irmãos eram filhos de um português que se estabeleceu no Tauaré.
Sérgio deixou uma quantia de dinheiro num banco para Sofia em Belém. Para retirar o dinheiro, o banco pediu a certidão de óbito de Sérgio como prova de sua morte. Nereu tirou duas vias originais da certidão, uma via ficou com o banco e outra com a Sofia. Quando Sofia morreu, a dita certidão ficou sob a tutela de sua filha Nilze de Freitas Colares.
Pela seguinte nota abaixo, parece que Sérgio deixou uma dívida comercial, paga por Nereu no mês seguinte depois de sua morte. A dívida parece ser crédito, tirar mercadoria por crédito para depois pagar.

1960.
O Sr. Sérgio Rascon
Deve haver em c/c (conta corrente) com José M. de Souza.
Outubro: 5. S/j (Sua conta) justa nesta data: 333.80
Nov. (novembro) 30. Importância paga por Nereu: 333.80.
Em 30 de novembro de 1960
José Maurino de Souza”.

Certidão de Óbito de Sérgio Rascón Martínez
Sérgio Rascón Martínez faleceu em Mocajuba, Pará, Brasil, aos 73 anos de idade, no dia 04 de outubro de 1960, às 19h, sepultado no dia seguinte no Cemitério Municipal de Mocajuba – Nossa Senhora da Conceição.
Observações a serem feitas no texto original da certidão:
Sérgio morreu no dia 04/10/1960, mas sua certidão de óbito foi registrada em cartório no dia seguinte, dia 5, no dia do sepultamento.
O Senhor Jacinto Pereira Mendes prestava serviço comercial, de confiança, aos senhores espanhóis Francisco Seguin Dias e Sérgio Rascón Martínez. Possivelmente ele foi enviado por Nereu Rascón de Freitas, filho de Sérgio, que cuidou do velório do sepultamento do pai, ao cartório, fazer o registro da Certidão de Óbito, pois, seguinte o registro, ele foi ao cartório executar o mandato.
Com certeza, Jacinto Pereira Mendes, desconhecia os nomes dos pais do falecido Sérgio, não podendo ser declarados no registro, que aparecem como pais ignorados. Como também, parece que não sabia dar outras informações sobre a vida e a causa da morte do Sérgio, que morreu com lepra, mas de fato não se sabe se foi a lepra que o matou, ou morreu de causa natural ou de outra enfermidade. As vezes não é a doença declarada que mata, mas outro fato. Logo a causa da morte parece ignorada.
Em um papel timbrado e carimbado, foi expedida uma Certidão de Óbito, referida no Livro 5; Folha 56; Número 106 estava com sua filha Sofia de Freitas Nogueira, em Belém, que falecendo, ficou sob a tutela de sua filha Nilze de Fátima Freitas Colares, que também falecendo, ficou sob a salvaguarda de seus filhos. O motivo de tal certidão, em duas vias, foi a pedido do banco, em Belém, onde estava depositado dinheiro que Sérgio deixou para a sua filha Sofia. O banco exigiu uma Certidão de Óbito para liberar o dinheiro. Uma via da certidão ficou com o banco e outra via com a Sofia.
Uma outra via, como cópia reprográfica, no Cartório de Mocajuba, foi expedida no dia 07 de outubro de 2024, a pedido de Nautilho Pereira de Freitas, filho de Nereu Rascon de Freitas, neto de Sérgio Rascón Martínez, para fim de informação histórica familiar e memória afetiva da família. Nesta nova via emita contém o seguinte teor:

“REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS

CERTIDÃO DE INTEIRO TEOR
CÓPIA REPROGRAFICA
SERGIO RASCON MARTINEZ

MATRICULA
067728 01 55 1960 4 00000 056 0000106 27

‘106     Fl. 56
Termo de Óbito de Sérgio Rascon Martinez.
Aos cinco dias do mês de outubro de mil novecentos e sessenta, nesta cidade de Mocajuba, Comarca de Cametá, Estado do Pará, em meu cartório, à Rua Siqueira Mendes, número doze, compareceram o cidadão Jacinto Pereira Mendes, paraense, casado, propriedade (seria proprietário), residente no lugar Tauaré, deste município, e perante mim, Oficial de Registro Civil, e as testemunhas abaixo assinadas, declarou que, ontem, às dezenove horas, faleceu Sérgio Rascon Martínez, espanhol, solteiro, proprietário, residente em Tauaré, deste município, de setenta e três anos de idade, filho de pais ignorados, causa mortis ignorada por falta de assistência médica. E de como assim declarou em firmeza, lavrei este termo, que assina o declarante, que assina com as testemunhas.
Eu, Raimundo Penafór Guerreiros, Oficial de Registro Civil, o escrevi e assino:
Jacinto Mendes
Fernando Meireles
Guilherme Vidal Martins
Se daqui para diante para estatística.’

CARTORIO GONÇALVES DO ÚNICO OFÍCIO
Titular: ROSINETE ALBUQUERQUE MIRANDA
CNPJ: 05.845.110/0001-78
Rua Getúlio Vargas, nº 32, Bairro CENTRO
Mocajuba-PA, CEP 68420-000
Telefone: (91)98450-2900 - E-mail: goncalvescartorio@hotmail.com

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ
[QR Code do cartório] SELO DIGITAL CERTIDÃO Nº: 2235503 - SERIE: A SELADO EM. 07/10/2024
CÓDIGO DE SEGURANÇA Nº: 305-532-200000-52173175118080
QTD   ATO   EMOLUMENTOS   FRJ  FR
C1    390,50      58 9,76


[Carimbo do cartório:]
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Cartório Gonçalves
OFÍCIO ÚNICO
Macajuba – Pará.

O conteúdo da certidão é verdadeiro. Dou fé
Mocajuba-PA, 07 de outubro de 2024.
(Assinatura manuscrita): Amanda Lopes Barbosa
(Nome impresso): Amanda Lopes Barbosa
CPF: 011.534.242-74
Escrevente Autorizada.”


O requerimento acima é de autoria de Nilton Sérgio Brito Rascón, filho do Nereu, a pedido do Nautilho, que o procurou na Prefeitura Municipal de Mocajuba, onde trabalha. Nilton digitou e imprimiu o texto no seu gabinete de trabalho.


Parte 39, 1962 O casarão de Nereu no Sítio Olaria.

  

PARTE 39

1962

Nascimento do Nelton

25/05/1962. Nascimento do Nelton Pereira de Freitas, quarto filho do casal Nereu Rascon de Freitas e Maria Marta.


Imposto de Terra
 
Governo do Estado do Pará
Secretaria de Estado de Finanças
Seção de Coletorias
(Timbre no canto direito:)
Partida Nº .........
Livro Nº .............
Talão Nº 57667
1ª Via
(Timbre no canto esquerdo:)
Lançada às fls. ........... do Caixa Central.
Rubrica do Exator
Exercício de 19 ........
Inscrição Nº ..................

COLETORIA DE RENDAS DO ESTADO EM MOCAJUBA
IMPOSTO TERRITORIAL
               Imposto de 1919 à 19 .....                    Cr$ .............................
                              de 1961 à 19 .....                    Cr$ .......... 5,00 ...........
                              de 19.... à 19 .....                    Cr$ .............................
               Multa de 10% S/ 1961 ....                    Cr$ ......... 5,00 ............
               Multa de 20% de 19...... a 19.....         Cr$ ......... 5,00 ............
               ..............................................          Cr$ .............................  Cr$ 10,00.
Às fls. do livro Caixa desta Coletoria, fica o Coletor abaixo assinado debitado na quantia de dez cruzeiros recebido de Sérgio Rascon Martinez, proveniente do Imposto territorial que incide sobre o terreno denominado Castanheiro, situado em Ilha (do) Rufino, em Tauaré, aplicado na indústria Ag. Extrativa, contendo uma área de .....................
Observações: ........ (5 linhas).
E como verdade do reconhecimento da referida quantia vai este conhecimento assinado.
Coletoria de Rendas do Estado em Mocajuba, 14 de março de 1962
.....................................................
Rubrica indecifrável
O Coletor.



Recibo
Cr$ 2,000,00
Recebi do Sr. Nereu Rascon de Freitas a importância de Cr$ 2,000,00 de uma massarandubeira localizada no meu terreno, já estando derrubada, e que o mesmo poderá tirá-la quando assim entender.
Tauaré, 19 de setembro de 1962
Benedito Viana do Carmo”.

 

 

O casarão de Nereu no Sítio Olaria.

Nilton, primogênito de Nereu e Maria Marta, nasceu numa casa ao lado do comércio de José Fernandes, onde o casal morou logo depois do casamento. Sérgio pediu ao filho Nereu para sair daquela morada indo morar com ele, em sua casa no Sítio Olaria, numa área separada da casa, e evitando o contágio com a lepra. Moraram ali a cerca de seis meses. Nereu construiu a primeira casa, no Sítio Olaria, no espaço de terra entre a “Casinha” de Sérgio e o Igarapé Olaria, à direita da “Casinha”. Nereu com a família passou a morar na nova casa, onde nasceram os filhos Nilva, Nilson, Nilson e Nelton.
Houveram três grandes inundações na história de Mocajuba, no tempo do inverso chuvoso amazônico, registradas até o ano 2024. A inundação de 1923, ano em que Nereu ano em que Nereu nasceu, era contada pelo Sérgio Rascón Martinez ao próprio filho. A inundação de 1957, ano que nasceu o primeiro filho do Nereu e Maria Marta, o Nilton. E houve a terceira inundação em 1980, que foi a pior de todas. Em Mocajuba as três inundações são chamadas de “água grande”. A inundação ou “água grande” de 1957, fez Nereu marcar numa pequena seringueira o limite até onde a água cresceu e chegou. A marca da água ficou na seringueira. Nereu cortou a seringueira na marca da água, fazendo disso um marco para o assoalho. Se outra vez, houvesse uma nova inundação, a casa não ia ao fundo.
Um dia, sua esposa Maria Marta, escorregou e caiu naquela primeira casa construída por Nereu, e Nereu prometeu construir uma grande casa no intuito de evitar novos acidentes, planejando construir a casa suspensa um o assoalho elevado a um palmo acima da marca da água na seringueira.
Nereu mandou o carpinteiro Aníbal Gonsalves Pereira construir a casarão do Sítio Olaria. Vários homens foram levantar os elevados “esteios”, que são os pilares de madeira. Segundo o Nilson, filho do Nereu, estes foram os homens que ergueram os esteios do casarão do Sítio Olaria, afincados no solo, e emendados com parafusos para aumentar de tamanho, devido a altura elevada da casa, dois esteios emendados formavam um só pilar: Bartolomeu - o Berto, Francisco Pontes, Antônio Maciel, Aníbal, Domingos de Brito e Nereu Rascon de Freitas. Depois de erguidos os esteios, os homens foram embora, ficando somente o Anibal, com o Domingos de Brito construindo a casa. Domingos de Brito era o ajudante de Aníbal. O assoalho suspenso da casa não pode ser construído a um palmo acima da marca da água na seringueira cortada, senão era preciso acrescentar mais um pedaço de esteio em cada pilar. Cada pilar era formado por dois esteios emendados e parafusados, e seria preciso um terceiro pedaço de esteio para a construção do assoalho na altura planejada, então foi preciso diminuir um palmo abaixo da dita marca deixada pela água na seringueira cortada. Logo, em vez do assoalho sair mais alto, como planejado, saiu mais baixo.
 O casarão foi planejado a ser muito alta, com dois andares, um enorme salão no primeiro pavimento. O assoalho do segundo pavimento era bastante alto. Durante toda a história de Mocajuba, até 2024, a casa doméstica que mais teve o assoalho mais alto do segundo pavimento em relação ao assoalho do primeiro pavimento, foi a do casarão do Sítio Olaria. Os “esteios” precisaram ser emendados com parafusos para atingir a necessidade da altura da casa. A casa foi toda parafusada. Nereu dizia que aquela casa nunca iria cair sob vento fortes, tempestades e balanços, pois foi toda “atracada”, segundo sua expressão, por parafusos. A casa só podia cair como implosão sobre si mesma quando a madeira estivesse em total ruína. Bancos fixos foram feitos ao redor do grande salão no primeiro pavimento. O primeiro pavimento era área de estar, circulação e trabalho, a moradia estava no andar superior. Havia um pesado “tampão” de madeira, um pito de porta, com dobradiças, fechadura e ferrolho, que quando fechado, isolava e protegia o pavimento superior. Era preciso abaixar o “tampão” de um só lado, até vedar a entrada entre a escada e o pavimento superior. O tampão era amarrado na parede para não virar e cair na cabeça de alguém ao subir ou descer a escada. Uma cozinha foi construída sobressaída da casa, como outra área da casa que saía para o lado esquerdo, como um chalé emendado à casa. Na beira do telhado da cozinha haviam calhas para canalizar a água da chuva. Também havia um cômodo na casinha servindo de dispensa e depósito.
A escada entre os dois pavimentos da casa era toda trabalhada como verdadeira obra de arte e arquitetura, com corrimão em detalhe de balaústres achatados. Os balaústres achatados foram esculpidos por Aníbal.

     Ruína da escada construída por Aníbal, ainda ver-se os balaústres achatados num dos corrimões e na barreira de proteção. O tampão de madeira na direita. Na foto, o Nereu Neto, filho da Nilva. Foto: Nautilho, 23/02/2013.


Aníbal esculpiu balaústres e lambrequim para adornar os frontais da casa, e os janelões da frente da casa. (Lambrequim - do Holandês: lamperkijm - são recortes e pendentes, feitos em tecido, madeira ou outro material, usados na arquitetura, na decoração e na heráldica. Na heráldica também é denominado paquete). A beira dos telhados e dos janelões eram contornados, amoldurados e adornados com lambrequim. A beira do telhado era amoldurada com lambrequim com balaústres diferentes iguais a cetros, com duas pontas iguais, os balaústres entremeavam os lambrequim. Um balaústre finalizava a ponta do adorno no telhado. Na abóboda no meio do telhado no segundo pavimento, digo, o auge do frontal, havia um balaústre com duas pontas iguais, e sobre este a escultura de uma pomba em madeira. Tais adornos foram apodrecendo e caindo paulatinamente durante o longo dos anos, na década de 80 do século XX ainda se via o resto ainda pregados na beira dos janelões e do telhado. A casa e os adornos nunca receberam manutenção, apodreceram e vieram a total ruína.

Em 21/10/2007 ainda existia alguns dos lambrequins de madeira apodrecida na ruína do casarão do Sítio Olaria construído por Aníbal, contornando um janelão.


Balaústres como estes eram esculpidos em madeira por Aníbal.


Toda a casa com os adornos era pintada de branco, alvo as duas janelas do pavimento de cima, que eram pintadas de verde.
O pavimento de cima estava como que assentado entre dois telhados nas laterais da casa. Das janelas do segundo pavimento olhava-se o telhado lateral, e por cima deste o terreno e as árvores. Do alto do segundo andar a visão era magnífica para dentro do Rio Tauarezinho, cuja foz é na frente do Sítio Olaria. De longe, via-se os sítios Belo Horizonte e Bom Futuro.
Um elevado trapiche com cabeceira estendidas para a direita e esquerda, fora construído, na forma de um T, a partir da enorme porta que dava acesso ao rio. O trapiche adentrava o rio. Uma escada descia do trapiche para o rio. Os filhos do Nereu pulavam da cabeceira do trapiche no rio. A inundação de 1980 levou embora a cabelereira do trapiche. O trapiche também servia para secar sementes de cacau e gergelim na palha. Nas laterais do trapiche haviam estacas, e nelas cordas para estender e secar roupas lavadas, lençóis, toalhas, etc.
O casarão, no primeiro pavimento, foi construído com 11 metros de cumprimento por oito ditos de largura, sem contar a parte da cozinha com a dispensa. O salão, nas duas laterais, do princípio ao fim, havia uma só janela alongada aberta ou janela contínua, intercalada por “esteios” de sustentação da casa. Em dias de chuva as lonas podiam ser baixadas evitando entrada de água na casa.
As telhas de barro vieram do casarão comercial de José Fernandes Oliveira. Algumas janelas do mesmo estabelecimento comercial também foram reaproveitadas no pavimento superior. Quando Nereu construiu sua casa em Mocajuba, a porta e as três janelas da sala, em madeira de lei “acapu”, em bom estado, também vieram do dito casarão comercial desativado. A família se desfaz do casarão comercial e mandou desativá-la.
No dia 26/07/1962, Aníbal entregou a Nereu a casa ainda incompleta na sua construção e assinou o seguinte recibo:
Recibo
Cr$ 70.000
Recebi do Senhor Nereu Rascon de Freitas a quantia de Cr$ 70.000 (setenta mil cruzeiros) proveniente dos meus serviços como carpinteiro, na construção da casa no lugar Tauaré deste município, de propriedade do referido Senhor Nereu Rascon de Freitas. E por ser verdade ter recebido a referida quantia, passo o presente que assino.
Tauaré, 26 de julho de 1962
Aníbal Gonçalves Pereira
Raimundo P. Guerreiro
Tabelião.”

Segundo Nereu, Aníbal não construiu toda a casa, porque ele terminaria de construir o restante. Nereu construiu as paredes laterais das janelas cumpridas ou contínuas e uma parte do assoalho do salão no primeiro pavimento.
Durante décadas, o salão serviu para realização de comícios políticos, festas dançantes, bailes, aniversários, novenas e rezas, e até culto protestante foi realizado a li a pedido dos protestantes. O prefeito Wilde Leite Colares fez comício político naquele salão para a sua primeira gestão de prefeito em Mocajuba. Motores eram levados de barco para gerar energia quando luz elétrica ainda não havia na Ilha do Rufino, para alimentar as aparelhagens de som, bandas musicais e para iluminar o terreno em dias de festas e comícios. Na atualidade, o linhão de energia elétrica passa pelo terreno.
Durante décadas, o salão serviu para realização de comícios políticos, festas dançantes, bailes, aniversários, novenas e rezas, e até culto protestante foi realizado a li a pedido dos protestantes. O prefeito Wilde Leite Colares fez comício político naquele salão para a sua primeira gestão de prefeito em Mocajuba. Motores eram levados de barco para gerar energia quando luz elétrica ainda não havia na Ilha do Rufino, para alimentar as aparelhagens de som, bandas musicais e para iluminar o terreno em dias de festas e comícios. Na atualidade, o linhão de energia elétrica passa pelo terreno.
O salão do casarão serviu para Nereu armazenar sementes de cacau da propriedade de José Fernandes Oliveira. Entre sua casa e a casa do José Fernandes Oliveira, Nereu atravessava o rio numa canoa cheia de sacos de cacau. No salão as sementes do cacau eram removidas das cascas. Nereu produzia doce de cacau, suco de cacau, o xarope concentrado de cacau chamado de “capilé” e ainda o chocolate natural de cacau. O salão serviu para guardar e fazer manutenção das redes de pescar peixe. Maria Marta tecia redes de pescar e fazia manutenção nas ditas.
No dia 15/08/1963, Nereu e Maria Marta casaram-se no religioso.
No casarão nasceu o Nei, o primeiro filho do Nereu a nascer naquele casarão, no dia 26/11/1963. Depois nasceram naquela casa a Nilse Nazaré (08/09/1965), Nilse Nazaré Pereira de Freitas (08/09/1965), Norberto Pereira de Freitas (03/01/1967), Nereides Pereira de Freitas (25/10/1968) e Nélia Maria Pereira de Freitas (29/07/1970), a última nascer ali. Alguns dos filhos do Nereu e Maria Marta foram batizados no Putirí, na festa de Nossa Senhora do Livramento, no dia 15 de agosto.
José Fernandes Oliveira mudou-se do lugar Tauarezinho para a cidade de Mocajuba em 1963, onde faleceu no dia 31 de julho de 1963.
Em 1980, houve a terceira inundação conhecida em Mocajuba, pior que as duas anteriores. Nereu perdeu no cálculo da altura do assoalho da casa, pois a inundação levou ao fundo o pavimento inferior da casa, e Nereu guardava seu barco dentro de sua própria casa, no salão. O barco entrava pela grande porta do trapiche no salão da casa. As águas da inundação mancharam a tinta branca na parede da casa, deixando a marca do limite. A marca d’água permaneceram na parede por muitos anos, e todos que iam ali viam a marca. Nereu sempre mostrava a marca.



Nereu no Sítio Olaria, depois da morte de Sérgio

Em vida, Sérgio sempre quis preservar o Sítio Olaria, morando ali até o fim de sua vida. Em vida, Sérgio entregou o Sítio Olaria para seu filho Nereu cuidar. Nereu, por sua vez, teve sentimento afetivo pelo patrimônio do pai, depois de sua morte, e não quis sair dali, preferindo finalizar sua vida naquele lugar. Sua intenção não era a posse do patrimônio físico, mas a memória afetiva, por causa de seu pai.
As duas boas qualidades de Nereu. 1: Ele não tinha apego às coisas materiais, não me refiro aos bens, mas às todas as coisas de materiais, ele queria apenas trabalhar e ter o necessário para auto sustento e sustentar a família, bastava isso para ele. 2: a caridade de ajudar o próximo, e ainda havia pessoas que se aproveitavam de sua bondade.
Ele era tão desapegado, e ainda com um pensamento de desapego, que não quis regularizar as escrituras dos terrenos de seu pai, agora herança entre ele e a família de Sofia, por achar que, depois de sua morte, ninguém faria questão de tais patrimônios, ninguém iria para o interior cuidar daquelas terras, tudo seria abandonado e desprezado, e haveria uma invasão de posseiros que ficariam com as ditas terras. As poucas vezes que falei com papai Nereu sobre aquelas terras e o terreno do pai da Iracema que ele tomava conta no Tauarezinho. Ele levava um pequeno espanto e me respondia com surpresa, se alguém na família queria aquelas terras depois de sua morte, e respondia com desprezou e desvalor referentes às ditas terras: “Para que eles querem isso?”; “Quem então vem para cá?”; “Para que Iracema ainda quer aquelas terras?”. E, dizia que, seus filhos e netos não gostavam do interior, que iam procura outros caminhos para sobreviver, que iam embora de Mocajuba, tudo aquilo seria abandonado por eles, e posseiros de fora tomariam as terras para si. Ele só estava orando ali pelo sentimento ao seu pai, mas que depois de sua morte, tudo seria abandonado. Ele não entendia porque Iracema ainda perguntava por um terreno “inútil” numa ilha, que desde quando ela saiu de Mocajuba, quando jovem, nunca mais foi ao lugar saber do terreno.
Ele morou no Sítio Olaria até seus últimos anos de vida, até não poder mais morar sozinho em lugar ermo devido a idade avançada e a enfermidade final.



Registro de arma do Nereu Rascon de Freitas, em 1963:



Parte 40, 1968 Parte da Sofia da renda das terras.

  

PARTE 40
 
1968

Parte da Sofia da renda das terras

Um documento que parece ser de 1968 sobre uma parte da renda dos produtos dos terrenos de Sérgio devida à sua filha Sofia.

Parte de renda de propriedade a Sofia.
Em 1963            haver                     8.040       
  ¨   1964                                           7.070
  ¨   1965                                           9.010
  ¨   1966                                         10.050
  ¨   1967                                         12.50 _______
  ¨   1968      princípio da safra    00000    482
 
Nomes das propriedades
Olaria e Castanheiro
Situado na Ilha (do) Rufino em Rio Tauaré, município de Mocajuba
Impostos territorial todo pago”.

Genealogia Técnica das Famílias Rascón, Martínez, Freitas, Pereira, Brito, Castro, Colares e Cardoso

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